Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



segunda-feira, 27 de junho de 2016

Palácio do Bispo - Paço Municipal




Casarão construído na primeira metade do século XIX pelo Sargento Mor e comerciante português Antônio Francisco da Silva, que lá instalou o seu armazém de alimentos. O prédio depois foi vendido ao comendador e rico negociador, Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, proprietário até 1860. Foi um dos primeiros casarões de Fortaleza, originalmente de linhas neoclássicas. O sobrado destacava-se pelas aberturas encimadas com arcos plenos, apresentando uma predominância de cheios sobre vazios e um aspecto compacto, este expresso pelos altos muros que cercavam a edificação. Situado a Rua das Almas – Hoje Rua São José, entre as ruas Rufino de Alencar e Costa Barros.

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Crédito: Vós

Agradecimento especial: Paulo Maranfon e equipe

terça-feira, 21 de junho de 2016

Palácio da Luz - Academia Cearense de Letras (Vídeo)


 

Construído com o auxilio de mão-de-obra indígena, o Palácio da Luz serviu inicialmente de residência ao capitão-mor Antônio de Castro Viana. Pertenceu posteriormente à Câmara Municipal, sendo depois vendido ao Estado para abrigar o Governo, pela Provisão Régia de 27 de julho de 1814.

Edificação do século XIX, o Palácio é um polígono com frentes para a rua Sena Madureira, Praça General Tibúrcio e Rua do Rosário e fundos para a rua Guilherme Rocha.



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Crédito: Vós

Agradecimento especial: Paulo Maranfon e equipe

O Centenário prédio do Museu da Indústria

 

 


O prédio já abrigou clube, Hotel e até a primeira sorveteria do Ceará.
Um museu, muitas histórias!

Durante o período imperial, mais precisamente em 1871, foi construído o belo sobrado da Rua Dr. João Moreira, 143 (esquina com a Rua Floriano Peixoto). Situado em frente ao Passeio Público, emoldurando o logradouro mais elegante da cidade, foi inicialmente a segunda sede do primeiro clube social de Fortaleza, o Sociedade União Cearense (Club Cearense), que antes esteve instalado num sobrado residencial na rua senador Pompeu.


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Crédito: Vós

Agradecimento especial: Paulo Maranfon e equipe



terça-feira, 31 de maio de 2016

Tipos Populares - Manezinho do Bispo ( V+D )




Manuel Cavalcanti Rocha, figura da mais ridicularizadas da galeria de tipos populares do Ceará, deu de comparecer as páginas do Correio do Ceará a partir de 1918, através da opção da seção "Ineditoriais", subordinando sempre os seus escritos a legenda V + D (Viva mais Deus), a começar do dia 29 de abril. É o conhecido Manezinho do Bispo, de quem a referir-se ao bispo Dom Joaquim José Vieira, relatou o escritor Gustavo Barroso em seu terceiro livro de memorias, Consulado da China: “Também nos visitava a miúde Manuel Cavalcanti Rocha, o celebre Manezinho do Bispo, débil mental (sic), magro, pálido, anzolado, que publicava uma vez por outra folhetos de pensamentos os mais disparatados do mundo. No meio, alguns deliciosos: “Rapaz moço e sem emprego que se casa com uma moça de dinheiro, da um tiro com a pistola da besteira nos miolos do futuro”.

Segue o autor de Terra de Sol: “Meu pai tratava-o com a maior tolerância, por causa do Bispo, seu amigo e compadre. Meu padrinho troçava dele e provocava-o a asneira. Eu achava-lhe graça. O coitado era inofensivo. Empregado na Cúria, costumava acompanhar o Bispo, envergando uma batina coçada e coberta com um velho chapéu de padre. Na rua,andava a paisana, carregando jornais e um maço de folhetos de pensamentos debaixo do braço”.

