Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : João Nogueira Jucá
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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domingo, 29 de janeiro de 2017

8 Anos - Fortaleza Nobre e saudosista



No dia 29 de janeiro de 2009, nascia o Fortaleza Nobre!
A ideia de criar o site aconteceu sem pretensão nenhuma, foi somente para arquivar as fotos que eu sempre gostei de colecionar da Fortaleza antiga. Sempre tive curiosidade de saber mais da minha cidade, daquela Fortaleza que eu só conhecia através dos relatos do meu saudoso pai e dos livros de história. Minha maior curiosidade era descobrir os nomes atuais das ruas, aqueles nomes tão simples e charmosos descritos por Adolfo Caminha no seu 'A Normalista'. Aqueles caminhos narrados por Marciano, Nirez, Mozart, Rdo Girão, Rogaciano, Zenilo, Gustavo...


Nesses 8 anos, muitas pessoas, também apaixonadas pela cidade de antigamente, passaram a acompanhar e a sugerir postagens, foram me incentivando a pesquisar mais e mais e aos poucos, vamos resgatando a Fortaleza realmente Nobre! 

Vamos relembrar algumas dessas postagens?

Bondes em Fortaleza


Bonde de tração animal - Fortaleza - 1900. Em 25 de abril de 1880 é inaugurado o serviço de transporte de passageiros por bondes em Fortaleza, no Ceará. A empresa que explorava o serviço era a Cia. Ferro-Carril do Ceará. A frota constava de 25 bondes de 5 bancos cada, e funcionavam de 6 da manhã às 9 horas da noite. A foto é do início do século XX.

Um viajante inglês registrou a existência de bondes em Fortaleza na década de 1870, mas outras fontes afirmam que a primeira linha de bondes puxados por cavalos, entre a estação ferroviária e o centro de Fortaleza, foi inaugurada pela Companhia Ferro-Carril do Ceará (FCC) em 25/4/1880, usando bitola de 1.400 mm a mesma usada pela Trilhos Urbanos na linha de bondes a vapor em Recife. A Ferro Carril da Parangaba abriu uma linha para o lado Sul da cidade em 18/10/1894 e a Ferro Carril do Outeiro (FCO) iniciou sua linha no lado Leste de Fortaleza em 24/4/1896.

Náutico Atlético Cearense


Em 09 de junho de 1929, às 10 hs, é inaugurado o Náutico Atlético Cearense, na Praia Formosa, ou Praia do Marégrapho, em terreno de Manuel Borges Teles (Manuelito Borges) sendo, no mesmo dia eleita sua primeira diretoria, que tinha na presidência Pedro Coelho de Araújo, seguido de Júlio Coelho de Araújo (vice-presidente), Ademísio Barreto Vieira de Castro (primeiro secretário), Fernando Fernandes de Melo, Raul Farias de Carvalho (tesoureiro), Wandemberg Gondim Colares, Wilson Secundino do Amaral (Wilson Amaral), José Pompeu de Arruda, Renato Serra, Tomé Coelho de Araújo e José Brasil.
Em 1944 é comprado o terreno da nova sede na Praia do Meireles e em 11 de janeiro de 1948, dá-se o lançamento da pedra fundamental.

3º  Shopping Center Um

Tasso cortando a fita inaugural do Shopping Center Um.Correio do Ceará de 1974. Acervo Lucas Júnior 

Em 06 de novembro de 1974, surge o primeiro shopping center de Fortaleza, o Center Um, na Avenida Santos Dumont nº 3130; São 7 mil e 500 metros quadrados de área coberta, abrigando estabelecimentos comerciais das mais diferentes categorias e estacionamento privativo com 450 vagas, empreendimento do empresário Tasso Ribeiro Jereissati (Tasso Jereissati). Liberalidade com relação ao modo de trajar é uma das características do Center Um, onde existe, ainda, a terminante proibição de gorjetas.
Além de um supermercado Jumbo, 45 lojas servindo das mais variadas maneiras.
Havia o Shopping-Center Aldeota, mas na verdade tratava-se de um conjunto de lojas em aberto, sem nenhuma segurança ou privacidade.

 4º  Ed. São Pedro - Antigo Iracema Plaza Hotel

 Hall de entrada e fachada do Iracema Palace Hotel 

Pertencente à família Philomeno Gomes, o edifício São Pedro também chamado de “Copacabana Palace” da capital cearense. O edifício de arquitetura inspirada nos hotéis luxuosos de Miami Beach, nos Estados Unidos, foi construído em 1951 para ser o primeiro prédio da orla. Com formato de navio, foi idealizado para desenvolver atividades de hotel, condomínio residencial e comercial em meio às casas e o areal da Praia de Iracema.
Só no hotel são mais de 100 apartamentos com salões de convenções, estar, coffee shop e barbearia. São 12 mil metros de área construída, apartamentos com 200 metros quadrados. Vê-se da janela uma das imagens mais bonitas de Fortaleza: a Praia de Iracema.


Um herói chamado João Nogueira Jucá 

 Acervo Luciano Hortêncio

Quando o estudante João Nogueira Jucá morreu, no dia 11 de agosto de 1959, faltavam três meses para completar 18 anos. Ele era um jovem calado, de um coração imenso, humano. Por isso, a família e os amigos não estranharam a atitude que tomou ao entrar no prédio em chamas para salvar doentes que estavam internados na Casa de Saúde César Cals, hoje, Hospital Geral César Cals (HGCC). Apesar da gravidade do seu quadro, em nenhum momento se arrependeu do que fez. "Ele dizia que seu corpo queimava como brasa".
O Major do corpo de bombeiros, José de Melo Neto, observa que João Nogueira Jucá tinha dentro de si um espírito militar e vestiu-se desse espírito para ajudar quem precisava.




Praça da Parangaba com o Prédio da antiga Intendência e a Lagoa-Assis Lima

A Parangaba era uma antiga aldeia indígena que foi catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada a condição de vila em 1759 com o nome de Arronches. Foi incorporada a Fortaleza pela lei nº 2 de 13 de maio de 1835 e depois foi restaurado município pela lei nº 2097 de 25 de novembro em 1885 com o nome de Porangaba e finalmente foi incorporado a Fortaleza pela lei nº 1913 de 31 de outubro 1921.
Porangaba, Vila Nova de Arronches, Parangaba. Três nomes, um só lugar. Lugar de Beleza, segundo o poeta. O que hoje é um dos muitos bairros que compõem a grande cidade de Fortaleza (capital do Ceará estado do Nordeste Brasileiro), é também signo do desdobramento histórico cearense, pois encerra nas suas tradições e memórias o passado que remonta aos tempos da colonização lusitana em 1603.

