Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Bairro Bom Jardim - Território da Paz



Hoje falarei sobre o bairro Bom Jardim. Situado ao sudoeste de Fortaleza, ele faz divisa com o bairro do Conjunto Ceará, Siqueira, Bom Sucesso e com o município de Caucaia. Conforme o Censo do IBGE de 2010, no bairro moram 204.281 mil habitantes, sendo considerado o mais populoso de Fortaleza.

O Grande Bom Jardim é formado pelos cinco bairros vizinhos: Siqueira, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Bom Jardim.


O Bom Jardim foi escolhido em 2009, pelo Ministério da Justiça, para se tornar um "TERRITÓRIO DA PAZ" através do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). Muitas são as instituições que exercem trabalho dentro da comunidade dentre eles podem ser citadas: Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim, o Centro Cultural do Bom Jardim, ABC, CRAS Bom JardimIGUC-Instituto de Grupos Unidos do Ceará e muitas outras.


Segundo os moradores mais antigos, foi no ano de 1961 que surgiram as primeiras famílias residentes no bairro. Até então o bairro era uma grande fazenda, na qual foi loteada pelo empresário João Gentil. A oferta tentadora de terrenos a preços baixos fez com que diversas famílias de bairros diferentes adquirissem lotes. A rua Oscar Araripe foi a primeira via aberta e hoje é o principal corredor do bairro.


No final da década de 70, o bairro começou a crescer de maneira desproporcional. Os terrenos ainda eram baratos, em relação aos demais bairros da capital. Com o crescimento desordenado, surgiram as primeiras favelas. Já no final dos anos 80, o bairro começava a sentir falta das ações do poder público. Poucas escolas, nenhum hospital, falta de saneamento e segurança precária fizeram com que a onda de violência tomasse conta de toda a área.


A partir do final dos anos 90, o bairro já figura nas páginas dos jornais como um dos mais violentos da capital, infelizmente! 

Ações governamentais são prometidas mas nenhum resultado concreto faz com que os índices de mortalidade de jovens diminua.


No Grande Bom Jardim, alguns projetos foram criados para ajudar a população a mudar essa triste realidade. Até dezembro de 2010, foram realizados os seguintes projetos: 

Mulheres da PazProtejo,Trilhos Urbanos,Dança para Vida,Música Tocando a Vida,Cultura Tradicional Popular (Maracatu Estrela Bela),Teatro Vivo,Capacidade de Jovens Mulheres...


Curiosidade:

Conforme os moradores mais antigos, o nome do bairro surgiu devido a um antigo bordel existente na Avenida Oscar Araripe.
As mulheres que lá "trabalhavam", eram tratadas pelos clientes como flores ou rosas. Lá, sem dúvida, aos olhos desses homens, era um bom jardim! rsrs O referido bordel se foi, mas o nome prevaleceu e ganhou força. 
Verdade ou Mito?

Fatos Históricos do Bairro:

*17/dezembro/1966 - Por iniciativa da Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará foi inaugurada a Escola Almirante Tamandaré, no bairro de Bom Jardim, com a presença do comandante da Escola de Aprendizes Marinheiros - EAM e do Secretário de Educação do Município.

*05/março/1971 - Publicado no Diário Oficial do Município nº 4.618, o Decreto nº 3.654, de 25/02/1971, que cria a Escola de 1º Grau Sebastião de Abreu, tendo como primeira diretora a professora Liles Benevides, funcionando na Avenida Geraldo Barbosa nº 1065, no Bom Jardim.


*30/junho/1993 - Inaugura-se o Centro Integrado de Educação e Saúde Dom Antônio de Almeida Lustosa, na Rua A s/nº, no Conjunto Residencial Dom Lustosa.

*1994 - Criado o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza - CDVHS, primeira organização de controle social das políticas governamentais. 

