Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quarta-feira, 5 de maio de 2010

Paulo Diógenes, ou melhor, Raimundinha


Foto de início de carreira



A mudança é de impressionar. Em apenas 20 minutos, o ator Paulo Diógenes 'desaparece' em meio a muita maquiagem e quilos de figurino para dar lugar à sua mais espalhafatosa criação. Aliás, a criatura, que atende pelo nome de Raimundinha, estará completando esse ano, 22 anos. Uma moça, gente! Seu maior legado? Ter feito muita gente chorar... de tanto rir

Pense numa emergente que "se acha" e não tem a menor vergonha de admitir. Assim é a espaçosa Raimundinha, um daqueles casos em que a criatura supera o criador.

Desde que veio ao mundo para virar estrela nos palcos da vida, já se vão 20 anos. Para Paulo, falar do surgimento dessa "mulher" é contar um pouco da trajetória de um humor peculiar que colocou o Ceará em lugar de destaque na galeria do riso em todo o país.


No show, que preparou especialmente para a ocasião e que estreou no Teatro São José, "Raimundinha 20 anos - Meu nome é humor", Paulo Diógenes dá continuidade ao humor terapêutico - do tipo contra o estress e o mau-humor - com uma sátira às biografias de gente famosa. Aliás, é a bem a cara da Raimundinha, mesmo!

Antes de mostrar seu espetáculo ao público, o humorista arranjou um tempinho, e olha que isso não é fácil, para conversar com a equipe do Zoeira. Ora Paulo, ora Raimundinha, revelou como é viver, literalmente, com essa perigosa perua e ainda refletiu sobre a arte de fazer rir. Confira mais:



Ela por ele

"A Raimundinha é uma caricatura da típica mulher do povo que fala alto, vai à luta e consegue atravessar os problemas pela visão positiva e alegria de viver. Foram 10 anos até chegar ao que ela é hoje: uma emergente que usa tudo de uma vez só para mostrar que tem, sem perder nunca o jeito suburbano".

O começo

"Foi numa peça de teatro em que eu era a mãe que queria fazer da filha crente uma estriper . Essa mulher sem nome foi o embrião da Raimundinha. Daí em diante foi um processo de amadurecimento. Uma vez, andando pelo Centro, vi uma mulher que gritava com o filho sem se preocupar em dar vexame. O teatro é muito isso. Você pega um pouco daqui, um pouco dali e vai dando vida à personagem".



O improviso

"Como eu pego vários públicos, às vezes no mesmo dia, não dá para fechar um texto. O mesmo show que eu faço para o grupo que vai a Disney não funcionaria para os executivos de um banco. Os espetáculos dependem muito da interatividade com a platéia, tem que haver interferência do público e improviso o tempo todo porque é isso o que caracteriza o humor cearense".

Humor revolucionário

"O jeito cearense de fazer humor é revolucionário porque conseguimos prender a atenção do começo ao fim e ainda obter a participação do público. Isso porque nossa escola foram os bares onde concorríamos com a bebida, a comida e os amigos".

Novo show

"Fala de uma biografia não autorizada da Raimundinha onde entram minhas outras duas personagens femininas: a sonhadora Catita e a velha Carolina. Na verdade, é uma sátira às chamadas biografias 'não autorizadas' de famosos".

Perfil

O homem escondido embaixo dos vestidos bufantes da Raimundinha traz no corpo sete tatuagens, duas delas em homenagem aos filhos: George, 29 e Micael, 21, e é viciado em malhação. ´Faço os outros rirem, mas minha terapia é malhar´, confessa.



Aos 46 anos, ele se considera um homem plenamente realizado, duas décadas após ter largado o emprego no Banco do Estado do Ceará, motivo do fim de seu primeiro casamento. ´Vale a pena correr atrás de um sonho´, observa.

Contra a vontade do pai, o ex-deputado estadual Osmar Maia Diógenes, largou tudo e foi morar num quartinho de empregada.

"Me chamavam de louco porque abri mão da estabilidade financeira e afetiva. Mas estava em busca da felicidade. Fiz tudo o que quis da vida e não olho para trás. Não vejo nem minhas apresentações na TV".


Falar de Paulo Diógenes, é falar de um cara pioneiro no humor cearense, pioneiro nos shows de humor da terra, o cara que literalmente meteu o peito e abriu um mercado para o que se convencionou chamar de “Ceará Moleque”.

Uma das primeiras imagens de Paulo “Raimundinha” Diógenes vem de longe, pelo menos vinte anos. Durante um evento ocorrido na melhor boate da cidade, para lançamento de um jornal que seria distribuído a partir de lojas na cidade, em determinada parte do evento, a música foi interrompida para que o dono do jornal fizesse uma breve explanação sobre seu produto. Ao final, ele chamou a figura.
Raimundinha, personagem composta como caricatura da mulher suburbana, que fala alto, usa roupas e maquiagens de cores fortes, mas não se rende e vai sempre à luta, entrou usando sapatos de saltos altíssimos, uma peruca loira gigante e maquiagem exagerada ao extremo, a primeira coisa que disse foi seu “nome completo”, composto com pelo menos quatro dos nomes das famílias mais proeminentes de Fortaleza à época, o riso foi geral. Mais de vinte anos depois, ainda é assim a reação do público aos shows do artista. Cheio de humor moleque, mas com um final emocionante, na forma de seu número ‘Sonhos de um Palhaço‘.

Paulo Diógenes deu seus primeiros passos no humor ainda quando cursava Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará em 1978, entre sua primeira experiência e ao momento em que decidiu largar o emprego de bancário para dedicar-se ao humor, foram quase 10 anos. Nestes mais de vinte anos de trajetória, Paulo já espalhou o riso em inúmeras casas de show, teatro e nos principais programas da televisão brasileira, também esteve em várias peças de humor, entre elas uma das mais marcantes do humor cearense, “Caviar com Rapadura”.

Paulo Diógenes começou sua carreira no teatro fazendo comédia, mas foi nos bares de Fortaleza onde encontrou o cenário perfeito para dar início a trajetória de muito sucesso com sua Raimundinha. Viajou por todo o Brasil e participou de vários programas nacionais como: Domingão do Faustão, Planeta Xuxa, Fábio Jr., Programa Livre, Os Trapalhões, Fantástico, Vídeo Show, Amaury Jr., Tom Cavalcante, entre outros. No Ceará, pela TV Diário para todo o Brasil, o programa "Beco do Riso" tinha a sua cara assim como "As Furonas" ao lado de Ciro Santos. Grandes espetáculos de humor foram sucesso de público, dentre eles: "Caviar com Rapadura, A Frescura da Maça, Repimboca da Parafuzeta, Três Donzelas uma comédia, Donzelas em busca da Fama, Pra que Servem os Homens, Raimundinha 20 anos - meu nome é humor".


Raimundinha encanta à todos com seu carisma e sua capacidade de improviso. Tira do cotidiano a inspiração para seu show e faz o público bolar de rir com seu talento gigantesco. Paulo Diógenes leva a sério a arte de fazer rir e faz tudo com amor. Eis o segredo de um dos maiores humoristas do Brasil.



Esse ano de 2010 está sendo com certeza maravilhoso para o nosso talentoso humorista, Paulo Diógenes que interpreta a RAIMUNDINHA estreou na Rede Record ao lado de Ana Hickmann no programa Tudo é Possível que vai ao ar nas tardes de domingo.