Fortaleza em suas ruas, avenidas, travessas...




"Esta foto data de 1951 e mostra a esquina da Rua Major Facundo com a Rua São Paulo que abrigava uma loja de tecidos pertencente ao Sr. José Meireles. Ficava diagonal com a Casa Victor dos Irmãos Pinto, depois Cimaipinto. Aquele prédio que fica no fundo é o Sobrado Mole, que foi sede da UDN.

O prédio de detrás era um antigo sobrado que nesta época estava sendo usado por várias lojas e escritórios. Parece-me que hoja aí está a Casablanca.

A sombra é do Edifício América, onde funcionou a Cimaipinto. o espaço entre o fim do sobrado e o sobrado mole que se encontra no final, é a praça que fica em frente ao Museu do Ceará. Não foi eberta nenhuma rua. Vejam a perspectiva que a linha da calçada segue exatamente a do sobrado mole." Nirez


Avenida Beira-Mar



Em 10 de janeiro de 1939, Raimundo Araripe, prefeito de Fortaleza, baixa decreto adendo ao Plano Diretor da Cidade, p
roibindo as construções, reconstruções, modificações, reformas de prédios ou quaisquer obras na faixa litorânea de Fortaleza, nas faces norte e nas faixas compreendidas entre elas e o oceano, das ruas e trechos: Rua dos Tabajaras, compreendido o seu prolongamento, a partir do Poço da Draga; Avenida Getúlio Vargas (hoje Avenida Beira-Mar) até a povoação do Mucuripe, inclusive; trecho da faixa oceânica, partindo do Poço da Draga, em direção ocidental, seguindo pelo perfilamento do Arraial Moura Brasil, que faz frente para o mar.
No dia 11 de agosto de 1962, são iniciadas as obras de construção da Avenida Beira-Mar na administração Manuel Cordeiro Neto.

A Beira-mar de Fortaleza foi rasgada só em 1963, porém, ela sempre existiu antes dessa data. As famosas e lendárias praias de Iracema e Mucuripe já despertavam o interesse dos fortalezenses antes de 1963

"Grafite", cujo verdadeiro nome é Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, industrial, de 25 anos, morreu de maneira violenta, ontem de madrugada, quando de "pega" de motos na Avenida Presidente Kennedy. Eram 3h30min quando se deu o acidente. Sua moto, de 1000 cilindradas, quase arrancou um poste de iluminação pública. Ele ficou completamente mutilado.

A denominada "Volta da Jurema", era o palco de "Grafite". Ali, quase todas a madrugadas, o jovem dava um verdadeiro show, usando a alta velocidade e pondo sua vida em risco a todo instante, não somente em automóveis, como em sua possante moto. Ontem, foi seu último "pega" com o amigo Aristides. Os veículos colidiram.
 

10º O famoso cabaré da Leila

 
Já nos finais dos anos 60, e por toda a década de 70 o melhor cabaré de Fortaleza era a CASA DA LEILA, na Maraponga. Suas mulheres eram altas, elegantes, muitas, louras naturais de olhos claros. Vinham do sul do país, de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul. Tudo gente fina, educada, algumas se diziam universitárias e comentavam coisa de política, música popular e variedades culturais. Dentre elas havia uma mulata, alta, belíssima, chamada Mércia, que mostrava uma carteira de estudante em Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse tempo havia um vendedor ambulante de livros, o Curió, que assegurava ter vendido várias coleções e enciclopédias às meninas da Leila. Umas intelectuais? (...)


11º Pici e a segunda Guerra Mundial



Existem controvérsias que persistem até hoje com relação à origem do nome “Pici”. Segundo o memorialista Nirez, há uma versão fantasiosa que diz que a origem do nome seria a abreviatura da expressão Post Command – PC, em relação à base norte-americana da II Guerra Mundial –, sendo que as letras “p” e “c”, em inglês, são pronunciadas, respectivamente, como “pi” e “ci”. O pesquisador nega essa versão ao lembrar que a expressão correta seria Command Post presumidamente, Posto de Comando, parte do jargão militar norte-americano (CP e não PC). Nirez também nos lembra que o lugar já tinha esse nome desde o século XIX, quando um centenário sítio pertencente ao agrimensor Antônio Braga (Por ter se apaixonado pelo romance O Guarani de José de Alencar, aglutinou o nome de seus principais personagens, Pery e Cecy, batizando-o de ‘Sítio Pecy’.

12º A origem da Praia de Iracema - De 1920 até os dias atuais



O surgimento do bairro Praia de Iracema, antes denominado Porto das Jangadas, Praia do Peixe ou Grauçá, está associado à “descoberta” do banho de mar como medida terapêutica e também como contemplação e lazer por parte da elite econômica da cidade nos anos de 1920. Esta elite intensificou a sua inserção na praia, com a construção de casas alpendradas ou do tipo bangalôs, de frente para o mar, fenômeno que “obrigou” os pescadores a mudarem-se para outras praias.
A primeira manifestação pública que permite antever o futuro nome do bairro ocorre em 1924, quando a cronista social Adília de Albuquerque Morais lançou a ideia de que se construísse um monumento à heroína do romancista José de Alencar, a ser erigido na orla marítima.


13º Corta Bunda - Os maníacos que aterrorizaram o José Walter


Em meados dos anos 80, o conjunto habitacional Prefeito José Walter foi tomado pelo medo do ataque de um maníaco que cortava a bunda das mulheres.
Quando um homem armado com uma lâmina começou a invadir as casas do Zé Walter para traçar uma linha de sangue nas nádegas femininas, o resto da cidade não pôde mais ignorar aquele pedaço de Fortaleza. Entre 1985 e 1987 , os crimes do Corta-Bundas ocupavam espaço frequente nos jornais da Capital. 


Em 1985, um maniaco psicopata começou a atacar mulheres (adultas e crianças), ele não matava, não roubava e nem abusava sexualmente das suas vitimas, apenas fazia um corte profundo com navalha, estilete ou bisturi na região das nádegas.  

