quarta-feira, 12 de maio de 2010

EXCELSIOR HOTEL



Raríssimo Cartão-Postal possivelmente de sua inauguração, 1931

A primeira construção no local data de 1825 e era um sobrado (construção de dois andares) pertencente ao Comendador José Antônio Machado.
Este sobrado foi construído pelo engenheiro Coronel Conrado Jacob de Niemayer, com a utilização de mão de obra de presidiários.
No sobrado funcionou o Hotel Central e o Café Riche.
Em 1926 foi comprado e em 1927 demolido.

O sobrado que pertenceu ao comendador José Antônio Machado. Demolido depois para dar lugar ao Excelsior Hotel
Um novo projeto, inspirado num edifício existente em Milão, Itália foi construído no mesmo local, sendo desconhecido o autor deste projeto.
O construtor foi Natali Rossi, irmão de Pierina Rossi, esposa de Plácido de Carvalho, rico comerciante fortalezense, e dono do novo prédio e do hotel.
Esta construção, de estilo eclético, foi o primeiro arranha-céu da cidade e utilizava na sua estrutura alvenaria de tijolos e trilhos* de trem, (sem cimento) e é considerado "o maior edifício de alvenaria no mundo"**. A decoração interna é da própria Pierina Rossi utilizando materiais importados da Europa.


Postal de 1940
Postal de 1934
Pierina Rossi era italiana e depois de ficar viúva casou-se com Emílio Hinko, arquiteto húngaro residente em Fortaleza.
Este arquiteto foi o construtor do Palácio do Plácido, majestosa construção, cópia de um Palácio Veneziano, que o Sr. Plácido de Carvalho havia mandado construir para a bela Pierina. Ficava na Avenida Santos Dumont, possuía pequenos chalés para servirem de moradia dos serviçais do castelo.
Nos anos 60 o castelo foi vendido.

Anúncio do hotel - 1953
"Diziam se tratar do maior do mundo em alvenaria...da época..." já foi um dos orgulhos dos fortalezenses, quando era anunciado como “maior hotel do Norte e Nordeste" como descrito em cartão-postal da época.


Inaugurado em 31 de dezembro de 1931, o prédio do Hotel Excelsior possui 07 andares. Na época, era o maior prédio em alvenaria já construído no Brasil. Naquela época, o hotel oferecia luxos como água corrente aquecida, luz elétrica, cozinha internacional, correios, telefonia e excelentes cômodos. Era considerado o único hotel de luxo do Ceará. Atualmente, o prédio destina-se à moradia da família e de alguns inquilinos.


Endereço: Rua Floriano Peixoto, em frente à Praça do Ferreira .


Ficha do Hotel da época que Amélia Earhart se hospedou- 1937

Foto do início dos anos 30
Matéria do Diário do Nordeste:

EXCELSIOR HOTEL - Teve o início de sua construção em 1928. No dia 31 de dezembro de 1931 surgia em Fortaleza o primeiro arranha-céu do Ceará e "o maior prédio de alvenaria do mundo" com sete andares em estilo eclético. O Excelsior Hotel foi o primeiro hotel de nível internacional do Nordeste. Localização: Rua Guilherme Rocha, 172.

O comerciante Plácido de Carvalho, que teve forte atuação no cenário empresarial de Fortaleza, nas duas primeiras décadas do Século XX, até a primeira metade dos anos trinta, registrou seu reconhecido bom gosto, em vários prédios que construiu, destacando-se, entre outros, o famoso Palácio Plácido, que ele erigiu para homenagear sua mulher, a italiana Maria Pierina Rossi; o Cine-Theatro Majestic Palace, o Cinema Moderno e o imponente Excelsior Hotel. Dos quatro monumentos arquitetônicos só resta o Excelsior, porém, há cerca de dez anos fechado, pois como hotel encerrou suas atividades. Com nove pavimentos, incluindo o térreo e o terraço da cobertura. O Governo do Estado, através da Secult, deve efetuar, de imediato, o tombamento daquele que é apontado como “maior prédio do mundo em alvenaria”. Ocupando espaço nobre no centro da capital, na Praça do Ferreira, fazendo esquina com a Rua Guilherme Rocha, o Excelsior Hotel já foi um dos orgulho dos fortalezenses, quando era anunciado como “maior hotel do Norte e Nordeste, com a maior terrace do Brasil”. Ali, durante décadas, se hospedaram as maiores personalidades do cenário artístico, político e empresarial do País. Entrou em declínio quando o fluxo turístico descobriu as amenidades da orla marítima e o centro ficou em desuso.


A visão de um repórter

A visão do terraço do primeiro arranha-céu. Um retorno à época em que superlativos não tinham acento agudo e "vizinho" e "aprazível" se escreviam com "s". A visão do repórter que subiu ao terraço do "primeiro arranha-ceu" (sim... "céu" também não tinha acento) da cidade é o retrato do que era a Fortaleza dos anos 30. "É um terraço aprasibilissimo, de onde se descortinam belissimos panoramas do mar, das serras e dos sertões visinhos", descrevia no texto sobre a inauguração do Excelsior Hotel. Um "mundo" enxergado do sétimo e último andar. Era de onde a Fortaleza construída chegava mais perto das nuvens. Mesmo sem a pompa de outrora, ele sobrevive em um dos cantos da Praça do Ferreira, vazio e austero.


Matéria de capa, edição de O POVO de 2 de janeiro de 1932:

O hotel começara a funcionar no primeiro dia do ano. "Hontem", detalhava o jornal. A solenidade de inauguração, no entanto, se dera às 16 horas do último dia de 1931. Até o interventor federal estava lá, era o senhor Carneiro de Mendonça. O prédio que mudava a cara da cidade virou acontecimento. Decoração, infra-estrutura, tabela de preços, tudo estava lá, detalhes minuciosos na matéria sobre a inauguração. Boa parte da população nunca conseguiria hospedar-se ali ou muito menos pronunciar o nome da "poderosa organização universalmente conhecida".

O fabricante do material de refrigeração do hotel era a Copeland Products inc. de Mountm Clemens, Michigan, ENA. O material de refrigeração era descrito em altura, largura e peso. A geladeira de oito portas do bar, por exemplo, tinha capacidade para 500 garrafas de cerveja e 12 quilos de gelo. "Os segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto e setimo andares contem apartamentos e quartos avulsos, todos obedecendo a fino gosto, elegantes decorações, instalações sanitarias de primeira ordem e agua gelada em todas as dependencias do edificio" - isso mesmo, tudo escrito sem acento.




Mais detalhes podem ser encontrados no livro Caminhando Por Fortaleza de autoria do escritor cearense Francisco Benedito de Sousa.
O Livro pode ser adquirido na Livraria do Centro Cultural Dragão do Mar, nas Bancas de Revistas na Praça do Ferreira ou diretamente do autor através do telefone: (85) 493-2518.



*De acordo com o pesquisador e ex-ferroviário, Assis Lima, os trilhos usados não foram de trens. As ferragens para a construção do prédio vieram da Polônia, juntamente com uma encomenda para a estrada de ferro de Baturité, que à época já era denominada RVC. A encomenda chegou em 1929. Fonte: Relatório da RVC de 1929, criminosamente destruído em 1998 por ser entregue às intempéries de prédio com telhado comprometido. As chuvas de 98 levou os insensíveis dirigentes da ferrovia a colocarem "papéis velhos" no lixo.¬¬

2 comentários:

  1. Leila, não sei se notaste... telefone do hotel em 1953... (55) 12 e (55) 13...

    Rogério Almeida

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  2. Quem sabe dizer se pode visitar o prédio la no Último andar?
    Agora é faculdade é?

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