Felicidades e muito sucesso, pois ele é merecedor e sem falar que já estava mais que na hora desse reconhecimento nacional, visto que Paulo foi o primeiro a fazer esse tipo de show de humor que conquistou a todos e trouxe depois dele muita gente talentosa, como o Tom Cavalcante que hoje já tem seu próprio programa... Foi o Paulo que começou tudo isso e nada mais justo que ele esteja onde está hoje!!!













Editado em 03/08/2010 às 14:20:

Paulo e Reginaldo (meu maridão)

No dia 28 de Julho fui com o Reginaldo assistir ao show de humor no Beira-Mar Grill, foi um show beneficente em prol da instituição de apoio aos dependentes químicos Casa Luz do Mundo, encabeçada pelo nosso querido Paulo Diógenes.
O show teve toda a renda revestida para a compra de uma Kombi para a instituição, e contou com a participação de 12 humoristas. A noite foi mais que especial, nunca ri tanto, eu e o Reginaldo choramos de ri com a Raimundinha, Aurineide Camurupim (sem palavras para descrever essa pessoa no palco, nota 1000 rs), Ciro Santos (O bombeiro ainda deve estar cansado rsrs), Lailtinho Brega, Zé Modesto (belo contador de piadas, não tem quem não ria), Tirulipa (show à parte, a coreografia de beyonce e a volta ao passado quando se veste de Tiririca foi emocionante), Skolástica, Luiz Neto, Mastrogilda, Oscar Brito, Ery Soares...

Final do show - Skolástica (Antônio Fernandes), Luis Antônio(Aurineide),
Lailtinho, Everson (Tirulipa), Paulo Diógenes (Raimundinha) e Luiz Neto


Tiramos muitas fotos, foi um show maravilhoso!
Parabéns aos artistas, seres humanos com o coração
repleto de amor, alegraram a noite de todos que
estavam presentes.
Amei!!!

Parabéns pela iniciativa, Paulo Diógenes!!!


terça-feira, 4 de maio de 2010

Humor Cearense

Certa vez, um rapaz estava viajando pelo mundo, num desses lugares que têm estação de esqui.
Estando num shopping, na praça de alimentação, lamentavelmente presencia uma pessoa caindo (no nosso linguajar, levando uma queda!).
E eis que surge o inesperado naquele momento: sabe-se lá de onde, no meio da multidão, surge um IEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIII!
Então esse rapaz foi atrás do grito e bingo!: um cearense.

Pra quem conhece razoavelmente os cearenses, essa história (dizem ser verídica!) representa 3 fatos reais do povo alencarino:

1 - Iei é o nosso código/vaia de identificação universal
2 - Os cearenses estão em todo canto do mundo.
3 - Rimos de praticamente tudo

Sabemos que vaiar uma pessoa é má educação, mas esse é um hábito comum de um povo em que tudo vira motivo para rir e fazer uma piada.

"A comicidade característica da cidade tem uma explicação cultural. Cearense genuíno tem um jeito moleque, no bom sentido, de encarar a vida, mesmo com as dificuldades históricas da região. O humor seria a válvula de escape. Uma forma de driblar as dificuldades, de rir da própria miséria. Essa não é uma marca das gerações mais recentes. Um dos primeiros registros históricos da gaiatice cearense foi o movimento literário Padaria Espiritual, de 1892. Muito antes da Semana de Arte Moderna, os "padeiros" já produziam o Pão do Espírito, um jornal modernista e, claro, irreverente. Outra marca histórica da molecagem cearense é o bode Yoyô, um animal simpático e paparicado que virou peça do Museu Histórico do Ceará.

O episódio mais célebre, no entanto, foi noticiado no jornal O Povo, de Fevereiro de 1942. Um grupo numeroso de pessoas vaiou o sol quando ele interrompeu uma rara manhã de chuva na cidade.


Essa é uma afirmativa verdadeira: o cearense é gaiato por natureza.
Isso é tão verdade que quando lembram dos nossos produtos

de importação alguns se recordam de calçados, produtos têxteis, castanha de cajú, lagostas e camarões.... mas todos evocam nosso principal produto: os HUMORISTAS.


Chico Anysio, Falcão, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Tiririca, Wellington Muniz (você o conhece: ele é o Ceará e o Paulo Jalasca da rádio Jovem Pan e o clássico Sílvio Santos do Pânico da TV)... Diria até que Seu Lunga é humorista! rsrs

Temos até um teatro próprio: o Teatro do Humor Cearense.
Alguns dos nossos melhores bares possuem show de humor. Foram neles que surgiram nossas principais atrações humorísticas, que estão em diversas emissoras de TV: Tiririca, Rossicléa, Ciro Santos, Skolástica, Paulo Diógenes, Wellington Muniz...


Boa parte das piadas é IMPROVISO. E sinceramente, algumas não são nada inocentes.
Além disso, só aqui mesmo para o humorista descer do palco e fazer "hora" (piada) com a cara da platéia e ela rir!
Não dá pra se sentir agredido: somos assim mesmo!

Agora um texto encontrado no Google:

"Sou do Ceará"
Ricardo Gondim

Ser do Ceará é mais do que nascer no Ceará, é conseguir reconhecer, à distância, uma cabecinha redonda, um sotaque cantado, uma orelha de abano, um jeito maroto de encarar a vida.

Ser do Ceará é saber a estação certa de colher um sapoti, conhecer os vários tipos de manga e nunca comprar ata verde demais; é dar sabor a um baião de dois com queijo coalho.

Ser do Ceará é gostar de cocada, de suco de tamarindo, de sirigüela vermelha, de água de coco docinha.

Ser do Ceará é engolir o final dos diminutivos - cafezinho vira cafezim; Antônio vira Toim; bonzinho vira bonzim. Lá se fala aperreio na hora do sufoco; o apressado é avexado; o triste fica de lundu; quem cria problemas, bota boneco.

Ser do Ceará é morar onde os muros são baixos; quer dizer, lá todo mundo sabe dos outros. A melhor conversa entre cearense é fofocar sobre a vida alheia. Aparecer em coluna social é o máximo; os que pertencem a uma família com pedigree, fazem parte dos eleitos. Os Studarts, os Frotas, os Távoras, os Jeiressatis são considerados o supra-sumo.

No Ceará não se compra casa do lado do sol; isto é, ninguém valoriza uma propriedade com a frente voltada para o poente. O sol não perdoa; é inclemente, ardido, feroz, cansativo. Lá quem não souber lidar com o astro rei, não dura muito tempo.

Entre dez da manhã e cinco da tarde, o sol deixa todo mundo melado; não existem peles secas no Ceará, todas são oleosas.

Ser do Ceará é aprender a dormir de rede, a gostar do cheiro de lençol limpo, a tomar banho frio, a valorizar a brisa do mar. Lá o perfume de sabonete tem outro valor. No Ceará as mulheres não usam meias finas, os homens não toleram gravatas e as crianças não sabem o que é uma blusa de lã.

Ser do Ceará é ter orgulho de afirmar que pertence à terra de José de Alencar, Patativa do Assaré, Fagner, Eleazar de Carvalho, Clóvis Bevilácqua. Lá amam-se as artes; cria-se repente com facilidade, conversa-se com rima.

Ser do Ceará é lidar com umidade, com camisas molhadas de suor, com mofo, com moscas aos milhões, com muriçocas impertinentes, com baratas avantajadas, com viroses brabas, com desidratações súbitas. Lá os fracos morrem rapidamente; o darwinismo com sua teoria da sobrevivência dos mais fortes se prova com facilidade. No Ceará nuvens negras são prenúncio de bom tempo e relâmpago, uma bênção. Em dia chuvoso ninguém gosta de sair de casa.

