Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



domingo, 13 de abril de 2014

Especial Fortaleza 288 anos - Ontem e Hoje da cidade





Ontem a antiga Alfândega na rua da Praia (Pessoa Anta). Hoje é o Caixa Cultura.

O contraste da senhora de bermudinha e os dois guardinhas sentados num banco da Praça Almirante Saldanha.

Estamos na Praia de Iracema, ao longe a Igrejinha de São Pedro.

Rua da Praia - Hoje Avenida Pessoa Anta, homenagem a João de Andrade Pessoa Anta.

Ainda na mesma avenida

Bondinho da Prainha percorrendo a então rua da Praia, que também já se chamou rua da Alfândega.

Na Aldeota, vemos na Avenida Santos Dumont (Antiga rua do Colégio das Órfãs) a belíssima mansão da família Jucá. Foi adquirida da família em 1971 e hoje é Sede do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará. Para quem não sabe, a casa foi inspirada na mansão que serviu como cenário para o filme "E O Vento Levou".
  

Avenida Almirante Barroso - Indo




Voltando...


Ideal Clube em sua sede do Meireles, construída entre 1940 a 1946.
  
Edifício São Pedro - Antigo Iracema Plaza Hotel, o "Copacabana Pálace" da capital cearense.


Inaugurado em 1929 na Praia Formosa. Em 1948, dá-se o lançamento da pedra fundamental da nova sede na Praia do Meireles (foto).

Curva da Avenida Alberto Nepomuceno, próximo a Sefaz.


Avenida Alberto Nepomuceno, já foi Avenida rua da Ponte e Avenida Sena Madureira.
  

Palacetes construídos por Emílio Hinko, ladeando o então Castelo do Plácido, local hoje ocupado pela Praça Luíza Távora




Ainda bem que pelo menos os palacetes resistem até hoje.


Prédio ainda conservado no cruzamento da rua Adolfo Caminha com rua Maranguape.
  


Ao lado da igreja, temos a Praça do Cristo Redentor, que na época, não passava de um areial. 

De um lado a Praça Cristo Redentor e do outro, ao invés das casas, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.


Fotos ontem: Arquivo Nirez/IBGE
Montagem: Marcelo Luna


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Especial Fortaleza 288 anos - Praças da cidade (Parte II)



Apesar de não figurar na planta da cidade em 1875, a sua demarcação é anterior a 1859. A praça foi construída sobre uma pequena lagoa (daí a nomeação de Praça da Lagoinha) depois de aterrada por haver se convertido em depósito de lixo, e em foco de doença.
Chamou-se também Coronel Teodorico (1881) em honra ao médico, Vice Presidente da Província, Deputado, Presidente da Assembléia e Coronel Comandante da Guarda Nacional.
Outro nome foi Praça 16 de novembro (1890), data da instalação do Estado do Ceará em 1889.
Comendador Teodorico (1891) - A denominação anterior ficou sem efeito. 
Foi arborizada com mongubeiras em 1923. 
Sua área foi reduzida para a construção de dois Institutos de Beneficência e Caridade.
Em 1929 foi construído um coreto, onde servia de palco para exibições da Banda da Polícia Militar.

Em 1930 se construiu um lindo jardim com Fonte luminosa (Hoje na Praça Murilo Borges). Nessa época a praça tinha o nome de Thomas Pompeu de Sousa Brasil.

A praça é uma das mais antigas e tradicionais de Fortaleza.
João Capistrano de Abreu: Intelectual destacado, cearense de Maranguape, dedicou-se intensamente ao ensino do jornalismo, da crítica literária e dos assuntos históricos.



O antigo Largo do Patrocínio era um areial, como todas as antigas praças da cidade. Foi chamada de Largo do Patrocínio até 1870, por ficar em frente a Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, construída em 1849.
Em 1870, por proposta de um vereador, teve seu nome mudado para Praça Marquês de Herval, mas o povo continuou a tratá-la como do Patrocínio.