*10/abril/2001 - Cai sobre Fortaleza, à noite, só terminando no dia seguinte, forte chuva acompanhada de ventos, acusando 124,2mm nos pluviômetros e na Zona Metropolitana da Grande Fortaleza, chegou a 103mm em Maranguape e 150mm em Pacajus.
O Açude Gavião sangrou com uma lâmina de 20cm, o que é considerado normal.
Em consequência, o saldo foi de quatro mortos, nove desaparecidos, avenidas e ruas interditadas, postes caídos, desmoronamentos, árvores caídas, linha férrea da zona sul interrompida por dez horas.
O Cemitério do Bom Jardim ficou inundado.



*12/agosto/2004 - O trapezista Railson de Castro Silva, de apenas 15 anos de idade, morre no momento em que fazia uma apresentação no Circo Garjany, no bairro Bom Jardim.
O garoto caiu na frente de uma platéia de cerca de 300 pessoas.
O local não tinha alvará de funcionamento, que é dado pela Prefeitura de Fortaleza, nem relatório de vistoria do Corpo de Bombeiros, que interditou o circo após a tragédia.
Créditos: Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel 
Ângelo de Azevedo, Wikipédia e Tribuna do Ceará.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

5 Anos - Fortaleza Nobre em Festa


Nosso querido Fortaleza Nobre está em festa, são 5 anos procurando resgatar a Fortaleza de outrora, matando saudades do aroma do Café Wal Can, ouvindo o barulho do bonde Outeiro percorrendo os trilhos do tempo, e nos trazendo Ilustres Cearenses para nos contar suas reminiscências e nos transportar para a Belle Époque de nossa cidade. Nela, ainda é possível observar o bode Ioiô entrar para a história. O caprino era mesmo afeito a vadiagens e logo seguiu sua sina de andarilho, descobrindo o trajeto que lhe daria a alcunha de "ioiô". O bode aprendeu a partir da Praia de Iracema e seguir para a Praça do Ferreira, realizando o mesmo percurso diariamente. 

 Ainda se podia admirar a beleza da Praia Formosa, antes de virar "propriedade particular" e sumir de nossas vistas...

Assistimos de camarote os valentes pescadores JerônimoManuel OlímpioTatá e Manuel Pretosaírem do Ceará com destino ao Rio de Janeiro (na época a capital da República - distante 1.500 milhas náuticas (mais de 2.700 km), navegando na jangada “São Pedro”), sem cartas, sem bússolas e munidos apenas de seu conhecimento prático e coragem, para reivindicar junto ao Governo de Getúlio Vargas, melhores condições para a comunidade de pescadores de sua região, tentando fazer com que sua profissão fosse reconhecida.  Vimos esse acontecimento virar Filme pelas mãos do brilhante Orson Welles.
Antigamente, cada praça de Fortaleza, ao ser urbanizada, tinha dois nomes, o da praça e o do jardim, isso mesmo, cada praça da Capital Alencarina tinha um lindo jardim... 

É tão bom passear na Fortaleza antiga, conhecer nossas raízes, se orgulhar de nosso povo... Eu amo!  Com a criação do Fortaleza Nobre, descobri muitos amantes da nossa terrinha, e hoje, juntos, vamos recontando essas histórias e fazendo com que elas cheguem até os mais novos, que despertem neles esse mesmo amor, essa mesma vontade de fazer diferente, de não deixar que destruam ainda mais o que ainda nos resta!

Nesses cinco anos, recebi inúmeros e-mails e comentários de professores que passaram a usar o blog em salas de aula, para ensinar sobre a Fortaleza antiga para seus alunos. Também e-mails de estudantes que pedem ajuda para trabalhos e tarefas escolares, isso não tem preço, fico feliz demais em saber que o Fortaleza Nobre está cumprindo o seu papel, o de divulgar nossa história! 
O blog também já foi Tema de Monografias e tudo, muito legal mesmo! :) 

Sem falar do reconhecimento por parte de jornais e de outros blogueiros (Fortaleza 13, Gente de Mídia do jornalista Nonato Albuquerque, Rã de Bananeira, Mundinho Mágico da Vevé...) que sabem o quão complicado é, colocar uma postagem no "ar". rsrs

Para fechar esses 5 anos com chave de ouro, só mesmo fechando uma parceria com um conceituado jornal, certo? Pois bem, fechamos (falo sempre no plural, porque o Fortaleza Nobre é de todos nós!) uma incrível parceria com o Tribuna do Ceará
o melhor em notícias e entretenimento no Estado do Ceará.