No livro Geografia Estética de FortalezaRaimundo Girão traça-lhe o
perfil: “Do Manezinho do Bispo e possível extrair matéria para um grosso
livro. Manuel Cavalcanti Rocha ou, literalmente, M. da Rocha (Sic), eis
como se chamava. Do Bispo, dos seus escritos, na imprensa e em libretos,
e o seu estilo tornaram-se prato delicioso dos espíritos galhofeiros. As
suas Máximas e Pensamentos tiveram repetidas edições. Já houve quem
aventurasse a hipótese de que daí nasceu o futurismo. Manezinho, diz Pedro Sampaio, “afamou-se não só por suas lucubrações literárias, expressão de que servia quando falava dos opúsculos literários que publicava, com pensamentos, máximas e mil coisas estapafúrdias e ridículas”.

Aquele seu aludido livro - continua o escritor Raimundo Girão - Máximas e Pensamentos, ele o ofereceu a todos os porteiros e eiras do universo, e traçou, noutro a biografia de sua ex-mãe, pois que ela já havia morrido.

Uns pensam que era espertalhão, haja vista Monsenhor Quinderé, que o conheceu intimamente, e afirma, entre outras coisas, que o Manezinho, “quando servia a mesa, ia jeitosamente afastando dos comensais os pratos que mais apeteciam”. Desnecessário é examinar-lhe a personalidade depois que lhe fizeram este perfil.

“Raquítico, bisonho, enfermiço e amarelo,
Débil corpo atrofiado ao divino cilício;
Amarfanhado rosto imitando um chinelo
Imprestável, caído em já findo exercício...

Alma simples, cristã; coração largo e belo;
Vida pura de santo afeito ao sacrifício
Dos segredos jejuns... Filósofo singelo:
Porteiro e a sua missão: pensar - seu ofício:

Literato de escol, pensador incansável.
Biografou sua mãe, editou "Pensamentos”...
E honra a terra natal com as produções mais ricas...

É um devoto de ideia, um gênio inquebrantável,
O melhor escritor dos hodiernos momentos
E o maior Maricão de todos os Maricas!...



Manezinho era o homem de confiança do Bispo Dom Joaquim e valia-se da seção “Ineditoriais”, que a imprensa da época reservava às colaborações dos leitores, para publicar seus confusos escritos sem pé nem cabeça. Simplório, divertido e bem intencionado, praticando as letras com ingenuidade e despretensão.
Andava sempre empacotado num desbotado e surrado terno de alpaca, gravata preta e chapéu. Os bolsos do paletó, abarrotado de papeis, seus escritos. Dias e noites, era comum avistá-lo na abençoada portaria do Palácio.

Simples e humilde porteiro da Arquidiocese de Fortaleza, de veleidades literárias, pueris, alvo do deboche de seus coevos nada indulgentes, acabaria por conseguir legenda de histórias curiosas, anedotas e peças “literárias” que, deturpadas ou não, mas certamente reconstruídas em alguns casos pela parceria irreverente e ardilosa de terceiros, conseguiram transformar o autor em figura das mais populares, senão na maior delas, da cidade de Fortaleza, há três quartéis de século passados, quando a vida provinciana podia entreter-se melhor com os tipos de sua convivência comunitária, afetiva.

O seu folheto Máximas e Pensamentos, referido por comentadores de sua simplória existência, na versão que conhecemos, intitula-se Novos Pensamentos. Obra rara, publicada em 1903, muito antes da dedicada colaboração do autor no Correio do Ceará, exercida por seis anos seguidos até onze dias antes de morrer, em 1923.

Naquela edição referida, o pensador escreve dedicatória que se tornou famosa: “A segunda edição de meus toscos Novos Pensamentos eu faço em homenagem a todos os porteiros e porteiras de estabelecimentos do mundo inteiro, especialmente os que tem o meu nome de batismo; e um trabalho recreativo e simples, feito só por minha conta, em sinal de amizade aos meus companheiros de literatura que melhor sabem usar da caridade com quem vive da pena em tempos críticos”.

