Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



segunda-feira, 15 de março de 2021

Henriqueta Galeno - Quebrando barreiras através do saber e da literatura

Nascida em Fortaleza, em 1887, a escritora, docente, ensaísta e intelectual Henriqueta Galeno quebrou barreiras ao frequentar espaços que, até então, eram destinados apenas aos homens. Foi ativa nos movimentos culturais, políticos e agremiações literárias da capital. 

Henriqueta é filha de Juvenal Galeno, um dos pioneiros da poesia popular no Brasil

Henriqueta estudou no Colégio Liceu do Ceará e Imaculada Conceição, em uma época em que poucas mulheres frequentavam as escolas, e se formou na Faculdade de Direito, em 1918.

Na trajetória de Uma Literata Feminista, a cearense seguiu caminhos diferentes daqueles trilhados pela maioria das mulheres fortalezenses do seu tempo, ampliando espaços destinados às mulheres e impulsionando reflexões às suas conterrâneas cearenses acerca de seu lugar na sociedade.

A escritora não apenas seguiu por esses caminhos. Por meio da educação, da literatura e do conhecimento, ela incentivou outras mulheres a estarem presentes nos mais diferentes espaços públicos e a participarem das atividades sociais vigentes, além de seguirem na luta pelo direito de escolherem seus próprios destinos. 


Profundamente influenciada pelo pai e movida pela paixão pelo conhecimento e por seus ideais, Henriqueta Galeno fundou, em 1919, o Salão Juvenal Galeno, posteriormente rebatizado de Casa de Juvenal Galeno, espaço de extrema importância para o desenvolvimento da cultura do Ceará
No local, funcionou ainda a Ala Feminina, que reunia escritoras, poetas e ensaístas do período.


Henriqueta (de preto) e a Ala Feminina da 
Casa de Juvenal Galeno

Durante sua trajetória, Henriqueta também se dedicou a produzir ensaios, estudos e artigos que, por sua vez, eram publicados em jornais e revistas da capital cearense. 

Foi membro atuante da Associação Cearense de Imprensa e ocupou a cadeira nº 23 da Academia Cearense de Letras, tendo como patrono ninguém menos que seu próprio pai, Juvenal Galeno

Um dos maiores legados de Henriqueta foi essa bandeira de luta em reconhecimento ao valor da inteligência feminina. 
  



A editora Henriqueta Galeno, criada em sua homenagem, foi outro marco, que estimulava as mulheres, além de escritores, a produzirem suas obras, assim como ela sempre fez questão de fazer.
Henriqueta também prestou um serviço de valor inestimável, que foi abrir as portas da Casa Juvenal Galeno para acolher os intelectuais cearenses, verdadeiro templo cultural.
Henriqueta faleceu em 10 de setembro de 1964. Em sua homenagem, batizaram uma rua do Cocó com seu nome.



Henriqueta Galeno é mais um desses casos de cearenses notáveis que mostraram para o Brasil – e o mundo – aquilo que temos de melhor. 
Sua trajetória é motivo de orgulho. Orgulho este que se estende a todos os artistas e pensadores que brilham, fazem e acontecem. 



segunda-feira, 1 de março de 2021

30 anos da Mega Imóveis


A Mega imóveis completa seus 30 anos de história em 2021, com cinco sedes espalhadas pela capital e uma em Juazeiro do Norte, acompanhando todo o crescimento da região do Cariri, garantindo aos seus clientes uma experiência de muito mais facilidade e praticidade na hora de alugar, investindo, para tanto, nas ferramentas e tecnologias necessárias.

Em meio a maior transformação digital vivenciada nos últimos anos, com um consumidor que busca cada vez mais a facilidade ao contratar serviços. A empresa que é reconhecida com uma das mais tradicionais imobiliárias do Ceará, se destaca no mercado como uma das poucas que consegue garantir uma simplificação do processo de locação.

Mesmo que o setor imobiliário ainda seja famoso pela burocracia absurda que emprega, com a cansativa procura pelo imóvel, o trabalho exaustivo e um tanto humilhante de encontrar um fiador, aliado a perda de tempo em cartórios, a Mega Imóveis afirma que tudo isso agora é coisa do passado.