Ah, e não posso esquecer dos amigos da blogosfera que sempre estão divulgando o nosso Fortaleza Nobre!




Enfim, e a você, que segue, divulga e colabora com o Fortaleza Nobre, meu muito
 

Algumas Estatísticas desses 5 anos:

Postagens mais lidas

Tiririca - Um vitorioso! - 17814


Chico Anysio - O Show - 7607


Estádio Presidente Vargas - 6953

°°°Fotos Antigas°°° - 5199


Praia do Futuro - 5056







Históricos de Visualizações: 1.599.408



Brasil 1495226
Estados Unidos81352
Portugal31341
Alemanha24628
França6699
Rússia3868
Itália3825
Canadá2952
Espanha1766
Reino Unido1700



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Cajueiro da Coragem


Por volta do ano de 1797, no tempo do Brasil - Colônia, o Ceará era governado pelo oficial da Marinha Portuguesa Luiz da Mota Féo e Torres*. Fortaleza era ainda uma pequena aldeia, muito embora tivesse o status de capital do Estado.



Havia nas proximidades da atual Praça do Ferreira, um frondoso cajueiro, a cuja sombra um certo Fagundes talhava a carne, que vendia à população. Na época, o local onde hoje se encontra a Praça do Ferreira, havia uma vila de casas, conhecida por Beco do Cotovelo, de cuja extremidade partiam três ruelas  (Ruas Pedro BorgesMajor Facundo Liberato Barroso) e na saída de uma delas, estava o cajueiro.

Fagundes morava numa casinha em frente e fazia da sombra do cajueiro, seu açougue

Certa vez, passando a cavalo por baixo da árvore o Governador Feo e Tôrres, um galho baixo arrancou-lhe o chapéu, que caiu no chão.  
Feo e Tôrres chamou Fagundes, que estava por perto descansando, e mandou que lhe apanhasse o objeto caído. Fagundes não se moveu do lugar. O Governador repetia a ordem e o outro, ainda, não deu um passo, nem se alterou. Não gostava de ser mandado, muito menos quando o pedido não era feito com educação.


Feo e Tôrres, indignado por esta desobediência, avançou para Fagundes e disse-lhe que pretendia apenas cortar o galho baixo, mas que agora, mandaria derrubar a árvore toda. E seguiu para o Palácio.

Do palácio, na Rua Conde d’Eu, partiu a ordem de deitar abaixo o cajueiro. 
No dia seguinte vieram os homens do Governador armados de machados para cumprir a ordem recebida.
Fagundes protestou e à frente dos seus magarefes armados de facas, não deixou que os soldados executassem a ordem e expulsou-os.
Voltaram acompanhados de soldados. Já o Fagundes lançara pela pacata vila o brado da revolta. Auxiliado por açougueiros, fiandeiros, merceeiros, carapinas, ferreiros e até por pescadores, todos armados de pistolas e bacamartes, levantou trincheiras na encruzilhada de três ruas, e abriu fogo contra a tropa, que recuou.


Daí o nome das três ruas perpetuando o episódio: Rua do Cajueiro (Pedro Borges), Rua das Trincheiras (Liberato Barroso) e Rua do Fogo (Major Facundo)
Após o ocorrido, o governador desistiu de derrubar a árvore, Fagundes ficou triunfante e o cajueiro no seu lugar.

A questão do cajueiro não foi uma simples briga de galos, mas um acontecimento retumbante, quase uma revolução. Deve ter sido um conflito sério e grande, bastante para passar à História e à crônica.


Livro Fortaleza Velha de 
João Nogueira



*Luiz da Motta Féo e Torres e seu governo no Ceará

Resolvida a muitas vezes impetrada a exoneração do governador Coutinho de Montaury, houve por bem a Metrópole mandar a governar a Capitania do Ceará, o cadete e moço fidalgo Luiz da Motta Féo e Torres.
A Carta Régia de sua nomeação data de 12 de janeiro de 1789.