Todos os exemplares de Novos Pensamentos de Manoel Cavalcanti Rocha recebiam sua assinatura precedida deste aviso:

“São considerados falsos os exemplares que não tiverem o emblema e a firma do autor”.



Animado por insofreada ingenuidade, Manezinho do Bispo edificou-se à contemplação da vida religiosa de sua área de trabalho, insistindo sempre em que todos praticassem o bem, e permanentemente submetido a São José, santo de sua especial devoção.

Não são incomuns seus conceitos abrangendo certa reflexão moral. Em 2 de março de 1923, por exemplo, em nota divulgada pelo Correio do Ceará, adverte os leitores:
“A economia e a temperança:São os bens da prosperidade e riqueza”

Por ocasião de seu sepultamento, em 31 de julho de 1923, o Correio do Ceará inseriu com destaque à ilustração fotográfica extenso necrológio entretecido de considerações extremamente simpáticas sobre o extinto, a quem se referiu da maneira que se segue:

“A sua extrema simplicidade, a ingenuidade de sua alma, que foi sempre pura, jamais lhe acarretou um animadversão. Na desconexão de suas 'sentenças' palpitava a virginal candura de um bom. O público, que sempre se deliciou com as 'máximas' do Manezinho, lia, às vezes, incrédulo, os escritos deste e suspeitava que por perversidade atribuíssem ao nosso Colaborador coisas mais ou menos disparatadas”.

Disparate ou não, o que redigia está mais generosamente divulgado pelo jornal de A. C. Mendes, pois a propria nota esclarece que o cronista
pensador dava-se por “cavaquista com os erros de revisão”, acrescentando:

“O fato seguinte revela inocência e a sua real bondade. Sempre foi vezo no nosso jornalismo, em meio ao acesso das polêmicas dizer-se desdenhosamente que Fulano ou Sicrano e um rival de Manezinho do Bispo.
Fê-lo, certa vez, a A Tribuna com relação a alguém. Lendo o paralelo e
compreendendo o motejo da comparação, o Manezinho queixou-se:

"- Eu só admiro o Dr. Távora deixar fazerem isso comigo: ele é meu médico e devia saber que isso me faz mal”.

A pergunta que não quer calar: Teria Manezinho do Bispo nascido em Fortaleza? No interior do Ceará?
Nada do que escreveu, nos leva a imaginá-lo nascido no Ceará, que, em nenhum momento de seu canhestro exercício “literário” está registrado objetivamente o lugar de seu nascimento, a não ser o que se pode ler na crônica do dia 8 de agosto de 1919 (in Correio do Ceará), mencionando a assinatura do Armistício,comemorado efusivamente em todo o Brasil, e, para ele em particular, em Pernambuco:

“... hoje, 25 de julho de 1919, a bela capital do Recife participa destas alegrias e festa; é motivo de felicitar as autoridades eclesiásticas e civis
e nosso amado e querido torrão natal (grifo nosso). É justo quanto louvável assim proceder,dando boas novas de gratidão ao bom Deus, que quer nos fazer sempre o bem a todos...


Ao tempo em que viveu Manuel Cavalcanti Rocha (nascido em 12 de maio de 1866, e criado sem se saber como, saindo da capital pernambucana, veio parar no então Palácio do Bispo), não se pode dizer que ingênuo e medíocre, em sua maneira de pensar e escrever, fosse ele só.
Outros, não fazendo exceção, compareciam aos jornais da época (principalmente os editados de 1902 a 1923), acolhidos pela seção Ineditoriais bastante frequentada ao tempo, onde se viam acusações grosseiras, versos de louvação, ou insultosos, elegias e ridículas notas de falecimento ou de aniversário como esta:


”ANIVERSÁRIO NATALÍCIO:

Desabrochou mais uma pétala o botão de rosa, Julieta Carneiro Monteiro, desprendendo impetuosamente, hoje, que decorre mais um ano de sua preciosa e encantadora existência.” (In Correio do Ceará, 27-10-23.)

