Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



sexta-feira, 3 de junho de 2011

Hotel Brasil - Palacete Brasil

O Hotel Brasil, era o mais renomado da cidade. Nele se hospedavam todas as ilustres figuras que pela cidade passavam.

Chegando à Praça General Tibúrcio, conhecida popularmente como Praça dos Leões, é possível apreciar construções majestosas resistindo ao tempo. Nesse conjunto arquitetônico, temos a Igreja do Rosário, o Palácio da Luz, hoje abrigando a Academia Cearense Letras (a primeira do país), o Museu do Ceará, local da antiga Assembleia Provincial e o Palacete Brasil, na esquina da rua General Bezerril com a Travessa Morada Nova, onde antes existia uma linha de bondes de tração animal que partia em direção à Alfândega (a chamada linha da praia ). A travessa virou passagem para pedestres, prolongamento da praça, mas o desenho demarcando a linha do bondinho serve de recordação.




O Palacete Brasil é o que me chama mais atenção. Nas minhas visitas ao Museu do Ceará, lembro que costumava ficar olhando pelas janelas, procurando alguma forma de desvendar o que havia hoje onde antes costumavam ser quartos de hóspedes. Como as janelas do Palacete estavam sempre fechadas, nunca consegui avistar os cômodos e ficava imaginando a posição das camas, dos criados-mudos, dos armários…


O Palacete foi construído em 1914, por Rodolfo F. Silva & Filho (proprietários da Serraria a Vapor), a mesma responsável pela construção do Instituto Epitácio Pessoa. O projeto foi do engenheiro João Saboia Barbosa, a pedido da empresa Frota & Gentil. Foi edificado especialmente para abrigar a segunda sede do Banco do Brasil em Fortaleza. A primeira havia sido instalada em 14 de agosto de 1913, numa casa na rua Barão do Rio Branco¹.


Anos 20

A imponente obra em estilo neoclássico foi concluída em 1915, mas segundo o memorialista Nirez, no seu livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza, o Banco do Brasil passou para o edifício ainda antes da conclusão, no ano anterior (Em julho de 1914).

Em 17 de março de 1945, o prédio ganha nova função e passa a funcionar como hotel. Nascia então o famoso Hotel Brasil, de propriedade da firma Alexandre & Quintons. Na parte de baixo funcionava a sede do Banco do Brasil e nos pisos superiores, ficavam os quartos dos hóspedes. Numa época em que os hotéis se concentravam no centro da cidade, o renomado hotel Brasil era muito procurado por ilustres que visitavam nossa capital. Com a saída do Banco, no local passou a funcionar o Restaurante Brasil.



Antigo Hotel Brasil, localizado ao lado da Praça General Tibúrcio


Quando a orla marítima virou ponto de lazer e de negócios, começou a atrair os turistas que vinham à cidade. Devido a essa mudança, os hotéis do Centro que abrigaram os visitantes da Fortaleza de outrora, começaram a perder espaço para aqueles com vista para o mar.

Os prédios foram esvaziando, vindo a falir um a um. Praticamente abandonados, ganharam outras funções:

Hotel Excelsior – Além de fazer a alegria das crianças do Natal de Luz no final do ano, hoje abriga lojas no térreo e nos andares superiores, o escritório de uma construtora e o Restaurante Paidégua;

Hotel Savanah – O térreo, também deu lugar ao comércio e nos andares de cima, não há uso até o momento, mas dizem que dará lugar a uma faculdade;
Palace Hotel – Antigo Hotel De France, hoje é a Associação Comercial do Ceará;

San Pedro Hotel – Hoje é o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). 
Esse também foi o caso do Palacete Brasil, antiga propriedade do Coronel José Gentil Alves de Carvalho. Foi todo restaurado em 1994, depois de sua venda, pelo arquiteto Gerardo Jereissati Filho. Os quartos do hotel foram adaptados e viraram salas comerciais para aluguel e na parte de baixo, já com mais ou menos quinze anos, encontra-se o Lions Self-Service Restaurante e Bar².