14º O caso BALALAIKA


Às 6 horas e 45 minutos da manhã do dia 04 de agosto de 1942, Fortaleza assistia perplexa a um impressionante desastre aéreo. O jovem desportista, aluno do curso de pilotagem, Edgildo Giordano (mais conhecido por Balalaika), de apenas dezesseis anos de idade, pilotava o avião Visconde de Taunay, um "Pipper Cub" pertencente ao Aero Clube do Ceará, quando o avião caiu no quarteirão entre a Avenida Santos Dumont, Rua Costa Barros, Avenida Dom Luís (Hoje Avenida Dom Manuel) e Rua 25 de Março.

O avião de Balalaika fazia evoluções sobre a Avenida Santos Dumont, quando sobrevoava as casas residenciais de nº 187 e 189, quando caiu em "piquet", entre os dois quintais, ficando completamente espatifado. Surgiram lendas em torno do acontecido, entre elas a de que Balalaika teria brigado com a namorada e suicidou-se jogando o aparelho que pilotava no quintal de sua amada, na Avenida Dom Manuel.


15º Excelsior Hotel - 85 Anos


Em 31 de dezembro de 1931, há exatos 85 anos, surgia em Fortaleza o primeiro arranha-céu da cidade, inspirado em um edifício de Milão na Itália. Utilizava na sua estrutura, alvenaria* de tijolos e trilhos** de trem.
De estilo eclético, teve toda a sua decoração interna aos cuidados de Pierina Rossi, que utilizou materiais importados da Europa.
Só para se ter uma ideia, as paredes do prédio chegam a 80 centímetro de largura. Um gigante de sete andares!


Em comemoração, visitei o hotel e fiz várias fotos, uma verdadeira viagem no tempo:

Excelsior em detalhes
Excelsior em detalhes - Parte II
Excelsior em detalhes - Parte III

* Leia: A queda de uma lenda.

** De acordo com o pesquisador e ex-ferroviário, Assis Lima, os trilhos usados não foram de trens. As ferragens para a construção do prédio vieram da Polônia, juntamente com uma encomenda para a estrada de ferro de Baturité, que à época já era denominada RVC. A encomenda chegou em 1929. Fonte: Relatório da RVC de 1929, criminosamente destruído em 1998 por ser entregue às intempéries de prédio com telhado comprometido. As chuvas de 98 levou os insensíveis dirigentes da ferrovia a colocarem "papéis velhos" no lixo.¬¬

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Praça da Lagoinha



Sujeira, monumentos pichados e destruídos, bancos estraçalhados. Este é o cenário atual da Praça Capistrano de Abreu, popularmente conhecida como Praça da Lagoinha. Os transeuntes se resumem a mendigos. Os outros personagens que compõem o cenário da praça são vendedores ambulantes, geralmente de produtos roubados, o que gerou o apelido de ‘feira dos malandros’.

Foto de 1931

Um aspecto curioso é a presença de duas barbearias improvisadas nas calçadas da praça. Com espelhos pendurados no muro da Casa de Saúde César Cals, Chileno e Fofa cortam “barba, cabelo e bigode” por apenas R$1,99. Chileno conta que trabalha há seis anos no local e, como a procura havia aumentado, contratou os serviços de Fofa, há quatro meses, para ajudá-lo a dar conta do recado.
Luis Reginaldo, fiscal do comércio ambulante, aproveitou os três anos de atuação na área para conhecer historicamente os quatro cantos do logradouro onde trabalha. E revela: o maior objetivo da fiscalização é impedir que os ambulantes ocupem toda a praça. Eles se limitam à parte esquerda dela. O trabalho acabou duplicando: além de fiscal, tira onda de guia turístico.
Apesar de abandonada e sombria, a pobreza da praça atrai jornalistas em busca de informações, inclusive históricas,para denunciar o abandono e resgatar o que foi aquele espaço um dia. Quando isso acontece, Reginaldo está a postos. Nunca esquece de ressaltar a história do estudante João Nogueira Jucá, que tem seu busto imortalizado, em bronze, em um canto da praça, esquecido,
sem qualquer placa indicando quem ele é. Nada!

No dia 4 de agosto de 1959, o jovem estudante João Nogueira Jucá passava em frente à Maternidade Dr. César Cals, que fica ao lado da Praça da Lagoinha e funciona neste local até hoje.


No momento de sua passagem, aconteceu uma explosão seguida de incêndio. João entrou no hospital em chamas e salvou muitos recém-nascidos e parturientes. As pessoas gritavam tentando impedi-lo, mas o grito maior foi o de uma mãe: “- Por favor, meu filhinho ficou lá, salve-o pelo amor de Deus!” Depois de salvar todos os ocupantes do hospital, João caiu. Cerca de 80% do corpo do jovem foi consumido pelo fogo. Ficou irreconhecível. Morreu dia 11 de
agosto, coincidentemente o dia em que se comemora o Dia do Estudante. De tal modo, entrou para a história como um símbolo do estudante cearense. Uma vez no ano, dia 11 de agosto, é relembrado seu ato de bravura por meio de homenagem do Corpo de Bombeiros, realizada
na própria praça. Por iniciativa do vereador Tin Gomes, a Câmara Municipal de Fortaleza realizou em agosto deste ano, uma audiência pública marcando o início do Projeto João Nogueira Jucá. O objetivo é resgatar a memória do estudante. O projeto foi pensado para três etapas. Na primeira, pretendia recuperar o monumento em homenagem ao estudante e transferi-lo da Praça da Lagoinha, para o pátio externo do Colégio Liceu do Ceará. O segundo passo era aprovar um Projeto de Lei que declara João Nogueira Jucá, patrono dos estudantes de Fortaleza e dispõe sobre esta homenagem junto à comemoração anual do Dia do Estudante. Por último, a Câmara iria instituir a Medalha João Nogueira, que será concedida anualmente, no dia 11 de agosto, a um grêmio ou entidade estudantil que desenvolva atividades em defesa da vida. Mais um ‘pedacinho’ da Praça da Lagoinha será ‘extraído’. Só restarão as pedras soltas do passeio que se acumulam nos cantos da praça. Uma das mais antigas da cidade, sua demarcação enquanto praça é anterior a 1859. Batizada em 1891 com o nome de Comendador Teodorico, passou a ser chamada de ‘Lagoinha’ porque um dos afluentes do riacho Pajeú passava pelo local e formava uma pequena lagoa, que depois foi aterrada para a construção do espaço público.
A praça que foi bonita e bem cuidada, repleta de bancos, de jovens e de muitas noites de festa, já sofreu inúmeras perdas no decorrer de sua história. Em 1829 havia um coreto em forma de lira, demolido em 2001. Em 1930, um jardim foi construído com fonte luminosa, importada da Alemanha, que hoje se encontra na Praça Murilo Borges, em frente ao Banco do Nordeste.
No dia 21 de abril de 2003, a estátua de Capistrano de Abreu, em bronze, fundida em Paris no início do século passado, medindo 1,90m (tamanho natural) e pesando cerca de 100 quilos, desapareceu da praça, onde estava desde 1964. No mês seguinte a estátua foi recuperada. Estava prestes a ser vendida como sucata pelos ladrões.