Em 12 de maio de 1923, o jornal Correio do Ceará, dirigido pelo jornalista A. C. Mendes, em duas colunas, com foto conferindo destaque à notícia, registrava o aniversario de Manuel C. Rocha (e não M. C. Rocha):

“Completa hoje 57 anos de uma existência toda consagrada a literatura astronômica e as funções árduas, porém honrosas, de porteiro do Palácio Arquiepiscopal, o popularíssimo pensador cearense Manuel C. da
Rocha, autor de vários apreciados opúsculos de Máximas e Pensamentos,
um dos quais dedicado “a todos os porteiros e eiras do Universo” (seus
colegas) e outro “a minha ex-mãe (porque já era falecida)”.

Pela manhã de hoje, documentando mais uma vez a sua originalidade,
o aniversariante veio à nossa redação deixar-nos uma caixa de fósforos cheia
de coupons da Ceará Tramways para os pobres de S. Vicente de Paulo.

Duvidamos que haja com quem com mais efusão de alma felicite hoje o Manezinho, agradecido que lhe somos pela preferência que ele dá ao Correio para a divulgação de suas muito sérias cogitações literárias.



Antes de ir residir no Palácio do Bispo, onde exerceria as funções de porteiro, Manuel Cavalcanti Rocha morou em modesta casa, de sua propriedade, na Estrada do Gado, depois ocupada por compadre seu,José Rodrigues Cordeiro, casado com D. Maria Rodrigues d'Andrade. Nesse local, às 10 horas do dia 16 de junho de 1916, segundo relato divulgado no dia 23 de janeiro de 1919, Manezinho do Bispo procedeu a entronização da imagem do Sagrado Coração de Jesus, benta por D. Manoel. Na ocasião explicava para os leitores: “O espírito de rebelião matou grande parte de anjos e homens. Humildade no caso.”

Festejado com recepção no jornal Correio do Ceará pelos seus trinta e cinco anos de trabalho exercidos na portaria do Palácio do Bispo,Manezinho se dirigiu a tipógrafos que o homenageavam:


LEMBRANÇA DO DIA 1° DE MARÇO DE 1919
VIVA SÃO JOSÉ

Os bondosos artistas tipógrafos do Correio do Ceará pedem para aceitar o insignificante presente, em sinal de muita consideração, não reparando o conteúdo.
Dá uma pessoa que ajusta hoje trinta e cinco anos de morada num
estabelecimento. Já é um caso bem raro no Brasil, abracemos a perseverança, e saibamos cumprir os nossos deveres, sobretudo para com o bom Deus, e também para com o próximo. Estes são os meus desejos, ficando às ordens dos amigos, que saberão desculpar a tosca linguagem. Seguindo-se a assinatura: Note bem! O presente e uma dúzia de ótimos pães, Manuel C. Rocha”.



Fonte: O Ideário de Manezinho do Bispo (1992) de Eduardo Campos.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Edificações que contam a história de Fortaleza



 

Nos últimos 80 anos vimos a cidade crescer vertiginosa. Alguns prédios ficaram como verdadeiras joias, testemunhas da passagem do tempo. Vamos conhecer um pouco mais sobre o Excelsior Hotel, Instituto Dr. José Frota, Náutico Atlético Cearense, Edifício Clóvis Beviláqua, Palácio da Abolição, Shopping Center Iguatemi, Mercado Central e Centro de Eventos do Ceará.