Em 1890 passou a ser oficialmente Praça do Patrocínio, mas em 1891 voltou a ser Marquês de Herval. No ano de 1903, houve a inauguração do Jardim Nogueira Acioly (Antigamente, cada praça de Fortaleza ao ser urbanizada, tinha dois nomes, o da praça e o do jardim. Na Praça do Ferreira tinha o jardim Sete de Setembro; a Praça Caio Prado, ou da , tinha o Jardim Pedro Borges; a Praça José Júlio (ou Coração de Jesus) tinha o jardim Bárbara de Alencar, a Praça Comendador Teodorico (ou da Lagoinha) tinha o jardim Tomás Pompeu e a nossa Marquês do Herval, tinha o Jardim Nogueira Acióli, que foi inaugurado na administração do intendente Guilherme Rocha. No dia 24 de janeiro de 1912 houve uma revolta e a consequente derrubada do Governo Acióli, quando o povo rebatiza o jardim como Franco Rabelo).
Recebeu o nome de Praça José de Alencar em 1º de maio de 1929, por ocasião do centenário de nascimento do romancista. Nesta ocasião, também foi inaugurado o conjunto escultório. Somente em 1938, foi oficialmente denominada de Praça José de Alencar.



A Praça Clóvis Beviláqua já chamou-se Visconde de Pelotas (Por volta de 1870), em virtude de decreto da Câmara dos Vereadores, numa homenagem ao herói da guerra do Paraguai, marechal José Antônio Correia da Câmara
Em 1926 recebeu o nome de Praça do Encanamento, quando se estendeu, desde o Benfica, o abastecimento d'água para a cidade, com a localização de chafarizes. 

Em 1930, na administração de Álvaro Weyne, a praça foi urbanizada no atual trecho e recebeu o nome de Praça da Bandeira, mas oficialmente só foi mudado em 1937, por decreto do então prefeito Raimundo de Alencar Araripe

Em 1943 foi construído, com projeto do desenhista Rubens Diniz, um obelisco em homenagem aos Aliados da 2ª Guerra Mundial, o "Obelisco da Vitória". A iniciativa foi de estudantes da Faculdade de Direito, que promoveram um concurso. 
Em 10 de julho de 1959, na gestão do prefeito Cordeiro Neto, seu nome foi novamente mudado, passando a chamar-se Clóvis Beviláqua. O nome de Praça da Bandeira passou para a Praça do Colégio Militar.

Quando a praça tinha o nome de Visconde de Pelotas, ia da Rua General Sampaio até a Senador Pompeu em sua largura e no comprimento ia da Rua Clarindo de Queiroz até a Rua Antônio Pompeu, atravessando a Rua Meton de Alencar. Primeiramente foram construídas as caixas d'água que ocuparam um espaço considerável do lado da Rua Antônio Pompeu. Depois veio a Faculdade de Direito que ocupou o restante da parte que ia até a Rua Meton de Alencar. Aos poucos a Faculdade foi tomando as laterais e o espaço entre ela e as caixas d'água. Depois a praça foi destruída, na administração Walter Sá Cavalcante, sendo nela feita uma caixa d'água subterrânea que a deixou sem arborização e sem função por mais de uma década.


A praça foi criada no início do século XIX, chamada de Praça da Alfândega em virtude do prédio da Alfândega  (inaugurado em 1891). Antes de o prédio ser construído, a Alfândega funcionou em prédio modesto no local onde depois seria a Praça Almirante Saldanha. Tem uma área de 5.820,00 m². Fica entre a Avenida Pessoa Anta, Rua Dragão do Mar, Almirante Tamandaré e Almirante Jaceguai.

Após 1915,  recebeu o nome de Praça Fausto Barreto, em homenagem ao Dr. Fausto Barreto, médico, Presidente do Rio Grande do Norte e Deputado pelo Ceará.

Em 1932, na gestão do Prefeito Raimundo Girão, volta ao nome original (Da Alfândega).

Na gestão do prefeito Álvaro Weyne (1935/1936), recebe o nome que tem hoje, Praça Almirante Saldanha.