Foto de 1950

João Capistrano Honório de Abreu, o homem e o nome da Praça.
Depois de resgatada após o “seqüestrofoi restaurada e devolvida ao seu ‘habitat’. Hoje, os sinais da restauração já desapareceram. O monumento encontra-se pichado e abandonado como o resto da praça. Um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, ‘vive hoje’ em meio à história destruída. Talvez o primeiro historiador a dar importância a elementos populares ou menos elitistas, escrevendo uma história sócio-econômica do Brasil.
Cearense, nascido em Maranguape, em 23 de outubro de 1853, Capistrano de Abreu, depois de nove obras publicadas faleceu, aos 73 anos, no Rio de Janeiro.
Passaram-se os anos e o lugar perdeu a ambientação bucólica, onde, nas noites das quartas-feiras, a banda da polícia realizava retreta. Fortaleza vive o dilema da modernidade sem se dar conta de que a organização do espaço urbano não pode ser feita apenas para melhorar o fluxo de carros, sem contemplar a construção de espaços de convivência lúdica, com áreas verdes para caminhar, ler, escrever, contemplar, filosofar, agir...

Foto de Juliana Brito - A Praça na atualidade


Um pouco mais sobre Capistrano de Abreu

O historiador maranguapense, nascido em 1853, saiu do Ceará na casa dos 20 anos para o Rio de Janeiro e lá mesmo passou o resto da vida, que se esticou até 1927. Este homem dedicou-se a estudar a história colonial brasileira, especialmente as relações sócio-econômicas, buscando assim ressaltar elementos mais populares, menos elitistas.

Capistrano de Abreu foi considerado um intelectual brasileiro precursor de trabalhos como os de Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prada Júnior. Nada disso teria acontecido se ele não tivesse ido para o Rio de Janeiro sob as asas de José de Alencar ser redator da Gazeta de Notícias.

Por isso, quando a seca de 1915 estourou nos Inhamuns, ele estava pertinho do Pão de Açúcar, pensando na legitimidade de uma inconfidência qualquer – acontecida havia algumas dezenas de anos. Enquanto Fortaleza era invadida por flagelados da seca, enquanto as relações sócio-econômicas do estado passavam por uma mudança histórica, enquanto campos de concentração eram construídos para “abrigar” os miseráveis vindos do interior do estado, lá estava ele, no Rio.

Quando a segunda grande seca estourou, 1932, Capistrano já não estava entre os vivos, e, quando se tornou nome de praça, 1965, o Centro já não era mais o mesmo de seus 20 e poucos anos. Foi em forma de placa que o historiador cearense voltou à capital do Estado para ver o quanto ela prosperou em linhas tortas durante sua ausência.



Fonte - Renata Ribeiro Maciel Lopes, Blog Fortaleza no Centro e pesquisa de internet

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um Herói chamado João Nogueira Jucá


Acervo Luciano Hortêncio

Quando o estudante João Nogueira Jucá morreu, no dia 11 de agosto de 1959, faltavam três meses para completar 18 anos. Ele era um jovem calado, de um coração imenso, humano. Por isso, a família e os amigos não estranharam a atitude que tomou ao entrar no prédio em chamas para salvar doentes que estavam internados na Casa de Saúde César Cals, hoje, Hospital Geral César Cals (HGCC). Apesar da gravidade do seu quadro, em nenhum momento se arrependeu do que fez. "Ele dizia que seu corpo queimava como brasa".

O Major do corpo de bombeiros, José de Melo Neto, observa que João Nogueira Jucá tinha dentro de si um espírito militar e vestiu-se desse espírito para ajudar quem precisava. Ele lembra que o estudante vinha de uma aula de halterofilismo quando se deparou com a tragédia. "Com desprendimento entrou nas chamas para salvar vidas".

O militar ressalta que o ato do estudante foi de muita coragem.


Acervo Luciano Hortêncio

O Estudante João Nogueira Jucá nasceu em Fortaleza, no dia 24 de Novembro de 1941, sendo seus pais o Desembargador José Jucá Filho e a Professora Maria Nogueira de Menezes Jucá. Estudou nos colégios Rui Barbosa, Cearense, Sete de Setembro, Fênix Caixeiral e São João. Seu maior sonho era ser oficial da Marinha do Brasil. Daí o entusiasmo pelo esporte, sobretudo a natação.

No dia 04 de Agosto de 1959, às 14 horas, voltava em companhia de um colega da aula de halterofilismo. Ao passarem em frente à Casa de Saúde César Cals, na Praça da Lagoinha (Capistrano de Abreu) perceberam um incêndio. Convidou o amigo para ajudá-lo a salvar as pessoas que se encontravam no interior do hospital. O outro, no entanto, achando perigosa a empreitada, recusou a proposta. João Nogueira Jucá e vários outros abnegados se lançaram ao fogo. O nosso jovem salvou vários recém-nascidos, depois suas mães, que já estavam em situação dramática. Muitas eram as enfermeiras que pediam para que ele parasse com aquele esforço, pois a cada pessoa que trazia mais eram visíveis as queimaduras em seu corpo. Uma senhora implorou-lhe para que fosse buscar o seu bebê que ficara lá dentro. Ele lançou-se mais uma vez às chamas e trouxe a criança com vida. Novamente uma enfermeira tentou impedi-lo de cruzar o fogo, argumentando que não tinha mais ninguém nas enfermarias, mas ele disse: “Ainda tem na indigência”. Voltou com uma pessoa nos braços atingida pelo fogo. Numa dessas idas e vindas, explodiu um tubo de oxigênio que estava próximo e o nosso jovem foi duramente atingido. 

