Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O dia que a ponte desabou!




A parte marcada (em laranja) na imagem foi o tamanho da cratera. Assis Lima

"Estávamos numa manhã chuvosa, naquele abril de 1967. Os ônibus do Oscar Pedreira dentro da Vila São José havia mudado sua rota; todos os veículos estavam adentrando pela Rua Dona Maroquinha, no sentido inverso fazendo ponto final, justamente na Rua Júlio Cesar e Leda por onde os coletivos entravam. Os operários da Fábrica São José, desviaram seu trajeto tornando periculosa a passagem transitando por entre os trilhos da Via Férrea, único recurso para chegar ao trabalho. Isso desorientou de certa forma os moradores e com a publicidade veio à tona: A ponte que nós havíamos batizado nº3 sobre o Riacho Jacarecanga (foto ao lado), com as fortes chuvas que havia trasbordado pelos bueiros levou o aterro com pedras toscas, ficando uma cratera em plena via pública (a Ponte nº 1 era na Francisco Sá e a nº2 na Rua São Paulo (Monsenhor Dantas).


O Coronel Philomeno havia determinado (em plena ditadura Vargas) com o Padre Pio, então pároco dos Navegantes, a que todas as procissões de 4 de outubro dedicadas a São Francisco, passassem pela ruas de sua vila operária. Mas, numa festividade religiosa deste porte, vem gente de todos os bairros periféricos. Nesse dia do desabamento da ponte, o mar de cabeças humanas fora só com moradores da vila.

A ponte ainda em madeira.

A construção em concreto.

Nossa comunidade virou cidade fantasma. Só teve uma vítima fatal:“o feroz” um cão, animal de estimação do Seu Ernesto e Dona Ivanilde. A correnteza levou o bichinho. O pranto foi intenso. O Corpo de Bombeiros Sapadores, depois só Corpo de Bombeiros (Sapadores é que não se admite voluntários) foi acionado fazendo um cordão de isolamento, evitando mais desmoronamento e dando mais segurança aos curiosos que para lá se dirigiam. Ninguém ousava se aproximar do limite de segurança, haja vista ser forte o fluxo de água, levando o que encontrasse pelo caminho. As águas delineavam o curso por o descontrole, passando sob a ponte ferroviária, passando ao lado do campo de futebol da Escola de Aprendizes Marinheiros, ornamentava ao noroeste da Marinha um matagal para exercícios militares, indo desaguar no chamado pela pirambuzada de “Corrente”, ao lado da casa de praia da ilustre família Moraes Correia. A ponte caiu, ocasionando três dias de interrupção. Os bombeiros só liberaram para reconstrução, quando as chuvas amenizaram. O empresário Oscar Pedreira e o Cel. Philomeno foram parceiros de Murilo Borges, Prefeito de Fortaleza à época, e a evidência se deixa falar. Se algum dia esse local foi bem visitado, foi nessa circunstância. Feito a amarração com ferro e cimento, foi colocado areia e barro que fora amassado com aquelas máquinas, tipo rolo usadas em pavimentação asfáltica. Como o cheiro estava insuportável, a meninada começou a fazer miniaturas daquelas máquinas com latas de leite e areia, apelidando-as de “Rola Bosta”. Bem, após a nivelação de areia, colocaram pedras toscas. O trânsito normalizou e os transeuntes voltaram a palmilhação. O local ficou conhecido como Baixo da Ponte, devido aos dois níveis: Carros e Trens. Foi o maior acontecimento ocorrido na Vila São José que mexeu com o trânsito, percurso à pé das pessoas, trens passando com velocidade reduzida, ocupação do Corpo de Bombeiros e a presença do Poder Público."

 Assis Lima
(Radialista/jornalista)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

As ruas da Vila São José - Reminiscências


Foto acervo Assis Lima

"As Ruas da Vila São José tinham mobilidade, pois, cada uma delas nos levava a um destino útil. Mercearias, cabeleireiros, vendedores autônomos, até mesmo o pai do Mário Teobaldo, cidadão que era freguês do seu Dioclécio famoso por vender alpista e painço, para alimentar seus animais e o aviário. A via de exorbitante afluência era a Dona Bela, existindo três paradas dos ônibus do Pedreira que trafegavam no sentido Leste Oeste, bem no seio da Vila operária e com, as três únicas mercearias do Bairro.