No local existia apenas um grande campo onde foram concentrados, aqueles que voluntariamente se alistavam para a Guerra do Paraguai em 1864.

Depois, pelo local ficar bem próximo a Lagoa do Garrote (que se transformaria no Parque da Liberdade), antes de 1932, a Praça dos Voluntários recebeu o nome de Largo do Garrote; essa Nomenclatura deveu-se segundo os historiadores eruditos, em que nos cajueiros e demais árvores que ficavam na beira da Lagoa do Garrote, abatia-se gado provenientes de Messejana e Parangaba, para o abastecimento de carne verde para a cidade.

Nomes que recebeu a praça:

Largo do Garrote - Anterior a 1932. A Praça estendia-se até onde hoje é o Parque da Liberdade.
Largos dos Voluntários da Pátria - Homenagem aos cearenses que seguiram voluntariamente para a Guerra do Paraguai, como componentes do famoso Batalhão 26 de Voluntários da Pátria, contra o ditador Paraguaio Solano López.
Praça Voluntários - Em 1932.
Em 1941, foi remodelada e colocado um busto do Presidente da República na época, Dr. Getúlio Vargas.


Leia aqui a Parte I
Fontes: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Livro Fortaleza - Praças, Parques e Monumentos de Lídia Sarmiento e José Capelo Filho e Portal do Ceará de Gildásio Sá.

Fotos: Arquivo Pessoal, Arquivo Nirez, Arquivo Assis Lima e Acervo Clóvis Acário Maciel



quinta-feira, 10 de abril de 2014

Especial Fortaleza 288 anos - Praças da cidade



A Praça Caio Prado parece ser a primeira praça de nossa capital, pois na planta da Vila de Fortaleza descrita pelo padre Serafim Leite com desenho do Capitão Mor Manuel Francês e enviado a Lisboa em 1726, como demonstração de seus serviços, comprova o fato quando ele diz: "Em frente da Câmara e do Forte, a praça com os símbolos municipais, coincidindo o pelourinho com a frente da Câmara e a forca com a da Fortaleza." 
"Situada donde hoje é a Sé, reunia no seu espaço a valorização da casa da Câmara do Pelourinho, símbolo da autoridade Municipal, e a presença da igreja."

Já recebeu o nome de Praça do Conselho (em 1726) assim designado pela existência do prédio do Conselho (Hoje desaparecido).
Do Largo da Matriz (em 1854), quando da construção da igreja em 1854.
Da Sé - Quando a igreja Matriz passou a, em 1861.
Caio Prado (em 1889), em homenagem a Antônio da Silva Prado, paulista que foi presidente do Ceará em 1888/1889, tendo falecido nesse cargo em Palácio.
Novamente recebeu o nome de Praça da Sé (1890/1891), mas só durou 6 meses, quando voltou a denominação anterior.
Praça Dr. Pedro Borges (em 1903), homenagem a Pedro Augusto Borges, médico do Exército, Senador da República, Deputado Federal e presidente do Ceará (1900-1904).
Da Sé (1932 até hoje) - A praça era todo aquele espaço compreendido entre as ruas São José e General Bezerril (Norte-Sul), Rufino de Alencar, Sobral e Castro e Silva.


A origem da Praça General Tibúrcio remonta aos tempos da construção da Igreja do Rosário em 1730. Em 1831 o Largo do Palácio foi planejado e então a praça começa a ser urbanizada, sendo inaugurada em 1856. Depois da morte do general Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa, herói da Guerra do Paraguai, em 1885, uma estátua foi erguida em sua homenagem na praça em 1888, sendo a primeira estátua pública da cidade. Já recebeu o nome de Largo do Palácio, Pátio do Palácio, Praça do Palácio, General Tibúrcio ( A estátua do general é a primeira a ser erigida em Fortaleza. Possui 2,50 m de pedestal e 2,00 m de escultura e sua fundição aconteceu em Paris por Tliebant Fréres, mas o pedestal foi feito por Frederico Sinner, aqui em Fortaleza (1887/1888).
Em 1820 passou a ser chamada de Praça 16 de Novembro para comemorar a instalação do Governo Provisório do Estado do Ceará. Durou apenas 6 meses e até hoje se chama Praça General Tibúrcio, mas é conhecida também como Praça dos Leões devido as estátuas de leões que a ornamentam. 