Santinho de sétimo dia de João Nogueira Jucá - Acervo Marrocos Anselmo Jr

Naquele momento, às 16 horas, sua mãe, passando em frente, viu pessoas retirando um corpo envolto em um colete, com diversas queimaduras, mas nunca poderia imaginar que era o próprio filho. Chegando em casa, na hora do jantar, enquanto comentava o fato com os filhos e o esposo, o telefone toca e alguém comunica que seu filho estava na Assistência Municipal (hoje é o Instituto Dr. José Frota - IJF). A partir desse dia seus pais não voltaram mais para casa. O estudante foi visitado pelo então governador Parcifal Barroso, que disse, com os olhos cheios de lágrimas: “João, o povo do Ceará lhe agradece”. Já às portas da morte João Nogueira Jucá disse para o pai, contrariado com a perda do filho mais novo: “Não, pai, faria tudo de novo, e me orgulho do que fiz! Acho que ainda fiz pouco”. Logo depois morreu. Este fato ocorreu na madrugada de 11 de agosto de 1959, tendo o nosso jovem 17 anos de idade.

 Os sofrimento dos pais diante do corpo do filho

Considerando a necessidade de referência humanística que motivem os nossos jovens na luta em defesa da vida é que, este gesto de João Nogueira Jucá, tem que permanecer sempre vivo na mente e no coração de todos nós. 

João - O primeiro bombeiro honorário do Ceará

VIDA E MORTE DE JOÃO NOGUEIRA JUCÁ

Nas investigações procedidas, conforme ordem do Sr. Cel BM Fernando César Sales Furlani, Comandante do Corpo de Bombeiros, sobre a vida e a morte do estudante JOÃO NOGUEIRA JUCÁ, pelo fato ocorrido no incêndio do dia 04 de agosto de 1959, nas dependências da Maternidade Dr. César Cals, na Praça da Lagoinha, em Fortaleza, em que resultaram em inúmeras pessoas feridas e 04(quatro) mortas, e no destaque principal o heroísmo do jovem aluno do então Colégio São João, chegou-se ao seguinte resultado histórico:

João Nogueira Jucá, nascido em Fortaleza, no dia 24 de novembro de 1941 na Casa de Saúde São Raimundo, filho do Desembargador José Jucá Filho e da Professora Maria Nogueira de Menezes Jucá.

Seus primeiros 5(cinco) anos de vida, foram passados na antiga cidade de São Francisco, hoje Itapajé, no nosso Estado, onde seu pai exercia o cargo de Juiz Municipal e sua mãe o de Professora do Grupo Escolar. Sendo seu pai promovido a outra entrância profissional, teve que morar na cidade de Lavras da Mangabeira, no ano de 1946. Alfabetizado por sua mãe, iniciou o Curso primário na mesma cidade, onde ficou até 1948, quando veio definitivamente para Fortaleza



Acervo Luciano Hortêncio
 
Na Capital, continuou os estudos, frequentando sucessivamente, os Colégios Fênix Caixeiral e 7 de Setembro. O curso ginasial foi feito no Colégio Cearense, iniciando o científico no Colégio São João.
Segundo depoimentos de seus familiares e amigos, João, na adolescência, tinha um complexo de inferioridade por ser excessivamente magro e alto desproporcionalmente, atingindo a altura de 1,83m. A custa de constantes e religiosos exercícios, prática de esporte, conseguiu quase que a perfeição corporal, tornando-se um atleta, com uma compleição física avantajada, de causar inveja e afastar de uma vez por todas com o complexo que tanto atormentava os jovens da época.
Moço inteligente, aspecto superior e fidalguesco, tinha uma personalidade altiva e impressionante. Sua vocação, como sempre repetia quase que obsessivamente, era de ser Oficial da Marinha do Brasil. E para esse mister, não parava de se preparar com afinco.

No fim do mês de julho de 1959, de volta das férias, num sítio em Messejana, de sua família, seu pai, homem austero, perguntou-lhe qual sua reação ao ver um empregado que havia sido soterrado dentro de uma cacimba, morrendo sem o pronto socorro, muito mais por sua falta: e ele respondeu, com voz tronitoante: "Pai, estou com raiva de mim mesmo porque não cheguei na hora, senão aquele homem não teria morrido!"


Exímio nadador, tinha por hábito duas vezes por semana, nadar na praia de Jacarecanga até o Cais do Porto, dizendo que era para testar sua forma física, ou, numa eventualidade qualquer, que fosse necessário empregar sua destreza como nadador acostumado às grandes refregas.

O Desembargador José Jucá Filho, foi morar com seus 03(três) filhos, José Jucá Neto, Jovina Jucá e João, o mais moço, nas proximidades da Maternidade Dr. César Cals, ou mais precisamente, na Avenida do Imperador. E essa distância, geograficamente curta, fez com que, no dia 04 de agosto de 1959, o Jovem estudante, João Nogueira Jucá passasse pôr ali, naquela tarde, quando os relógios dos passantes registravam 14:20hs. Um ribombar pavoroso de repente eclodiu, assustando os frequentadores da Praça da Lagoinha e pondo-os para longe de onde vinha a explosão. Num instante labaredas de fogo riscavam o ar já espalhando o terror nos assistentes, e ameaçando os internos da maternidade, que já em pânico procuravam salvar suas vidas.


João, neste momento, lançou-se decidido dentro do hospital, sentindo que alguma coisa precisava ser feita urgentemente. Não se importou com as sucessivas explosões e as chamas que lhe ardiam no corpo, pois, segundo ele, não sentiu nem viu fogo algum. Não soube quantos recém-nascidos salvou, apenas que foram muitos. Não contou quantas parturientes salvou, apenas lamenta que muitas ficaram feridas e outras morreram, Nem ao menos ouviu os gritos histéricos de advertência de que sua vida estava em perigo, se ouviu, contou ele para os seus irmãos e os seus pais, que desobedeceu. O que ele ouviu, já com o corpo em chamas, foi uma mulher gritar para ele de joelhos: "Por favor, meu filhinho ficou lá, salve-o pelo Amor de Deus!"E lançou-se às chamas novamente, trazendo o recém-nascido nos braços. Já desfalecido, mas insistente na luta, uma enfermeira, correu aos seus braços e impediu-o de que entrasse novamente, dizendo: "meu filho, você já retirou todo mundo das enfermarias, não tem mais ninguém", e ele sem parar, já deformado pelas queimaduras correu olhando para a moça dizendo:” ainda tem na indigência", voltou em seguida, trazendo mais outra pessoa nos braços carcomidos pelo fogo.