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Crédito: Vós

Agradecimento especial: Paulo Maranfon e Ronaldo Moreira (Café)

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Das antigas - Conjunto Big Brasa no Clube Líbano


Crédito da foto: Blog do Big Brasa

Conjunto Big Brasa em noites de embalo no Clube Líbano Brasileiro

O Clube Líbano Brasileiro


 C om uma excelente estrutura, bem localizado (sua sede em 1971 ficava na Tibúrcio Cavalcante, na Aldeota), possuía um palco com boa acústica e altura em relação ao grande salão de dança. A entrada para os músicos podia ser feita por duas escadas laterais, praticamente sem vista para o público. Uma iluminação discreta e adequada aos diversos ambientes favorecia a beleza do ambiente. Muitas mesas e espaços amplos, que favoreciam a boa circulação dos presentes. À parte ainda a Boate do Líbano, que ficava ao lado, na mesma área do Clube, e servia para eventos de menor porte. Os festivais realizados no Líbano tinham um sucesso antecipado e a procura muito grande. Todo mundo queria ir, participar e dançar ao som de muitos conjuntos bons que por lá passaram.

A presença do Conjunto Big Brasa no Clube Líbano
Vale recordar o que era muito bom! Sim, as festas no Clube Líbano, de Fortaleza, Ceará, eram muito animadas. E foram muitas aquelas em que o Conjunto Big Brasa deixou sua presença. Para os mais novos, que não conheceram o Clube Líbano e nem o Conjunto Big Brasa, vai uma pequena síntese do que se passava naquelas noitadas inesquecíveis.


Antes das festas

O preparo começava cedo, com o transporte dos equipamentos do Conjunto Big Brasa para o clube. Eu chegava sempre mais cedo, ajudava e acompanhava a montagem. Preocupava-me seriamente com todos os compromissos. Como na época as dificuldades de pessoal eram maiores, eu mesmo tinha o cuidado de até afinar bem os instrumentos, deixando-os “no ponto”, como se diz, para que cada um dos nossos músicos apenas conferisse antes mesmo de iniciar. O posicionamento das caixas de som e amplificadores, localização dos teclados, da bateria e dos microfones. E a rápida passagem de som para ver se tudo estava perfeito. 


O início dos bailes

Ao lado: Foto interna do Clube Líbano Brasileiro em 1966. Acervo de Regina Célia Sales.

Muitas vezes o Conjunto Big Brasa, que tinha como uma de suas características a pontualidade, iniciava a festa com um tema que fosse, sem dúvida, impressionar todos os presentes. Os pequenos toques de guitarra (poderiam ser alguns riffs, como se emprega hoje em dia) eram o bastante para agitar a galera. Eu curtia muito dar uma animada no pessoal, minutos antes, com alguns efeitos de minha guitarra e usando pedais como o wah-wah. Um detalhe: este tipo de pedal foi inaugurado pelo Conjunto Big Brasa em uma apresentação no Clube Líbano! Como possuía um som característico e que as pessoas ainda não estavam acostumadas a ouvir, nós achávamos muita graça quando víamos pessoas, instintivamente, imitando, com trejeitos na boca, sem sentir, o som do wah-wah. O Tema do Aeroporto era uma das músicas muito tocadas no período. E a utilização do wah-wah pela guitarra chamava a atenção pela sonoridade e pelo próprio efeito. 

O primeiro pedal tipo “wah-wah” de Fortaleza - Crédito da foto

Um tema musical pesado de muito sucesso



Dia de ensaio noQG do Big Brasa e nosso amigo e contrabaixista Lucius Maia nos apresentou a música In A Gadda da Vida", da banda Iron Butterfly. De gosto musical muito apurado (rock, jazz, blues) ele acertou mais uma vez em cheio, como se diz. Após os devidos ensaios a referida música passou ao repertório do Conjunto Big Brasa. O tema musical favorecia a uma improvisação intensa, com a utilização das imagináveis viagens que todos nós fazíamos, durante sua execução. O Lucius Maia lembrará com toda certeza, assim como os demais integrantes do Big Brasa naquele período, do impacto que a música fazia ao ser iniciada. Um bom volume, com tudo bem ensaiado para proporcionar um bom espetáculo.

