Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Praça do Hospital Militar
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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sábado, 15 de janeiro de 2011

Hospital Geral de Fortaleza - O Hospital Militar



O Hospital Geral de Fortaleza (HGeF) foi criado pelo Decreto-Lei nº 4.302, publicado no D.O. do dia 19 de junho de 1942, com a designação de Hospital Militar de 3ª Classe da 7ª Região Militar, com sede em Fortaleza, sendo inaugurado no dia 10 de novembro de 1942, provisoriamente em prédio residencial localizado à rua General Clarindo de Queiroz nº 1486, no centro antigo de Fortaleza.

Embora instalado em prédio residencial, graças às modificações sofridas e executadas de acordo com os limitados recursos financeiros, conduzidos pelo Capitão Cordeiro Neto, representante do Comando da 7ª Região Militar, o HMF iniciou seu funcionamento com 70 leitos, número esse suficiente às necessidades da recém-criada 10ª Região Militar, porque tudo foi previsto e providenciado.

É notório que o HMF, ao ser inaugurado, ressentia-se de várias deficiências oriundas do fato de ter sido instalado, por força de circunstâncias imperiosas, numa casa até então residencial, depois adaptada para servir, da melhor maneira, de estabelecimento hospitalar, além de contar com um efetivo muito reduzido.

Por essa razão, os primeiros Diretores, preocupados com a vida orgânica do novo estabelecimento hospitalar, tiveram que exercer suas atividades preferencialmente dentro da esfera burocrática: o efetivo, desfalcado, precisava ser completado; a aquisição do material indispensável ao bom funcionamento das Clínicas e Serviços tinha que ser providenciada, não obstante os sérios entraves criados com a dificuldade de transporte marítimo decorrente da guerra.

Acresce que o Alto Comando do Exército, em face das necessidades impostas pela guerra, aumentou o efetivo da Guarnição e, conseqüentemente, dotou o HMF, então de 3ª Classe, com o material de Hospital Militar de 2ª Classe. Isto, como é óbvio, impunha um reajustamento administrativo de grande monta, influindo portanto nas imediatas providências que deveriam ser tomadas, para aumentar a capacidade de hospitalização.

No dia 1º de março de 1948, ocupou as atuais instalações, onde permanece até hoje.




quarta-feira, 21 de julho de 2010

O bosque que é praça


Foto antiga do local que daria lugar ao bosque

Em 07 de maio de 1945, o Diário Oficial do Município nº 3.395, traz a Lei nº 123, de 11 de abril, que dá o nome de Praça Clóvis Beviláqua, ao quadrilátero limitado pela Avenida Desembargador Moreira, Avenida Padre Antônio Tomás, Rua Eduardo Garcia e Rua Barbosa de Freitas, na Aldeota. Depois, não se sabe exatamente quando, a praça recebeu o nome de Praça José Acióli.


Foto da década de 40. Vemos o terreno que daria lugar ao bosque -Carlos Juaçaba

No dia 27 de julho de 1965, a Praça José Acioli, passa a chamar-se Bosque General Eudoro Correia*, de acordo com a Lei 2.995, do dia 21, atendendo Mensagem do então prefeito Murilo Borges Moreira (Murilo Borges).

A praça fica em frente ao Hospital Militar do Exército.

Foto de 1962. Onde mais parecia um curral, servindo de campo de futebol, surgiu a primeira praça da Aldeota, em frente ao Hospital do Exército. Atualmente chama-se Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, fundador do Hospital de Messejana e pai do presidente da FACIC, Beto Studart. Para os saudosistas, sempre será Praça Eudoro Corrêa. Onde o rapaz caminha, hoje é a rua Eduardo Garcia. (Foto Manuel Lima - Diários Associados). Acervo Lucas

Praça do Hospital Militar, Praça das Flores e Feira das Flores. Por qualquer um destes nomes é conhecido o Bosque Eudoro Correia, um dos mais bem localizados e agradáveis de Fortaleza.
Qual é a diferença entre bosque e praça? Quando pensamos em um bosque, imaginamos um lugar repleto de árvores, com muita sombra e sossego, e sem qualquer contato com a cidade grande. É, enfim, o local ideal para se fazer um piquenique. Já a praça nos dá a noção de uma grande área destinada ao lazer, bastante florida, só que encravada em centro urbano.


O Bosque visto da rua Barbosa de Freitas

E o que dizem os dicionaristas a respeito dessas definições?
Bosque seria, na definição de Aurélio Buarque de Holanda, a “quantidade mais ou menos considerável de árvores dispostas próximas entre si”, e praça “o lugar público cercado de edifícios; largo” ou “mercado; feira”. A linguista Maria Teresa Camargo Biderman, por sua vez, imaginaria o bosque como a “área onde árvores e outras plantas crescem espontaneamente; pequena mata”, e praça como o “lugar público onde não há casas, mas jardins, parques, para passeio e diversão”.


O Bosque visto pela Avenida Desembargador Moreira

O Eudoro Correia é um pouco de tudo isso. Não por acaso é oficialmente classificado como bosque, já que é uma das áreas mais verdes de Fortaleza. Atua, por assim dizer, como um verdadeiro pulmão em região de intenso congestionamento de veículos, que ocorre principalmente em horário comercial dos dias úteis. É um dos lugares mais agradáveis da capital cearense, com vários ipês, bambus, paus-brasil, coqueiros, cajueiros e mangueiras, dentre outras árvores.


Ocupa uma área de aproximadamente 25.000 metros quadrados, no coração da Aldeota, um dos bairros mais nobres da cidade. Dá frente para duas famosas avenidas, a Desembargador Moreira e a Padre Antônio Tomás, bem como para outras duas ruas, também bastante conhecidas, Barbosa de Freitas e Desembargador Leite Albuquerque.


Foto de Paulo Targino Moreira Lima

Mas tem muito de praça também. É um local rodeado de construções e abriga uma das mais tradicionais feiras de flores e pequenas plantas da cidade. São 38 pontos de vendas em operação (de um total de 44), divididos em boxes, que proporcionam um ar mais puro do que o normalmente encontrado nas grandes cidades.


O Bosque visto pela Avenida Desembargador Moreira

Por isso, se perguntarmos às pessoas onde fica o Bosque Eudoro Correia, a grande maioria não saberá dizer.
Basta, então, substituirmos a pergunta: “onde é a Praça do Hospital Militar?” A resposta é imediata e quase unânime: “fica em frente ao Hospital Militar, na Avenida Desembargador Moreira.”
Pois é, o Bosque Eudoro Correia é mais conhecido como a Praça do Hospital Militar. Isso ocorre pela presença do ilustre e antigo vizinho, o Hospital Geral do Exército, popularmente conhecido como o Hospital Militar. Mas também é chamado de Praça das Flores e de Feira das Flores, exatamente em razão da famosa feirinha ali existente.


Foto de Eva D.

Ao redor do Bosque há de tudo. São casas, prédios de apartamentos, dois pequenos centros comerciais, farmácia, floricultura, lojas de móveis, salão de beleza, loja de equipamentos médicos, posto de combustível, lava-jato, lojas de aparelhos de ar condicionado, posto de atendimento da COELCE e outro da companhia aérea BRA, em processo de falência.
Além disso, fica a uma quadra de importante centro comercial que engloba, além do Center Um – o primeiro shopping center de Fortaleza – inúmeros outros estabelecimentos comerciais. São sapatarias, restaurantes, supermercados, bancos, lojas de brinquedos, de roupas, de miudezas etc.

Foto do Professor Evaldo

Não bastasse isso, o Shopping Del Paseo fica a apenas duas quadras do local, enquanto que o Aldeota, outro grande shopping center da cidade, fica a três quadras. Por isso, não seria exagero afirmar que o Eudoro Correia está encravado em uma das principais e mais valorizadas regiões comerciais da cidade.


O Bosque visto pela Avenida Desembargador Moreira

No entanto, por mais que tenha tantas características de uma praça, o Eudoro Correia é, na verdade, um bosque, e, por isso, vamos assim considerá-lo. Ele conta com uma pista de Cooper de 600 metros de extensão, três bancas de revistas, campo de futebol, quadra poliesportiva e equipamentos para ginástica. Abriga também, em seu subsolo, um posto da Prefeitura Municipal de Fortaleza, no qual os garis da região recolhem, ao final de cada dia de trabalho, o carrinho de mão e demais equipamentos utilizados.
Tem vendedor de tapiocas, banca de jogo de bicho, além de espaço destinado à prática de técnicas de relaxamento orientais, funcionando sempre com duas turmas no início da manhã.


Foto de Eva D.

Muitos vão ao bosque diariamente para fazer Cooper, outros simplesmente para andar, todos preocupados em manter a saúde perfeita. O movimento tem início quando surgem os primeiros raios de sol, no mesmo instante em que os garis começam a chegar para retirar seus equipamentos de trabalho. Até às 8 horas é intensa a presença dos andarilhos e atletas, movimento que só volta a se intensificar no final da tarde, quando a temperatura fica mais amena e agradável.
Mas nem todos estão ali somente por lazer. Inúmeras pessoas, como o simpático Erandir Barroso Pires, vão para trabalhar, e muito. Ele tem 12 anos de experiência na venda de plantas e flores, profissão que começou exatamente no bosque. O florista, que passou alguns anos ausente do local, retornou há aproximadamente três anos e hoje ocupa o box de número 20. Trabalha de segunda a sábado e também vende adubos, jarros e fertilizantes. Grande parte das plantas, diz ele, vem de Holambra, em São Paulo, como lírio da paz, pinheiro, tuia holandesa, azaleia, hortelã, bico-de-papagaio e bromélia. Isto porque as plantas nordestinas não sobrevivem à sombra.


O Bosque visto pela Avenida Padre Antônio Tomás

Erandir complementa sua renda com serviços de jardinagem nas casas de clientes e conta que os produtos mais vendidos são o mini-lacre (nas cores vermelha, amarela, rosa, branca e salmão), a palmeira, o pinheiro, a tuia holandesa e o bico-de-papagaio. O produto mais caro que vende é a palmeira cica revoluta. Custa entre cem e quinhentos Reais. A média de faturamento diário é de aproximadamente duzentos reais.


Foto de Vinicius M.

Pedro Rodrigues dos Reis Filho é outro que trabalha no Eudoro Correia. Ele é dono de uma banca de revistas que fica em frente à sua casa, localizada no cruzamento das ruas Barbosa de Freitas e Desembargador Leite Albuquerque. Lembra que, quando ali chegou, só havia cinco pés de oiti, e que as demais árvores foram plantadas nas gestões dos prefeitos César Cals Neto e Ciro Gomes. Prestativo, mas com um pé atrás nas colocações, chega a reclamar da falta de segurança, mas faz questão de dizer que nunca foi assaltado.


O Bosque visto pela Avenida Desembargador Moreira

Outra assídua do bosque é a florista Maria Evenir Vieira. Há 18 anos, seu ponto de venda era na Praça Portugal, em uma feirinha que ocorria sempre às sextas-feiras. Foi convidada, naquela oportunidade, a ocupar um box no Eudoro Correia, o que aceitou de imediato. Está lá desde a inauguração da feirinha. Naquela época, recorda, havia também áreas destinadas à venda de artesanato, comidas típicas e roupas, atividades que ajudaram a incrementar o movimento, já que o local era bastante deserto e as pessoas tinham receio de frequentá-lo. As flores e plantas que comercializa vêm da Barra do Ceará e os jarros são produzidos em Maranguape.


Foto de Ana Luíza

As plantas que mais vende são o mini-lacre e a boa-noite. Em época de Natal, por exemplo, a maior procura é pelos pinheiros.
Saudosa, Evenir relembra o tempo em que não pagava aluguel para uso do box, nem tinha despesas com água (necessária para regar as plantas) ou vigilância (feita pelos guardas municipais). Atualmente, além da despesa com água, de aproximadamente R$16,00, ela paga mensalmente R$60,00 de aluguel, além de idêntico valor para custear a vigilância particular. Para piorar, afirma que as vendas são muito inferiores aos valores de antigamente (seu faturamento diário normalmente não chega a cem reais).

Foto de Ana Luíza

Além disso, Evenir tem muitas queixas com relação à manutenção do bosque, que considera muito precária. Já participou de inúmeras reuniões com autoridades municipais e que já firmou vários abaixo-assinados, juntamente com as pessoas que ali trabalham e frequentam, pleiteando melhorias. Ela quer que seja instalada uma guarita da polícia. Reclama que assaltos acontecem com frequência, ao meio-dia e à noite, sobretudo na área mais central do bosque. Pede ainda que sejam instalados banheiros e colocados cestos de lixo (antigamente existentes), pois reclama que há fezes por toda parte e que as pessoas jogam lixo até nos jarros das plantas que ela vende.


O Bosque visto da rua Eduardo Garcia

Com ar de tristeza, conclui que as autoridades são indiferentes aos justos pleitos formulados pela comunidade que ali frequenta e trabalha. Por fim, mostra-se sem esperança quanto à solução dos problemas apontados.
E é por tudo isso que o Bosque Eudoro Correia é a Praça do Hospital Militar, ou a Praça das Flores, ou, ainda, a Feira das Flores. Todos esses nomes são demonstrações do afeto que a população de Fortaleza tem pelo local, sobretudo as pessoas que ali trabalham e as que moram nas proximidades, que são seus maiores usuários. Por último, uma visão e um desejo. Para que o bosque ficasse ainda mais agradável, interessante seria que as autoridades locais, hoje tão omissas, tivessem pelo belo e florido espaço o mesmo carinho que a ele destinam seus apaixonados frequentadores.


*Eudoro Correia nasceu no Rio Grande do Sul em 23 de dezembro de 1869. Aos 18 anos sentou praça no Exército e ingressou na Escola Militar do seu estado natal; dois anos depois, transferiu-se para a recém-criada Escola Militar do Ceará. Também cursou a Escola Militar do Rio de Janeiro, de onde saiu como Aspirante na Arma de Artilharia
Fez carreira rápida; em 1904 conclui o curso de Estado Maior e Engenharia Militar, recebendo o grau de Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas. 
Retomou ao Ceará em 1908 e casou com a jovem Ester de Magalhães Brígido, que lhe deu um casal de filhos. Prefeito de Recife (PE) no período de 1911 a 1914, quando foi servir no 20º Regimento de Artilharia Montada em Curitiba (PR), em 1915 assumiu a função de membro da Junta de Revisão e Sorteio Militar em Fortaleza; depois, incumbiu-se do serviço de reconhecimento estatístico do Estado do Ceará
Em 1917, em Natal (RN), instalou e comandou uma Bateria de Artilharia; no ano seguinte, foi designado para a chefia do Serviço de Recrutamento Militar da 6° Região em Recife. Chefiou a 5a Circunscrição de Recrutamento em Fortaleza, comandou o forte de Obidos (PA) e foi Diretor de Administração do Exército no Rio de Janeiro. Chefiou o Estado Maior das Regiões Militares sediadas em Belém e Recife. 
Comandante do Colégio Militar do Ceará, de agosto de 1923 a dezembro de 1936, promoveu administração altamente proveitosa, seja na modernização e melhoria das instalações, seja no aprimoramento dos padrões de ensino, conceituando o estabelecimento como um dos melhores que o País já teve. 
Atingiu o generalato na Reserva do Exército, e faleceu em 10 de agosto de 1961, deixando o seu nome indelevelmente ligado à história militar e à educação no Ceará.


Editado em 2016:

Com o intuito de incentivar a vivência dos espaços públicos e o lazer ao ar livre, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, entregou no dia 15 de maio de 2016, totalmente reformada, a nova Praça das Flores, que recebeu oficialmente o nome de Praça Doutor Carlos Alberto Studart Gomes.


A praça foi adotada pelo Grupo BSPAR, que reformou o equipamento e será parceiro do Poder Executivo na manutenção do espaço. Após a reforma, o local, que possui aproximadamente 22 mil m², recebeu nova iluminação; um espaço de artes, onde haverá exposição de produtos da Ceart; padronização dos 34 boxes de venda de flores, 11 mil m² de piso intertravado, banheiros, banca de revista; um boulevard, que liga a Avenida Padre Antônio Tomás à Rua Eduardo Garcia; acessibilidade, novo mobiliário urbano e quadra poliesportiva, além de um oratório, que foi construído atendendo a um pedido da comunidade.

O equipamento público também recebeu uma academia ao ar livre, com 22 aparelhos, distribuídos em uma área de 113 m², visando à melhoria da condição física, qualidade de vida e a saúde das pessoas. Já para as crianças, foi instalado um playground, com sete brinquedos e piso emborrachado, que incentivam a criatividade infantil. Respeitando o uso igualitário e estimulando a inclusão, um destes brinquedos é exclusivo para crianças com mobilidade reduzida. A Unimed Ceará instalou e fará a manutenção do playground e dos aparelhos para atividade física, sendo esta a sexta academia ao ar livre instalada pela empresa na Regional II.
Importante salientar que toda a arborização original da praça foi mantida e ampliada.

Créditos: Sérgio Paiva de Alencar, Cronologia Ilustrada de Fortaleza
de Miguel Ângelo de Azevedo, Portal do Ceará/Gildásio Sá/ https://www.fortaleza.ce.gov.br e pesquisas na internet

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