Segundo o sócio-diretor da empresa, Tarcísio Porto, “a Mega Imóveis resolve todas essas questões. Do atendimento, que pode ser on-line, até a assinatura do contrato, ambos feitos à distância e de forma digital.”

Após compreender as necessidades dos seus inquilinos e proprietários, mesmo preservando a experiência acumulada ao longo dos 30 anos, a empresa resolveu dar início a inovação que o mercado imobiliário cearense almejava.

Esta modernização parte significativamente da disposição de novas formas de garantias e a flexibilização da fiança.

“O cliente tem as opções de alugar um imóvel contratando o seguro fiança como garantia da locação, podendo esse ser totalmente gratuito em determinados casos, ou mediante o uso do cartão de crédito.”

Tais alternativas procedem de forma rápida e eficaz, recebendo o inquilino as chaves do imóvel em menos de 24 horas, sem que o proprietário abra mão da segurança do seu negócio.


Site da empresa: megaimoveis.com


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Série TV Ceará, Canal 2 - Capítulo II - Meu primeiro contato com a TV Ceará, Canal 2

"Quando cheguei a Fortaleza, procedente de minha cidade natal São José dos Campos, em São Paulo, meus pais moraram inicialmente no Bairro de Fátima, perto do Colégio Nossa Senhora das Graças. Pouco tempo depois nos mudamos para a rua Mário Mamede, por trás da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Avenida 13 de Maio. Em outro período dos primeiros anos moramos perto da Igreja da Sé, em um edifício de apartamentos frente ao antigo Arcebispado



O passeio para conhecer a televisão do Ceará! 

No ano de 1962, com dez anos de idade, lembro que meus pais me levaram para conhecer a televisão, na Aldeota, em Fortaleza – A TV Ceará, Canal 2, da extinta Rede Tupi de Televisão. Os traços de memória desta época se mantiveram, por serem marcantes. Lembro que estive na entrada da TV Ceará e lá me mostraram uma grande artista local, que estava saindo (era a brilhante cantora Ayla Maria, que mais tarde, quando jovem, eu viria a acompanhá-la inúmeras vezes com o nosso saudoso Conjunto Big Brasa e também outras vezes pessoalmente, com o violão, no Teatro José de Alencar e em outros locais de apresentação. Vale dizer que poucas residências possuíam televisores e que a tecnologia foi se expandindo gradualmente.   


Fiquei encantado com aquele passeio e por ter conhecido a televisão de Fortaleza, lógico que apenas na parte da frente e entrada da emissora, passeio demais interessante para mim.  A entrada já era pela Avenida Antônio Sales. Logo na chegada a visão da torre de transmissão, com 108 metros, muito imponente. Achei o prédio da TV Ceará muito bonito e lembro bem que possuía um jardim e uma bela iluminação. Além disso, ressalto que tive a sorte de ter conhecido uma das principais cantoras do Ceará, a Ayla Maria. 

Em São José dos Campos nós já possuíamos televisão desde 1956, sendo que em 1959, visitei e apareci como figurante em um programa infantil em São Paulo, Capital, convidado pelo meu saudoso tio e xará João Ribeiro da Silva Filho (o Tio João, que futuramente seria o embaixador do Big Brasa em São Paulo, nos ajudando na aquisição de equipamentos). Tio João trabalhava naquela época nos estúdios Vera Cruz. E agora, após tantos anos, estamos rememorando algumas lembranças com todos vocês."

João Ribeiro da Silva Neto 


João Ribeiro da Silva Neto ( o Beiró), Músico instrumentista, de formação acadêmica, Sonoplasta e Produtor Musical, dirigente do Conjunto Musical Big Brasa, de Fortaleza, Ceará. O autor, como escritor, produziu também três livros sobre a Música no Ceará no período da Jovem Guarda, nos quais discorre sobre a Música em sua vida.


Continua... 


Leia AQUI a Parte I


domingo, 17 de janeiro de 2021

Série TV Ceará, Canal 2 - Capítulo I - O tempo passou, mas as lembranças ficaram- Por João Ribeiro

Construção da TV CEARÁ na Aldeota. Na foto, o muro já construído em ritmo acelerado. Jornal Unitário de 1959. 