Ser do Ceará é rir por tudo. E tudo vira piada; lá sobra humor até para vaiar o sol quando interrompe a chuva.

Os cearenses são antes de tudo uns fortes; ao mesmo tempo deliciosamente bons e perversamente maus. Lá é terra de pistoleiro e de santo; de revolucionário e de coronel caudilho; de guerreiro e de preguiçoso.

Sou cearense. E por mais que tenha tentado, não consegui apagar o meu amor por esse chão que me acolheu no mundo. Lá nasci, casei e tive filhos. No Ceará despertei para o mundo e infelizmente, sepultei o restim de esperança que nutria pela humanidade. O Ceará foi o meu ninho e é o meu túmulo; maior alegria e pior desgraça.

Contudo, apesar de tudo, continuo enamorado do meu berço. Não consigo desvencilhar-me de ti, loira desposada do sol.

"Soli Deo Gloria."
Esse post é para abrir uma nova seção, onde falarei dos nossos humoristas que tanto orgulho nos dão!!!

Ceará Rádio Club - Considerações finais



Foi anunciada por Antony Santiago e João Bezerra à diretoria que, a estação entraria no ar.
Tudo correu bem. Os Libaneses Dummar felizmente colocaram a PRAT no ar, fato ocorrido aos 21 de julho de 1933, quando realizaram a instalação do Ceará Rádio Clube, na Rua Major Facundo nº 133 (Altos da Casa Misiana). Sob a vista de competidores, iniciaram a programação preparada. Em poucos minutos os telefones anunciaram a pureza e o volume das emissões. Caetano de Vasconcelos foi o primeiro locutor que operou no Ceará, e as irradiações se prolongaram até as 22 horas.
Em 21 de setembro (dois meses após) em passagem com comitiva pelo Ceará, o então Presidente da República Getúlio Vargas e, o General Góis Monteiro inauguraria oficialmente a emissora. À título precário fora autorizada a irradiar na onda de 330 metros com um transmissor de 500 watts e antena de dois mastros.





Posteriormente o estúdio foi transferido para a Rua Barão do Rio Branco nº 1172 e, com licenciamento definitivo aos 30 de maio de 1934 pela portaria 415, saiu a escritura com a Constituição definitiva da Ceará Rádio Clube S.A. O seu prefixo de PRAT é trocado por PRE-9.
A Ceará Rádio Clube instalou seus transmissores no Bairro das Damas e começou a manifestação de Broadcasting, quando a nomenclatura passou a ser feminina (deixou de ser um clube para ser uma emissora).
Em 1936, a empresa radiofônica promoveu o primeiro concurso para locutor, causando curiosidade no seio do público. A primeira geração de radialistas da CRC era composta de: Caetano Vasconcelos, José Júlio Cavalcante, José Cabral de Araújo, Raimundo Menezes, José Lima Verde Sobrinho, Luzanira Cabral, Silva Filho dentre outros.
Aos 28 de julho de 1937, os estúdios da Ceará Rádio Clube são instalados no mesmo local da Estação Transmissora (Damas), passando a operar na freqüência de 1.320 quilociclos com potencia de 2.000 Watts na antena, enviada por um equipamento Marconi. Pra abrilhantar a festa, foi convidado e recepcionado no Aeroporto que era na Barra do Ceará, o cantor Chico Alves, o “Rei da voz”.
A programação era um tanto fechada, pois quando o rádio fora adquirindo seu espaço, veio a ditadura Vargas o que limitou concessões, e o povo não ouvia o que queria, porém marcou época José Lima Verde Sobrinho, com o programa “Hora da Saudade”, que depois foi substituído por “Coisas que o Tempo Levou”.


Sede no bairro Damas

Colocamos algumas passagens(posts anteriores) que mereceram destaque no rádio cearense, alguns radialistas que já se foram e fizeram sua história. Outros continuam na luta titânica pela sobrevivência, pois a cada dia a tecnologia cresce de dimensão e o profissional tem que segui-la, ou estará fadado a ficar estagnado no tempo e no espaço. Profissão digna, mais carece de bons profissionais, utilizam o rádio deixando a ética de lado aderindo ao humor desabrido. Com este procedimento o rádio deixa de ser ouvido pelas camadas mais intelectualizadas e passam à admiração do povão. Não medem a qualidade; preferem à quantidade, a audiência. Só que do jeito que vai o radialista só se tornará conhecido nas periferias das periferias. A qualidade faz a quantidade e a quantidade não faz a qualidade.


João Dummar o pioneiro da radiofonia cearense, fundador da Ceará Rádio Clube-PRE-9 em 1934 e tantos outros... Figuras importantes da radiofonia cearense: Além dos que já foram citados nas entrelinhas deste trabalho de pesquisa, começamos com o que teve a primazia de ser o pai da radiodifusão no Ceará; Paulo Lima Verde nos idos de 30 e 40 em Fortaleza, era casado com dona Leda, os filhos Reyne, Narcélio, Paulo Lima Verde "o bote seu Paulo"; Eduardo Campos nos anos 50(Não faltam talentos nas redações das emissoras). E ninguém perde a "Crônica do Ceará", ao meio dia, escrita por Otacílio Colares; Nem "ponta de lança", um comentário cáustico de Armando Vasconcelos, a fazer época com sua frase preferida; "doa a quem doer"!

Tudo era mais bonito, fascinante, mágico, mas era o estúdio com seus locutores de vozes possantes, que causavam maior "frisson", novelas, humorísticos, orquestra, tinha gente que ia "brechar" no oitavo e nono andar do Edifício Diogo, o ensaio dos artistas. Paulo Cabral, Diretor da PRE-9, foi contratado para trabalhar naquela emissora quando tinha onze anos. Mas o contrato teve de ser rescindido, em face da moral doméstica. Era pecado trabalhar em rádio. Na discoteca da ceará rádio Clube, no Edifício Diogo, milhares de discos de cera era cuidadosamente guardados em estantes envidraçadas. Parecia um santuário onde Gerardo Barbosa era o sumo sacerdote e Tereza Moura de Aquino, a sacerdotisa.

Na hora do comerciário um programa de 1948 os seguintes artistas do rádio se destacavam: Otávio Santiago, Epaminondas Souza, José Amâncio, Luiz Assunção, Reginaldo Assunção (Filho de Luiz), Peruano, Francisco Alenquer, Oscar Cirino, Edgard Nunes, João Ramos, Thompson Lemos, Eliezer França, Hiran Pacheco, Luiz Róseo, João Batista Brandão, Carlos Alenquer, Emilio Santana, Mário Alves, Francisco Noronha, Canelinha eram os componentes da orquestra da Ceará Rádio Clube. João Ramos era o apresentador do programa. Mário Alves a voz do Ceará para o Brasil, mais tarde formaria com Evaldo Gouveia e Epaminondas Souza, o famoso Trio Nagô.