Caso curioso: 

Partindo ele do Reino, aportou à colonia a 14 de novembro e com as formalidades prescritas foi empossado ao cargo a 9 do mesmo mês.
Teve por secretário José de Faria, o mesmo que servira com seu antecessor.
Como militar que era, e pelo muito atraso e desarranjo que encontrou nesse ramo de serviço, foi das primeiras ocupações do novo governador a de fazer construir em frente do aquartelamento um pequeno reduto de madeira, em que trabalhou a tropa terraplenando o terreno, reduto que ficou guarnecido com peças e alguns reparos vindos de Pernambuco.
O que havia limitava-se a algumas peças quase desmontadas e incapazes de servir, colocadas sobre um monte de areia sem mais estacada ou coisa que o valha, e tudo isso condecorado com o título pomposo de forte. rsrsrs
A tropa compunha-se então de um bando de maltrapilhos, que de longa data não conheciam outro fardamento senão a camisa e ceroulas, figurando mais de mendigos do que de soldados e portanto provocando a compaixão dos nacionais e o escárnio de algum estrangeiro, que por acaso aportava e percorria a colonia.



Revista Instituto do Ceará de 1890



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Enterros na Fortaleza antiga - Os Gatos Pingados



Na Fortaleza antiga, os enterros eram verdadeiras procissões, que se estendiam, algumas vezes, por mais de um dos nossos quarteirões.

Abria o préstito uma cruz negra de cuja peanha pendia uma saia, que era um pano de veludo preto com franjas douradas, afetando a forma desta peça de vestuário.
As irmandades marchavam em longas filas, solene e silenciosamente. Precedido pelo cura da , vinha o féretro, levado por quatro empregados da misericórdia, vestidos de preto, com cartolas de oleado reluzente, casacas e calças debruadas.
O caixão repousava sobre duas travessas cujas pontas descansavam sobre largas correias, que os condutores traziam a tiracolo.
Eram estes os Gatos Pingados, pobres homens ridicularizados, que aliás, prestavam um grande e penível serviço a mortos e vivos, pois não lhe custava pequeno esforço percorrer dois ou mais quilômetros em marcha lenta, carregando peso, vestidos como iam e sob um sol de fogo.

Pelos anos de 1880, cobria-se o féretro com largo pano preto com franja e cruz douradas ao centro, pendendo de cada canto um cordão com borlas, nos quais seguravam as pessoas mais chegadas ao morto, assim a modo de quem, realmente, o conduzisse ao Dormitório.

Vestidos de rigoroso luto, parentes e amigos acompanhavam, descobertos; e se as posses ou a posição social do morto o permitiam, uma banda de música acompanhava o funeral, o qual, ao aproximar-se da , era recebido com sinais dobrados ou singelos, conforme as circunstâncias. 
Até a Catedral, todos iam descobertos; mas daí para o Cemitério, todos se cobriam, porque já estava encomendado o corpo.
Era, em verdade, um sacrifício ir um homem, da matriz ao Cemitério, vestido de preto, sol das quatro horas pela frente, sobre um péssimo calçamento.
Após o percurso de 1300 metros, que portanto se estende a rua das Flores, ali se chegava esbaforido, mas de tal caminhada ninguém se queixava, dados os sentimentos que a todos animavam.



Cemitério São João Batista na década de 30 - Arquivo do Blog

Antônio Bezerra dizia que a rua das Flores deveria ter um nome que lembrasse o batismo e a sepultura ou o Alfa e o Ômega da vida. 

A sociedade fria e cruel, exigia das família enlutadas as mais ruidosas mostras de dor à saída dos enterros, e, mais de uma vez, nesses momentos angustiosos, espíritos fracos desgovernaram, fizeram exclamações inconvenientes ou deixaram vir a lume segredos de família.
Já se vai compreendendo que tais gritarias são mais uma convenção do que a expressão dum verdadeiro sentir; e é por isto que se tem visto aqui mais de uma família despedir-se do seu morto, guardando o silêncio que fala, que exprime melhor que toda palavra a grandeza e a nobreza da verdadeira dor.