Emocionante relato de João Ribeiro, fundador do Conjunto musical Big Brasa, sobre a TV Ceará, Canal 2, a pioneira:


Os registros da época sobre a TVCeará Canal 2 são escassos, porque não se tem mais conhecimento de vídeos ou filmes do período, ainda mais por em seu princípio não existia a tecnologia do videotape. Sabedor disso eu, João Ribeiro*, senti a necessidade de compartilhar com todos vocês os momentos e traços de memória de minha vivência nos anos que participei naquela emissora de televisão com o Conjunto Musical Big Brasa. E assim, depois de algum planejamento para organizar as lembranças iniciamos esta série, que compartilho com todos vocês. A fotografia abaixo foi obtida em frente ao prédio da TV Ceará, com os componentes do Conjunto Big Brasa. No pátio onde era erguida a torre de transmissão da emissora, a formação do grupo naquele período: Lucius Maia (contrabaixista), Adalberto Lime (tecladista), João Ribeiro (guitarrista-solo) e Severino Tavares (baterista). 


acervo do Conjunto Musical Big Brasa


Como era o prédio da TV Ceará, você sabe?

Após muitas buscas na Internet na tentativa de conseguir uma planta baixa do prédio, nada encontrei a respeito. Seria necessária uma planta baixa das instalações da TV Ceará para ilustrar os fatos!


Projetei então um simples rascunho da planta baixa do prédio onde funcionou a TV Ceará e a Ceará Rádio Clube, na intenção de fornecer uma ideia bem acentuada de como era o prédio, as instalações, os estúdios, o auditório etc. Esta planta baixa será utilizada em outras publicações, para melhor ilustrar os detalhes. No decorrer desta série procurei relembrar o pessoal que convivemos, nos diversos aspectos e nossas experiências musicais à frente de dois programas da TV Ceará (Show do Mercantil e Studio 2). Aqueles que participaram da televisão certamente vão reviver muitas passagens interessantes, ao passo que os que não conheceram podem ter uma ideia muito precisa de como tudo acontecia na TV Ceará Canal 2.


Da TV Ceará Canal 2 nós ainda temos em acervo fotográfico de nosso Conjunto Big Brasa na torre da televisão, imponente, com seus 108 metros de altura, a qual após o encerramento das atividades da emissora foi desmontada e retirada. Temos conhecimento que a maior parte dos registros da TV Ceará, quando foi extinta, foi perdida, o que é lamentável. Um acervo que poderia ter sido preservado para o bem da cultura cearense. Em quase todos aqueles anos iniciais não havia ainda as gravações em videotape. E quando chegaram as primeiras máquinas de VT as fitas para gravação eram poucas e os programas gravados eram apagados em gravações posteriores. E assim se perdeu quase tudo mesmo, infelizmente. Mas nesta série de artigos muita coisa valiosa para a nossa cultura musical será apresentada, como uma contribuição para as lembranças da TV Ceará, Canal 2.


Planta baixa do prédio da TV Ceará, por João Ribeiro:



Continua...

* João Ribeiro da Silva Neto é servidor público federal aposentado, tendo servido na Área de Inteligência do governo federal como Analista de Informações (Oficial de Inteligência). Atualmente é diretor, analista de fatos e editorialista do Instituto Portal Messejana, entidade de utilidade pública. Formado em Música pela Universidade Estadual do Ceará foi também o fundador do Conjunto Musical Big Brasa, de Fortaleza, no ano de 1967. Escreve também para o Blog do João Ribeiro e mantém presença nas diversas redes sociais com a página do Conjunto Musical Big Brasa. No início de 2020 gravou o Álbum Momentos, com canções de sua autoria, inéditas, muitas compostas há quarenta anos. Essas músicas foram distribuídas pelo Proaudio Studio nas principais mídias musicais, dentre eles o Spotify, Deezer etc. Escreveu também três livros sobre a Música no Ceará no período da Jovem Guarda, nos quais discorre sobre a Música em sua vida e sobre a participação do Conjunto Musical Big Brasa no cenário musical cearense. As publicações foram lançadas respectivamente em 1999 e em 2017, quando o grupo completou cinquenta anos de fundação. 