Foto da década de 30, vemos o Palacete Brasil, a Assembléia Legislativa, além de um carro de modelo da década de 20

Hoje onde trabalhadores do Centro sentam para comer, um dia se hospedaram vereadores, deputados, artistas, autoridades…
O estabelecimento (Restaurante Lion
s) foi fundado por um casal de paraibanos, D. Fátima e “Seu” Eufrásio que sempre vinham para Fortaleza nas férias, a passeio, até que a Terra da Luz deixou de ser destino turístico para virar morada. Quando souberam que o local estava para alugar, foi unir o útil ao agradável!


Foto de Igor de Melo - Vós
O estabelecimento deixa a noite dos que passam pela Praça bem mais agitada e é bom para relaxar ao final do expediente ou para curtir um sambinha. Ambiente agradável, ao ar livre, música boa, o bar é muito procurando, especialmente aos sábados à tarde para um bate-papo entre amigos.

Hoje centenária, a fachada do Palacete encontra-se tão majestosa quanto antes, e eu continuo com a mesma curiosidade do tempo de estudante, ainda me pego olhando para suas janelas, querendo abri-las, me vejo debruçada no parapeito, olhando para a praça, admirando o bondinho passando… Quando sou despertada por um vendedor:


— É livro? ¬¬


O Palacete Brasil hoje abriga o Lion's



Foto Fortal

Foto de Igor de Melo - Vós
¹A primeira foi instalada numa casa na Rua Barão do Rio Branco, sob a direção do Conselheiro João Alfredo Correia de Oliveira e tendo como gerente Francisco Barbosa de Paula Pessoa.


²Há quinze anos, o cheiro da comida da dona Fátima invade a Praça dos Leões. De dentro do edifício antigo da Morada Nova com a General Bezerril, a hora do almoço se anuncia pelo olfato. Ali onde funcionava o Hotel Brasil, agora sentam para comer trabalhadores do Centro. 
O estabelecimento é comandado pelo simpático casal de paraibanos, dona Fátima e seu Eufrásio, que trabalhavam no mesmo ramo em Campina Grande, mas a associação familiar não deu muito certo, e a Terra da Luz, antes vista como passeio de férias, tornou-se morada.



Antigo Hotel Brasil - Hoje Bar Lions - Crédito da foto


Nessa foto aparece a placa BAR LIONS - Crédito da foto

Foto de Igor de Melo - Vós
No começo, conta dona Fátima, que dormiam na parte de cima do restaurante, enquanto chegava a mudança completa. As noites eram custosas, não se conta nas mãos às vezes em que escutaram vir da praça pedidos de socorro pela madrugada adentro. Passado esse período inicial, era preciso ainda lidar com as garotas de programa e com a clientela do motel ali perto. As meninas assaltavam e afastavam clientes, diz. Hoje é outra praça, muito mais tranquila, mas quando chegaram os guardas, o Lions já tinha se virado sozinho em quase tudo, menos na concorrência do comércio informal. 

Foto de Igor de Melo - Vós
Foto de Igor de Melo - Vós
As contas todas, o aluguel [pago aos Jereissati] e os impostos são o que pesam no olhar da comerciante quando chega de mansinho um vendedor de tapioca ou de espetinho e se "abanca" debaixo do poste, perto do restaurante. Dona Fátima paga mais de duzentos reais só de iluminação pública. E para dar conta do serviço são sete funcionários. “Não é justo. A gente não faz nada, mas me incomoda”. Quanto a cidade deixa de arrecadar de pessoas que podem pagar por mera desestrutura?



Foto de Igor de Melo - Vós
Algumas vezes, o Lions deixa a noite dos que passam pela Praça, bem mais agitada. DJs assumem a parte de cima do bar e o pessoal se espalha pelos arredores da praça. Não é sempre que acontece e não há divulgação. É mais importante que seja bom para quem vai do que a quantidade de pessoas. Fátima prefere assim.
Créditos: Portal do Ceará e Fortaleza no Centro

Cine Diogo - Hoje Shopping Diogo



Cine Diogo - Anos 40 - Arquivo O Povo

Eles carregam símbolos da modernidade como escadas rolantes e compras desenfreadas. O que já foi cinema, padaria e congregações da Fortaleza antiga vem cedendo espaço para a Fortaleza do século XXI no Centro Histórico.