E assim se passou uma fase de ouro para todos nós, que fizemos o Conjunto Big Brasa, bem como para todos aqueles que conosco participaram das festas, que dançaram ao nosso som e que curtiram muito de um repertório selecionado.  


Guitarrista-solo do Big Brasa


terça-feira, 29 de março de 2016

Das antigas - João Pilão e o transporte coletivo em Fortaleza


"João Pilão Personagem Popular na galeria dos Esquecidos.

João Amora Moreira, nasceu em Aquiraz aos 14 de junho de 1914. Faleceu em 2 de maio de 2000. Casado com Nedir Nogueira Moreira, falecida dois meses antes dele, deixou sete filhos. Veio para Fortaleza em 1941, já trabalhando como motorista de uma fabrica de aguardente. Nesse mesmo ano trocou o caminhão pelo ônibus e trabalhou com os primeiros empresários de ônibus de Fortaleza, na Empresa Pedreira (1929) de propriedade dos Srs. Oscar Jataí Pedreira e João de Carvalho Góes, de onde faziam as linhas: Vila São José/Centro; Jacarecanga/Centro; Brasil Oiticica/Centro e Carlito Pamplona/Centro. Depois o Sr Oscar Ficou comandando sozinho o empreendimento.
Eram essas as quatro concessões inicialmente dadas aos empresários. Foi aí que João Amora popularmente em toda Fortaleza motorizada e usuária de transporte coletivo, ficou conhecendo João Pilão. Folgava rapidamente uma mão do volante e acenava para o povo.

Só dirigia de bem consigo mesmo, e sorria para os passageiros. Foi um vereador que não tivemos, se tivesse sido um aproveitador por sua popularidade. Trabalhou ao volante até 1972 quando merecidamente obteve sua aposentadoria previdenciária, aproveitando o encerramento das atividades e perca de concessão da Empresa Pedreira. Ainda cheguei a passear em seus veículos da marca GMC e Ford com carrocerias de madeira, fabricadas em 1946. Depois a frota recebeu ônibus de carroceria Grassi, que com o encerramento das atividades da empresa, ainda me lembro de um dos carros vendidos por Pedreira fazendo a linha Centro/Antonio Bezerra Via Genibaú.

A rua Padre Mororó em 1943. Arquivo Nirez

Rua Padre Mororó ao lado do Cemitério São João Batista. Acervo Diário do Nordeste

João Pilão residindo na Capital, primeiro morou na Rua Padre Mororó defronte ao Cemitério S. J. Batista, depois foi para o Bairro Carlito Pamplona, vindo a residir na Rua Assis Bezerra e por ultimo na Rua Coelho Fonseca até quando nos deixou.
Busquemos recuar no tempo. Foi em 1910 a aprovação pelo Governo Federal do primeiro regulamento para o transporte rodoviário, embora o empreendedorismo fizesse com que o presidente do Ceará, Nogueira Accioly no ano de 1908, arriscasse e concedeu privilégio por cerca de dez anos a Júlio Pinto explorar empresa de carros automóveis, objetivando transportar passageiros e cargas. Dentre as cidades e vilas contempladas mencionamos: Maranguape, Aquiraz, Itapipoca, Canindé e Aracati.
Julio Pinto e seu associado Meton de Alencar importando carros, fundaram a Auto Transporte Cearense. O primeiro carro a circular em Fortaleza foi um HAMBLER que aos 28 de março de 1909, rodou na cidade causando apoteose aos que o viram rodar. Foi um veiculo muito precário.

Automóvel do Dr. Meton de Alencar e Júlio Pinto - Arquivo Nirez

Em 1915, nosso Estado recebeu das mãos do governo um órgão que se destinou peremptoriamente ao controle do serviço de transporte. A Inspetoria fora subordinada à Secretaria de Justiça e Segurança Publica.