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Instituto Médico Legal (IML) - Atual Coordenadoria de Medicina Legal

Em 10 de novembro de 1986, durante o governo Gonzaga Mota, o Instituto Médico Legal (IML), que até então se localizava na Parquelândia, foi transferido para o bairro Moura Brasil.

Bom, mas vamos voltar um pouco mais no tempo e aprender um pouco sobre a história e a importância desse Instituto para o povo cearense.

No Ceará, a Medicina Legal advêm desde o período colonial, passa pelo período imperial e já no período republicano é instalado o Gabinete Médico-Legal. Porém, um marco é registrado na década de 1950, quando é decretada a lei estadual 8.102/1956, que criou o Instituto Médico Legal (IML). Nesse período, o trabalho é desenvolvido por meio de parceria firmada entre o Governo do Estado e a Universidade do Ceará (atual Universidade Federal do Ceará - UFC). 

As necrópsias eram realizadas nas dependências da primeira sede do curso médico, no Centro de Fortaleza. Já os exames de lesão corporal eram realizados nas delegacias e os de violência sexual, na maternidade estadual.

O então Gabinete Médico-Legal 

Prédio do primeiro Instituto Médico Legal (IML), centro de Fortaleza, rua Liberato Barroso, ao lado do Teatro José de Alencar 

Somente na década de 1970, buscou-se edificação em local exclusivo. Então, em 1975, o prédio destinado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) – que funcionava no bairro Parquelândia – torna-se a sede do IML. Por ser muito próximo às residências e por ter uma estrutura precária, em 1984, é iniciada a construção do novo IML, inaugurado dois anos depois, na sede onde atualmente funciona a Perícia Forense do Ceará (Pefoce). O marco da medicina legal cearense surge com a inauguração do IML Walter Porto, em 10 de novembro de 1986. No local, eram realizados os exames tanto no vivo, quanto no morto.

Sede do IML na Parquelândia

A partir dos anos 2000, surgem os desafios enfrentados em todo o país, como a expansão dos serviços periciais. Também é nesse período que se inicia o processo de interiorização da medicina legal em núcleos específicos da Perícia. Então, em 2008, foi instinto o IML e surgiu a Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) dentro da estrutura da Pefoce, órgão independente da Polícia Civil, dotado de autonomia administrativa e financeira, vinculado à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Maquete do prédio sede do IML no Moura Brasil - 
Foto de outubro de 1985. Acervo Daniel Chaves

Construção do prédio sede do Instituto Médico Legal no bairro Moura Brasil, em 1985. Acervo Daniel Chaves

Na Perícia Forense do Ceará (Pefoce), os profissionais da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) executam inúmeras funções essenciais para o desvendar de um crime ou uma situação suspeita que tenha resultado em morte ou não. O que poucas pessoas sabem a respeito da profissão é que os médicos peritos legistas realizam a maior parte das perícias em pessoas vivas, sendo elas vítimas ou suspeitas de delitos. 
Entre as perícias em pessoas vivas, os médicos peritos legistas atuam na realização de exames de lesão corporal, exame de embriaguez, exames de violência doméstica, exame de acidentes de trânsito, perícias para constatação de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), exames em crimes sexuais, exames cautelares em custodiados, exames de sanidade mental e perícias indiretas em prontuários.

Construção do prédio sede do IML no Moura Brasil.  Acervo Daniel Chaves


Construção do prédio sede do IML no Moura Brasil.
Acervo Daniel Chaves

Na Comel, que é uma das maiores coordenadorias existentes na Pefoce, existem núcleos com equipes de psiquiatria, odontologia, antropologia, tanatologia forense, traumatologia forense e de atendimento especial de mulheres crianças e adolescentes vítimas de violência. Por ser a coordenadoria que realiza exame no ser humano vivo, tem o seu funcionamento 24 horas por dia, “devido à necessidade de ser contínuo e sem interrupção, para atender tanto a demanda pertinente, quanto para garantir a proteção dos direitos fundamentais do custodiado seja que hora for”, explica o médico perito legista e coordenador de Medicina Legal, Hugo Leandro.