Tela gigante. Nela, o desenrolar da história da bela e inocente jovem de família pobre que se apaixona justamente pelo noivo rico de sua melhor amiga. Com a ajuda de seus familiares, faz as vezes de princesa para conquistar a sua paixão. No mundo real, José Augusto da Silva era um dos rapazotes que se inquietavam nas cadeiras do Cine Diogo e mergulhavam na história de amor alheia. Dio, Come Ti Amo. Fim da década de 60. Vinte anos antes, a pomposa sala de cinema havia sido inaugurada com Balalaika. 

Cine Diogo do Jornal Unitário em 1946 - Acervo Lucas Júnior

Hoje, quem adentra o principal espaço do prédio de oito andares da rua Barão do Rio Branco, no Centro Histórico, não enxerga resquícios do que se foi. Para isso, os mais velhos têm de abrir o baú da memória. Já os mais novos têm de se contentar apenas com os letreiros da entrada: Shopping Diogo

Bilheteria do Cine Diogo - 1950 - Arquivo Nirez

Entrada do Cine Diogo - 1950 Arquivo Nirez

Como o Shopping Diogo, algumas edificações do Centro Histórico de Fortaleza viraram pó ou foram rumadas a novos destinos. Com a passagem dos anos, o desleixo de gestores públicos, más administrações ou crises financeiras fizeram desaparecer pedaços da Fortaleza antiga. No entanto, alguns edifícios fazem remissão ao passado através da manutenção do nome original. "Naquele tempo era calmo, né?", rememorou seu José Augusto, em meio ao burburinho do Shopping Diogo. Primeiro piso. O rapazote dos anos 60 virou motorista e agora é um senhor de 61 anos, saudoso do gigante que se foi. "Eu nunca pensei que aquele espaço tão bonito iria virar um negócio desses", resumiu, voltando os braços em direção às pequenas multidões agoniadas e suas sacolas de compra. 

Convite do programa de inauguração do Cine Diogo

Espalhados pelos oito andares do Edifício Diogo, também funcionam escritórios comerciais - alguns de lojas que têm filiais no próprio shopping. O prédio verde claro, branco e amarelo ainda mantém a fachada antiga, bem como a estrutura externa. No entanto, abriga a modernidade da escada rolante no mesmo local que já reuniu imensas platéias em torno de vários filmes vencedores de Oscars dos anos 30 aos 90. Capitão Blood, O Ladrão de Bagdad, Orgulho e Preconceito e A Ponte de Waterloo são exemplos. 

Foto de 1942

Várias funções 

O Cine Diogo foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1940. Além do cinema e do shopping atualmente instalado ali, o Edifício Diogo já abrigou a Navegação Aérea Brasileira (NAB), o Palácio da Criança, e a Ceará Rádio Clube. Hoje, o shopping mantém estabelecimentos comerciais de toda sorte - de aparelhos eletrônicos a eletrodomésticos, de lojas de confecções a lanchonetes. No espaço está instalada ainda a Casa do Cidadão, onde funcionam diversos postos de serviço como emissão de documentos. O local é o principal responsável pelo movimento ininterrupto de gente ao longo do dia. 

Foto de 1940

Foto tirada do mesmo ângulo - No local do velho sobrado da "Farmácia Albano" o Edifício Jalcy, inaugurado em 1959, que traz na parte térrea o "Waldo's" (café e tabacaria). Em seguida vêm várias lojas e depois o edifício Diogo 

A adolescente Michele Rocha, 14, tinha três anos quando o Cine Diogo fechou suas portas. Banhada de rosa dos pés à bolsinha a tiracolo, fofocava com duas amigas em frente a uma das lojas. Paquera. "É que aquele vendedor ali é muito gatinho", dizia, sem desconcerto. Questionada se ela já ouvira falar do Cine Diogo, resposta pronta: "Hã? Cinema? Aqui nem combina com isso. E onde caberia um cinema aqui nesse espaço?". O melhor, Michele, é que cabia. Durante 60 anos. E lá ainda tinha espaço para histórias de amor como a da jovem que virou princesa para conquistar o nobre rapaz. E para acompanhar essas histórias tinha gente como seu José Augusto da Silva, que hoje faz compras onde, antes, brincava de sonhar. 

Foto de 1955 - Luiz Gonzaga e seus músicos no Ed. Diogo, na época que lá funcionava os auditórios da Ceará Rádio Clube - Arquivo do site Forró em vinil

Cine Diogo em decadência nos anos 90



Hoje o Cine Diogo virou Shopping


Fonte: Jornal OPovo

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O nascimento de Messejana II


Lagoa de Messejana - Foto de Chico Monteiro

Messejana originou-se de uma aldeia de índios Potiguaras que, segundo o historiador cearense Antônio Bezerra, no seu livro, "Algumas Origens do Ceará", já existia antes da chegada do capitão-mor Pero Coelho de Souza em 1603.
Em 1607, procedentes de Pernambuco e em trânsito para o Maranhão, chegavam ao Ceará, os padres Francisco Pinto e Luís Figueira, missionários da Companhia de Jesus. Eles desembarcaram próximo à foz do rio Jaguaribe em companhia de alguns índios cristianizados. (O Pe. Francisco Pinto já era conhecido e querido dos índios locais, tendo em vista haver estado entre eles em missão catequética). De Jaguaribe rumaram a pé, sempre afastados da costa, seguindo a rota que os indígenas conheciam para alcançar o Maranhão. À medida que caminhavam, "Iam reforçando a comitiva de novos selvagens parentes ou conhecidos que já vinham agregados a ela". Chegando à primeira aldeia potiguara, que mais tarde receberia o nome de São Sebastião da Paupina, os missionários se "limitaram apenas em comunicar-se com os índios e instruí-­los, e os deixando sossegados, prosseguiram viagem".


Conforme o Barão de Studart, na sua obra "Francisco Pinto e Luis Figueira", no dia 11 de janeiro de 1608, o Pe. Francisco Pinto era trucidado pelos índios Tocajirus. Diante disso, o Pe. Luís Figueira desistiu de prosseguir viagem e, a 19 de agosto desse mesmo ano embarcou para o Rio Grande do Norte. Escreveu o livro "Relação Maranhão", narrando a dramática viagem que fizera a Ibiapaba com o Pe. Francisco Pinto, resultando na morte deste.
De acordo ainda com o Barão de Studart na "Revista do Instituto Histórico do Ceará", Tomo XXXVIII, na seca de 1612, os índios do Jaguaribe, acreditando que o Pe. Pinto, por milagre, poderia fazer chover, foram a Ibiapaba, examinaram-lhe os ossos e "os trouxeram para umas aldeias de índios". "O chefe Potiguara, Felipe Camarão, beijou e abraçou reverentemente os despojos e fez construir uma igrejinha especial para onde foram levados num andor em procissão e ali sepultados" (esta igrejinha parece ser a primeira igreja de Messejana no local onde é hoje o centro de formação).
Segundo o historiador jesuíta Serafim Leite, citado por Aires de Montana na "Revista do Instituto Histórico do Ceará", a palavra Paupina seria a aglutinação do nome de Padre Pinto (Pai Pina), tratamento que os selvagens dispensavam à memória do grande missionário.