Foto feita da página do livro que retrata os principais fatos da história do Ceará

Quando não mais existia ninguém dentro das enfermarias, desobedecendo sempre as advertências, até da Guarnição do Corpo de Bombeiros, João caiu, sendo levado às pressas para a Assistência Municipal. Seu estado, considerado gravíssimo constatado que fora consumido pelo fogo, 80%(oitenta por cento) do seu corpo, ficando, irreconhecível, portanto, sua pele, alva e fina, havia ficado totalmente preta. Na agonia de todo sofrimento, João às vezes, perdia a lucidez e proferia coisas dignas de serem registradas: "sou Oficial da Marinha! Vou salvá-los do naufrágio! Quando recuperava a consciência dizia, ao ser interrogado por seu pai, quando perguntava se não se arrependia do que tinha feito: "Não, pai, faria de novo, e me orgulho do que fiz! Acho que ainda fiz pouco. Já às portas da morte receberá a visita do então Governador Dr. Parsifal Barroso. Este, como homem humilde que era, estando João com todo corpo envolto em ataduras e supurando a pele tostada, falou com voz pausada e mansa: "João, você me conhece?" e ele respondeu: "quem não conhece o senhor, Dr. Parsifal, obrigado pela visita!" Parsifal, então, comovido, retirou de seu braço a atadura úmida e beijou-lhe a mão. Em seguida, com os olhos em lágrimas, disse veementemente: "João o Povo do Ceará lhe agradece, venho em nome dele, e você não está só, caro amigo!"

Em suave resignação, João foi aos poucos perdendo os sentidos e veio a falecer no dia 11 de agosto de 1959, sendo reverenciado por todos os Cearenses, tendo sempre ao seu lado seus pais e irmãos. Conscientes, eles dizem que João não morreu, tornou-se um herói e um mártir.

Dia do Estudante: 11 de Agosto

Homenagem aos Heróis do Incêndio da Casa de Saúde César Cals - 04 de agosto de 1959.

MENSAGEM DO COMANDANTE DO CORPO DE BOMBEIROS - CEL BM FERNANDO CÉSAR SALES FURLANI.

Na tarde de 04 de agosto de 1959, Fortaleza, a "Loura desposada do Sol, dormitava à sombra dos Palmares", sentindo-se tranquila, pois com 05(cinco) boas viaturas adquiridas há pouco, e mais 08(oito) regulares, o Corpo de Bombeiros velava por sua segurança. A Casa de Saúde César Cals, desenvolvia seus meritórios afazeres de rotina, quando irrompeu o incêndio.

Mais de uma centena de doentes, parturientes e criancinhas, com a capacidade de locomoção prejudicada, foram postos em risco imediato de vida. Foi dado o alarme. Os Bombeiros foram chamados. Foi dada a ordem de evacuação. Muitos voluntários ajudaram, a maioria estudantes. O incêndio foi combatido com eficiência por homens bem equipados. Mas ao final foi a desolação. 04(Quatro) mortos, mais de 50(cinquenta) feridos, 20(vinte) hospitalizados com graves lesões, inclusive 02(dois) Bombeiros. Destruição de parte do prédio e material do hospital, com grandes prejuízos. 

 O Busto de João Nogueira na Praça da Lagoinha foi transferido e hoje se encontra em frente o Quartel do Corpo de Bombeiros.

A Cidade chorou!

Porém em meio às lágrimas de dor e à desolação da destruição, a alma da população levantou-se orgulhosa e sobranceira. Ficou satisfeita com seus filhos bravos, com sua juventude impetuosa, generosa e heroica.

A cidade alegrou-se!

Todos se curvaram junto ao leito de João Nogueira Jucá, estudante de 18(dezoito) anos, gravemente ferido nos exaustivos trabalhos de evacuação das vítimas do incêndio. O estudante como símbolo da Juventude Cearense, encarnou o ideal grandioso de solidariedade humana. Passava pela Praça da Lagoinha, sentiu a aflição dos enfermos, e com muitos companheiros, trabalhou com afinco em arrancá-los das garras pavorosas do fogo.

A cidade emocionou-se de gratidão.

Busto do estudante na Praça da Lagoinha

Mas João Nogueira Jucá, não morreu no dia do estudante, 11 de agosto. Entrou na imortalidade como um símbolo do estudante Cearense. Foi imortalizado no bronze e foi imortalizado nos nossos corações. O Corpo de Bombeiros que o viu incorporar-se voluntariamente à Guarnição de combate ao Incêndio do hospital, faz questão de contá-lo em suas fileiras.

João você é Bombeiro; você é a letra viva do nosso hino: "Voluntário da morte na paz, é na guerra indomável leão". Você é uma ponte firme a unir o Estudante ao bombeiro. Que o seu exemplo fogoso de abnegação, incendeie o ideal do estudante, que o Bombeiro só fez atiçar.



Curiosidade: O pai de João, após o incidente, foi abatido por uma tristeza que manteve até a morte, em 1968. A mãe morreu em 1985.


Fonte: Portal militar, Jornal O Povo,Câmara Municipal de Fortaleza, Suaveolens

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Colégio Padre José Nilson - Mucuripe


Impossível falar do Mucuripe e não citar o tradicional e famoso Colégio do Padre, no qual eu fui aluna por onze anos, de 1986 à 1997, com muito orgulho!!!

Na minha época, a farda era calça azul clara (saia para as meninas) e a camisa era uma bata com um símbolo no bolso esquerdo. 




Acervo :Cristiano Barros
O símbolo era um jovem com uma criança nos braços e ao redor uma labareda de fogo, somente anos depois soube que se tratava de uma homenagem ao jovem João Nogueira Jucá, que arriscou a própria vida para salvar outras pessoas num incêndio que aconteceu na Maternidade Dr. César Cals, mas essa história você encontra na postagem que fiz sobre ele, pois esse herói merece uma postagem exclusiva. O próprio colégio passou muitos anos sendo conhecido como Escola João Nogueira Jucá.
Lembro com muita nostalgia dos meus mestres...

Da minha inesquecível e maravilhosa professora da 4ª série, tia Marta, melhor professora que já tive e da qual sinto muitas saudades!
Da tia Mônica, 3ª série. Anos depois, ela me ajudou quando precisei dar aulas de ciências para o 6°ano 'D', quando a professora Nancy saiu do colégio para administrar o Café no Ponto, no Shopping IguatemiSer monitora não era fácil! rsrs
A tia Marília, a primeira professora que tive assim que cheguei no colégio do Padre, na 2°série.