Igreja dos Navegantes

A mercearia do Dioclécio (já citado), do Seu João Lima Passos e do Assis do Gás, avô do Catita. A pianista da Igreja dos Navegantes lá morava e era grande o seu número de admiradores, assim como os meninos nada gostavam de um morador defronte a uma das bodegas: era um funcionário da Secretaria de Segurança que era locado no Juizado de Menores. Seu bigodão dava ainda mais moral. Defronte a casa da pianista, era um abatedouro clandestino fundo de quintal. Seu Vicente do bode fazia seu abate, que era concorrido com o Chicó pai do Zé Boneco na beira da linha do trem, ao lado da casa da Maria Pé de Bicho. A Rua Maria Luiza era famosa por ter o privilégio da arborização e a Avenidinha da via férrea. O Pantaleão era um contador de estórias, bem como Dona Elizete que posava à sombra do pé de castanhola com outras desocupadas, e vamos cortar a vida alheia. Nessa, os transeuntes eram os praianos, os religiosos, e a coisa se intensificavam aos sábados com o povo que, pela manhã ia para feira nos Navegantes e, à tardinha o tradicional Racha dos pais de família. E haja vaia, quando a poeira levantava. Já na Maria Isabel tinha no começo a Avenidinha da Cajubraz, a casa do Chico Sete Cão, o Bar do Telles e bem no meio, em casas primitivas a oficina de rebobinagem de motores “O Dedé” pai da Vera Doida, do Chico Bocora e o Zé Pé de Pato. No final em bifurcação T com a Maria Estela era notória a Sapataria Adegerson. Muitos meninos nus nessa rua, e devido a algazarras e a brincadeira do triângulo na área molhada, foi batizada Rua do Papouco. Os líderes dessa promiscuidade eram o Pierre Sujo e o Daniel Oião. Funcionou nessa rua em que morava O Bodinho Bicheiro, Cesinha Fala Fino e Uma Escolinha particular no número 41 e que agora me foge o nome.

Cruzamento da Avenida Francisco Sá com a hoje Avenida Filomeno Gomes. Assis Lima

A Coronel Philomeno era a minha e diga-se de passagem, a mais movimentada em termos de brincadeiras. Tinha duas tropas: A “Meninos do Mato” (a nossa) e a dos “Abestados” que faziam brincadeiras sem graça. Vez por outra o Pedro Jaime “Pedro Velho” era visto nas manilhas do esgoto. O Baiano era um cidadão Baixo, gordo, torcedor pelo Bahia, e foi quem criou a filha do Pedro Velho. Até enquanto morei ali, nunca a Gracinha, Maria das Graças era seu nome, nunca ela soube que Pedro Jaime era seu pai biológico. Seu Esteves Bahia atendeu ao pedido do Pedro e assim o fez. A Pilta foi outra. Hoje mora nos Estados Unidos e também não conviveu com seu pai, que a filha de Dona Fátima nunca disse. Bem no Centro da Vila no sentido Norte Sul tinha a Travessa São Francisco. Nunca recebeu o nome de rua, pelo fato de existir apenas três casas erguidas em terreno de quintais, porém, viam-se dois oitões de casa em sentido perpendicular. Numa delas morava o Adalto Berruga. Leda era chamada Rua dos Chafarizes tal qual a José Avelino na Fortaleza antiga. Tinha reservatórios em número de dois e padronizado, objetivando atender a demanda na segunda etapa da Vila São José. Lá era a entrada dos ônibus em segundo trajeto. O primeiro era na Júlio Cesar. Agora me deixa falar de uma rua estranha. A Santana era uma travessa, com um fícus-benjamim e uma castanholeira. Poucas casas, moradores antagônicos, apenas sabe lá qual o local ouvia-se um som de algum aparelho de rádio, mas de onde vinha o som? O local era morto sem chamativo. Nessa rua os meninos dormiam cedo e em noite chuvosas tomávamos banho correndo de bica em bica, mas no silêncio da Rua Santana as goteiras choravam, jogando água na coxia, e em declive rápido ia desaguar no Riacho Jacarecanga. Era uma aversão entrar naquela rua. Era como se existisse uma testemunha ocular de plantão, acusando de algo que cometemos, e que não nos lembramos."

Assis Lima
(Radialista/jornalista)


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Avenida da Universidade - As ruas e suas modificações



Avenida Visconde de Cauhípe (Avenida da Universidade) - Assis Lima

"A Avenida da Universidade no Siará Grande era uma artéria aberta pelos holandeses que, queriam no olho chegar a bonita serra azul: Maranguape. Só que quando chegou a Porangaba se toparam com uma linda lagoa e surgiu a primeira bifurcação em Y que a cidade registra.* Os exploradores holandeses encontraram próximo outra lagoa: a de Maraponga. E as abertura foram dos dois lados. Uma chegou a serra e a outra ficou em Mondoig = Mondubim. A aventura de chegarem à Pacatuba não se concretizou. Em revista ao percurso encontrado, o Senador Alencar pai do romancista José de Alencar, achou interessante o potencial econômico dos locais descoberto pelos flamengos e os recursos hídricos que eram as belas lagoas. Não hesitou e assinou em 1836, decreto autorizando à Província seu alargamento num largo que se denominaria Praça da Bandeira. Essa foi a primeira rua aberta para o interior na época. Com a abertura a coisa foi sendo urbanizada e assim nasceu o nome Benfica, pois, se tinha uma visão privilegiada.