A Rádio Iracema com Armando Vasconcelos, veio concorrer com a (Ceará Rádio Clube), inaugurada em 9 de outubro de 1948, fundada pelos irmãos Parentes (José e Flávio) e pelo Dr. José Josino da Costa e conhecida como ZYR-7 passou a funcionar no Edifício Vitória; Antes de criar a Comédia Cearense, Haroldo Serra foi locutor e radioator da Rádio Iracema, na sede própria na Praça José de Alencar; Carlos Alberto começou ainda "frangote" de voz indefinida, como locutor da Rádio Iracema onde apresentava programa para a juventude da qual fazia parte; Filho do famoso maestro Lisboa, José Lisboa, começou como cantor da "Iracema". Mais tarde, se transformaria também, em animador de auditório. Conservador e fiel às origens: continua na mesma emissora, onde tem programas populares; Ayla Maria, começou na Iracema, uma menininha que subia numa cadeira para poder abraçar o microfone. Cresceu ali, virou estrela, virou mulher. Ainda é estrela maior da constelação de cantoras de nossa terra. Teresinha de Jesus; O "Bem-te-Vi" e o "Rouxinol". Este casal, também conhecido como Alan Neto e Ivanilde Rodrigues, sempre foram da "taba de Iracema".

Ele, com camisa moderninha, ela, com lacinho na testa. Um casal que decididamente deu certo.
Nozinho Silva; o cantor Solteiro; Ivanildo e seu conjunto; A soprano Celina Maria começou na Iracema e foi parar no Teatro Scala de Milão; Lúcia Elizabeth foi percursora da Gretchen; Eduardo Fernandes (Dudu), Moreira Filho; Zuíla Aquiles cantava os belos versos de Carlos d’Alge; Terezinha Nogueira cantora lírica dos olhos verdes; A PRE-9 e o edifício Pajeú, foi neste lugar que a Ceará Rádio Clube viveu seus momentos de apogeu nos meados de 55. Edson Martins, Edilmar Norões, Guilherme Neto, João Ramos, Armando Vasconcelos e Augusto Borges - passaram pela PRE-9; José Júlio Cavalcante, Gerardo Barbosa, Rômulo Siqueira, Anderson Braz, as irmãs Vocalistas (Cleide e Ademir Souza Moura), Keila Vidigal, Leocácio Ferreira.



Vem a Uirapuru fundado em 16 de junho de 1956, fez a transmissão da eleição da Miss Brasil, Jaime Rodrigues falou de Buenos Aires e Fernando Lopes narrou o desfile. A ZYH-25, conhecido como a emissora do pássaro teve também seus momentos de glória. Aproveitando o ensejo vamos enumerar os super astros da locução cearense: Você se lembra de alguns deles? Os irmãos Cabral de Araújo (José e Paulo); Manuelito Eduardo; João Ramos; Aderson Braz; Mozart Marinho; Almir Pedreira; Albuquerque Pereira; Antonio Almeida; Narcélio Lima Verde: Alexandre Colares; Mattos Dourado; Wilson Machado; Valdir Xavier; Jaime Rodrigues; Augusto Borges; Ivan Lima; Oliveira Filho; José Santana; Juarez Silveira; José Júlio Cavalcante; Peixoto de Alencar; Nazareno Albuquerque; Cid Carvalho; Palmeira Guimarães; Edson Martins; Paulo Augusto; José Edilmar; Haroldo Serra; Armando Vasconcelos e muitos outros. As "Lady-Speakers" também tiveram sua vez, cito aqui algumas que se destacaram: Maria José Braz; Laura santos; Ruth de Alencar; Celina Maria; Karla Peixoto; Vera Lúcia; Maria de Aquino; Violeta Nogueira; Eneida Costa; Neide Maia: Orlys Vasconcelos, Ítala Ney, Ruth de Alencar. A primeira locutora do rádio cearense foi Maria de Aquino atuando na Ceará Rádio Clube.

A Rádio Verdes Mares carinhosamente conhecida como "verdinha" foi fundada em julho de 1962, das mãos de Paulo Cabral de Araújo e desse Grupo político, onde se destacaram; José Flávio Costa Lima; Hildo Furtado Leite, José Pontes de Oliveira (Banco União), foi negociada com o grupo Edson Queiroz. Os cantores Galãs: Carlos Augusto; Arnoldo Leite; Paulo Cirino seu chapéu e violão; João Bob; Joran Coelho; José Auriz Barreira; Guilherme Neto; Gilberto Silva; Fernando Menezes; Giacomo Ginari. As estrelas cantoras: Wanda Santos; Ayla Maria; Maria de Lourdes; Ângela Maria; Estelita Nogueira e Zuíla Veras; As pastoras e Paulo Cirino; (Isis Martins, Maria Alice e Maria de Lourdes); Maria Guilhermina; Cleide e Ademir Moura; Fátima Sampaio; Ivanilde Rodrigues; Terezinha Silveira; Salete Dias; Marilena Romero; Telma Regina; Vera Lúcia; Cleide Moura.


Blanchard Girão fala - "A denominação de" Dragão do Mar", já sugeria uma linha de protestos e lutas. "A rádio vinha para ser o "calo" do Governo Udenista, denunciando todas as deficiências administrativas e, de modo especial, os escândalos de afilhadismos que caracterizavam, de um modo geral, a prática política estadual daqueles tempos". A Rádio Dragão do Mar montada em 1958 pelo antigo Partido Social Democrático(PSD), foi inaugurada em 25 de março de 1958, data comemorativa da abolição da escravatura no Ceará, episódio em que se glorificou o jangadeiro Francisco José do Nascimento, cognominado "Dragão do Mar".

As novelas existiam e os escritores especializados em radionovelas, a exemplo de Amaral Gurgel, Oduvaldo Vianna, janette Clair, Ivanir Ribeiro e muitos outros. A primeira novela de autor cearense foi apresentada na PRE-9, "Aos pés do Tirano" de autoria de Eduardo campos(Manuelito Eduardo). Alguns personagens: Consuelo Ferreira; Alan Ladd (Oliveira Filho); Ângela Maria; Gláuria Farias; Maria José Braz; João Ramos; Laura santos; Mirian Silveira. Os Auditórios marcaram época no rádio cearense vamos citar apenas alguns que se destacaram neste setor do rádio cearense.


Jovial Salete Dias; Célio Cury; João Ramos; Luiz Assunção; Humorista Picolé; Armando Vasconcelos e Orlys Vasconcelos; Irapuan Lima (O mais popular); Eduardo Fernandes animava O clube do Papai Noel; Mattos Dourado; João Ramos e Augusto Borges; Marcos Ayla.




Alguns programas de rádio e auditório:

- "Coisa que o tempo Levou";

- "Divertimentos em sequência";
- "Vesperal das moças";
- "Salão Grenat";
- "Galeria de Honra";
- "Audições a Cearense";
- "Parada Musical Dummar";
- "Programa Irapuan Lima";
- "A garotada se diverte";
- "Fim de semana na tábua";
- "Mensagens Sonoras";
- "A Hora Luterana";
- "Clube Papai Noel";
- "Grande Rádio-Baile fim de semana";
- "Noticiário relâmpago";
- "Mariquinha e Maricota";
- "Delegacia – Baião-de-dois";
- "A carrocinha";
- "Dona Pinóia e seus Brotinhos";
- "Noturno Pajeu";
- "Festa na caiçara";
- "Pensão Paraíso";
- "Carrossel da Alegria";
- "Parque Recreio";
- "Postais Sonoros";
- "À hora do Pobre";
- "Uma pulga na Camisola";
- "Edifício Balança mais não cai";
- "Doa a quem doer";
- "A Crônica do Dia";
- "Clube do Fã";
- "Matutino Pré-nove";
- "Clube do bom Companheiro";
- "Assombração";
- "Crônica do Ceará";
- "Orquestra de Concertos da Ceará Rádio Clube";
- "A Hora do Ângelus";
- "Audição com a Pianista Maria de Lourdes Gondim";
- "As novelas";
- "Os pastoris".