Essa foto é da década de 20.
Vemos a praça e a igreja de Messejana. Arquivo Nirez

Conforme Guilherme Studart , em "História do Ceará", o nome Paupina foi substituído por Vila Nova Real de Messejana da América, inaugurada em 10 de janeiro de 1760, conforme ata assinada pelo Desembargador Ouvidor Geral da Comarca de Pernambuco Bernardo Coelho da Gama Casco, juiz executor da diligência. A palavra Messejana, segundo José de Alencar ("Iracema", 2ª edição), é de origem Tupi e significa "Lagoa ao abandono" e deve ser escrita com C - Mecejana . Todavia, é um vocábulo de origem portuguesa, tendo que ser escrito com SS. – Messejana.
Foi a partir de 1870 que teve o início o processo de urbanização, transformando a vila em município, mas uma outra recolocou Messejana novamente na condição anterior até 1921, quando Justiniano de Serpa a rebaixou de novo a distrito. Vários fatores ajudaram a desenvolver o referido distrito: o comércio, a produção de algodão e o seu escoamento para Fortaleza para ser exportado, o trabalho de libertação dos escravos de Messejana, fato este graças à "Sociedade das Libertadoras Cearenses", movimento que teve participação efetiva de mulheres da terra de Iracema.
O bairro também foi berço de nomes ilustres como o escritor José Martiniano de Alencar e o ex-presidente Castelo Branco.
A primitiva freguesia de Messejana foi criada pelo Bispo de Olinda, Dom Francisco Xavier Aranha, a 05 de fevereiro de 1759, e inaugurada a 10 de janeiro de 1760, com a criação da vila nova real de Messejana da América, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, invocação esta já adotada pelos jesuítas desde a edificação da capela primitiva construída pelos mesmos em 1750. Perdurou como Freguesia durante 90 anos.
A quatro de agosto de 1849, pela lei 485, a freguesia de Messejana juntamente com o vigário Pe. Pedro Antunes de Alencar foi transferida para Maranguape sob a invocação de Nossa Senhora da Penha. A igreja matriz da freguesia Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Messejana, passou mais de duas décadas como simples capela, assistida pelo vigário de Maranguape e seus auxiliares que eram enviados a Messejana a fim de suprirem as deficiências maiores.
A atual Paróquia de Messejana é proveniente da lei 1445 de 12/10/ 1871, porém, só instituída canonicamente a 20 de fevereiro de 1873, conforme provisão episcopal de D. Luis Antonio dos Santos.
Em 1938, assume a paróquia de Messejana o Pe. Francisco Pereira da Silva que permanecendo por mais de 40 anos, foi autor de grandes empreendimentos: Reforma da Igreja abrindo uma arcada maior, entre a nave e o altar-mor, montagem do relógio na torre, construção do salão Paroquial inaugurado a 31/08/1954 com o nome Pio X, em homenagem ao Papa, construção da casa Paroquial, hoje secretaria paroquial e o Patronato Pe. Luiz Barbosa Moreira.

Em 1990, assume a Paróquia o Pe. José Maria Cavalcante. Em 1991, Pe. Álvaro e Pe. Ribamar foram residir no Parque S. Miguel e o Pe. Gilson Soares foi nomeado vigário paroquial de Messejana. Frei Martins (OFM) e o grupo de jovens iniciaram um trabalho de presença na Lagoa Redonda. Neste mesmo ano pela decisão da Assembléia Paroquial e depois regional a Paróquia de Messejana foi descentralizada em sete áreas pastorais: Palmeiras, Barroso, Guajeru, Lagoa Redonda, Pisando no Chão Novo (São Miguel, São Bernardo), área da BR e área Centro (Matriz).

Lagoa de Messejana - Foto de Chico Monteiro

Em 1760, Messejana foi elevada à categoria de Vila, passando a denominar-se Vila Nova Real de Messejana da América. De lá para cá seu crescimento foi desenfreado em todos os setores. Messejana é berço do famoso escritor José de Alencar, que muito orgulho traz para esta terra. Como ponto turístico, a Casa de José de Alencar é mantida em perfeitas condições, além de um museu histórico no local.