Fundada em 1817, a Praça Carolina era um grande largo que ficava entre a atual Rua São Paulo, Rua Floriano Peixoto, Rua Sobral e Rua General Bezerril, onde foi inaugurado, em 18/04/1897, o Mercado de Ferro.
Chamou-se, depois, Largo da Assembléia e Largo do Mercado.
Quando dividida, já se chamou Praça José de Alencar (o lado norte) e Praça Capistrano de Abreu (o lado sul).
Hoje, no local estão, o Palácio do Comércio, a Praça Waldemar Falcão, o Banco do Brasil (agência metropolitana) e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT.
O Mercado de Ferro foi desmontado em 1939 sendo dividido em duas partes, indo uma para a Praça Paula Pessoa (São Sebastião) e a outra metade para a Aldeota, na Praça Visconde de Pelotas (Pinhões).
A parte da Praça São Sebastião foi desmontada em 1968 e levada para a Aerolândia, onde ainda se encontra e no local foi levantado um galpão de alvenaria, com telhas de amianto, que já foi demolido, para a construção de uma praça para o novo Mercado de São Sebastião.
Ao lado da Praça Carolina, foi construído o Mercado Central, que agora tem novo prédio na Avenida Alberto Nepomuceno, e já foi desativado em sua parte interna.
Na parte norte da praça, existia dois quiosques de ferro/madeira, a mercearia do João Aleixo e o Café Fênix, tendo por trás, um outro retangular, que abrigava o Engenho Bem Bem, que comercializava a garapa de cana, hoje chamada de caldo de cana.
A Praça Waldemar Falcão inaugurou-se em 1939.




No dia 29 de junho de 1830, inaugura-se o antigo Campo D'Amélia, uma homenagem à Imperatriz D. Amélia de Leuchttemberg, chamou-se também Senador Carreira em 1882, Da Via Férrea em 1890 e a partir de 1932, Praça Castro Carreira.
Popularmente, desde o advento da Estação de trem (1871), chama-se Praça da Estação.
No dia 24 de maio do ano de 1900, foi inaugurada no centro da praça a estátua do General Sampaio, sobre uma coluna de mármore.
No mesmo ato foram inauguradas também a Rua 24 de Maio e Rua General Sampaio.
No dia 24/05/1966 a estátua foi retirada e levada para a Avenida Bezerra de Menezes sem seu pedestal, que foi destruído, e juntados a ela os restos mortais do homenageado.
Em 1981 foi a estátua novamente deslocada, desta feita para a Avenida 13 de Maio, em frente ao 23º BC, sem que acompanhassem os seus restos mortuários.
Em 1996 por iniciativa do Instituto do Ceará, tanto a estátua como os restos mortais do general foram transferidos e hoje se encontram em frente a 10ª Região Militar, na Avenida Alberto Nepomuceno.