Créditos: Site oficial da CRC, pesquisas diversas na internet e fotos do arquivo Nirez


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte III


Eduardo Campos


Eduardo Campos (Manoel Eduardo Pinheiro Campos também natural de Guaiúba, Município de Pacatuba, no Ceará. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito do Ceará, em 1948. Seu primeiro trabalho para o rádio foi uma peça, de 2 atos, baseada no processo criminal de Maria Antonieta.

A peça agradou e ele tomou gosto. Ficou então (1944) trabalhando na PRE-9 como redator e locutor, passando daí em diante por todas as fases do trabalho do homem de rádio: locutor, animador, rádio-ator, produtor.

São de sua autoria as seguintes novelas : Sombras do mal, Inspiração, Aos pés do tirano, respectivamente com 12, 13 e 25 capítulos. Essas novelas foram irradiadas nas Associadas do norte (Potí, Ceará Rádio Clube e Bar é). É ele o autor do programa humorístico "As aventuras do Dr. Galião", criando os populares personagens — Dr. Galião, D. Celeste e "seu" Fifi. Atuou, com Aurélio Campos, na Tupi-Rio, em 1946.

Para a Tupi tem escrito vários trabalhos. Para o Rádio Jornal do Comércio escreveu o programa de 30 minutos — "Cosmorama" (1949). Obras de sua autoria (todas publicadas) : Águas Mortas, Face Iluminada, A Viagem Definitiva (livros de contos) e O Demônio e a Rosa (teatro). O último trabalho foi aproveitado pela Rádio Tupi de São Paulo no seu teatro das 13 horas. Eduardo Campos é diretor do Departamento Artístico da Ceará Rádio Clube.

Da esquerda para a direita: Luís Assunção, maestro Airan Pacheco e Manuelito Eduardo.


Da esquerda para a direita: João Ramos, Dermival Costa Lima (diretor que deixava a Direção Artística da Ceará Rádio Clube); Antônio Maria (que assumia); José Júlio Cavalcante, Manuelito Eduardo e Maestro Mozart Brandão.




domingo, 2 de maio de 2010

Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte II



Paulo Cabral

Paulo Cabral, atualmente diretor geral da Ceará Rádio Clube, nasceu em 23 de agosto de 1922, em Guaiúba, Ceará. É formado em direito pela Faculdade de Direito do Ceará. Começou a trabalhar fazendo um concurso para locutor na PRE-9, a 5 de fevereiro de 1939. Foi bem sucedido e ficou como locutor. Em 1942, substituiu Dermival Costa Lima na direção artística. No ano seguinte, pediu demissão do cargo, ocupando seu lugar Lourival Marques. No mesmo ano, voltou a assumir a direção do Departamento Artístico, afastando-se novamente em janeiro de 1944, por razões particulares (CPOR, escritório de advocacia e estudos de direito).

Foi substituído, então, por Antônio Maria. Em março de 1945, foi convidado pelo Dr. João Calmon para o cargo de diretor-geral da Ceará Rádio Clube, onde se mantém até hoje.
Viagens: Rio, São Paulo, Amazonas, além de várias viagens, pelo nordeste, em missão da rádio. Tem recebido várias propostas para trabalhar no Rio de Janeiro, mas não pensa em deixar a sua PRE-9, nem Fortaleza.

Paulo Cabral


Paulo Cabral é o mais popular locutor do Ceará e se tornou famoso por sua invulgar capacidade de improvisação. Foi ele o principal animador da monumental campanha em prol da Santa Casa, conseguindo, com seus apelos tocantes, levantar nada menos de l milhão e 50 mil cruzeiros de contribuições populares. Paulo Cabral é casado. Não tem "hobbies", salvo o rádio, a que se entrega de todo o coração.

Paulo Cabral - radialista precursor do uso da mídia na política cearense

Artigo publicado em História do Rádio e Televisão no Ceará

Nos anos 40, o rádio cearense se notabilizou pelas grandes campanhas que empreendia.
Pode-se falar do São João e Natal dos Lázaros, que conseguia doações para o Educandário Eunice Weaver, que trabalhava a favor das vítimas da hanseníase e seus filhos, então confinados na colônia de Antonio Diogo (Redenção).
Outra campanha memorável foi a do levantamento de recursos para a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, que alcançou a cifra recorde de um milhão de cruzeiros.
Essas campanhas mobilizavam a cidade, criavam um sentimento de "pertença" e estimulavam o lado filantrópico das pessoas.
À frente destas iniciativas estava um jovem radialista, Paulo Cabral de Araújo.

Quando se aproximavam as eleições de 1950, o clima era de pouco entusiasmo diante dos candidatos lançados. De um lado, antecipando-se aos empresários na política, o milionário Diogo Vital de Siqueira. O prefeito Acrísio Moreira da Rocha não podia se candidatar à reeleição e apoiou Erestides Martins, que teve uma votação pífia.
O fato novo da política veio a reboque dos partidos políticos e passou a ser a primeira grande interferência da mídia no poder: o radialista Paulo Cabral de Araújo, aos vinte e oito anos, sem vivência de política partidária, sem apoio dos partidos tradicionais, disparou na preferência do eleitorado e teve uma vitória estrondosa nas urnas.

Confraternização Associada nos anos da década de 1940-49. Discursando José Júlio Barbosa. Da esquerda para a direita: de costas, José Júlio Cavalcante; major João Baptista Brandão; Zezé do Vale, Paulo Cabral de Araújo, Orlando Mota, Edgard Freire, Manuelito Eduardo e Oscar Cirino.

A vitória chamou a atenção para a força da mídia.
Era freqüente a utilização dos jornais, como foi feita por Paulo Sarasate nas eleições para o governo do Estado, em 1954, mas o rádio era novidade.
Paulo Cabral optou pela carreira jornalística. Ocupou cargos significativos no cenário nacional. Foi presidente do Condomínio dos Diários Associados.
Por trás disso tudo, os velhos transmissores, a empolgação dos segmentos populares, a necessidade de ajudar uma instituição que presta grandes serviços à cidade e vive, permanentemente, em crise.
Em termos de política cearense, essa eleição teve tanto impacto quanto a de Maria Luiza Fontenele a prefeito de Fortaleza, em 1985, também por um partido pequeno e contra todas as forças hegemônicas.

O papel da mídia na política tem sido grande. Nas eleições de 2006, três radialistas de programas sensacionalistas foram eleitos para a Assembléia Legislativa. O tema já foi objeto da tese de doutorado da jornalista e professora Márcia Vidal.
Mas o começo de tudo foi Paulo Cabral.

Comissão recebedora de donativos da Campanha em favor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza - da esquerda para direita, Heldine Cortez Campos, na terceira e quarta posições: Manuelito Eduardo e Paulo Cabral; de frente, escrevendo: Maria Coeli de Araújo; sentados, em primeiro plano: Aderson Brás e Tereza Moura, em atendimento aos ouvintes cooperadores.



Os méritos foram dele, do contexto de então e das campanhas que, da mobilização pela dádiva, passaram para a militância política.


Continua...

sábado, 1 de maio de 2010

Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte I



João Demétrio Dummar

Há um quê dos personagens de ficção na trajetória de João Demétrio Dummar. O cearense que nasceu na Síria no início do século passado; que migrou com a família para o Brasil; que passou por Belém; que chegou ao Ceará aos sete anos; que viveu parte de sua juventude no Crato; que honrou a tradição do homem de negócios e que se tornou, ainda na década de trinta, um empresário de comunicação. Isso quando Sírios e Libaneses ainda nem sonhavam em se tornar personagens simpáticos e bonachões nos romances de Jorge Amado. João Dummar era simpático, registro feito por familiares, companheiros de trabalho e amigos – tinha o que hoje chamaríamos de determinação de empreendedor. Um pioneiro que conseguiu ver uma fresta no futuro do Ceará dos anos 20. Um negociante, dono de seu próprio negócio ou firma – como se costumava dizer – que percebeu o potencial do advento da radiodifusão e só se deu por satisfeito quando fundou a Ceará Rádio Clube em 1934, "começando a difundir a arte e a música para todo o Estado".


João Dummar

Um outro fato marcante é seu encontro com Demócrito Rocha, um outro homem de mídia jornalística de sua época. Há coincidências na trajetória de ambos. No mesmo ano em que a sociedade Dummar & Cia. Nascia, por exemplo, Demócrito Rocha fundava o jornal o Povo em Fortaleza. Os laços se estreitaram quando João Dummar conheceu dona Maria Lúcia, filha de Demócrito, que viria a ser sua esposa e mãe de seus seis filhos. Um deles, João Dummar Filho, aproveita o centenário de nascimento do pai para contar sua trajetória em livro. Foi o que se poderia chamar de um desafio de mãe para filho. Um convite de dona Lúcia a que ele, que era ainda um menino quando o pai morreu precocemente em 1954, não pôde resistir. Este livro narra à trajetória de um pioneiro que, como um personagem de ficção, também viveu momento difícil e adversidades. Feitos, determinação, pressões, problemas de saúde, há na vida de João Dummar elementos suficientes par deixar o leitor estimulado. Eis, portanto, a história da vida de João Dummar um verdadeiro cearense das Arábias.

De Marciano Lopes "Coisas que o tempo levou" a era do rádio no Ceará, pretendemos retirar fatos históricos e pitorescos da vida daqueles que começaram este "mister" de levar o rádio cearense ao patamar mais alto da radiodifusão.


João Dummar recebe título de cidadão cearense


Memória do rádio cearense

A história da radiodifusão no Ceará é riquíssima e pobre em fontes de consultas, livros voltados para esta cultura do rádio e televisão principalmente. Há de se perguntar: o que os jornalistas estavam fazendo antigamente? Será que esqueceram estes detalhes, se enfornaram nas redações de jornais e os radialistas e que contaram sobre seus trabalhos, suas casas de emissão de sons. Algo aconteceu. Mas prefiro está enganado. Contar todas às nuances, dos pioneiros da radiodifusão cearense, num simples trabalho, será quase que impossível, já que, a história do Pioneiro do Rádio no Ceará foi contada em um livro de autoria de João Dummar Filho. Devo acrescentar que após a morte do pai, surge então a sociedade de João e José Dummar denominada Dummar & Cia., em 1928, na verdade a continuação da mesma empresa familiar iniciada em 1911 no Crato. Estabeleceu seu novo endereço comercial em ponto nobre da cidade, na Rua Floriano Peixoto, 517, com fundos para a Rua Coronel Bezerril, bem próximo à Praça do Ferreira.

João e José Dummar trilharam a trajetória comercial de sucesso da família, tornando-se os representantes da Philips do Brasil, da Rádio Brunswich Corporation, da companhia Brunswich de Bilhares, dos pianos Essenfelder e do automóvel Skoda, procedente da ex-Tchecoslováquia. O destino marcou um encontro entre João Dummar e Demócrito Rocha, selando uma amizade sólida entre eles, que se tornaram figuras importantes da mídia jornalística e eletrônica de sua época. No mesmo ano de 1928, em que se firmou a Sociedade Dummar & Cia. Demócrito Rocha fundou o jornal O Povo, em Fortaleza. A era da radiodifusão no Brasil começou com Roquete Pinto, ao fundar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923. Então na província de Fortaleza, em 28 de agosto de 1931, oito anos após, com o entusiasmo de um adolescente, João Dummar fundou a Ceará Rádio Clube, uma associação integrada por amadores da radiotelefonia, e dela participavam: Jorge Ottoch, Francisco Aprígio R. Nogueira, Clóvis Fontenele, Joaquim da Silveira Marinho, Álvaro de Azevedo e Sá entre outros.

Era a semente da futura PRE-9, plantada em terras nordestinas. Vieram ao Ceará Augusto Calheiros, Vicente celestino, Orlando Silva, Francisco Alves, o Chico viola em temporadas memoráveis. A era dourada do rádio, fase dos grandes programas de auditório que ocorreu nos centros urbanos do país. João Dummar instalou dois pianos franceses no estúdio da PRE-9 e iniciou os programas de auditório, com a participação dos pianistas Lauro Maia, e José Pompeu Gomes de Matos. Os principais cantores locais eram: Moacir Weyne, José Jatahi e Romeu Menezes, conhecido como "O boêmio galã".

Apresentavam-se com freqüência no auditório da Ceará Rádio Clube os cantores Victor Loiola, João Milfont, Mores Neto, as irmãs Gondim, sendo acompanhadas pelos músicos: Aleardo Freitas, José Menezes, que tinha o nome artístico de Zé Cavaquinho e Lauro Maia ao piano, que tinha sido apresentado ao João Dummar em meados de 1935.


João Dummar no Centro ao lado do cantor Francisco Alves (chapéu na mão)


Lauro Maia foi convidado para trabalhar na equipe de radialistas, pois estava impressionado com a criatividade daquele jovem estudante da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Com o convite Lauro Maia aos 23 anos passou a integrar a Orquestra da Ceará Rádio Clube, que era dirigido pelo maestro Euclides Silva Neto. Lauro Maia criou o programa radiofônico "Lauro Maia e seu Ritmo", onde divulgava as músicas e os ritmos nordestinos como: xote, o coco, o batuque e o ritmo Por ele mesmo criado, o balanceio. Compôs músicas carnavalescas, Ponce de Leon foi o primeiro Rei Momo de Fortaleza. Quatro Ases e um Coringa fizeram um enorme sucesso, nacional. Formado por Esdras Falcão, Evanor de Pontes Medeiros, André Batista Vieira, Permínio de Pontes Medeiros e José Pontes Medeiros e o nome original foram dados por Demócrito Rocha, que batizou inicialmente como "Quatro ases e um Mele". Depois do sucesso trocaram o Melé pelo Coringa. Em 1937, o jornal o Povo com apoio da PRE-9, realizou um festival de Marchas Carnavalescas que teve como Juiz Ary Barroso, o notável compositor de Aquarela do Brasil, foram inscritas 27 músicas; o primeiro lugar foi de Lauro Maia com a marchinha "Eu sei o que é", Luiz Assunção ficou em segundo com "Adeus Morena" em 1938.

Lauro Maia assumiu a direção artística da Ceará Rádio Clube e passaram a dirigir a orquestra batizada de "Jazz PRE-9" que se apresentavam também nos bailes elegantes da cidade. Lauro Maia se dedicou à música viajou ao Rio de Janeiro e em seu lugar assumiu Demival Costa Lima. Nas manhãs de sábado existia o programa "A Hora Infantil" com Zilda Maria Rodrigues mãe do professor de Direito Roberto Martins Rodrigues. Em 12 de outubro de 1942, publicado em sua coluna "Nota" de O Povo Demócrito Rocha disse:
A primeira vez que falei diante de um microfone da atual PRE-9 foi a três de outubro de 1932. Na véspera, alta noite, chegara a Fortaleza a notícia de que cessara a luta civil em São Paulo. O General Klinger telegrafara ao General Góis Monteiro, pedindo-lhe destino. O dia três amanhecera ruidoso. Fui despertado de madrugada por um grupo de amigos. Houve manifestações populares ao interventor Carneiro de Mendonça e em palácio, alguém me disse: - João Dummar deseja que você ocupe o microfone de sua estação.

João Dummar, que chegara ao Ceará aos sete anos de idade e dedicara sua vida ao progresso da terra que amava, teve seu processo de naturalização bloqueado na burocracia do Itamaraty e passou a ser instado por Assis Chateaubriand a vender a (Ceará Rádio Clube). Para Chateaubriand, presidente dos Diários Associados, a compra da PRE-9 iria fortalecer seu império nacional de comunicação, inclusive: o jornal Unitário e Correio do Ceará, ambos de Fortaleza. A pressão foi tão grande que em 11 de janeiro de 1944 João Dummar vendeu a Ceará Rádio Clube. Quarenta anos depois, pelas mãos de seus filhos (Carmem Lúcia Azulai e Demócrito Rocha Dummar) surgiram a Rádio Tempo FM e as rádios AM e FM O Povo que simbolizam a continuidade de seus ideais.

Como foi citado e esclarecido o marco inicial em Fortaleza no setor de radiodifusão foi à pioneira, a PRE-9 ou Ceará Rádio Clube como queiram.
Marciano Lopes em desabafo diz o seguinte: considero-me um radialista frustrado, pois não cheguei a atuar no período da chamada "era de ouro do rádio pós-moderno". Pior: não comecei em minha terra, nem na PRE-9, como era meu sonho de menino. Por mero acaso, foi em Aracaju capital do Estado de Sergipe, precisamente na Rádio Cultura de Sergipe, que iniciei minhas atividades radiofônicas. Era uma emissora pertencente à Arquidiocese, daí, desenvolver uma linha de programação sóbria e rígida. Havia um escuta para anotar os deslizes do radialista para passar a direção. Mesmo assim o cearense radicado em Aracaju fez sucesso, brilhou no rádio e começou a receber caravanas para conhecer o autor de "Uma Tragédia Brasileira", "Expoentes da Música" e muitas outras produções. Foi convidado para levantar a Rádio Jornal que andava ruim das pernas, tirou a emissora do ar por uma semana, refez toda a sua programação, mudou o visual da sede, deu uma virada geral, o que se lamentava é que sua fraca potencia não ultrapassava os limites da capital sergipana.

Foi para Salvador, levando mil e uma cartas de recomendações. Não precisou delas, foi trabalhar por coincidência na Rádio Cultura de Salvador, quando apresentou seu currículo foi logo contratado e passou a ser produtor. Fundou a Rádio Bahia, do mesmo grupo, onde implantou um programa igual as das FM de hoje. Foi convidado para ajudar na rádio Cruzeiro da Bahia, a convite de Paulo Tapajós foi para a Rádio Nacional. Na época da Revolução Militar volta à Fortaleza, através de Carlos Lima foi trabalhar na Rádio Assunção Cearense, lançou um programa de sucesso "Progamascope", demorou pouco tempo, pediu demissão ao Padre Landim. Perdeu aquele glamour que tinha pelo rádio, os tempos eram outros, o rádio mudara, a televisão absorvera toda sua magia e fascínio. E para concluir este desenvolvimento, vem a Rádio Comunitária. Nós estamos construindo um país. Quando uma rádio comunitária entra no ar é mais que uma, porque ela é o sonho de muitos. É a vez e a voz daqueles que estavam calados.



João Dummar com Francisco Alves e ao fundo o locutor Cabral de Araújo

São também onde os sonhos e as esperanças, as dores e as dúvidas de cada um, ente individual e coletivo, se transforma em ondas que chegam às casas e às ruas da comunidade. Fazer rádio comunitária é refazer o mundo que foi destruído por estes que estão no poder. Por isso, ao apoiar a radiodifusão comunitária, o Partido dos Trabalhadores assinala mais uma vez seu compromisso com a gente brasileira. O PT sabe da luta que é botar uma rádio comunitária no ar, sabe das dificuldades enfrentadas por aqueles que, no cotidiano de sua cidade, com poucos recursos econômicos, enfrentam a repressão policial e política.

O PT está junto na luta pela democratização dos meios de comunicação. O Partido sempre esteve na linha de frente desta luta. Com relação às rádios comunitárias, vale destacar que o PT sempre estimulou o movimento nacional; o Partido teve e tem uma atuação destacada no Congresso Nacional, e, além das experiências locais, criou um Fórum na Secretaria Nacional de Movimentos Populares. Esta cartilha, portanto, é apenas uma parte do trabalho que o PT desenvolve. Uma contribuição ao movimento cujo dono não é o PT nem outro partido, mas o povo, com seus gostos, suas cores ideológicas, seus jeitos e, principalmente, suas esperanças (Palavras do Senador Geraldo Cândido do PT).

Sucintamente irei colocar a idéia de como formar uma rádio comunitária:

1- Reúna a comunidade;
2- Organize a entidade;
3-Compre os equipamentos;
4-coloque no ar;
5-Sustentação Financeira;
6- Para obter a concessão. As rádios comunitárias se programam em Freqüência Modulada (FM). Antes de adquirir o transmissor verifique qual a freqüência estabelecida pelo Ministério das Comunicações para sua localidade. Exija do fabricante a garantia de que o sinal transmitido vai limitar-se a faixa determinada, ao invés de aparecer em outros pontos do dial.



Continua...

Os Marcos da Ceará Rádio Club - 4ª parte



OS ESTÚDIOS E O AUDITORIO DE 500 LUGARES NO EDIFÍCIO PAJEÚ. PROGRAMAÇÃO ESPECIAL EM ONDAS CURTAS. O CEARÁ FALANDO AO MUNDO.

Os publicitários Manoel de Vasconcelos e Genival Rabelo, diretores da revista "Publicidade & Negócios'" vieram a Fortaleza em maio de 1949, assistir a inauguração das novas instalações da Ceará Rádio Clube, no Edifício Pajeú.
A edição de nº 96 daquela prestigiosa publicação conta para os leitores como eram "as novas instalações" da emissora, que dispunha de três estúdios, inclusive um palco-auditório, moderníssimo. A inauguração ocorreu no dia 13 de maio de 1949, reunindo no auditório, como escreve a revista, o desembargador Faustino de Albuquerque e Souza, Governador do Ceará; D. Antônio de Almeida Lustosa, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza; dom João Daudt d'Oliveira, presidente da Confederação Nacional do Comércio", etc.

João Calmon, então Superintendente das empresas "associadas" do Ceará, sublinhou: "
Servindo a um povo que deixa sua terra para vencer em outros Estados, e em outros Países, a Ceará Rádio Clube precisava realmente levar a voz da terra-máter aos mais longínquos rincões. Já mantemos, na onda de 19 metros, um programa único de "broadcasting" nacional, de duas horas por dia, sem publicidade comercial e sem subsvenção de qualquer espécie, anunciando em cinco idiomas diferentes e dedicados exclusivamente à propaganda do Ceará e do Brasil."


Auditório da Ceará Rádio Club - Capacidade 500 lugares sentados

Esse programa, que fez sucesso junto aos sintonizadores da onda de 19 metros, anunciava em português, francês, inglês e espanhol.

Em 1949 era diretor geral; Paulo Cabral de Araújo; diretor artístico, Manuelito Eduardo; diretor do Departamento Musical, maestro Mozart Brandão; diretor do Departamento Técnico, Igor Olimpico e chefe de publicidade Virgllio Machado.

Na chefia do escritório funcionava Rômulo Siqueira, que, mais tarde, seria diretor de Publicidade da estação, e diretor, nas mesmas funções, na TV Ceará.

Participaram da festa de inauguração do auditório da Ceará Rádio Clube, no dia 13 de maio de 1949, além do grande pianista e compositor cearense Aloísio Pinto, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Nilo Sérgio, Rosita Mir e Carmen Santos.
O setor técnico da emissora foi sempre bem diligenciado, tendo operado nele, além de Igor Olimpiew, Rômulo Proença, Gerardo Justa, Antônio Fernandes Normando (falecido em acidente no transmissor), Francisco Coelho Cabral, Francisco Danúzio do Nascimento, e, mais recente, Abdênago Batista Pereira.


Dr. João Calmon - que promete novas realizações - quando da inauguração das novas instalações da CRC.

A DÉCADA 1950-59. GRANDES CARTAZES INTERNACIONAIS:
XAVIER CUGAT E ORQUESTRA, LOS ESTUDIANTES, AGUSTIN LARA E OUTROS.


A década seguinte (1950-59) é assinalada pela competição radiofônica, que começara em outubro de 1948 com a inauguração da Rádio Iracema de Fortaleza. As funções dentro do rádio vão-se tornando independentes, passando a fase em que o mesmo radialista, por solicitação da empresa ou de seu próprio espírito de trabalho, era levado a diversificar a sua atuação, constatando-se a presença do locutor também como rádioator, organizador de programa, redator, animador de auditório, etc.

Começava o profissional do microfone a ter função especificada, a de maior liderança e apropriação quanto ao gosto e preferências do público ouvinte.

Foram os anos de grandes contratações artísticas, possivelmente o momento de maior valorização do rádio cearense, quando a emissora, que desde 1949 mudara os seus estúdios para o Edifício Pajeú, lº e 2º andares, na Rua Sena Madureira, 1047 (onde hoje funciona o Tribunal de Contas do Estado), dispunha de apreciável auditório de 500 lugares, às vezes insuficiente para receber multidões que desejavam aplaudir, de preferência, os grandes cartazes internacionais que nos visitaram.

Foram celebrados contratos altíssimos, possibilitados graças à colaboração dos grandes clubes da cidade, notadamente o Maguary Esporte Clube, seguido de perto pelo Ideal Clube, Náutico Atlético Cearense, Comercial Clube e tantos outros.

Orquestras internacionais, como a de Xavier Cugat, Augustin Lara, Los Estudiantes, Cassino de Servilha, além das grandes orquestras brasileiras, haveriam de se exibir no decorrer desse período áureo do rádio cearense, tocando ora no Teatro José de Alencar, ora no auditório do Edifício Pajeú, ou diretamente no clube social, onde consentiam, via de regra, que sócios e convidados do clube dançasssem.

Desse tempo, as temporadas de Josephine Backer, Carlos Ramirez, Vicente Celestino, Gilda de Abreu, Pagano Sobrinho, Orlando Silva, Silvio Caldas, Lúcio Alves, Isaurinha Garcia, Dorival Caymi, Carmen Costa, Luiz Gonzaga, Dalva de Oliveira, Jararaca e Ratinho, e muitos mais que viriam ao Ceará contentar não apenas os que gostavam de rádio, mas os que eram freqüentadores de cinemas e grandes "shows" no sul do país.

O público cearense teve então o privilégio de aplaudir, sem sair de Fortaleza, famosos cartazes que permaneciam como atrações nos teatros do Rio e São Paulo.


TELEVISÃO EM CIRCUITO FECHADO, EM 1951. TELEVISÃO PROFISSIONAL EM 1960, COM O ADVENTO DA TV CEARÁ, CANAL 2. PROVAÇÃO E DESAFIO.


A estação pioneira da radiodifusão no Ceará, igualmente com pioneirismo, muito antes de instalar a primeira estação de TV do Ceará, ofereceu aos freqüentadores de seu auditório, em 1951, programa em circuito fechado de televisão, operado com câmara Vidicon. Dois ou três receptores de televisão ficaram situados tanto no interior como na parte exterior do Edifício Pajeú, onde se realizou a experiência com bastante sucesso.

Manuelito Eduardo comandou essa pré-apresentação de televisão em Fortaleza, narrando vários programas, inclusive a "Hora da Saudade", animada com a voz nostálgica de José limaverde.

O ano de 1960 assinalaria o advento da TV, com a inauguração da TV Ceará, canal 2, departamento da Ceará Rádio Clube que, dando cumprimento à sua evolução, marcada de tantos êxitos, demandava o mundo fascinante do vídeo.

Daí por diante estabelecer-se-iam novas regras para o desempenho do rádio em face do advento da televisão. Já não importava o programa de auditório. Não valia mais a exibição de grandes cartazes em transmissões radiofônicas. A imagem, no vídeo, era uma espécie de cinema que proporcionava entretenimento gratificante aos que se deixavam ficar na intimidade de seus lares.

Findar-se-iam os dias de movimentação em auditórios de rádio, quando, no caso específico da Ceará Rádio Clube, eram atrações os programas "Divertimentos em Seqüência", "Festa na Caiçara", "Desfile de Calouros", ora animados por Manuelito Eduardo, ora por Toão Ramos, e "Clube Papai Noel", programa dedicado a valores novos, ultimamente apresentado por Augusto Borges, que nele começara como contra-regra.

No entanto, sofrida mas não vencida ao primeiro confronto com a televisão, a radiodifusão do microfone e do receptor haveria de reagir. O transistor, tornando obsoleta a válvula, consagrou novo alento ao rádio, dinamizando-o, tornando-o mais utilizável.

Num mundo insolidário, o receptor de pilha, transistorizado, passava a ser o companheiro mais fiel do homem. Mais depressa, que se pôde imaginar, consolidou novamente o prestígio da radiodifusão sonora.

A Ceará Rádio Clube, caminheira de muitos dias e muitas glórias, teria de sofrer a perda de sua estação de televisão, por ato presidencial, de irrecusável intempestividade, em 1980. Provação e desafio para a emissora que teve de arcar com pesados ônus para indenizar todos os funcionários da ex-TV Ceará, cuja concessão a declarara perempta o Governo Federal; -- e desfazer-se de todo o seu parque técnico, assim como de patrimônio considerável representado por imóvel e instalações que se expressavam em 3.300 metros de área construída.

Nem assim, a tamanho tropeço, se abateu a "pioneira", a mais respeitável e querida emissora do Ceará, agora em nova sede, com modernos equipametos eletrônicos, na retormada de sua marcha em direção a futuro mais promissor.

Feliz por se saber naturalmente querida pelos que sabem o que tem sido sua fulgurante jornada de meio século, a Ceará Rádio Clube é a própria história da radiodifusão do Ceará.



Continua...
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