Minha carteirinha de 1996
Professor Ercílio, que ensinava matemática e tinha a mania de chamar as meninas de "Maria bonita".
Professora Víctor (Badaró), de física.
Young Blood (Português). Todo dia ele fazia toda a sala ficar de pé e gritar todos juntos: "Sou moço, todo moço tem que tem confiança em si mesmo. Força, Sabedoria e Amor.Vou em frente, vou em frente, vou em frente". 
Ele vivia aparecendo em comerciais, era garoto propaganda. Soube anos atrás que ele já é falecido. :(



Professora Juarina (geografia e história), esposa do prof. Ercílio. Ela chamava todo mundo de "pau de lata", não me perguntem o motivo! ¬¬
Querida professora Jussinaide (Português e literatura). Lembro demais que todas às quintas tínhamos que levar dois textos copiados no caderno. rsrsrs Quando alguns davam a desculpa de já terem copiado todos os textos do livro, ela mandava copiarem bulas de remédio. :/ Maravilhosa é ela!
Professora Nancy (ciências). Fui monitora de ciências por dois anos, era a matéria que eu mais amava, só tirava 10. :) Ah, Nancy e seus famosos álbuns de ecologia, lembro que tínhamos que pegar samambaias, algas... Era muito show!
Professora Júnior (Química).
Professora Berenice (Biologia). 
Professora Bertoldo (matemática). Pensem num homem estranho. rsrsrs 
Na época ele namorava a professora Berenice.
Professora Chacon (Biologia).
Querido e saudoso Prof. Lucas (Diretor e professor). :(


Tia Marta, quanta saudade!

Na foto, vemos Clecios Cardoso (Ex-aluno) e os queridos professores: Juarina (Geografia) e Ercílio (Matemática). 


Querida tia Altair. Acervo Miguel Fialho
Nesses 11 anos, além do prof. Lucas, três mulheres também foram diretoras do colégio, com pulso firme:  Helena, Maroni e a doce tia Carlota, que sempre que ia falar com alguma mãe de aluno, ela começava: "Oh mãezinha"... 
Também preciso citar pessoas que foram com certeza super importantes para o colégio e para mim pessoalmente:
Dona Altair (merendeira) - Ai que saudade daquele tempero e daquela doçura!



Tio Pedro, da portaria.
Jonas, o "faz tudo" do colégio e responsável por deixar o jardim do padre a coisa mais linda do mundo. Era muito amor depositado ali!
Seu Madruga, também da portaria. A semelhança com o do Seriado Chaves, era incrível! Pense num apelido que caiu como uma luva. rsrsrsr



E com certeza, sinto muitas saudades do querido Pe. José Nilsonque aparecia nas salas para suspender ou expulsar alunos. Quando o homem falava, muito valentão tremia na base. :D
O Grêmio estudantil daquela época era super participativo, colocaram até uma rádio que tocava na hora do recreio, com direito a "Recadinhos do coração". rsrs 
Nossa rádio era comandada pelo aluno Océlio.



Tínhamos também a escolha da rainha, todas as meninas queriam ser rainhas do colégio, outras morriam de vergonha e pediam pra nem serem citadas. Eu, a própria, que já alertava: "Não coloquem meu nome".rsrs :/
Eu passava o ano inteiro era esperando pela chegada das Gincanas, eita tempo bom... Os alunos se empenhavam ao máximo para cumprir as tarefas e vencer a "guerra".
Lembro dos nomes de algumas equipes:

*Anjos rebeldes

*Os pestinhas


*Agito Jovem


*Explosão


*Quero mais


*Sambaê


*Sambicho


*É o bicho

*Chegamos pra Abalar


Crédito da foto: Ubirajara Flores Augusto

Crédito da foto: Ubirajara Flores Augusto

IV Gincana Cultural do Colégio do Padre. Acervo: Jefferson Ramos


Lembrando daquele tempo, chego a sentir o cheirinho das pitangas que rodeavam todo o colégio e dos limões japoneses atrás da arquibancada.


Arquibancada colégio do Padre. Acervo: Cláudio Sena


Festa Junina em 1988.

Apresentação de lambada em 1990.

Bom, vamos ao que interessa...


O Colégio Padre José Nilson, completou no dia 1º de março de 2009, 45 anos de plena realização no âmbito educacional.

Mucuripe - Terra falada em canções, verso e prosa. Terra de contradições históricas, visto o embate entre Pedro Álvares Cabral e Vicente Pinzon. Terra de gente forte, que não costuma se abalar com as adversidades; mas também, terra que abriga o ideal de um grande homem que abraçou a sua comunidade. Mais do que falar em datas, embora recordá-las seja importante, fazer o histórico do Colégio Padre José Nilson é ao mesmo tempo, realizar uma viagem que envolve muitas vidas, muitas conquistas e sucessos. 




A cada recurso que a escola recebia para sua construção, mais um passo era dado na concretização de um sonho difícil, mas não impossível. E foi com esta filosofia de vencer os obstáculos, almejando a qualidade na educação para os meninos do Mucuripe, que o idealizador Padre José Nilson conseguiu dar importantes passos para melhorar a vida de toda sua comunidade. É bom lembrar o quanto era difícil para as mães, inclusive de outros bairros, conseguirem uma vaga no colégio tão sonhado... E por que era difícil? Mesmo funcionando nos três turnos a partir da década de 70, as salas não comportavam todos aqueles que buscavam não somente uma educação tecnicista, profissionalizante... Eles buscavam também um local que desenvolvesse uma educação humanística, baseada nos valores elevados e que não seriam exercidos somente nos tempos de colégio, mas por toda vida.


Festa das mães em 11 de maio de 1997. Foto de Cristiano Barros


Pensar em todas as pessoas que deixaram um pouco de si no histórico desse estabelecimento educacional, é muito gratificante e nos leva a fazer uma reflexão hoje... Por que o Colégio Padre José Nilson completa 45 anos tão bem vividos? Por que os seus antigos alunos sempre falam dele com um ar saudosista e cheio de felicidade? Por que as suas comemorações sempre tão concorridas se confundem com os eventos do bairro? As gincanas eram maravilhosas. 
Todas essas perguntas nos encaminham para uma mesma resposta... Porque essa escola foi, é, e continuará sendo símbolo de um sonho educacional não mais abstrato, mas totalmente concreto... E completando a letra do compositor Belchior: "As velas do Mucuripe, vão sair para pescar", as velas do Colégio ainda buscam pescar muitos sonhos... E quem são os pescadores de hoje? Todos que compõem a família do Colégio Padre José Nilson, por isso mesmo, temos muito que comemorar.