No dia 06 de dezembro de 1842, a Lei nº 264 autoriza a Câmara a reformar o plano da cidade de Fortaleza.
Existia no local da atual Praça do Ferreira o Beco do Cotovelo, que foi demolido por iniciativa do boticário Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira) para construção da Praça Pedro II, que ficou mais conhecida como Feira Nova, mas então apenas um areal até 1902, com quatro quiosques nos cantos e uma cacimba (poço) no centro e vários "frades de pedra" (colunas feitas de pedra de Lisboa).
Os quiosques eram o Café Java, no canto nordeste; o Café Elegante (assobradado), na esquina sudeste; o Restaurante Iracema, no canto sudoeste e o Café do Comércio (assobradado), no canto noroeste. Entre o do Comércio e o Java.
O intendente coronel Guilherme César da Rocha (Guilherme Rocha) em 1902 procedeu a primeira urbanização parcial, fazendo em um trecho o belo Jardim 7 de Setembro, murado com grades de ferro, uma caixa d'água, conservando nos cantos os cafés, inaugurada no dia sete de setembro.
Em outubro de 1920 o então prefeito Godofredo Maciel demoliu os quatro cafés, construiu um coreto sem coberta e mosaicou toda a praça.
Em 1925 constrói o coreto coberto.
Raimundo Girão em 1933 constrói a Coluna da Hora e derruba o coreto.
No ano de 1949, gestão de Acrísio Moreira da Rocha, é construído, entre a Rua Floriano Peixoto, Rua Guilherme Rocha, Rua Major Facundo e Travessa Pará, o Abrigo Central.
Em 1967 a Coluna da Hora é demolida na gestão de Murilo Borges e na gestão seguinte, de José Walter Barbosa Cavalcante, é destruída a Praça do Ferreira, demolido o Abrigo Central e feita uma nova praça com elevados blocos de concreto, posicionados em diferentes pontos, dificultando a circulação popular e os agrupamentos que a caracterizavam e um subterrâneo que abrigou a Galeria Antônio Bandeira.
Em 1991 o prefeito Juraci Vieira Magalhães manda derrubar a praça tão criticada pelo povo e pela imprensa e constrói uma nova com base na antiga praça, colocando uma nova versão da Coluna da Hora agora com fontes d'água e a antiga cacimba é redescoberta e conservada ao centro.


Nomes que teve a praça:
Feira Nova - Lugar onde se realizavam as feiras semanais, deslocando o centro da cidade da Praça da Sé, para o novo logradouro.
Largo das Trincheiras - Não se sabe bem se foi por uma batalha entre Holandeses e Portugueses, ou por causa do nome de um Senador que vivia ali e era apelidado de "Trincheiras."
Pedro II - Em 1859, em homenagem ao Imperador.
Do Ferreira - Em 1871, após a morte do Boticário Ferreira, em reconhecimento pelos relevantes serviços que prestou a cidade.
Municipal - Durou somente seis meses, retomando ao seu nome anterior.
Além dessas denominações oficiais também era conhecida por "Da Municipalidade", por estar defronte do prédio da Intendência Municipal.



Em 1864, é iniciada a construção do Passeio Público no Largo da Fortaleza ou Campo da Pólvora, que era a primeira praça da povoação, na gestão do presidente da Província Dr. Fausto Augusto de Aguiar, compreendendo três planos, o atual e outros dois mais abaixo, hoje tomados pela Avenida Marechal Castelo Branco (Avenida Leste-Oeste).
O Passeio Público já foi Campo da Pólvora, Largo da Fortaleza, Largo do Paiol, Largo do Hospital de Caridade, Praça da Misericórdia e, a partir de 03/04/1879, Praça dos Mártires.
Teve dois nomes não oficiais: Campo da Pólvora (1870) e Passeio Público, pelo qual é hoje conhecido.
A praça foi urbanizada em 1864.
Havia três planos em três níveis, destinados às classes rica, média e pobre.
Por volta de 1879 as duas praças mais baixas foram desativadas e a atual foi dividida em três setores com a mesma finalidade, ficando os ricos com a avenida do lado da praia, a classe média com a do lado da Rua Dr. João Moreira e os pobres com a central.
Foi nesta época que o passeio recebeu as bonitas grades de ferro que o rodeavam e que foram retiradas em 1939 e recentemente feitas novas de acordo com as antigas.
O nome de Praça dos Mártires é uma homenagem aos heróis tombados ali, pertencentes ao movimento República do Equador, que foram bacamarteados: João Andrade Pessoa Anta, tenente-coronel Francisco Miguel Pereira Ibiapina, padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo Mororó, tenente de milícias Luís Inácio de Azevedo e o tenente-coronel Feliciano José da Silva Carapinima.



Fontes: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Livro Fortaleza - Praças, Parques e Monumentos de Lídia Sarmiento e José Capelo Filho e Portal do Ceará de Gildásio Sá.


Fotos: Arquivo Pessoal, Arquivo Nirez, Arquivo Assis Lima, Arquivo Carlos Juaçaba, Livro Terra Cearense de 1925 e o Relatório do Interventor Federal Carneiro de Mendonça - 1931 a 1934


segunda-feira, 7 de abril de 2014

A Saga dos Jangadeiros - Uma nova aventura (Parte II)


Continuando...



Observamos a facilidade com que esses trabalhadores são recebidos pelo presidente, prática coerente com o personalismo de Vargas e com o trabalhismo.
Enquanto os cinco pescadores enfrentavam o mar e temporais para chegar até a capital federal, o mesmo José Pinto Pereira, o escolhido para assumir a Delegacia de Caça e Pesca, viaja novamente ao RJ e cerca o presidente e seu ministro no Palácio do Catete.
Por três vezes consegue chegar até Vargas e, segundo acentua o jornal, não consegue chegar perto de seu Ministro da Agricultura. Na terceira vez, se misturando a um grupo de estivadores que estavam em audiência com o presidente, travou com esse o seguinte diálogo:

Vargas, espantado, perguntou ao pescador: _“Você ainda está por aqui?
Então, o que resolveu?” Ao que José Pinto Pereira respondeu: _”Pois é,
Presidente, a verdade é que ainda estou esperando. Já estive mais de dez vezes no Ministério e ainda não pude falar com o Ministro. O meu dinheiro está se acabando e eu acho que vou me embora.”

Se, no contexto de 1941, Vargas e sua equipe receberam os jangadeiros em uma audiência pública, ocasião em que mandou abrir os portões de sua residência oficial, o Palácio Guanabara, em dezembro de 1951, encontrou os jangadeiros em uma audiência privada.
Do Rio de Janeiro, os jangadeiros seguem até o Rio Grande do Sul, revelando aos jornalistas o desejo de conhecer São Borja, terra do Presidente Vargas. Ao governador Dorneles Vargas, primo do presidente, entregam um memorial, e seguem cumprindo uma agenda de visitas e festividades promovidas entusiasticamente pelos gaúchos. 

Em tom de desafio, Mestre Jerônimo revela,  orgulhoso, a um jornalista do Rio Grande do Sul que o próximo destino de uma jangada cearense seria os Estados Unidos da América.


De volta ao Ceará, os tripulantes da Nossa Senhora de Assunção se envolvem com a criação do Sindicato dos Pescadores do Ceará, uma das ações do Estado resultante do acerto de contas por ocasião da viagem. 
O presidente substitui o titular da Delegacia de Caça e Pesca no Estado não pelo pescador José Pinto Pereira, alvo de boatos de ter ligação com o Partido Comunista, mas por Stênio Azevedo, um velho amigo dos pescadores, um “amigo graúdo”, é certo, um dos apoiadores do raid de 1951. 
Também acompanham a execução do “plano completo de amparo aos pescadores e regulamentação das respectivas profissões”, que previa, além da sindicalização, o fornecimento de jangadas aos pescadores. O tal plano devia beneficiar Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.


É certo que o elemento impulsionador dessas viagens, ocorridas em 1941 e 1951, é o conhecimento e mesmo a certeza da via direta de entendimento com representantes do governo brasileiro, em especial com o próprio presidente da República

Se Jerônimo e seus companheiros se mostram cansados das promessas, eles ainda demonstram fôlego e confiança nessa via, e apostam nela. Isso faz parte dos ganhos simbólicos dessas viagens que considero de suma importância, especialmente, no fortalecimento da identidade do jangadeiro, dando sinais de reciprocidade na ação do Estado, conferindo aos “porta-vozes”, quatro em 1941 e cinco em 1951, uma legitimidade.

Ser recebido pelo presidente, ficar “ombro a ombro com ele”, como disse Jacaré em 1941, não é pouca coisa.

A liderança política da jangada é transferida para o mestre técnico da embarcação. Na primeira viagem, Jerônimo quase não se manifesta, não usa o microfone nem uma vez, somente em algumas passagens dá algum depoimento. Com a morte de Jacaré, como que por um compromisso moral, é ele quem lidera o grupo, falando aos jornalistas, discursando, tratando com o governador do Ceará, com o presidente da República, enfim...

No começo da década de 1950, a imprensa ainda se mostra sensível à causa dos populares, se colocando como amplificador de suas demandas. 
Os jangadeiros recorrem com frequência a essa via e as viagens não teriam sentido sem a visibilidade proporcionada pelas matérias estampadas nas folhas de jornal de todo o país.

Na viagem de 1951, outro meio de comunicação é bastante mobilizado, inclusive para dar informações sobre o paradeiro dos pescadores; refiro-me ao Rádio Amador.

Os jangadeiros permanecem se valendo de uma dupla estratégia de ação política, combinando-a e acionando-a em momentos que lhes parecem convenientes. Falo da ação de reverência/homenagem e na ação de contestação/protesto. 
Em 1941, em virtude do contexto político, dando provas da negociação da realidade que se opera, o tom de reverência sobressai e é o mais acionado, não tendo consequência o abafamento da contestação.
Jacaré disse a um jornalista do RJ que falou tudo o que queria.


De fato a repercussão política do raid de 1941 foi grande e as denúncias sérias. A escolha do roteiro Fortaleza-Rio Grande do Sul pode ser entendida como representativa da ação de reverência, era uma homenagem ao velho amigo dos pescadores, que queriam conhecer e tocar a terra do Presidente. 

Nesse sentido, participaram de um churrasco na Fazenda Itu, de propriedade do Presidente, e declararam aos jornalistas a disposição de ir até São Borja. Mas não deixaram que suas ações, a viagem arriscada, fossem valorizadas apenas do ponto de vista do feito esportivo.

Em várias ocasiões, Jerônimo tomava para si a palavra e ressaltava os fins políticos que os moviam. 
A vida os obrigava a ser herói, como revelou, mas o que queriam mesmo eram melhores condições de vida para a classe.


Na viagem de 1941, a rede paternalista que cercava os pescadores foi fartamente mobilizada; na de 1951, ela ficou bem mais restrita. Nada de padrinhos, foi outra lição tirada da viagem de 1941. A viagem de 1941 foi um momento importante no aprendizado de classe. Jacaré declarou aos jornalistas que pensava que ia falar em nome dos pescadores do Ceará, mas, ao percorrer o litoral brasileiro e topar com outros “irmãos de palhoça e de sofrimento”, entendeu que falava em nome dos Pescadores do Norte.

Na fala de Jerônimo e dentro das condições de possibilidade dos anos de 1950, era a “classe” que ele e seus companheiros representavam. Não iam mais “pedir direitos” e sim “cobrar” as promessas feitas.

Com a morte do Presidente Vargas, foram silenciadas as vozes dos “pescadores do Norte”?
A pergunta vai ficar, pelo menos por enquanto, sem resposta. Ao invés de respondê-la, informo ao leitor que, em 1958, nas águas desenvolvimentistas do período JK, ainda tremulava a vela de uma jangada, rumo, não aos Estados Unidos, mas a Buenos Aires. O nome da jangada, estampada na branca vela, não era mais a de um santo, mas sim outra homenagem aos trabalhistas: Maria Tereza Goulart, nome da esposa do Vice-presidente João Goulart – um “amigo do presidente Vargas”, como disse um dos tripulantes dessa jangada, o pescador Zé de Lima*

Berenice Abreu de Castro Neves


Fim


*O jornalista Raimundo Caruso entrevistou o pescador Zé de Lima, que viajou juntamente com Mestre Jerônimo até Buenos Aires em 1958. Cf. CARUSO, Raimundo C. Aventuras dos Jangadeiros do Nordeste. Florianópolis: Panan Ed. Culturais, 2004.


Crédito: Berenice Abreu de Castro Neves (Os jangadeiros de Vargas: Reflexões acerca das viagens reivindicatórias de jangadeiros cearenses)


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