Mapa da costa do Ceará de 1629, no qual se destaca a área da Barra do Ceará.
Enquanto Capitania, o Ceará não recebia atenção alguma. Sua ocupação de fato foi iniciada por Martim Soares Moreno, o capitão português que serviu de inspiração para um dos personagens centrais do romance "Iracema", de José de Alencar. O local escolhido para a fundação da cidade foi onde, Simão Nunes, a mando de Pero Coelho, construiu o Forte de São Tiago, na Barra do Ceará (Pero Coelho desembarcou na foz do rio Jaguaribe (hoje município de Aracati-CE) e avançou por terra ao logo da costa até Camocim. Conseguiu libertar a serra de Ibiapaba da presença dos franceses, sem, contudo, garantir a amizade dos índios que mantinham boas relações com os invasores. Sem o apoio para continuar a empreitada, foi forçado a recuar.
Decidido a instalar-se e explorar as terras do Ceará, funda, em 25/Jul/1604, o fortim de de São Tiago às margens do Rio Siará, hoje, Barra do Ceará, e deu o nome de Nova Lisboa ao povoado que almejava formar em torno dele. Mas, em 1606, não suportando a escassez de água e alimentos devido à primeira grande seca registrada em nossa história, foram obrigados a abandonar definitivamente o território cearense).
A Barra do Ceará é considerada o berço de Fortaleza, pois sobre este terreno foi erguida a primeira edificação da cidade: o Forte de São Tiago. É o bairro mais antigo da capital!
O nascimento de Fortaleza na barra do Rio Ceará (1645)
Devido a necessidades da reconquista do Maranhão, Martim Soares Moreno veio ao Ceará. No mesmo local que Pero Coelho construiu o Fortim de São Tiago, este ergueu, a 20 de janeiro de 1612, o Fortim de São Sebastião*. Em 1613, Jerônimo de Albuquerque visitou este fortim e convidou Soares Moreno a participar da expedição contra os franceses no Maranhão.
Forte São Sebastião, na Barra do Ceará. Em fins de 1611, acompanhado de um padre e de seis soldados, o capitão português Martim Soares Moreno regressou ao Ceará para efetivar a posse da capitania, fundando na Barra do Ceará, com ajuda dos índios de Jacaúna, um pequeno forte - o de São Sebastião... Em 1637 chegou ao Ceará a primeira expedição holandesa, que ocupou o semi-abandonado forte de São Sebastião, onde permaneceu por sete anos explorando sal e âmbar gris[¹], até que seus integrantes foram dizimados pelos índios.
Barra do Ceará, chegada de Juarez Távora em 10/11/1930 - Arquivo Nirez
"Fotografia das autoridades que chegaram de avião na Barra do Ceará em 1930. Vemos na mesma, da esquerda para a direita, sentados: Moraes Correia; Juarez Távora; José Américo; Fernandes Távora; José de Borba; e César Cals. Em pé, na mesma ordem: João da Silva Leal; Magalhães Barata; Antônio Martins Almeida; Djalma Petit (piloto); Virgilio Moraes; o menino Virgilio Távora; Landry Sales; Faustino Nascimento; e Tertuliano Siqueira." Nirez
De volta ao Ceará em 1621, Martins Soares Moreno encontrou o forte em ruínas mas reconstruiu-o tratando de apaziguar os indígenas, distribuiu sementes, mudas de cana-de-açúcar e gado, procurando lançar as bases da prosperidade da Capitania. Este Permaneceu na terra até 1631, quando teve de mudar-se para Pernambuco para lutar contra os holandeses. No comando do fortim ficaram Domingos da Veiga Cabral e Bartolomeu de Brito Freire.
Hidroporto Barra do Ceará - Arquivo Assis de Lima
Hidroporto da Barra do Ceará - Arquivo Assis de Lima
Antigo prédio do SESI na Barra do Ceará - Arquivo Nirez
Postal Barra do Ceará anos 70
Quando os holandeses estiveram no Ceará, estes fizeram mapas que mostra como era o forte e as construções ao redor deste. Já no mapa de 1649, esta descrito os nomes dos riachos Igcatu e Piraocai que desaguam no rio Ceará, bem como nomes de alguns moradores, como o Velho Carajá e Francisco Aragiba, que tinham suas habitações próximo ao forte.
Hidroporto da Barra do Ceará
Hidroavião na Barra do Ceará inaugurado em 1929
No extremo oeste de Fortaleza, o rio Ceará encontra o mar e lança homens de coragem à pescaria. Mar farto também é o patrimônio histórico do segundo bairro mais populoso da Capital. No local moram 80 mil apaixonados pela brisa do mar que espanta pra longe o calor.
Barra do Ceará nos anos 30
Partida de mais um voo no Hidroporto da Barra do Ceará na década de 40 - Arquivo Nirez
O taxista José Clodoaldo Torres, que não mora tão perto da praia, guarda um verdadeiro tesouro arqueológico em casa: parte dos alicerces do Forte de São Tiago, erguido em 1604. E considerada a primeira edificação da cidade.
Barra do Ceará na década de 70. Acervo de Paulo Leite
Acervo Albertu's Restaurantes
Anos 70 - Acervo Albertu's Restaurantes
Anos 70 - Acervo Albertu's Restaurantes
Todos os dias milhares de pessoas cruzam a ponte sobre o rio Ceará, e nem desconfiam que do lado do rio Ceará nasceu Fortaleza.
Barra do Ceará no final dos anos 70 - Gabriela Cavalcante
Anos 70 - Acervo Albertu's Restaurantes
Vista aérea sentido oeste-leste mostrando a Barra do ceará em 1977- Foto Gentil Barreira
O cruzeiro com as imagens de São Tiago, do Cristo Crucificado, de Nossa Senhora de Assunção, e São José, foi dado como presente pelo governo da Espanha para abençoar moradores como o aposentado Antônio Francisco do Nascimento, pescador letrado que versa com orgulho a história da Barra do Ceará.
Ponte sobre o Rio Ceará chamada Ponte José Martins Rodrigues. Foto de 1996 a ponte foi terminada em 97- Acervo de Everson Sales
Mesmo com a construção da ponte entre Fortaleza e Caucaia, há quase 13 anos, a travessia de barco da Barra do Ceará até a Praia de Iparana ainda é feita - Foto arquivo Diário do Nordeste
Praia da Barra - Arquivo O Povo
A Ponte José Martins Rodrigues, uma das últimas grandes obras erguidas ali, foi inaugurada há quase 14 anos. Ligando Fortaleza a Caucaia, sua extensão é de 633, 75 metros. Com ela, veio a esperança de novos investimentos para a Barra, o que acabou não acontecendo.
Este é o famosos trapiche da NAB (Navegação Aérea Brasileira) na Barra do Ceará.
Acervo Carlos Juaçaba
Acervo Carlos Juaçaba
"Na época, nos colocaram que viriam uma série de outros equipamentos e benefícios. Até hoje, estamos esperando", frisa Francisco Alberto Lopes de Sousa, ao acrescentar que, há quase duas décadas, a comunidade espera pela revitalização da área que fica no entorno da orla marítima.
Construção da Av. Costa Oeste - Foto de Miguel Portela
A prefeitura está concluindo um projeto de uma longa avenida de pista dupla com nome de Av. Costa Oeste, que interligará todos os bairros costeiros da zona oeste, começando da Barra, até o antigo "Autódromo da Leste Oeste", no bairro do Jacarecanga.
Vista aérea da Barra do Ceará - Arquivo Jangadeiro Online
Limitando-se com o município de Caucaia, o acesso à cidade vizinha é feita por meio da ponte sob o Rio Ceará chegando-se ao litoral oeste do estado, onde estão as famosas praias de Cumbuco, Taíba, Icaraí e Tabuba, dentre outras.
Mergulho da ponte da Barra do Ceará
A Barra do Ceará tem uma forte expressão esportiva e artística. É sede do Ferroviário Atlético Clube (Vila Olímpica Elzir Cabral) e do primeiro Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza, o CUCA.
Sede do Ferroviário Atlético Clube - Foto de Valmigleison
O bairro também é ninho do grupo de rock Bonecas da Barra e possui uma noite musical ativa, com vários bares abertos durante a madrugada, entre os mais conhecidos estão O Barão, Skinão Sertanejo e Sob Nova Direção, todos com música ao vivo.
Saiba mais:
Saiba mais:
No local onde foi erguido o forte de São Tiago, existe hoje o Polo de Lazer da Barra do Ceará e uma praça que herdou, inclusive, o mesmo nome do forte.
Reforma da Praça de Santiago, um dos principais símbolos da Barra do Ceará - Arquivo Diário do Nordeste
Detalhe do Forte de São Tiago, o marco da Capital cearense na Barra do Ceará - Arquivo Diário do Nordeste
[¹]Substância produzida pelas baleias cachalotes machos após um jantar à base de lula, entra na composição de perfumes – e nas antigas receitas orientais para ganhar força e aumentar a virilidade.
*Interessante salientar que o nome do Forte São Sebastião não consta em nenhum documento português (Luso), apenas em documentos Neerlandeses. Ao invés disso, encontramos o "Forte do Siara". Os lusos o chamam de Forte do Siara/Seara. Crédito: J Terto de Amorim
Créditos: CETV, Wikipédia, Diário do Nordeste, O Povo
Olá,
ResponderExcluirSou estudante de Turismo, e estou realizando uma pesquisa sobre a Barra do Ceará.Você teria/podeira me disponibilizar mais algum material sobre o assunto?Meu email: beatriiz.lm@gamil.com
Desde já agradeço!
http://www.3hpg1gh.net/gt_6/GT%206%20-%20330-SILVA_FARIAS.pdf
ResponderExcluirconforme a sua promessa sobre as reportagens do hidroporto da barra do ceará, estou satisfeito.
ResponderExcluirgrato.
luiz washington lacerda
Muito bom, parabéns pela matéria
ResponderExcluirSou professor de música e artes e estarei indicando sua página no meu blog pessoal. Caso você não concorde, por favor me informe.
ResponderExcluirObrigado.
Legal de verdade moro lá e não conhecia minhas origens. Parabéns por este ilustre arquivo.
ResponderExcluirMuito obrigada! :)
ExcluirIrei utilizar esse material para meu tcc... muito bom!!! obg
ResponderExcluirQue maravilha! :D
ExcluirBarra do Ceará.... Mar, rio e pôr do sol maravilhoso.
ExcluirO RIO SIQUEIRA
ResponderExcluirAutor: Vicente Silva Furtado
1 -
Logo após a Santa Missa
Nas belas manhãs domingueiras
Infernizávamos o PADIM
Pra tomar banho no Siqueira
Quando papai consentia
Mamãe não nos repreendia
Ficávamos a manhã inteira...
2 -
Tomávamos banho à beira
Pois não sabíamos nadar
Na "Passagem do Carioca"
Às vezes n'outro lugar
No “S”, da serpentina
Outras vezes “Nas Piscinas”
Nada de se afoitar...
3 -
Papai sempre a aconselhar
Pedindo pra termos cuidado
Pra nenhum se afogar
Foi ELE exímio no nado
Pulava da ponte, rio cheio
Nas águas turvas, bem no meio
Nadou muito no passado...
4 -
Estava do nosso lado
Nos levava pra nadar
Nas folgas com nosso PADRINHO
Adorava passear
Era um cidadão direito
Um homem bom, por conceito
Um cristão sério e ímpar...
5 -
Hoje temos a lamentar
A morte daquele rio
Que em nossa infância era belo
Pra nós era um desafio
Onde aprendemos a boiar
Onde aprendemos a nadar
No leito limpo e o asseio...
6 -
Agora está por um fio
Suas margens é um lixão
Quando o rio estava cheio
Era muita diversão
Íamos com mais intensidade
Ah, como eu tenho saudade
De minha infância, a paixão!...
7 - Reclamar hoje é em vão
Só lembranças e nada mais
Daquelas águas correntes
Onde eu me sentia em paz
Hoje amargo as lembranças
Dos domingos de bonanças
Que os anos não trazem mais...
8 -
O território da paz
Ficou marcado na história
Banhado pelo Siqueira
Rio, de belas memórias
Saibam que no Bom Jardim
Era a maior riqueza, enfim
Bons tempos de paz e glória...
9 -
Refresco essa trajetória
Pois não podia esquecer
Foram tempos bom demais
Que buscamos refazer
Nossa Fortaleza Antiga
Acolhedora e amiga
Que não deixamos morrer...
10 -
Quem sabe ainda vamos ver
As águas bem cristalinas
Do Rio, se o povo educar
Suas mentes assassinas
A palavra é preservar
E Fortaleza é NOSSO LAR...
11 -
Às vezes pego a sonhar
Vendo no leito, caminhões
Carregados de areias
Grossas, para as construções
Assim cresceu Fortaleza
Exuberante, e as belezas
Naturais, com os casarões...
12 -
Essas e outras emoções
Reminiscentes do passado
Quis aqui eu registrar
Enquanto estou lembrado
Saudoso e belo SIQUEIRA
Achei nos versos a maneira
De lhe dizer OBRIGADO!...
.....................................
Chegamos aqui, no bairro Parque São José (VILA PERY), em 07 de setembro de 1959, vindos do Arraial Moura Brasil, na Rua do ABC, depois Pirambú, acima do Morro...
Meu genitor, João TAVARES Furtado, um funcionário da RVC / RFFSA (1959 á 1979) + 16/12/2011, e filho de Lavras da Mangabeira... voltou ao Ceará, após a FAMÌLIA irem pra Castanhal-PA, pelas circunstâncias da seca de 1932; e com sezão regressou e se internou doente na Santa Casa da Misericórdia... e após a cura, se enamorou e casou-se com a enfermeira, Apuiareense, Josefa Ferreira da Silva...