Acervo: Océlio Anselmo


HISTÓRIA DO COLÉGIO



No dia 22 de julho de 1961, é lançada a pedra fundamental da Escola Padre José Nilson. A solenidade contou com a presença do Arcebispo, Dom Antônio de Almeida Lustosa, do Padre José Nilson e do Deputado Adahil Barreto Cavalcante.
Conforme jornais da época, a escola deveria atender 500 crianças, dando-lhes ensino de letras pela manhã e ensino profissional no expediente da tarde, coisa que só viria a acontecer, anos depois.
Em Dezembro de 1962, começa com força total a construção do casarão abençoado.
Paisagem magnifica - fruto de constante labor. Ao engenheiro da arte e sob as responsabilidades profissionais do emérito arquiteto, Eng. José Liberal de Castro, traços firmes mostravam desde então, algo da obra imponente e majestosa. Ao Eng. José Liberal de Castro, cuja capacidade de trabalho e espírito caritativo lhe valem conceitos, as mais merecidas e expressiva homenagem do nosso reconhecimento.


O padre rodeado pelas crianças

Ele gostava desse contato com os alunos. Acervo de Clecios Cardoso


Inadiável era o início da obra.



Tomar a peito tão arrojado investimento, indispensável seria a fonte dos recursos financeiros que afirmassem o traço prospectivo da obra. Mas de onde viriam esses recursos? Se tão vaga e distante a interrogação, bem mais real e presente a resposta. Nas campanhas anônimas que faziam no Mucuripe, o povo bom e generoso. As tradicionais festas novenárias da igreja Nossa Senhora da Saúde, as gentis ofertas, tudo aquecido ao calor vivificante do dar com alegria, fez-se o segredo extraordinário de significativos valores monetários. Ao bom povo do Mucuripe, a Paróquia Nossa Senhora da Saúde, a nossa Homenagem e o nosso Agradecimento.



Aula de datilografia


LIBERAÇÃO DE VERBAS ESPECIAIS

1963 - Liberação de verbas especiais do Ministério da Justiça e da Educação.
Cem cruzeiros, destinados à construção da Escola Profissional Pe. José Nilson, no Mucuripe.
Verba votada em plenário pelo batalhador da causa pública, o ilustre e influente deputado Adahil Barreto, a quem no momento, ao fervor dos mais vibrantes e calorosos aplausos, do intimo dos nossos corações agradecidos, rendemos a mais expressiva homenagem.


Campanhas, verbas federais e as doações do povo fizeram uma modesta, mas estável fonte de recursos financeiros.

1964 - O prédio fica pronto e o colégio é finalmente inaugurado!

1965 - Da fachada do magnífico prédio da Rua Cel. Manuel Jesuíno, destacava-se a atraente inscrição.


A notável inscrição, o bonito aspecto, a segurança da estrutura em harmonia com a alta capacidade acolhedora, tudo
era a afirmação silenciosa do conforto, além de atestar o talento e a discrição com que sempre agira o seu sensato idealizador - o Sr. Pe. José Nilson, grande pelas idéias que lhe empolgam o espírito, e bem maior, afirmamos, pelos sentimentos que lhe enternecem a alma e sensibilizam o coração. E a juventude confiante na grandeza desse coração magnânimo não tardou a admirar o respeitável padre, em cujo recato e ponderação realça-lhe a personalidade, tal a segurança das suas ideias. Bom e generoso, ponderado, seguro e equilibrado, na generosidade do seu coração, acostumado a nobre causa da educação, aceita a proposta, afirma o convênio, cede a casa.



Maio de 1965

A Escola Profissional Pe. José Nilson abre as portas aos estudantes do ensino médio. O Ginásio Santo Antônio, da Praia do Meireles, vem estabelecer-se no casarão acolhedor, ao longo da modesta rua Coronel Manuel Jesuíno.


Acervo de Cristiano Barros

Início dos anos 90

Reportagem do Jornal Correio do Ceará de  1966 - Acervo Lucas Jr:







1961 - Rua Manuel Jesuíno, Mucuripe. Prefeito Cordeiro Neto pavimenta a via e constrói a escola profissional Padre José Nilson. Acervo Lucas

Em 17 de maio de 1997, é fundado o Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima, na Rua Boa Vista nº 26, residência de sua fundadora, Vera Lúcia Miranda, a "Verinha", no Mucuripe.

No ano de 1996/97, o colégio passou a ser particular, e de lá pra cá, muita coisa mudou, menos o amor pela educação! 
Sob a direção do professor Miguel Fialho Neto e direção pedagógica da professora Sílvia Colares, o colégio continua comprometido com seus valores, no intuito de construir um aprendizado que vai além da transmissão de conhecimento, mas  também para a formação de cidadãos.

Vídeo Institucional do CPJN










Fotos do acervo de @cpjosenilson

Mudanças na fachada ao longo dos anos. Registro de 2012 

Fachadas de 2015/2016 e 2017. Importante salientar que em 2017, o colégio foi arrendado pra Uninassau, mas por pouco tempo.

Editado em maio de 2020:

A escola atende a Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Por não ser mais uma instituição pública, o nome precisou ser mudado e agora é Centro Educacional M.Fialho.

Nota da escola:


"Inaugurando um novo momento mas mantendo o mesmo compromisso com uma educação humanizada e de qualidade, o CPJN agora é Centro Educacional M. Fialho. O momento de inovação vem para firmar nossa responsabilidade com a evolução e o aperfeiçoamento constante da instituição. 
Com um time de grandes educadores e colaboradores, o comprometimento com uma educação que impacte positivamente a formação cognitiva, afetiva e emocional de nossos alunos é o que nos move para sempre ir além."

A grade curricular é diversificada, contempla música, inglês, teatro, esportes e filosofia. Além disso, o Sistema de Tempo Integral recebe crianças a partir de um ano de idade. Possui uma ampla estrutura física arborizada, com salas climatizadas e sistema de segurança com monitoramento interno e externo. Para o Ensino Médio: simulados, palestras e questões voltadas para o ENEM.


Os projetos lúdico pedagógicos dão embasamento ao escopo teórico, por meio de atividades pontuais que contemplam as 10 competências da nova BNCC assim como, os 17 objetivos sustentáveis do milênio – ONU. 




Fonte: cpjnilson, Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima, Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e pesquisas diversas pela internet


NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: