Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte I
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sábado, 1 de maio de 2010

Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte I



João Demétrio Dummar

Há um quê dos personagens de ficção na trajetória de João Demétrio Dummar. O cearense que nasceu na Síria no início do século passado; que migrou com a família para o Brasil; que passou por Belém; que chegou ao Ceará aos sete anos; que viveu parte de sua juventude no Crato; que honrou a tradição do homem de negócios e que se tornou, ainda na década de trinta, um empresário de comunicação. Isso quando Sírios e Libaneses ainda nem sonhavam em se tornar personagens simpáticos e bonachões nos romances de Jorge Amado. João Dummar era simpático, registro feito por familiares, companheiros de trabalho e amigos – tinha o que hoje chamaríamos de determinação de empreendedor. Um pioneiro que conseguiu ver uma fresta no futuro do Ceará dos anos 20. Um negociante, dono de seu próprio negócio ou firma – como se costumava dizer – que percebeu o potencial do advento da radiodifusão e só se deu por satisfeito quando fundou a Ceará Rádio Clube em 1934, "começando a difundir a arte e a música para todo o Estado".


João Dummar

Um outro fato marcante é seu encontro com Demócrito Rocha, um outro homem de mídia jornalística de sua época. Há coincidências na trajetória de ambos. No mesmo ano em que a sociedade Dummar & Cia. Nascia, por exemplo, Demócrito Rocha fundava o jornal o Povo em Fortaleza. Os laços se estreitaram quando João Dummar conheceu dona Maria Lúcia, filha de Demócrito, que viria a ser sua esposa e mãe de seus seis filhos. Um deles, João Dummar Filho, aproveita o centenário de nascimento do pai para contar sua trajetória em livro. Foi o que se poderia chamar de um desafio de mãe para filho. Um convite de dona Lúcia a que ele, que era ainda um menino quando o pai morreu precocemente em 1954, não pôde resistir. Este livro narra à trajetória de um pioneiro que, como um personagem de ficção, também viveu momento difícil e adversidades. Feitos, determinação, pressões, problemas de saúde, há na vida de João Dummar elementos suficientes par deixar o leitor estimulado. Eis, portanto, a história da vida de João Dummar um verdadeiro cearense das Arábias.

De Marciano Lopes "Coisas que o tempo levou" a era do rádio no Ceará, pretendemos retirar fatos históricos e pitorescos da vida daqueles que começaram este "mister" de levar o rádio cearense ao patamar mais alto da radiodifusão.


João Dummar recebe título de cidadão cearense


Memória do rádio cearense

A história da radiodifusão no Ceará é riquíssima e pobre em fontes de consultas, livros voltados para esta cultura do rádio e televisão principalmente. Há de se perguntar: o que os jornalistas estavam fazendo antigamente? Será que esqueceram estes detalhes, se enfornaram nas redações de jornais e os radialistas e que contaram sobre seus trabalhos, suas casas de emissão de sons. Algo aconteceu. Mas prefiro está enganado. Contar todas às nuances, dos pioneiros da radiodifusão cearense, num simples trabalho, será quase que impossível, já que, a história do Pioneiro do Rádio no Ceará foi contada em um livro de autoria de João Dummar Filho. Devo acrescentar que após a morte do pai, surge então a sociedade de João e José Dummar denominada Dummar & Cia., em 1928, na verdade a continuação da mesma empresa familiar iniciada em 1911 no Crato. Estabeleceu seu novo endereço comercial em ponto nobre da cidade, na Rua Floriano Peixoto, 517, com fundos para a Rua Coronel Bezerril, bem próximo à Praça do Ferreira.

João e José Dummar trilharam a trajetória comercial de sucesso da família, tornando-se os representantes da Philips do Brasil, da Rádio Brunswich Corporation, da companhia Brunswich de Bilhares, dos pianos Essenfelder e do automóvel Skoda, procedente da ex-Tchecoslováquia. O destino marcou um encontro entre João Dummar e Demócrito Rocha, selando uma amizade sólida entre eles, que se tornaram figuras importantes da mídia jornalística e eletrônica de sua época. No mesmo ano de 1928, em que se firmou a Sociedade Dummar & Cia. Demócrito Rocha fundou o jornal O Povo, em Fortaleza. A era da radiodifusão no Brasil começou com Roquete Pinto, ao fundar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923. Então na província de Fortaleza, em 28 de agosto de 1931, oito anos após, com o entusiasmo de um adolescente, João Dummar fundou a Ceará Rádio Clube, uma associação integrada por amadores da radiotelefonia, e dela participavam: Jorge Ottoch, Francisco Aprígio R. Nogueira, Clóvis Fontenele, Joaquim da Silveira Marinho, Álvaro de Azevedo e Sá entre outros.

Era a semente da futura PRE-9, plantada em terras nordestinas. Vieram ao Ceará Augusto Calheiros, Vicente celestino, Orlando Silva, Francisco Alves, o Chico viola em temporadas memoráveis. A era dourada do rádio, fase dos grandes programas de auditório que ocorreu nos centros urbanos do país. João Dummar instalou dois pianos franceses no estúdio da PRE-9 e iniciou os programas de auditório, com a participação dos pianistas Lauro Maia, e José Pompeu Gomes de Matos. Os principais cantores locais eram: Moacir Weyne, José Jatahi e Romeu Menezes, conhecido como "O boêmio galã".

Apresentavam-se com freqüência no auditório da Ceará Rádio Clube os cantores Victor Loiola, João Milfont, Mores Neto, as irmãs Gondim, sendo acompanhadas pelos músicos: Aleardo Freitas, José Menezes, que tinha o nome artístico de Zé Cavaquinho e Lauro Maia ao piano, que tinha sido apresentado ao João Dummar em meados de 1935.


João Dummar no Centro ao lado do cantor Francisco Alves (chapéu na mão)


Lauro Maia foi convidado para trabalhar na equipe de radialistas, pois estava impressionado com a criatividade daquele jovem estudante da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Com o convite Lauro Maia aos 23 anos passou a integrar a Orquestra da Ceará Rádio Clube, que era dirigido pelo maestro Euclides Silva Neto. Lauro Maia criou o programa radiofônico "Lauro Maia e seu Ritmo", onde divulgava as músicas e os ritmos nordestinos como: xote, o coco, o batuque e o ritmo Por ele mesmo criado, o balanceio. Compôs músicas carnavalescas, Ponce de Leon foi o primeiro Rei Momo de Fortaleza. Quatro Ases e um Coringa fizeram um enorme sucesso, nacional. Formado por Esdras Falcão, Evanor de Pontes Medeiros, André Batista Vieira, Permínio de Pontes Medeiros e José Pontes Medeiros e o nome original foram dados por Demócrito Rocha, que batizou inicialmente como "Quatro ases e um Mele". Depois do sucesso trocaram o Melé pelo Coringa. Em 1937, o jornal o Povo com apoio da PRE-9, realizou um festival de Marchas Carnavalescas que teve como Juiz Ary Barroso, o notável compositor de Aquarela do Brasil, foram inscritas 27 músicas; o primeiro lugar foi de Lauro Maia com a marchinha "Eu sei o que é", Luiz Assunção ficou em segundo com "Adeus Morena" em 1938.

Lauro Maia assumiu a direção artística da Ceará Rádio Clube e passaram a dirigir a orquestra batizada de "Jazz PRE-9" que se apresentavam também nos bailes elegantes da cidade. Lauro Maia se dedicou à música viajou ao Rio de Janeiro e em seu lugar assumiu Demival Costa Lima. Nas manhãs de sábado existia o programa "A Hora Infantil" com Zilda Maria Rodrigues mãe do professor de Direito Roberto Martins Rodrigues. Em 12 de outubro de 1942, publicado em sua coluna "Nota" de O Povo Demócrito Rocha disse:
A primeira vez que falei diante de um microfone da atual PRE-9 foi a três de outubro de 1932. Na véspera, alta noite, chegara a Fortaleza a notícia de que cessara a luta civil em São Paulo. O General Klinger telegrafara ao General Góis Monteiro, pedindo-lhe destino. O dia três amanhecera ruidoso. Fui despertado de madrugada por um grupo de amigos. Houve manifestações populares ao interventor Carneiro de Mendonça e em palácio, alguém me disse: - João Dummar deseja que você ocupe o microfone de sua estação.

João Dummar, que chegara ao Ceará aos sete anos de idade e dedicara sua vida ao progresso da terra que amava, teve seu processo de naturalização bloqueado na burocracia do Itamaraty e passou a ser instado por Assis Chateaubriand a vender a (Ceará Rádio Clube). Para Chateaubriand, presidente dos Diários Associados, a compra da PRE-9 iria fortalecer seu império nacional de comunicação, inclusive: o jornal Unitário e Correio do Ceará, ambos de Fortaleza. A pressão foi tão grande que em 11 de janeiro de 1944 João Dummar vendeu a Ceará Rádio Clube. Quarenta anos depois, pelas mãos de seus filhos (Carmem Lúcia Azulai e Demócrito Rocha Dummar) surgiram a Rádio Tempo FM e as rádios AM e FM O Povo que simbolizam a continuidade de seus ideais.

Como foi citado e esclarecido o marco inicial em Fortaleza no setor de radiodifusão foi à pioneira, a PRE-9 ou Ceará Rádio Clube como queiram.
Marciano Lopes em desabafo diz o seguinte: considero-me um radialista frustrado, pois não cheguei a atuar no período da chamada "era de ouro do rádio pós-moderno". Pior: não comecei em minha terra, nem na PRE-9, como era meu sonho de menino. Por mero acaso, foi em Aracaju capital do Estado de Sergipe, precisamente na Rádio Cultura de Sergipe, que iniciei minhas atividades radiofônicas. Era uma emissora pertencente à Arquidiocese, daí, desenvolver uma linha de programação sóbria e rígida. Havia um escuta para anotar os deslizes do radialista para passar a direção. Mesmo assim o cearense radicado em Aracaju fez sucesso, brilhou no rádio e começou a receber caravanas para conhecer o autor de "Uma Tragédia Brasileira", "Expoentes da Música" e muitas outras produções. Foi convidado para levantar a Rádio Jornal que andava ruim das pernas, tirou a emissora do ar por uma semana, refez toda a sua programação, mudou o visual da sede, deu uma virada geral, o que se lamentava é que sua fraca potencia não ultrapassava os limites da capital sergipana.

Foi para Salvador, levando mil e uma cartas de recomendações. Não precisou delas, foi trabalhar por coincidência na Rádio Cultura de Salvador, quando apresentou seu currículo foi logo contratado e passou a ser produtor. Fundou a Rádio Bahia, do mesmo grupo, onde implantou um programa igual as das FM de hoje. Foi convidado para ajudar na rádio Cruzeiro da Bahia, a convite de Paulo Tapajós foi para a Rádio Nacional. Na época da Revolução Militar volta à Fortaleza, através de Carlos Lima foi trabalhar na Rádio Assunção Cearense, lançou um programa de sucesso "Progamascope", demorou pouco tempo, pediu demissão ao Padre Landim. Perdeu aquele glamour que tinha pelo rádio, os tempos eram outros, o rádio mudara, a televisão absorvera toda sua magia e fascínio. E para concluir este desenvolvimento, vem a Rádio Comunitária. Nós estamos construindo um país. Quando uma rádio comunitária entra no ar é mais que uma, porque ela é o sonho de muitos. É a vez e a voz daqueles que estavam calados.



João Dummar com Francisco Alves e ao fundo o locutor Cabral de Araújo

São também onde os sonhos e as esperanças, as dores e as dúvidas de cada um, ente individual e coletivo, se transforma em ondas que chegam às casas e às ruas da comunidade. Fazer rádio comunitária é refazer o mundo que foi destruído por estes que estão no poder. Por isso, ao apoiar a radiodifusão comunitária, o Partido dos Trabalhadores assinala mais uma vez seu compromisso com a gente brasileira. O PT sabe da luta que é botar uma rádio comunitária no ar, sabe das dificuldades enfrentadas por aqueles que, no cotidiano de sua cidade, com poucos recursos econômicos, enfrentam a repressão policial e política.

O PT está junto na luta pela democratização dos meios de comunicação. O Partido sempre esteve na linha de frente desta luta. Com relação às rádios comunitárias, vale destacar que o PT sempre estimulou o movimento nacional; o Partido teve e tem uma atuação destacada no Congresso Nacional, e, além das experiências locais, criou um Fórum na Secretaria Nacional de Movimentos Populares. Esta cartilha, portanto, é apenas uma parte do trabalho que o PT desenvolve. Uma contribuição ao movimento cujo dono não é o PT nem outro partido, mas o povo, com seus gostos, suas cores ideológicas, seus jeitos e, principalmente, suas esperanças (Palavras do Senador Geraldo Cândido do PT).

Sucintamente irei colocar a idéia de como formar uma rádio comunitária:

1- Reúna a comunidade;
2- Organize a entidade;
3-Compre os equipamentos;
4-coloque no ar;
5-Sustentação Financeira;
6- Para obter a concessão. As rádios comunitárias se programam em Freqüência Modulada (FM). Antes de adquirir o transmissor verifique qual a freqüência estabelecida pelo Ministério das Comunicações para sua localidade. Exija do fabricante a garantia de que o sinal transmitido vai limitar-se a faixa determinada, ao invés de aparecer em outros pontos do dial.



Continua...

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