As visitas de pêsames eram uma tortura, especialmente para as viúvas que, em exposição nas suas salas, tinham que repetir, miudamente, aos visitantes, as peripécias da doença e sofrimentos últimos do seu morto. 
Felizmente, este torturante costume, este sacrifício das viúvas, vai caindo em desuso. 

Naquele tempo, os enterros eram solenes e a pé. A frente do cortejo, a cruz alçada e o padre paramentado. O caixão do falecido era carregado por amigos, parentes ou pelos “gatos pingados”( homens contratados para levar o defunto ao cemitério). Vestiam-se com casacas compridas e negras, uma fita amarela a tiracolo, calças com listas vermelhas, cartolas altas de oleado, de abas enroladas.
O esquife era equilibrado sobre duas tábuas, em cujas pontas haviam aldravas seguras pelas mãos enluvadas dos Gatos-Pingados, e transportado num ritmo cadenciado, subindo e descendo, num caminhar lento e silencioso.

Somente homens, todos de preto, acompanhavam o féretro. Como já dito, se o defunto era pessoa importante, o cortejo terminava com uma banda de música tocando peças fúnebres.

Durante um mês, a família só saía de casa para assistir as missas, de sétimo e trigésimo dia. Só escrevia cartas tarjadas de preto e usava luto fechado: os homens, camisa e terno pretos, as mulheres vestido comprido totalmente negro, a cabeça coberta por um véu. Os viúvos usavam luto fechado pelo resto da vida.


Na Fortaleza antiga, quando o morto não tinha muito prestígio ou não era bem quisto, poucas pessoas seguiam o cortejo, e algumas vezes, apenas os quatro "gatos pingados", assim quem morava nos arredores do Cemitério de São João Batista, corria para assistir o enterro e comentar depois.

Até hoje ouvimos a expressão "gatos pingados".
-"Não deu quase ninguém, só alguns gatos pingados!"


Fontes: Fortaleza Velha de João Nogueira, Otacílio de Azevedo (Fortaleza Descalça) e História Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a cidade amada de Mozart Soriano Aderaldo.


sábado, 1 de fevereiro de 2014

Barão de Camocim


Geminiano Maia - O Barão de Camocim- Acervo Nilson Cruz

Barão de Camocim (título português) - Título nobiliárquico passado pelo Governo de Portugal, por decreto de 13.04.1893 e por carta de 25.04.1893 a favor de Geminiano Maia.  


              Título                       Data de criação         Primeiro  titular      Tipo     Atual titular/pretendente


   Barão de Camocim    13 de Abril de 1893      Geminiano Maia    em vidaextinto

ORIGEM DO TÍTULO

Título de origem toponímica - «Rio que vem da Serra da Ibiapaba; passa pela cidade de Granja, e com 50 léguas de curso deságua no oceano 7 léguas ao poente de Jericoacoara, em 3° 12’ de latitude e 43° 7’ de long.; é navegável até perto da cidade da Granja 7 léguas e forma na barra um bom porto para sumacas, que ai carregam muito algodão, couros e outros gêneros do país. Os vapores da companhia Maranhense e Pernambucana entram nela 2 vezes por mês cada um. O porto chama-se Camocim, o rio para cima chama-se Coreaú. Barra do Camocim - na costa 7 léguas abaixo da cidade da Granja: forma o melhor porto desta província, onde tem entrada franca, fundo, espaço para qualquer navio mercante, e dá desembarque á pranchas. É assaz frequentado, e é escala dos vapores das companhias do Maranhão e Pernambuco. Povoação de Camocim - na freguesia da Granja, 6 léguas da cidade, na barra do rio Camocim.» (Escrito em 1861, trinta e dois anos antes da concessão do título - Thomaz Pompeo de Souza Brasil - Diccionário Topographico, p.8).

FAMÍLIA

Geminiano Maia nasceu em 02.02.1847, em Aracati, então província do Ceará, e faleceu em 25.10.1916, em Fortaleza, Ceará. Filho de Cosme Afonso Maia e de Teresa de Jesus Maia.
Grande comerciante e proprietário em Fortaleza. Capitalista filantrópico, vice-cônsul da Rússia e da Bolívia, em Fortaleza. Foi Vice-presidente da Província do Ceará. Foi agraciado por D. Carlos, Rei de Portugal, pelo decreto de 20.04.1893, com o título de Barão de Camocim.
Casado em 30.09.1878, em Ile de FranceParis, França, com Rosa Nini Liabasterbaronesa de Camocim, nascida em 01.05.1856, em Bordeaux, França, e faleceu em 20.05.1917, em Fortaleza, Ceará. Tiveram três filhos, dois falecidos na infância.

Pais de

I-1. Cecília de Roseville Liabaster Maia, Ceci, nascida por volta de 1884, em Paris, França. Casada em 22.11.1911, em Fortaleza, Ceará, com Maximiano Leite Barbosa Filho, nascido em 08.09.1889, em Fortaleza, Ceará - onde foi vice-cônsul do Uruguai, em 1927. Filho de Maximiano Leite Barbosa, Industrial e comerciante; diretor, em 1912, da Associação Comercial do Ceará; e um dos diretores da M.L.Barbosa & Cia.



Pais de:

II- Newton Leite Barbosa, nasceu em 02.10.1912, em Fortaleza, Ceará, onde casou em II-1. 24.10.1935, com Elza Barroso Parente – com geração, que deixo de citar.

II-2. Carmen Leite Barbosa, nasceu em 06.01.1916, em Fortaleza, Ceará, onde casou em 21.09.1935, com Lauro Vieira Chaves, Médico – com geração, que deixo de citar.

II-3. Lígia Leite Barbosa, nasceu em 26.07.1917, em Fortaleza, Ceará. Casada em 19.10.1935, com o Dr. João Gabriel Perboyre Quinderé, advogado, secretário da Junta Comercial – com geração, que deixo de citar.

II-4. Ilma Leite Barbosa, nasceu em 14.05.1919, em Fortaleza, Ceará, onde casou em 24.05.1941, com Audizio Pinheiro.

II-5. Neide Leite Barbosa, nasceu em 14.12.1920.

II-6. Lucí Leite Barbosa, nasceu em 07.03.1923.

II-7. Aila Leite Barbosa, nasceu em 14.03.1925.

II-8. Olga Leite Barbosa, nasceu em 04.12.1926.

II-9. Heitor Leite Barbosa.

II-10. Maria de Lourdes Leite Barbosa.



A primeira foto data de 1910. É o Palacete Guarani, construído e inaugurado em 20 de dezembro de 1908, funcionando nos altos a Associação Comercial do Ceará e no térreo o London Bank a partir de 1910.
Naquela esquina, ficava antes o matadouro de Fortaleza, cujo caminho para o mercado era chamado de rua das Hortas (Rua Senador Alencar). Depois, foi construído no local o sobrado do coronel José Eustáquio Vieira, onde residiu o comendador Luiz Ribeiro da Cunha, seu genro, até incendiar-se em 1902. 


O terreno foi então adquirido pelo Barão de Camocim que trouxe de Paris uma planta e fez construir o Palacete Guarani. Como o Barão de Camocim era o presidente da Associação Comercial, a mesma passou a funcionar ali, nos altos. Em 1925 o London Bank deixa o prédio e o Banco dos Importadores passou a funcionar na parte térrea e o Clube dos Diários nos altos. Lá também esteve a Boate Guarani.

Depois o prédio foi adquirido pelo Estado que logo fez uma reforma, tirando o canto agudo da esquina, cortando com uma diagonal, fazendo nesta parte duas portas, uma térrea e outra no pavimento superior. 



Lá passou a funcionar a Agência Metropolitana Castelo Branco do Banco do Estado do Ceará (BEC). 
Ainda existe uma parte do prédio que foi alterada e esteve alugada à firma "La Fonte".
Hoje o prédio é ocupado por uma loja da BCP e está pintado de branco com os ornamentos em azul escuro e pode ser visto na foto mais nova.
Ao longo do tempo, o prédio sofreu várias alterações. A primeira delas foi a retirada do telhado de ardósia, estilo europeu para enfrentar nevascas. Outra foi o fechamento das portas laterais que se transformaram em janelas, além da já citada retirada do canto da esquina.
A evolução descrita acima pode ser vista nas três fotos que ilustram esta matéria.

Saiba mais:

Filantropo dotado de fortuna, Geminiano prestou muitos benefícios, principalmente no setor sócio-religioso. Por vários anos dirigiu a Associação Comercial do Ceará, em cuja gestão foi construído o Palacete Guarany, sede da agremiação.
Ao lado dos irmãos José Nicolau Afonso e  Vicente Maia, manteve por muito tempo em Fortaleza o estabelecimento comercial O Louvre, casa importadora de grande importância no Estado.

Fonte: Portal da História do Ceará - Nirez


Ao falecer no dia 25 de Outubro de 1916, o 1º Barão de Camocim foi enterrado no Cemitério São João Batista.




 

Casa do Barão de Camocim


A casa antes das reformas e alterações


"A casa do Barão de Camocim, Geminiano Maia em frente a Praça Clóvis Beviláqua. Em 1911, sua filha Ceci casa-se com Maximiano Leite Barbosa Filho. Depois, na década de 1930, a casa sofreu reforma e alterações, ficando como se encontra hoje."  Nirez

"Foto tirada em frente a Mansão do Barão de Camocim, hoje Praça Clóvis Beviláqua.
Temos como personagem principal este Prefect que circula despreocupadamente"Nirez


A famosa mansão fica ao lado direito da Rua General Sampaio (lado da sombra) e da Faculdade de Direito

Suntuosa por suas linhas arquitetônicas - considerado o mais rico solar da época, por ser o único a ostentar, para atender a comodidade da família, um elevador para o único pavimento superior, o que lhe dava mais conotação à sobriedade e à aristocracia da época.

O palacete do Barão de Camocim, construído em 1880 e por onde já passaram quatro gerações de Geminiano Maia (o Barão), localizado à Praça Clóvis Beviláqua, vai se transformar em um novo complexo cultural da cidade, onde será criada a Vila das Artes.

O acordo foi confirmado no palacete, pelo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins. A solenidade contou com a presença da neta do Barão de Camocim, Neide Leite Barbosa; da bisneta Maria Luíza Leite Barbosa Chaves (uma das últimas moradoras da casa); e de uma trineta e de outros intelectuais, jovens e convidados.



A prefeita demonstrou, na oportunidade, a sua satisfação na desapropriação do palacete, que se transformará “em uma casa aberta para a criação, para a juventude ousar”. “A cultura é um investimento”, disse ela, que salientou a necessidade de se aproveitar o potencial de Fortaleza. Ao finalizar sua fala, Luizianne colocou dois botons na lapela do ministro da Cultura, um da Fortaleza Bela e outro, do brasão da cidade; e fez a entrega de uma caixa com projetos de tombamento de imóveis de referência histórica, cultural e simbólica no espaço urbano, que considera a cidade no seu conjunto, valorizando diferentes áreas e expressões da arquitetura local.

Gilberto Gil justificou sua presença no evento, afirmando que “o ministério veio dizer sim, com apoio financeiro, e dizer sim ao que se faz no Ceará e em Fortaleza”. Falaram ainda, na solenidade, a presidente da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo, de Fortaleza (Funcet), Beatriz Furtado, e o secretário de Audiovisual do Ministério da CulturaOrlando Senna.


No palacete do Barão de Camocim, será criada a Vila das Artes, onde funcionarão as escolas do Audiovisual e da Dança de Fortaleza, além do Núcleo de Produção DigitalAgência de Notícias CulturaisCentro de Artes VisuaisBiblioteca, VideotecaCafé da Imagem. O complexo será gerenciado pela Funcet, que este ano conta com recurso que ultrapassam a 1% do total do orçamento previsto para o Município. Em 2005, o percentual foi de apenas 0,4%.

Fotos Google Earth









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