A Associação dos Chauffeurs teve sua fundação aos 19 de julho de 1924, sendo anos depois transformada em Sindicato. Depois o dia 25 de julho foi instituído como o DIA DO MOTORISTA, para coincidir com a tradição religiosa fazendo menção a São Cristóvão.
Só lembrando: Oscar Jatí Pedreira faleceu em dezembro de 1977, deixando a viúva a Sra. Francisquinha, daí sua Mansão na Avenida Francisco Sá nº 1855 se chamar VILA QUINQUINHA. Depois a família resolveu vender a propriedade e quando de sua demolição desnecessária, desapareceu um grande galpão, que era a garagem da empresa do Pedreira. Assim é que a aristocracia do Jacarecanga foi se acabando."


Assis Lima
Radialista/Escritor



sexta-feira, 18 de março de 2016

Rua José Avelino - O bonde e a feira-livre


A estreita rua José Avelino, ainda possui o mesmo calçamento de pedras toscas, que guarda memórias da Fortaleza de outrora.

No início do século XX a rua virou palco de conflitos entre duas empresas, a Ligth e a Pedreira. Uma queria instalar os bondes e a outra, por fornecer as pedras toscas do calçamento, temia por sua destruição pelos trilhos do bonde.  




No dia 31 de dezembro de 1926, a antiga Rua do Chafariz, recebe o nome de Rua José Avelino (trecho compreendido entre os armazéns da praia (Travessa Icó) e o término da linha de bondes da Praia de Iracema).

A rua presta homenagem a José Avelino Gurgel do Amaral (1843-1901), aracatiense, bacharel e doutor em direito, jornalista e deputado.



Segundo estudos do arquiteto Liberal de Castro para abertura do processo de tombamento do calçamento da antiga rua do Chafariz, a cidade de Fortaleza, foi construída sobre imenso areal cercando pântanos, sempre apresentou muitas dificuldades à mobilidade urbana, seja de pessoas, animais e/ou veículos. 
A pavimentação reivindicada desde o século XVIII, só foi atendida na segunda metade do XIX, e num momento de crise, quando se precisou realizar obras públicas para aproveitar a mão de obra de sertanejos que migraram para a cidade por ocasião da seca de 1877. As pedras da pavimentação, nesse período, vinham da pedreira do Mucuripe




Limpeza das ruas


No começo do século XX, a pavimentação da rua precisou ser ampliada e adaptada para receber os trilhos dos bondes da Ligth. A criação dessa linha de “auto-bonde” gerou muitos desentendimentos entre a Ligth e a Pedreira (empresa responsável pelo fornecimento das pedras toscas), levando inclusive a acontecer conflitos de rua. 

Se a pavimentação das ruas foi uma exigência do passado, a instalação dos bondes foi um marco na modernização da cidade. As pedras toscas da Rua José Avelino, são vestígios materiais e signo dos movimentos das pessoas que fizeram e fazem a cidade de Fortaleza. 



O tombamento da rua é justificado por se trata de um dos poucos trechos da zona antiga de Fortaleza que ainda mantém pavimentação original em pedra tosca. Diante do que foi exposto compreende-se a importância dada a essa rua pela representação que ela possui na memória e na história de Fortaleza, em particular na história dos transportes coletivos. A intervenção que vem sofrendo a rua, com a presença do comércio (feira livre), proporciona grande preocupação do poder público municipal, pois a ocupação desenfreada do logradouro, pode trazer prejuízos materiais ao patrimônio público.



Fatos Históricos da rua


08 de setembro de 1813 - Inaugurado com grande festa, o primeiro chafariz de Fortaleza, dando nome a rua em que foi instalado (Rua do Chafariz), na gestão de Manuel Inácio Sampaio (Governador Sampaio). A título de curiosidade, o local do antigo chafariz, hoje é o nº 8 da Rua José Avelino.



Iluminação Pública


31 de dezembro de 1926 - A rua do Chafariz é denominada Rua José Avelino.

29 de março de 1930 - Um incêndio destrói o Café e Mercearia Maranguape, de propriedade de José de Lima Castro, na Rua José Avelino.