Construção do prédio sede do IML no Moura Brasil em setembro de 1986.
Acervo Daniel Chaves

Prédio sede do IML recém inaugurado em novembro de 1986.
Acervo Daniel Chaves

Um dos exames mais frequentes realizados na Comel é o exame de lesão corporal, que pode ser dividido em três situações. A primeira delas é o exame realizado o mais próximo possível do dia do ocorrido, para que se registre as lesões que são encontradas e se vincule ao fato alegado. Existe ainda o exame de sanidade de lesão corporal para saber se há sequelas ou não daquele fato ocorrido, e se aquela sequela gerou alguma limitação física na pessoa, que possa vir a ser usado para determinação ou agravamento de pena ou para classificar dentro da gravidade da lesão (uma lesão que o afaste do trabalho por mais de 30 dias ou afastamento definitivo devido a perda de alguma função). Por fim, existe o exame de lesão corporal cautelar, que é realizado em pessoas que estão sob a custódia do Estado. Esse mesmo exame é feito em quem é preso ou solto, ou ainda no momento em que é transferido e que ocorre algo enquanto ele está sob a guarda do Estado.



Fonte: Livro “Corpus Delicti – Medicina Legal no Ceará”. Autores: médicos legistas Renato Evando Moreira Filho e Sangelo Abreu, https://www.pefoce.ce.gov.br/, Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Usina Ceará - Fábrica Siqueira Gurgel

A Empresa, fundada por Teófilo Gurgel Valente e Antonio Diogo Siqueira, a 24 de outubro de 1924, Siqueira Gurgel S.A, Comércio e Indústria constitui uma das mais conceituadas e tradicionais empresas de nosso Estado.


Em meados da década de 70, sob a direção de Moysés Santiago Pimentel e Júlia Geraci de Mello, a Siqueira Gurgel, elevando consideravelmente a sua produtividade, mantendo a qualidade dos seus mais antigos produtos, realizou lançamentos de repercussão nacional.

Terra Cearense - 1925

Linha de Produção: O mais importante lançamento da Siqueira Gurgel, no ano
de 1977, foi o SABLET, denominação escolhida para simbolizar uma conquista excepcional dessa empresa no campo em que tradicionalmente vinha atuando. Realmente, esse novo tipo de sabão em tablete foi o resultado de longos anos de experiência. A excelente qualidade do produto, foi possível graças ao moderno equipamento que a empresa possuía — o primeiro do gênero no Ceará. Anteriormente, os produtos similares consumidos em nosso Estado, tinham que ser importados do sul do País ou da —Bahia, Pernambuco, Maranhão e ParáCom a trilogia PAVÃO (sabão marmorizado), PAJEÚ (óleo comestível) e SABLET (sabão tablete), a Siqueira Gurgel alargou a suas perspectivas no mercado nacional, estabelecendo uma linha bastante avançada, constante de óleos vegetais comestíveis e industriais de algodão, babaçu e tucum, bem como sabões, sabonetes e glicerina.

O Mercado: A Usina Gurgel (Usina Ceará), que daria origem à Siqueira Gurgel S. A. Comércio e Indústria, já em 1921, demonstrava o seu pioneirismo na fabricação de óleos e sabões, adquirindo equipamentos na Inglaterra e Estados Unidos e contratando os serviços de um químico inglês, visando elevar à qualidade dos seus produtos. Com essa preocupação, essa empresa pôde conquistar a preferência do mercado regional, hoje se estendendo à sua atuação aos mais longínquos pontos do território nacional. 


Como tudo começou

A decisão de constituir a firma Siqueira Gurgel, que teria como objetivo a fundação de uma grande fábrica de óleos vegetais e sabão, por parte das firmas A. D. Siqueira & Filho (de Antônio Diogo de Siqueira), Theophilo Gurgel Valente, Philomeno Gomes & Cia., Proença & Cia. e José Lauriaadveio da percepção de certos fatos, por parte de seus proprietários, quando partilhavam a experiência da instalação de um escritório comercial, cuja finalidade era a distribuição, no Ceará e fora dele, por um regime de quotas, dos sabões produzidos nas fábricas pertencentes a cada um deles. 

A experiência com esse escritório levou os seus participantes a perceberem que as vantagens para todos, decorrentes dos ganhos de escala, que seriam obtidas pela produção de óleos vegetais, que se destinariam à fabricação de sabões, em uma única e grande fábrica, seriam significativamente maiores que se a produção continuasse a se dar de forma fracionada. A partir dessa percepção, constituíram a referida firma e decidiram instalar a Usina Ceará


Antigo prédio da Usina Gurgel, de Theophilo Gurgel Valente, 
onde seria estabelecida a Usina Ceará.


Reclame veiculado no
Jornal do Ceará em
21 de junho de 1937
O quadro econômico-financeiro para o estabelecimento de tal usina 
mostrava-se extremamente favorável e isto foi também percebido por seus empreendedores: 1) a sua instalação e funcionamento poderiam vir a gozar dos favores concedidos, pela legislação federal e estadual em vigor, aos beneficiadores e/ou exportadores de algodão e subprodutos; 2) a cotonicultura cearense vivia momentos de grande prosperidade, o que significaria uma oferta de matérias-primas farta e barata e uma grande possibilidade de bons negócios de exportação; 3) os capitais já acumulados nessa fase de prosperidade, por seus empreendedores, com o beneficiamento e a exportação de algodão, bem como com a fabricação de seus subprodutos (fios, tecidos, óleos e sabões) financiariam os investimentos necessários para o seu rápido estabelecimento; 4) o amplo mercado interno para o sabão, cuja demanda crescera muito em decorrência da elevação da renda no  Estado - resultante da conjuntura favorável que estava a viver o seu comércio exterior e ainda dos vultosos gastos públicos da política de combate à seca do Governo Epitácio Pessoa (1919-1922) - e do crescimento da sua população, sobretudo a da capital.


Fachada da Usina Gurgel na avenida Bezerra de Menezes com avenida José Bastos, hoje Avenida José Jatahy. Arquivo Nirez

A Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda. foi constituída, em 24 de outubro de 1924, como uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada, com o capital inicial de 1.500 contos de réis, divididas em 150 quotas iguais de 10 contos, assim distribuído entre os sócios: Theophilo Gurgel Valente -30 quotas (300 contos); Philomeno Gomes & Cia. -30 (300 contos); A. D. Siqueira & Filho -30 (300 contos); Proença & Cia. -30 (300 contos); e José Lauria -30 (300 contos).
Os capitais que lhe deram origem eram exclusivamente os de seus sócios, não recebendo a firma no momento de sua constituição, ou depois, qualquer auxílio financeiro dos governos federal e estadual. Do mesmo modo, não usufruiu ela de nenhum dos favores da legislação já referida, tendo-se notícia apenas de que o governo estadual lhe concedeu, pela Lei nº 2.305 de 23/10/1925, isenção, por 15 anos, de todos os impostos de carácter estadual, para uma fábrica de artigos de
perfumaria a ser instalada na Usina Ceará.



A Firma Theophilo Gurgel Valente, como parcela de sua quota na sociedade, cederia o terreno e algumas instalações já pertencentes à Usina Gurgel*, no Bairro do Matadouro, onde seria estabelecida a Usina Ceará. Por sua vez, todas as firmas pertencentes à sociedade cederiam as máquinas que já utilizavam em suas respectivas fábricas de óleos e sabão, de modo que, de início, não houvesse necessidade de adquirir máquinas novas para a usina e ficassem as despesas, relativas à sua instalação, praticamente reduzidas às da construção de seu prédio. Esse procedimento, adotado pelos sócios, tornou possível a rápida entrada em atividade da usina, já em 1925.

Fábrica Siqueira Gurgel Ltda na Avenida Bezerra de Menezes com José Jatahy. Hoje no local se encontra o Big Bompreço. Anuário do Ceará de 1975. Acervo: Herlanio Evangelista

Foto aérea da Usina Ceará, Siqueira Gurgel & Cia Ltda, Bairro Farias Brito, em 1954. Acervo William Beuttenmuller

Com a entrega de todas as suas máquinas e equipamentos à Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda., todos os seus sócios se obrigaram, por cláusula contratual, a não mais atuar no ramo de óleos e sabão, não apenas enquanto permanecessem como sócios, mas também depois de suas retiradas da firma. Com isso, a Usina Ceará passou a ser, praticamente, a fabricante exclusiva de óleos e sabão em Fortaleza e a maior desse último produto em todo o Estado.



Em 1927, a Usina Ceará consumiu 3.606.273 kg de caroço de algodão, para produzir 3.146.543 kg de resíduo, 42.329 kg de línter e 354.558 kg de óleo, que eram destinados, integralmente, à sua fabricação de sabão, cujo volume de produção, desse ano, não consta na fonte onde foram encontrados tais dados (Relatório do Presidente José Moreira da Rocha de 1928).

Arquivo Nirez

Em 1928, segundo dados da Revista dos Industriais, essa usina produzia, mensalmente, 420t de resíduo em pasta (que eram exportadas, em parte, para outros estados e exterior), 60t de óleo de algodão, 40t de óleo de mamona, 400 t de sabão (destinadas a Fortaleza e ao resto do Ceará), além de 600t de sílex, ocupando 800 operários.

A partir de setembro de 1927, a Usina Ceará passou a pertencer apenas às firmas A. D. Siqueira & Filhos e Theophilo Gurgel & Cia. devido à retirada dos outros sócios: em 14/06/1926, registra-se a retirada de José Lauria da sociedade da Siqueira, Gurgel, Gomes, & Cia. Ltda. e, em 1927, respectivamente nos dias 16/03 e 05/09, as saídas das firmas Proença & Cia. e Philomeno Gomes & Cia. Com a retirada dessa última firma, será constituída uma nova firma denominada Siqueira & Gurgel Ltda., em substituição a Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda., que permanecerá com o mesmo capital de 1.500 contos de réis da firma extinta, tendo o total de suas 150 quotas ou ações a seguinte divisão: A. D. Siqueira & Filhos (72,75%) e Theophilo Gurgel & Cia. (27,25%). 

Reclame da Usina Ceará, publicado no Almanaque do Ceará, de 1930.


Anuário do Ce, 1977.  Renato Pires

Pedro Philomeno Gomes
, ao se retirar de tal firma, sairia definitivamente do ramo de óleos e sabão, passando a se dedicar apenas ao ramo cigarreiro e têxtil. Já Amarílio Proença, o sócio realmente atuante da Proença & Cia, na Usina Ceará, voltaria a atuar na indústria de óleos e sabão, posteriormente, não com a reativação da Fábrica Proença, mas como sócio, novamente, da Siqueira & Gurgel Ltda., a partir de 1930.
Com isso continuaria a Usina Ceará a ser, praticamente, a única grande produtora de óleo de caroço de algodão e sabão, no Ceará, até o surto de fundações de fábricas de óleos na década de 1930.

Em 1930, além de instalações para produzir óleos, resíduos, tortos e sílex, a Usina Ceará dispunha de modernas instalações, com capacidade para beneficiar 200 t de algodão, produzir 20 t de fios grossos para redes e cordões para embrulhos e 10 mil redes, mensalmente (Almanaque do Ceará de 1930). Posteriormente, adicionaria a essas atividades a produção de adubos agrícolas e farinha de ossos (Almanaque do Ceará de 1932).

Como as espécies de sabão produzidas pela Usina Ceará eram de baixa qualidade, teve ela sérios problemas, nos anos imediatos à sua instalação, com a concorrência no mercado cearense que lhe foi imposta pela Saboaria Amazônia (de Soares & Carvalho). Tal saboaria, situada no Pará, produzia sabões de melhor qualidade (os seus famosos sabões das marcas Borboleta e Tartaruga), que tinham maior aceitação que os da Usina Ceará nos segmentos populacionais de maior renda do Estado, sobretudo nos de Fortaleza. A estratégia encontrada, pelos dirigentes da Usina Ceará, para escapar dessa concorrência, foi a concentração das vendas de seus produtos nos mercados de baixa renda do interior cearense, para onde seguiam via E. F. de Baturité. Somente com a elevação da qualidade de seus sabões, conseguida com a aquisição da fórmula do sabão Borboleta, da Saboaria Amazônia, através do filho de um de seus sócios, que se desentendera com o pai, a Usina Ceará livrou-se definitivamente dessa incômoda competição. Superada essa crise inicial, a Usina Ceará sobreviveria até a década de 1990, mudando diversas vezes de proprietário. 

Os produtos da Siqueira Gurgel foram e são populares entre os cearenses. Os nomes dos produtos fabricados, tais como o sabonete Sigel, o óleo Pajeú, a gordura de coco Cariri e o famoso sabão Pavão, fazem parte da cultura do Ceará. Um dos textos de um dos famosos jingle do sabão Pavão, sobrevive na alma cearense:
"Uma mão lava a outra com perfeição, e as duas lavam a roupa com sabão Pavão".


Intervalo Sabão Pavão em 1994

O nome da personagem estampada na embalagem do óleo Pajeú, a
Neguinha do Pajeú, transformou-se em uma expressão bastante usada pelos cearenses para nomear uma pessoa sapeca e sem modos. A propaganda ficou famosa por trazer pessoas com fantasias vulgares de peixes e vegetais, dançando ao som do jingle da propaganda enquanto eram preparados em uma panela gigante.

Publicidade do Óleo Pajeú, publicada no Jornal O POVO em 12/05/1973. 

Chegou o novo Pajeú.

É um amor!

O novo Pajeú é o amor das donas de casas e das cozinheiras.

Leve! Delicado! Puríssimo!

E fazendo charme em sua nova embalagem cilíndrica: muito mas prática, fácil de usar, econômica.

Novo Pajeú é um amor!

Óleo Pajeú, um produto Siqueira Gurgel S.A.

Gif


Publicidade do Sabão Pavão, publicada no jornal  O POVO em 26.02.1930 

Sabão Pavão
Cuidado com as imitações grosseiras
Só é legítimo o que for consistente (duro) e tiver o carimbo:

PAVÃO

E os dizeres: Siqueira e Gurgel, LTD

Outros produtos que também fizeram muito sucesso entre os cearenses:

Rótulo do Sabão Elephante. Arquivo Nirez

Rótulo do sabão Águia. Esse era o rótulo da caixa de madeira. Arquivo Nirez

Rótulo do Sabonete Sigel, nome extraído da firma que o fabricava, Siqueira Gurgel. 
Arquivo Nirez

Rótulo do Saponáceo Pavão. "Saponáceo era um tijolo para fazer limpeza na hora de lavar a louça, substituía o Bombril." Nirez

No final dos anos 90, a Siqueira Gurgel foi vendida para a família Viana e as instalações da fabrica foi transferida para Caucaia. O terreno da avenida Bezerra de Menezes com José Jatahy (antiga José Bastos), onde funcionou a fabrica, foi vendido para a rede de supermercados Bompreço.

Usina Ceará , de Siqueira & Gurgel LTDA no Bairro Otávio Bonfim.
Registro de 1941. Acervo William Beuttenmuller

No dia 05 de dezembro do ano 2000, é então inaugurado, no local antes ocupado pela Siqueira Gurgel, o Hiper Bompreço.

Em 2004, a Siqueira Gurgel, já na nova sede, em Caucaia, foi premiada com o prêmio Delmiro Gouveia, um prêmio que elege as cem maiores empresas do Ceará, a Siqueira Gurgel ficou na colocação 94 entre os 100.


Fundada, em 12 de outubro de 1919, a Usina Gurgel, da firma Teófilo Gurgel Valente, em solenidade que contou com a presença do presidente do Estado, João Tomé de Sabóia e Silva, o governador do Arcebispado, monsenhor Joaquim Ferreira de Melo, o presidente da Associação Comercial do Ceará, coronel José Gentil Alves de Carvalho, o diretor da Rede Viação Cearense, Henrique Eduardo Couto Fernandes, etc.


Crédito: https://www.institutodoceara.org.br/
Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Roteiro para um turismo histórico e cultural - 2005/Diário do Nordeste/ Biblioteca Nacional Digital Brasil/ Anuário do Ceará - 1976/ As múltiplas facetas de um marchante: a vida empresarial de Antônio Diogo de Siqueira - Carlos Negreiros Viana

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