Lagoa de Messejana - Chico Monteiro

Messejana na atualidade

As mudanças de Messejana nunca cessaram e seu crescimento também. Sua população atual gira em torno de 45 mil habitantes e tem sua economia, principalmente, voltada para o comércio, que vem em um contínuo desenvolvimento, gerando mais emprego e renda para a população local. 
Em Messejana pode se encontrar praticamente tudo.  Na área da Educação existem bons colégios, atendendo à demanda de toda a população. Para o lazer, inúmeras churrascarias, restaurantes e casas de shows, além de incontáveis mercearias, bons supermercados e mercadinhos, muitas farmácias e agências dos principais bancos. O comércio de eletrodomésticos marca presença acentuada, com as principais lojas de Fortaleza marcando presença em Messejana. 

As indústrias de castanha, bebidas e confecções da área também estão em pleno desenvolvimento. Na área de Saúde existem o "Frotinha" (Unidade hospitalar do Instituto Dr. José Frota) o "Gonzaguinha", inaugurado no governo Gonzaga Mota, o Waldemar de Alcântara, além de outros hospitais e postos de saúde. Destaque especial para o Hospital do Coração, unidade hospitalar de referência, conhecida nacionalmente pelos serviços de alta qualidade e tecnologia que oferece ao público local e de todo o Brasil e pela competência dos profissionais que ali trabalham. 

Há que se reportar ainda, a tradicional Feira Livre de Messejana, que acontece há muitos anos aos domingos, a qual proporciona centenas de empregos diretos para feirantes além de mais 3 mil empregos indiretos. Em Messejana, que significa "lagoa abandonada", em tupi-guarani, nasceu e viveu o grande romancista José de Alencar. Diz a história que às margens da lagoa de Messejana José de Alencar se inspirou para escrever sua primeira obra, o romance Iracema, que lhe trouxe consagração. A Lagoa de Messejana recebeu melhorias no setor de urbanização recentemente, tornando-a uma das principais áreas de lazer do bairro, atraindo visitantes de toda a cidade e muitos turistas. Com a implantação da Estátua de Iracema, idealizada pelo arquiteto Leonardo Fontenele, a personagem tomou forma transformando-se no principal ícone do bairro. Com 13 metros de altura e um visual espetacular a Iracema está totalmente incorporada à paisagem de Messejana.
A Casa de José de Alencar também é um dos pontos turísticos de Messejana. Tem sua estrutura original preservada até os dias atuais. Nesse ponto histórico e cultural possui um museu onde consta um acervo composto por livros, fotografias, quadros e objetos pessoais do autor, além de restaurante aberto ao público. Vale a pena conhecer
Foto do blog Mínimo Ajuste

Pinacoteca - Arquivo http://www.cja.ufc.b

Martim e Iracema - Arquivo http://www.cja.ufc.br

As praias do litoral leste e as Tapioqueiras

Messejana é ponto de passagem para as belíssimas praias do litoral Leste. Saindo de Fortaleza pela CE-040, no prolongamento da Avenida Washington Soares, começa tudo de bom que a Terra da Luz tem para mostrar aos seus visitantes.

Na direção leste da capital cearense, após Messejana, você vai encontrar um conjunto de paisagens que a natureza guardou para você. São falésias com suas areias coloridas, praias lindíssimas e fontes de água doce para refrescar no verão ensolarado do Ceará. São quase 200 quilômetros do litoral leste com praias tão lindas que algumas viraram cenários de programas exibidos pela Rede Globo, inclusive novelas. 

Iracema na Lagoa de Messejana - Foto de Chico Monteiro

Sem dúvida, locais inesquecíveis, por onde você vai poder ver e sentir de perto este cenário mágico e o vento e a brisa do mar soprando paz e calmaria. É lá que estão as famosas praias como Prainha, Praia do Presídio (um dos carnavais mais animados do Ceará), Iguape, Barro Preto, Canoa Quebrada, Morro Branco, Porto das Dunas, Caponga e muitas outras belíssimas praias para você se encantar e curtir muito o sol do Ceará. Parada obrigatória no retorno das praias é o Centro das Tapioqueiras, local onde são servidas tapiocas de vários e deliciosos sabores, café com leite e outras guloseimas. Neste Centro também funciona uma Feira de Artesanato, que beneficia 19 artesãos. O espaço para o artesanato significa um meio de sobrevivência para as donas-de-casa da Paupina. No local são vendidas pintura em tela, bijuterias feitas de sementes, bolsas, renda de bilro, bonecas de pano e roupas. 

Esclarecimento importante:

Recebi e-mail do historiador Felipe Neto com importantes informações sobre Messejana:

"Com relação a fundação da Aldeia de Paupina pelo Pe. Fco. Pinto e Luiz Figueira esse é um erro que vem sendo cometido há muito tempo graças a conjecturas feitas no passado quando se buscava laurear a atuação dos grupos religiosos no que diz respeito a colonização. As missões catequéticas tiveram fundamental papel, mas de outras formas e em outros épocas e contextos.

No diário sobre a vinda ao Ceará escrito pelo Pe. Luiz Figueira não se faz menção textual a Paupina ou Parangaba. Outra questão é seu ponto de parada antes de seguir para Ibiapaba. Não é certo que a tribo que primeiro recebeu os Pe. foi a estacionada no que hoje chamamos de Paupina pois esse encontro ocorreu na região do Jaguaribe.

Antes do periodo holandês (1637-1654) não há documento ou menção em cartas dessa nomenclatura Aldeia de S. Sebastião da Paupina que só passa a ser mencionado depois de 1680. As aldeias do ceará se formaram após a atuação de Martins Soares Moreno a partir de 1611. Desse povoamento que depois foi removido para o que hoje conhecemos como Mondubim se formou o Arraial do bom Jesus da Parangaba. Desse grande descimento se formaram a Aldeia de Paupina e Caucaia ainda no seculo XVII.

Portanto, não se sabe exatamente, ainda quando foi fundada a Aldeia de Paupina, pelo não do que eu tenha encontrado. Ainda sobre Fco. Pinto e Luiz Figueira este último funda uma comunidade próximo a Barra do Ceará com o nome Aldeia de S. Lourenço, mas nunca Parangaba ou Paupina.

Com relação ao nome Paupina este jamais foi corruptela de Fco. Pinto. Paupina significa Lagoa descoberta ou limpa.

Como messejanense peço, por conta da audiência que seu blog tem, que ajude na recomposição dos fatos para que a historia não fique deturpada."

Felipe Neto é Historiador formado pela UECE. Nascido e criado em Messejana, onde ainda mora.
Autor do livro “Muito Além dos Muros do Forte: as dinâmicas que propiciam a anexação do antigo município de Messejana à Fortaleza em 1921 e os seus desdobramentos.


Leia a parte I AQUI



quarta-feira, 1 de junho de 2011

O nascimento de Messejana


Foto de Chico Monteiro

Messejana foi criada como “freguesia” no dia 1º de janeiro de 1760 pelo Governo de Pernambuco, com o nome de Vila Nova Real de Messejana da Américaassim estabelecida pelos primeiros jesuítas que aqui chegaram.  Logo depois foi sancionada a Lei 83, pelo então presidente José Martiniano de Alencar, instituindo uma primeira administração composta pelo Vigário com seu Coadjutor, os dois Padres seculares: Padre Manuel Pegado de Siqueira Cortez e Padre Caetano Ferreira da Silva.

Mediante Alvará datado de 08 de maio de 1758, o Governador de Pernambuco elevou Paupina à categoria de Vila, sendo a mesma inaugurada em 1º de janeiro de 1760.

Foto não datada da lagoa de Messejana. Acervo Carlos Juaçaba

Na época, Messejana foi a quarta vila de uma série de inaugurações. Antes dela haviam sido inauguradas as vilas de Viçosa (07-07-1759), Caucaia (15-10-1759) e Arronches - hoje Parangaba (25-10-1759).

Estrada de Messejana em 1919 do fotógrafo O. justa.

É certo que, antes da inauguração da vila, houve muitos acontecimentos, como: a passagem da Comitiva de Pero Coelho que rumava para a Capitania do Maranhão, a passagem, ainda que de forma rápida, dos Padres jesuítas Francisco Pinto e Luis Figueiras, além, é claro, da nominação oficial dada a Aldeia de Paupina, por ordem do Governador Geral Francisco Bezerra de Menezes através de Carta Régia datada de 18 de março de 1663. Este ato oficial denomina a então aldeia, com o nome de Aldeia de São Sebastião da Paupina. Portanto, 1607 não representa, de forma alguma, o ano de fundação de Messejana. Nada confirma isso.


Praça de Messejana em 1940. Na época da foto, a praça chamava-se 
Conselheiro Tristão. Arquivo Nirez

Os Padres Francisco Pinto e Luis Figueiras passaram pouco tempo na Aldeia, que já existia. Não há registros de nenhum marco ou documento escrito dando conta da fundação de Messejana àquela data.


A Messejana dos anos 20 - Acervo MIS

Oficialmente podemos contar com duas datas a serem comemoradas:

1) 18 de março – dia em que a Carta Régia foi escrita denominando de Aldeia de São Sebastião da Paupina, a então aldeia potiguara, fato ocorrido em 18 de março de 1663.

2) 1º de janeiro – data da inauguração da Vila de Messejana, até então aldeia de São Sebastião da Paupina, passando a se chamar daí em diante de Vila Nova Real de Messejana da América. Fato ocorrido em 1º de janeiro 1760.


Sitio da família Dummar à margem da Lagoa de Messejana. Foto dos anos 50.

Esclarecimento importante:

Recebi e-mail do historiador Felipe Neto com importantes informações sobre Messejana:


"Com relação a fundação da Aldeia de Paupina pelo Pe. Fco. Pinto e Luiz Figueira esse é um erro que vem sendo cometido há muito tempo graças a conjecturas feitas no passado quando se buscava laurear a atuação dos grupos religiosos no que diz respeito a colonização. As missões catequéticas tiveram fundamental papel, mas de outras formas e em outros épocas e contextos.

Estrada de Messejana em 1919 do fotógrafo O. justa.

Mercado de Messejana - Arquivo Nirez

No diário sobre a vinda ao Ceará escrito pelo Pe. Luiz Figueira não se faz menção textual a Paupina ou Parangaba. Outra questão é seu ponto de parada antes de seguir para Ibiapaba. Não é certo que a tribo que primeiro recebeu os Pe. foi a estacionada no que hoje chamamos de Paupina pois esse encontro ocorreu na região do Jaguaribe.

Antes do período holandês (1637-1654) não há documento ou menção em cartas dessa nomenclatura Aldeia de S. Sebastião da Paupina que só passa a ser mencionado depois de 1680. As aldeias do ceará se formaram após a atuação de Martim Soares Moreno a partir de 1611. Desse povoamento que depois foi removido para o que hoje conhecemos como Mondubim se formou o Arraial do Bom Jesus da Parangaba. Desse grande descimento se formaram a Aldeia de Paupina e Caucaia ainda no seculo XVII.

Igreja matriz de Messejana em 1974. Arquivo O Povo

Portanto, não se sabe exatamente, ainda quando foi fundada a Aldeia de Paupina, pelo não do que eu tenha encontrado. Ainda sobre Fco. Pinto e Luiz Figueira este último funda uma comunidade próximo a Barra do Ceará com o nome Aldeia de S. Lourenço, mas nunca Parangaba ou Paupina.

Com relação ao nome Paupina este jamais foi corruptela de Fco. Pinto. Paupina significa Lagoa descoberta ou limpa.

Como mecejanense peço, por conta da audiência que seu blog tem, que ajude na recomposição dos fatos para que a historia não fique deturpada."


Felipe Neto é Historiador formado pela UECE. Nascido e criado em Messejana, onde ainda mora.
Autor do livro “Muito Além dos Muros do Forte: as dinâmicas que propiciam a anexação do antigo município de Messejana à Fortaleza em 1921 e os seus desdobramentos


Leia a Parte II AQUI


Fonte: Portal Messejana


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