Maio de 1949 - J. A. Siqueira, de José Alcy Siqueira, muda-se de prédio alugado na Rua José Avelino nº 283, para prédio próprio na Rua Dragão do Mar nºs 35/49.

02 de dezembro de 1949 - Instala-se a primeira empresa de recauchutagem e regeneração de pneus de Fortaleza, a Tyresoles do Ceará Ltda., na Rua José Avelino 226, de J. Gentil Barbosa & Companhia.

14 de fevereiro de 1962 - Irrompe um incêndio no depósito da Sociedade Comercial Ltda - Socil, na Rua José Avelino nº 210, destruindo mais de 20 mil quilos de algodão.

17 de fevereiro de 1968 - O Centro dos Exportadores inaugura sua sede própria, na esquina da Avenida Alberto Nepomuceno com a Rua José Avelino. Seu primeiro presidente foi Alfredo Salgado.




O calçamento em pedra tosca da rua José Avelino, foi tombado em dezembro de 2012 (Decreto 13.035/2012 DOM, n º 14.942 de 21/12/2012) pela Prefeitura Municipal de Fortaleza e hoje é patrimônio cultural material da cidade. O ato confere à via proteção e conservação.


O documento estabelecendo o tombamento definitivo, foi assinado em 2012 pela então prefeita Luizianne Lins. As orientações, previstas nos documentos, incluem restauração de todo o calçamento da rua, devolvendo a pavimentação original, padronização das calçadas e demarcação de onde estavam instalados os trilhos dos antigos bondes.





Apesar de limitada por horários e dias determinados pelo Poder Público, o comércio continua ocupando, de maneira ilegal, uma via pública, agora tombada.
O Ministério Público já solicitou a retirada dos feirantes do local, pois o 
calçamento original está sofrendo com toda essa ocupação desenfreada. Muitas das pedras estão soltas ou foram levadas, deixando buracos que dificultam a mobilidade, além de acumular lixo.



Por meio de nota, a assessoria de comunicação da Secretaria Regional do Centro (Sercefor) informou que só poderá realizar uma ação mais efetiva de preservação e manutenção do logradouro quando a feira, de fato, for deslocada para outro endereço.





A atividade comercial atacadista de moda em torno da José Avelino abastece cidades do interior do Ceará, cidades do Piauí, Maranhão, Pará, Rondônia, Rio Grande do Norte e Paraíba, dentre outros. E emprega entre 10 a 12 mil feirantes (mais os indiretos) que atendem a uma média de 100 ônibus por feira, com duas feiras por semana. Cada ônibus traz, em média, 50 compradores (sacoleiras) que compram R$ 5.000,00 por feira. 





Fazendo as contas: a grosso modo, são mais de R$ 2,4 bilhões de vendas por ano! 
Mais de 480 mil visitantes por ano!
Porém, o que falta, portanto, é um espaço e local adequado!
Os carros ficam estacionados irregularmente dos dois lados ou em fila dupla. A grande quantidade de lixo no meio do movimento frenético de vendedores e mercadorias incomoda.







No caso do tombamento da Pavimentação da Rua José Avelino, a arquiteta da 
Coordenação de Patrimônio Histórico-Cultural - CPHC esclarece que trata-se de um raro exemplar em Fortaleza de um transporte que foi usado em alguns lugares no Brasil, que é o bonde de burro – um grande bonde que usava pneus e era puxado por burros. “O bonde passava na José Avelino. É uma pedra tosca retirada da pedreira do Mucuripe. Se visualizarmos nos momentos em que a José Avelino está tranquila perceberemos os dois trilhos de pedras formando o trilho por onde esse bonde percorria. Por isso foi tombada”, explica. 






Fontes: http://mapa.cultura.ce.gov.br/ Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo/ Portal do Ceará de Gildásio Sá/ Diário do Nordeste/ O Povo e http://defender.org.br/

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: