Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Escola Justiniano de Serpa
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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Escola Normal do Ceará - De 1884 à 1922 (Parte II)



Em 1889, pelo Regulamento de 9 de outubro, novas alterações são implantadas,como a duração de três anos do Curso, antes de dois anos, a introdução do curso preparatório e, aparecendo a Instrução Moral e Cívica, os trabalhos manuais, música e desenho. Estabelece-se também a gratificação para Diretor¹.



Pelo Regulamento de 3 de setembro de 1896, extingue-se o curso preparatório, o Curso passa a ser de treze cadeiras, três a mais que o anterior, com a introdução de “Noções de Litteratura”, “Gymnastica” e noções de Psicologia na cadeira de Pedagogia. O ensino não poderia mais ser feito somente através da memorização, por isso foram proibidas as apostilas e as “licções dictadas”, esse deverá ser feito por meio das lições orais “seguidas de interrogações ou de exercícios práticos”



O ensino deverá ser, sempre que possível, intuitivo, das coisas. Em relação ao corpo docente da Escola, estabelece que os professores serão providos por concurso e que serão vitalícios. Nova reforma acontecerá em 1899, e vem trazendo “ligeiras mudanças, dentro do mesmo quadro de comportamento, mostrando que se trata de um só organizador [José de Barcellos], que tenta,experimenta, analisa e conclui visando uma finalidade – a formação segura eeficiente do mestre.” (Sousa, s/d: 115).


As Normalistas

Novo Regulamento surge em 1911, trazendo de volta o curso preparatório. Novamente o cotidiano da Escola continua seu ritmo em meio às tensões político-sociais vivenciadas pelos cearenses. Em 16 de julho de 1912, o Diretor Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho acusa recebimento de ofício do Tenente Coronel Marcos Franco Rabello que, em 14 do mesmo mês comunica haver assumido a presidência do estado para o quadriênio de 1912-1916. Marcos Franco Rabello sucedeu o governo de Antonio Pinto Nogueira Accioly que, após insurreição popular, foi deportado para o Rio de Janeiro, na manhã de 25 de janeiro de 1912. O acontecimento marcou o fim da oligarquia Accioly no Ceará e explica, o afastamento de Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho, cunhado de Accioly, da Diretoria da Escola Normal


Normalistas em passeio na Praia de Iracema em 1938

A sexta reforma da Escola Normal do Ceará tem origem com o projeto regulamentar de João Hippolyto de Azevedo e Sá, e foi expedido em 14 de novembro de 1918. Por essa proposta, a Escola Normal passa a ser o palco das novas idéias pedagógicas. No início do século XX, o debate pela modernização do ensino recebia nova ênfase na reformulação curricular da Escola Normal do Ceará, sob a influência da nascente industrialização, trazendo implicação direta na formação da mulher cearense. Em fins dos anos 10, por ocasião de uma das tantas reformas da Escola, seu currículo assume características tipicamente modernas com a inclusão de disciplinas como “Dactylographia”, “Stenographia”, Inglês e noções de escrituração mercantil”.




Com a I Guerra Mundial (1914-1918), há um maior desenvolvimento da indústria nacional, em virtude da queda nas exportações dos países “envolvidos diretamente no conflito”, desenvolvimento esse combatido pela facção ruralista que insistia numa sociedade agrário-exportadora tendo no café sua principal base de sustentação econômica. “As oligarquias desejavam, a todo custo, segurar a própria história!” (Ghiraldelli Jr., 1987: 26). Contraditoriamente, a expansão cafeeira gera o capital necessário ao incremento industrial que se manifesta, principalmente, na indústria têxtil e alimentícia. 




No campo educacional, as ideias escola novistas se consubstanciam nas reformas educacionais por todo o país, na década de 20. Tais ideias culminam, no Brasil, no movimento que se denominou de “otimismo pedagógico”, caracterizado pela “reestruturação interna das escolas, as mudanças dos conteúdos e métodos pedagógicos, a introdução de técnicas pedagógicas condizentes com a moderna psicologia, etc.” (Ghiraldelli Jr., 1987: 31).




No Ceará, na década de 1920, as novas idéias pedagógicas se manifestam e se consubstanciam no fio condutor dos estudos encetados pelo curso de formação de professores conduzido pela Escola Normal do Estado. Trazido por aqueles que sentiam a necessidade de reforma do ensino, e que acreditavam que essa deveria se dar à luz do novo pensamento pedagógico implementado através do curso normal, tal pensamento aliado à ação especialmente dos professores da Escola e de seu Diretor João Hippolyto de Azevedo e Sá, apoiados pela presidência estadual, teve o poder de incrementar a formação de professores e desencadear a expansão e aperfeiçoamento do ensino elementar através da figura de Lourenço Filho ².




Com a reforma de 1922, a Escola Normal do Ceará ganha novo prédio e passa a funcionar na parte de suas instalações inaugurada em 1923, na Praça Filgueira de Melo. Essa reforma introduziu novos métodos de ensino e novos fundamentos pedagógicos, além da Escola Modelo, o laboratório onde as normalistas desenvolviam a pedagogia experimental. 




A constituição da Escola Normal cearense, após a abertura de muitos arquivos, mostrou-se um processo tortuoso, pontuado por inúmeras reformas e dificuldades de concretização do ideário modernizador inscrito no projeto de criação, manutenção, expansão daquela Escola de formação de professores.




¹ Enquanto na Escola Normal, os trabalhos continuavam no ritmo de suas normatizações e reformas pedagógicas e administrativas, no Brasil a ideia de República ia se fortalecendo e encaminhando-se para sua implantação. No Ceará, a luta pelo poder ia se travando entre diferentes facções políticas que, longe de amparar-se ideologicamente nas novas ideias, buscavam formas antigas de barganhar o poder. Favorecidos pelo sistema federativo com uma maior autonomia na política local, “antigos grupos oligárquicos do Império ... continuam disputando entre si o controle do governo do Estado” (Porto, s/d: 34).

 ² Sobre a Reforma de 1922, ver o Estudo de Cavalcante (2000), onde a autora revela a descoberta de novos arquivos para uma releitura da reforma que ficou conhecida pela historiografia brasileira como a Reforma Lourenço filho.





Reportagem produzida para o programa Conexões. Projeto PETv.
Reportagem - William Santos
Produção - Rosana Reis
Edição - Saulo Lucas


Leia a Parte I
Crédito: Escola Normal do Ceará: impasses de criação e a tônica reformista - Maria Goretti Lopes Pereira e Silva e http://petvufc.blogspot.com.br

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Escola Normal - Colégio Justiniano de Serpa




O clamor por mestres que cumprissem devidamente os encargos da profissão foi uma constante em relatórios dos presidentes de província do Ceará durante todo o século XIX. Mestres devidamente habilitados eram garantia de uma boa escola.
Assim, depois de várias tentativas para a instalação no Ceará de uma Escola Normal que cuidasse do preparo dos professores, foi lançada a pedra fundamental do edifício em 2 de outubro de 1881. A escola foi inaugurada em 22 de março de 1884.
O edifício foi projetado pelo engenheiro civil austríaco Henrique Foglare. A obra ficou a cargo do engenheiro civil Henrique Theberge, responsável pelas obras públicas provinciais, sendo executada pelo mestre pedreiro Francisco de Sousa Brasil.
Concluída em 6 de dezembro de 1882, a edificação só veio a ser utilizada dois anos depois. O edifício sediou a Escola Normal até 1923, quando foi ocupada pelo Grupo Escolar Norte da Cidade. O aspecto da edificação foi provavelmente “modernizado” nessa época, quando teve sua coberta modificada, implantando-se uma platibanda no lugar da antiga coberta à vista. O frontão triangular que marcava a entrada norte também desapareceu.
Em 1947 e 1954, o prédio serviu de sede para o Instituto Médico do Ceará. A partir dessa data, funcionou como a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará. Desde 1987, sedia o atual IPHAN.




O prédio hoje

Histórico da Escola Normal do Ceará...

"A aspiração para criar escolas de formação de professores no Brasil começou ainda no Império, porém havia dificuldades na criação das Escolas Normais em todo o país. Em 1879, a Reforma de Leôncio de Carvalho, que tinha valor somente no Rio de Janeiro, foi um marco para a criação desse tipo de escola.
No Ceará, a primeira tentativa de criação de uma Escola Normal deu-se em 1837, no mandato do presidente da província, José Martiniano de Alencar. A Lei 91, de 05 de outubro de 1837, criava temporariamente a Escola Normal do Ceará, porém a escola não foi instalada por falta de recursos e continuidade administrativa. Após esse fracasso na tentativa da criação da Escola Normal, o estado ficou ainda um longo período sem sua escola de formação de professores.
Somente com a Lei 1790 de 1878, ressurge o interesse na criação da Escola Normal, que viria a se concretizar apenas no fim do Império, no ano de 1884.
A regulamentação da recém-criada Escola Normal do Ceará foi orientada por legislações concebidas em anos anteriores a sua efetivação. Essa regulamentação estava presente na Lei nº 1790, de 28 de dezembro de 1878 e no Regulamento da Instrução Pública de 1881. "Somente no ano seguinte (1885), é expedido o primeiro Regulamento da instituição”.
Escola Normal do Ceará foi o primeiro nome da nova instituição de ensino e seu prédio ficava localizado na Praça Marquês de Herval (posteriormente chamada de Praça José de Alencar). A Escola Normal teve algumas mudanças de localização durante esses anos. No período de 1919 a 1923, a escola foi instalada no pavimento térreo da Fênix Caixeiral


Escola Normal ainda em construção. Imagem de cartão postal capturada em 23 de julho de 1923. Acervo Carlos Augusto

Após reivindicações, o presidente do estado, Justiniano de Serpa, mandou construir o novo prédio da escola na Praça Figueira de Melo (onde hoje funciona o Colégio Justiniano de Serpa). A escola funcionou nesse local até 1958, ano em que se mudou para o Bairro de Fátima, já com o nome de Instituto de Educação do Ceará. Além das mudanças de locais, a Escola Normal também mudou várias vezes de nome.
Ao longo de sua trajetória a Escola Normal recebe várias denominações: Escola Normal Pedro II (Lei nº 2260, de 28 de agosto de 1925), seu segundo nome; Escola Normal Justiniano de Serpa (Decreto-Lei nº 122, de 2 de março de 1938); Instituto de Educação (Decreto-Lei nº 2007, de 7 de fevereiro de 1947) e, no final dos anos 50 recebe sua atual denominação, Instituto de Educação do Ceará (Lei nº 8559). 



Instituto de Educação Justiniano de Serpa no final dos anos 40.
Acervo Marcos Moreira

Juntamente com a Escola Normal do Ceará, foi criada a sua Escola de Aplicação, também chamada Escola Anexa, que ficou em funcionamento até o ano de 1918. A Escola de Aplicação era o local da prática pedagógica dos alunos da Escola Normal. Essa escola ressurgiu em 1922 com a denominação de Escola Modelo
Até a década de 1920, período que divide a história da educação no Ceará, a Escola Normal não tinha muito prestígio. A sua verdadeira importância deu-se somente após a Reforma de 1922, marcada pelo ideário da Escola Nova.

No Ceará, as idéias modernas de educação também já eram pregadas desde o final do século XIX. Após viagem aos Estados Unidos, o advogado e professor de latim, Amaro Cavalcante, apresentou um Relatório ao presidente da província e à população cearense. Tal Relatório foi escrito em 1881 e dava informações acerca da instrução primária americana. 


Essa linda foto de 1967, foi feita na escadaria externa do Colégio Justiniano de Serpa. Na primeira fileira, vemos a então professora de Filosofia, a Jornalista Adísia Sá (do meio, de sapatos brancos). Acervo pessoal de Maria José Melo Fraga
No Relatório, Amaro Cavalcante trata da educação de um modo geral; do método escolar; das escolas normais e da inspeção da educação pública. “O debate em torno das idéias por Amaro Cavalcante e demais fundadores da Escola Normal e suas consequências práticas preparam o terreno para que o escolanovismo florescesse a partir do impulso dado pela reforma de 1922”. 
A Reforma de 1922, mais conhecida como Reforma Lourenço Filho, realizada no governo de Justiniano de Serpa, marca o início de uma nova fase da educação no estado. Ela ocasiona mudanças no ensino primário e normal do estado."

Crédito: Janderson (Uma metamorfose ambulante)

Diz a nota: Novo prédio da Escola Normal de Fortaleza
Este prédio tem doze salas de aulas, anfiteatro, biblioteca, Museu, diretoria, secretaria, hall e outras dependências, sem contar o porão habitável que servirá para as aulas de trabalhos manuais. Gabinete de Química, etc. Representa o tipo de construção escolar higiênica e econômica. Foi orçado em 280.000$, sendo inaugurado solenemente no dia 23 de dezembro de 1923
O prédio foi construído sob a orientação do engenheiro José Gonçalves da Justa, para sediar a Escola Normal, inspirado no modelo de um colégio suíço. Sua construção teve início em 11 de agosto de 1922, em frente à Praça Filgueira de Melo, na gestão do Presidente Justiniano de Serpa. A finalização da obra se deu no governo do Presidente Ildefonso Albano, sendo inaugurado em 23 de dezembro de 1923. A atual denominação adquirida em 1961 veio em homenagem ao Dr. Justiniano de Serpa. É um dos mais tradicionais estabelecimentos de ensino de Fortaleza





Colégio Justiniano de Serpa - Antiga Escola Normal

Primeiramente chamou-se Escola Normal Pedro II, e por algum tempo deste 1918 funcionou no andar térreo da Fênix Caixeiral, à rua 24 de Maio, esquina noroeste com rua Guilherme Rocha, daí saindo em 23 de dezembro de 1923, data que se transferiu para a bela sede da Praça Figueiras de Melo, (antes chamada Praça dos Educandos e também Praça do Colégio), começada a construir em 11 de agosto de 1922, sob planta do Eng. José Gonçalves Justa, na gestão do Presidente Justiniano de Serpa, mas somente inaugurado em parte, pelo seu sucessor, Senhor Ildefonso Albano. A conclusão do Edifício verificou-se no governo do Capitão (depois Major) Roberto Carneiro de Mendonça (1931/34). Mais tarde, teve o nome de Instituto de Educação Justiniano de Serpa.


As normalistas de 1958/59 - Acervo Sônia Lúcia machado Braga
As normalistas de 1958/59 - Acervo Sônia Lúcia machado Braga
O edifício, com dois pavimentos, possui planta dividida em três vãos, ficando a escada no vão central.
Foi construído em tijolo e cal, e sua estrutura horizontal é composta de barrotes no piso superior e tesouras de madeira na coberta. Os forros são de madeira tipo saia e camisa.
A fachada principal – encimada por balaustrada e um frontão arredondado em sua parte central – possui marcações horizontais, que definem a linha de piso do primeiro pavimento e de coberta e marcações verticais, definindo o acesso e a área do balcão, também com balaústres, no pavimento superior.
Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n° 9.109 de 30 de julho de 1968.




"A Praça Figueiras de Melo contém um valioso patrimônio Arquitetônico miraculosamente preservado, nele encontramos jóias como o Colégio da Imaculada Conceição, a Igreja do Pequeno Grande e o prédio da Escola Normal. A praça que o circunda era bem traçada, com lindos canteiros e os bancos confortáveis de madeira com estrutura de ferro fundido, uma constante das praças da cidade."  


Royal Briar


Aluna do Colégio Justiniano de Serpa em 1978.
Acervo pessoal de Lúcia Araújo



Leia mais em: Escola Normal de 1884 à 1922




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