Mesmo trecho da foto anterior em data diferente - Assis Lima

Arquivo Nirez

Como parece que tudo que é bonito é efêmero, a imposição política nocauteia o que é de interesse e satisfação do povo. Os nomes de ruas eram mais bonitos, românticos. Na posteriori e com pedras toscas, colocaram o nome de Avenida Visconde de Cauhípe homenageando Severiano Ribeiro da Cunha (1831-1876). Natural de Caucaia ele era comerciante e Filantropo. Havia exercido vários cargos políticos sem filiação partidária. A Universidade Federal do Ceará foi criada oficialmente pela Lei N° 2 373, de 16 de dezembro de 1954, e instalada em sessão no dia 16 de junho de 1955. Aí pela localização denominou-se devido ao complexo de prédios com salas de ensino superior, Avenida da Universidade. Aliás, não gosto de chamar de Avenida, ruas de mão única. Bons nomes nunca devem ser esquecidos. Estão cogitando para que a Avenida da Universidade seja chamada de Antônio Martins, magnificência exordial na reitoria do Ceará, bem como a Rua Baturité (antiga Escadinha) se chame Christiano Câmara. Nada mais sugestivos. Agora tomemos cuidado para que esses nomes, não tirem da Avenida e/ou Rua a sua essência."

Assis Lima


* "Nesse mapa de Ricardo Carr de 1649, vê-se que a bicuração no caminho/picada indígena ficava depois do "Rivier genamt Itapeba" ( rio Maranguapinho ou Siqueira)." J Terto de Amorim

"A lagoa desse mapa é a do Mondubim. A lagoa da Maraponga não é uma lagoa de origem, mas um açude originalmente." J Terto.
 Conforme o círculo vermelho no mapa

"Nesse mapa de Baltazhar Gerbier de 1650/55, também vemos a mesma birfucação depois do nosso rio Maranguapinho/Siqueira, ou como Bergier citou : "La grande Riviere apelleé Ytapeha, pleine de Rochers". Círculo vermelho no mapa."    J Terto de Amorim

Conforme o círculo vermelho no mapa

 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Excelsior em detalhes - Parte III

Terminando nosso passeio pelo Excelsior hotel... 
Falar da emoção seria complicado, não tenho nem palavras para descrever tudo que senti ao adentrar cada cantinho adormecido do nosso gigante!
Continuo na torcida para que ele volte, o mais breve possível, a abrir suas portas e fazer muitos outros olhos brilharem com tanta beleza!!!


Chegamos no último andar antes do terraço.




 A praça vista do Excelsior.

A imponência do Palacete Ceará.

Em um dos quartos do último andar.

 Que privilégio teve o hóspede que aqui ficou...


Detalhe da pintura do que devia ser um armário ou guarda-roupa embutido...


O quarto 710

  A poeira do tempo que não perdoa...

Chegamos ao terraço



O terraço virou um grande depósito

 A vista desse ponto é deslumbrante, é como se Fortaleza repousasse aos pés  do Excelsior...


Antigos vitrais


O balcão do Bar Americano. De tão conservado, parece que os clientes haviam acabado de se retirar...

Essa escada vai para a casa de máquinas. Lá ficam as rondanas dos cabos de aço dos elevadores.



As letras que formavam o nome EXCELSIOR do antigo letreiro que ficava na fachada.
 

O antigo letreiro ainda novinho nos anos 70.

 Uma das cadeiras do Bar Americano.


Nossa catedral vista do terraço do hotel.









Bom, é isso, foi incrível! ◕‿‿ ◕
Espero ter a oportunidade de visitar mais prédios históricos!

Leia:

Excelsior Hotel - 85 anos

Veja também:

Parte I 

Parte II

Fotos: Rodolfo de Oliveira Paiva 
 Resultado de imagem para leila nobre

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Excelsior em detalhes - Parte II


Continuando a nossa viagem ao passado, não a bordo de uma máquina do tempo, mas adentrando no nosso querido Excelsior Hotel, do início da década de 30:


No primeiro andar funciona o Restô Paidégua e a sede do Consulado da Hungria (Porta ao fundo).


Vista do quarto onde esteve hospedada a aviadora Amélia Earhart

Foto feita do mesmo quarto por Amélia. A rua é a Major Facundo, antiga rua da Palma.



Detalhe da fachada pela Guilherme Rocha


Antigo eletroduto em ferro

 Botão do elevador 


Um dos extintores. O tempo parece que não passou...

Em cada andar, um detalhe diferente nas sacadas





 Um dos quartos do sexto andar


O guarda-roupa antigo


 Vista para a rua Major Facundo

  A Praça do Ferreira vista da sacada do hotel



Assim como as sacadas, alguns detalhes mudam de andar para andar, como o guarda-roupa.




Continua...

Leia:
Excelsior Hotel - 85 anos

Veja também a Parte I

Fotos: Rodolfo de Oliveira Paiva 
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NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: