terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Faquir no Abrigo



Foto de 1950 - Arquivo Nirez

Inaugurado em 1956, o Abrigo Central firmou-se como destacado ícone de Fortaleza. Localizado ao lado Norte da Praça do Ferreira, na área compreendida entre as ruas Floriano Peixoto, Guilherme Rocha, Major Facundo e travessa Pará, constituiu-se palco de marcantes acontecimentos do cotidiano citadino.

Por uma década, pois em 1966 foi inexplicavelmente demolido pela Municipalidade que o edificou, registrou fatos até hoje inesquecíveis.

Por ele, diariamente, transitavam a vida, a cidadania e a política fortalezenses. Pessoas de todas as classes sociais, profissões, credos, raças, sexos e idades frequentavam o simples e aconchegante local de comércio, serviços e, sobretudo, ambiente de encontros, discussões, informações e descontrações dos labores vivenciais.

Lanchonetes, confeitarias, cafés, tabacarias, engraxataria, lojas de vendas de discos, de selos tributários, de jornais e revistas, além de pontos de ônibus motivo de sua construção, ali serviam ao público.

Afora tais, existiam empreendimentos outros. O espaço livre maior servia a acontecimentos vários. Sorteios publicitários de veículos, exposições em geral e eventos extraordinários. Destes, lembro-me o de um faquir denominado Zokan.

 

Encerrado em urna envidraçada e lacrada, contendo cama de pregos, pequena janela para receber líquidos – sua única deglutição –, frestas de arejamento e altura que o permitia sentar-se, ficaria três meses em jejum.

A estudantada do Colégio Lourenço Filho, finda a aula, ia ver o asceta nacional. Por indagar como supria suas necessidades fisiológicas e porque não emagrecia, era convidada a deixar o local.


Artigo do amigo e colaborador Geraldo Duarte



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