Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Raimundinha
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ceará moleque - Antecedentes Históricos



A palavra moleque é de origem africana e o  Novo Dicionário da Língua 
Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira diz que ela provém do 
idioma Quimbundo onde o seu substantivo significava “negrinho” e o seu adjetivo “indivíduo sem gravidade, ou sem palavra”, ou ainda, “canalha, patife, velhaco”. Ainda, esse dicionário acrescenta que no português do Brasil a palavra passa a significar, também, “menino de pouca idade”.
Contudo, o termoCeará moleque foi cunhado nos fins do século XIX e apareceu pela primeira vez em uma obra literária que tinha a cidade 
de Fortaleza como cenário: o romance A Normalista, de Adolfo Caminhapublicado em 1893. A obra retrata o cotidiano de uma Fortaleza provinciana, habitada por “alcoviteiros e uma gentinha canalha”. Neste romance de cunho naturalista, Caminha tenta criar uma crônica social sobre Fortaleza onde “buscou esmiuçar os detalhes sujos do cotidiano” (Albuquerque, 2000, p.16-17). 
Logo, a alcunha ‘moleque’ indicava aí certa característica cultural do Ceará a ser interpretada negativamente como “canalhismo de província”.

Para Marco Aurélio Ferreira da Silva (2003), o romance de Caminha desenvolve sua trama na Fortaleza do final do século XIX, onde o ambiente provinciano é visto como um “antro de maledicências e coscuvilhice” e onde “a vida social se reduz a um jogo em que todos invadem o privado do outro”
Com este mote é que a personagem principal deste romance, a normalista Maria do Carmo, reclama a Lídia, sua amiga mais próxima, do pasquim chamado A Matraca, que escreveu versos sobre seu envolvimento com o Zuzaestudante de Direito de Pernambuco e que passava férias em Fortaleza: 

Lídia achou graça na versalhada. Ela também já saíra na Matraca. – Um desaforo, 
não achas? Perguntou a normalista indignada. – Que se há de fazer, minha filha? 
Ninguém está livre destas coisas no Ceará Moleque. Não se pode conversar com um 
rapaz, porque não faltam alcoviteiros. (CAMINHA, 1997, p.37).


Na época deste romance, o Ceará figurava na economia internacional como um grande exportador de algodão. As indústrias têxteis europeias começaram a procurar pelo algodão cearense com maior intensidade no período em que foi suspenso o comércio com os EUA, o principal produtor de algodão até então, devido à eclosão da Guerra de Secessão, ocorrida nos anos 1860. Este fator foi fundamental para as transformações sócio-econômicas e culturais por que passou o território cearense, especialmente a capital da então Província, que se urbanizava e acelerava, modificando drasticamente o modo de vida de seus habitantes.

Em Fortaleza Belle Époque, Sebastião Rogério Ponte (2001) conta que nesse período surgiram em Fortaleza lazaretos, hospitais, asilos e cemitérios construídos fora do perímetro urbano seguindo, assim, uma ótica sanitarista – o saber médico social então em constituição – que fazia parte da lógica de remodelação e controle do projeto modernizador para a organização da capital. Na contracorrente desta lógica modeladora, Ponte (2001) identifica a “irreverência popular que se expressava em condutas debochadas e galhofeiras da população citadina”

Tais condutas significaram uma espécie de rebeldia velada, um desvio que se constituiu em contraponto ao “mundanismo chique” que se instaurava na cidade. A época da Fortaleza Belle Époque, em que se tenta afrancesar os costumes da cidade é, ironicamente, aquela em que uma grande seca assolou o Ceará, coalhando a periferia da capital de retirantes esfomeados enquanto a burguesia se empoava e tomava chá. É também a época em que um grupo de debochados intelectuais, dentre os quais o próprio Adolfo Caminha (o padeiro Felix Guanabarino), funda a confraria denominada Padaria Espiritual. 
Reunidos em torno do periódico O Pão, que buscava levar o pão do espírito a quem dele necessitasse, os espirituosos jovens debochavam, inclusive, do fenômeno absolutamente europeu das próprias confrarias e grupos de letrados que pipocavam pela cidade.


A compulsão popular pelo deboche e pela sátira era uma questão relevante para Fortaleza naquele período, e prova disso é, de acordo com Ponte (2001), a existência de “tantas referências a uma incorrigível ‘molecagem’ pública presente na cidade a partir do final do século XIX”. O autor encontra estas referências à molecagem do cearense na literatura, justamente no já citado A Normalista; em revistas de moda e atualidades como a Jandaia (1924) e a Ba-Ta-Clan (1926); e nos escritos dos memorialistas Otacílio de Azevedo
Herman Lima e Raimundo de Menezes, que descreveram o cotidiano fortalezense do início do século XX.

A praça em 1963 - Arquivo O Povo

Num destes registros, Herman Lima (1997), no seu livro Imagens do Ceará, publicado em 1959, nos indica o lugar onde tal propensão popular ao deboche, ao escárnio ou aos ditos espirituosos exercia-se com maior intensidade: a Praça do Ferreira. O ensaísta Abelardo F. Montenegro, citado por Lima (1997), considera este logradouro, como a “sede social do Ceará Moleque”, nela “funciona cotidianamente uma escola de humor, em que professores e alunos permutam sofrimentos por gargalhadas, preocupações por cascalhadas” (apud 
Lima, 1997, p.54). 
Foi num dos cantos da praça, mais especificamente no Café Java, que Antonio Sales, o padeiro-mor Moacir Jurema, Rodolfo Teófilo (Marcos Serrano) e outros companheiros fundaram a Padaria Espiritual.

Raimundo de Menezes (2000), em seu Coisas que o tempo levou: crônicas 
históricas da Fortaleza antiga, publicado originalmente em 1936, relata acontecimentos e curiosidades sobre os tipos populares – o Chagas, o Pilombeta, o Tostão, o Manezinho do Bispo (foto ao lado), o Casaca de Urubu, o Tertuliano, o Bode Ioiô e o De Rancho – que habitaram a capital no início do século XX. Dentre estes, Menezes (2000) destaca o Bode Ioiô como “um dos tipos mais populares e queridos da Fortaleza de outrora (...) era uma espécie de mascote da capital daqueles tempos, uma figura obrigatória na pacatez da cidade provinciana” (p.183). Segundo ele, Ioiô “representa bem a imagem do espírito irreverente e 
profundamente irônico dos filhos desta gleba heroica de sofrimento” (p.185). 


Na sua obra de crônicas, Fortaleza Velha, João Nogueira relata que, em certo culto religioso no ano de 1922, um moralista alertava aos de boa índole: “Não se queixem do automóvel nem de certas novidades de que está cheia a Fortaleza, mas do Ceará moleque, que tudo acanalha e desrespeita” (apud Silva, 2003, p.22-23). Para a moral e os bons costumes, geralmente desprovidos de humor, a molecagem deve ser banida, pois que toda irreverência é associada à canalhice.

A referência a uma molecagem do cearense ou ao ‘Ceará moleque’ se encontra presente em outros escritos como O Cajueiro de Fagundes de Tristão de Alencar Araripe Júnior (1909); nos pasquins Ceará Moleque – Revista Caricata (1897) e O CharutinhoJornal Amolecado (1900). Digno de nota é igualmente o relato jornalístico da vaia ao sol na Praça do Ferreira. No ano de 1942, após longa estiagem e sem uma nuvem sequer que prenunciasse chuva no horizonte, os fortalezenses indignados e sem outra ação possível passaram a vaiar o astro-rei, que permaneceu impávido, na certa pensando que o que vem 
de baixo não lhe atingia.


Também cabe lembrar que este atributo de identidade cultural não é oriundo da elite erudita, que preferiria antes ser identificada aos traços importados da cultura européia. Embora seja muitas vezes por esta retratado, como no romance de Caminha, sua origem deve ser encontrada junto às classes populares, menos abastadas financeiramente, mas ricas de um humor peculiar e pouco sutil. 
A estética do grotesco, de que fala Bakhtin em sua obra sobre a cultura popular no Renascimento, está viva na Fortaleza de antanho e igualmente no mundo midiático de hoje em dia. Por ser identificada às classes populares e à sua estética particular, não é de estranhar o sucesso que tal imagem tem nos meios de comunicação de massa, onde há o império absoluto do grotesco, do bizarro, do exagero. É terreno fértil para a criatividade extravagante e sexualmente escrachada de homens, mulheres e homens travestidos de mulheres (digna de nota é a presença majoritária entre os humoristas locais de caricatos transformistas que atendem por nomes tais como Aurineide, Escolástica e Raimundinha).   
Em síntese, existe uma construção histórica e simbólica do ‘Ceará moleque’ que não vem de hoje. Trata-se de uma invenção social que foi e é simbolizada coletivamente, fazendo parte do imaginário cearense e do imaginário sobre o cearense. 


Crédito: A identidade cultural em tempos liquefeitos: o ‘Ceará moleque’ e 
a contemporaneidade - Francisco Secundo da Silva Neto/Marcio Acselrad 




quarta-feira, 5 de maio de 2010

Paulo Diógenes, ou melhor, Raimundinha


Foto de início de carreira



A mudança é de impressionar. Em apenas 20 minutos, o ator Paulo Diógenes 'desaparece' em meio a muita maquiagem e quilos de figurino para dar lugar à sua mais espalhafatosa criação. Aliás, a criatura, que atende pelo nome de Raimundinha, estará completando esse ano, 22 anos. Uma moça, gente! Seu maior legado? Ter feito muita gente chorar... de tanto rir

Pense numa emergente que "se acha" e não tem a menor vergonha de admitir. Assim é a espaçosa Raimundinha, um daqueles casos em que a criatura supera o criador.

Desde que veio ao mundo para virar estrela nos palcos da vida, já se vão 20 anos. Para Paulo, falar do surgimento dessa "mulher" é contar um pouco da trajetória de um humor peculiar que colocou o Ceará em lugar de destaque na galeria do riso em todo o país.


No show, que preparou especialmente para a ocasião e que estreou no Teatro São José, "Raimundinha 20 anos - Meu nome é humor", Paulo Diógenes dá continuidade ao humor terapêutico - do tipo contra o estress e o mau-humor - com uma sátira às biografias de gente famosa. Aliás, é a bem a cara da Raimundinha, mesmo!

Antes de mostrar seu espetáculo ao público, o humorista arranjou um tempinho, e olha que isso não é fácil, para conversar com a equipe do Zoeira. Ora Paulo, ora Raimundinha, revelou como é viver, literalmente, com essa perigosa perua e ainda refletiu sobre a arte de fazer rir. Confira mais:



Ela por ele

"A Raimundinha é uma caricatura da típica mulher do povo que fala alto, vai à luta e consegue atravessar os problemas pela visão positiva e alegria de viver. Foram 10 anos até chegar ao que ela é hoje: uma emergente que usa tudo de uma vez só para mostrar que tem, sem perder nunca o jeito suburbano".

O começo

"Foi numa peça de teatro em que eu era a mãe que queria fazer da filha crente uma estriper . Essa mulher sem nome foi o embrião da Raimundinha. Daí em diante foi um processo de amadurecimento. Uma vez, andando pelo Centro, vi uma mulher que gritava com o filho sem se preocupar em dar vexame. O teatro é muito isso. Você pega um pouco daqui, um pouco dali e vai dando vida à personagem".



O improviso

"Como eu pego vários públicos, às vezes no mesmo dia, não dá para fechar um texto. O mesmo show que eu faço para o grupo que vai a Disney não funcionaria para os executivos de um banco. Os espetáculos dependem muito da interatividade com a platéia, tem que haver interferência do público e improviso o tempo todo porque é isso o que caracteriza o humor cearense".

Humor revolucionário

"O jeito cearense de fazer humor é revolucionário porque conseguimos prender a atenção do começo ao fim e ainda obter a participação do público. Isso porque nossa escola foram os bares onde concorríamos com a bebida, a comida e os amigos".

Novo show

"Fala de uma biografia não autorizada da Raimundinha onde entram minhas outras duas personagens femininas: a sonhadora Catita e a velha Carolina. Na verdade, é uma sátira às chamadas biografias 'não autorizadas' de famosos".

Perfil

O homem escondido embaixo dos vestidos bufantes da Raimundinha traz no corpo sete tatuagens, duas delas em homenagem aos filhos: George, 29 e Micael, 21, e é viciado em malhação. ´Faço os outros rirem, mas minha terapia é malhar´, confessa.



Aos 46 anos, ele se considera um homem plenamente realizado, duas décadas após ter largado o emprego no Banco do Estado do Ceará, motivo do fim de seu primeiro casamento. ´Vale a pena correr atrás de um sonho´, observa.

Contra a vontade do pai, o ex-deputado estadual Osmar Maia Diógenes, largou tudo e foi morar num quartinho de empregada.

"Me chamavam de louco porque abri mão da estabilidade financeira e afetiva. Mas estava em busca da felicidade. Fiz tudo o que quis da vida e não olho para trás. Não vejo nem minhas apresentações na TV".


Falar de Paulo Diógenes, é falar de um cara pioneiro no humor cearense, pioneiro nos shows de humor da terra, o cara que literalmente meteu o peito e abriu um mercado para o que se convencionou chamar de “Ceará Moleque”.

Uma das primeiras imagens de Paulo “Raimundinha” Diógenes vem de longe, pelo menos vinte anos. Durante um evento ocorrido na melhor boate da cidade, para lançamento de um jornal que seria distribuído a partir de lojas na cidade, em determinada parte do evento, a música foi interrompida para que o dono do jornal fizesse uma breve explanação sobre seu produto. Ao final, ele chamou a figura.
Raimundinha, personagem composta como caricatura da mulher suburbana, que fala alto, usa roupas e maquiagens de cores fortes, mas não se rende e vai sempre à luta, entrou usando sapatos de saltos altíssimos, uma peruca loira gigante e maquiagem exagerada ao extremo, a primeira coisa que disse foi seu “nome completo”, composto com pelo menos quatro dos nomes das famílias mais proeminentes de Fortaleza à época, o riso foi geral. Mais de vinte anos depois, ainda é assim a reação do público aos shows do artista. Cheio de humor moleque, mas com um final emocionante, na forma de seu número ‘Sonhos de um Palhaço‘.

Paulo Diógenes deu seus primeiros passos no humor ainda quando cursava Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará em 1978, entre sua primeira experiência e ao momento em que decidiu largar o emprego de bancário para dedicar-se ao humor, foram quase 10 anos. Nestes mais de vinte anos de trajetória, Paulo já espalhou o riso em inúmeras casas de show, teatro e nos principais programas da televisão brasileira, também esteve em várias peças de humor, entre elas uma das mais marcantes do humor cearense, “Caviar com Rapadura”.

Paulo Diógenes começou sua carreira no teatro fazendo comédia, mas foi nos bares de Fortaleza onde encontrou o cenário perfeito para dar início a trajetória de muito sucesso com sua Raimundinha. Viajou por todo o Brasil e participou de vários programas nacionais como: Domingão do Faustão, Planeta Xuxa, Fábio Jr., Programa Livre, Os Trapalhões, Fantástico, Vídeo Show, Amaury Jr., Tom Cavalcante, entre outros. No Ceará, pela TV Diário para todo o Brasil, o programa "Beco do Riso" tinha a sua cara assim como "As Furonas" ao lado de Ciro Santos. Grandes espetáculos de humor foram sucesso de público, dentre eles: "Caviar com Rapadura, A Frescura da Maça, Repimboca da Parafuzeta, Três Donzelas uma comédia, Donzelas em busca da Fama, Pra que Servem os Homens, Raimundinha 20 anos - meu nome é humor".


Raimundinha encanta à todos com seu carisma e sua capacidade de improviso. Tira do cotidiano a inspiração para seu show e faz o público bolar de rir com seu talento gigantesco. Paulo Diógenes leva a sério a arte de fazer rir e faz tudo com amor. Eis o segredo de um dos maiores humoristas do Brasil.



Esse ano de 2010 está sendo com certeza maravilhoso para o nosso talentoso humorista, Paulo Diógenes que interpreta a RAIMUNDINHA estreou na Rede Record ao lado de Ana Hickmann no programa Tudo é Possível que vai ao ar nas tardes de domingo.



Felicidades e muito sucesso, pois ele é merecedor e sem falar que já estava mais que na hora desse reconhecimento nacional, visto que Paulo foi o primeiro a fazer esse tipo de show de humor que conquistou a todos e trouxe depois dele muita gente talentosa, como o Tom Cavalcante que hoje já tem seu próprio programa... Foi o Paulo que começou tudo isso e nada mais justo que ele esteja onde está hoje!!!













Editado em 03/08/2010 às 14:20:

Paulo e Reginaldo (meu maridão)

No dia 28 de Julho fui com o Reginaldo assistir ao show de humor no Beira-Mar Grill, foi um show beneficente em prol da instituição de apoio aos dependentes químicos Casa Luz do Mundo, encabeçada pelo nosso querido Paulo Diógenes.
O show teve toda a renda revestida para a compra de uma Kombi para a instituição, e contou com a participação de 12 humoristas. A noite foi mais que especial, nunca ri tanto, eu e o Reginaldo choramos de ri com a Raimundinha, Aurineide Camurupim (sem palavras para descrever essa pessoa no palco, nota 1000 rs), Ciro Santos (O bombeiro ainda deve estar cansado rsrs), Lailtinho Brega, Zé Modesto (belo contador de piadas, não tem quem não ria), Tirulipa (show à parte, a coreografia de beyonce e a volta ao passado quando se veste de Tiririca foi emocionante), Skolástica, Luiz Neto, Mastrogilda, Oscar Brito, Ery Soares...

Final do show - Skolástica (Antônio Fernandes), Luis Antônio(Aurineide),
Lailtinho, Everson (Tirulipa), Paulo Diógenes (Raimundinha) e Luiz Neto


Tiramos muitas fotos, foi um show maravilhoso!
Parabéns aos artistas, seres humanos com o coração
repleto de amor, alegraram a noite de todos que
estavam presentes.
Amei!!!

Parabéns pela iniciativa, Paulo Diógenes!!!


terça-feira, 4 de maio de 2010

Humor Cearense

Certa vez, um rapaz estava viajando pelo mundo, num desses lugares que têm estação de esqui.
Estando num shopping, na praça de alimentação, lamentavelmente presencia uma pessoa caindo (no nosso linguajar, levando uma queda!).
E eis que surge o inesperado naquele momento: sabe-se lá de onde, no meio da multidão, surge um IEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIII!
Então esse rapaz foi atrás do grito e bingo!: um cearense.

Pra quem conhece razoavelmente os cearenses, essa história (dizem ser verídica!) representa 3 fatos reais do povo alencarino:

1 - Iei é o nosso código/vaia de identificação universal
2 - Os cearenses estão em todo canto do mundo.
3 - Rimos de praticamente tudo

Sabemos que vaiar uma pessoa é má educação, mas esse é um hábito comum de um povo em que tudo vira motivo para rir e fazer uma piada.

"A comicidade característica da cidade tem uma explicação cultural. Cearense genuíno tem um jeito moleque, no bom sentido, de encarar a vida, mesmo com as dificuldades históricas da região. O humor seria a válvula de escape. Uma forma de driblar as dificuldades, de rir da própria miséria. Essa não é uma marca das gerações mais recentes. Um dos primeiros registros históricos da gaiatice cearense foi o movimento literário Padaria Espiritual, de 1892. Muito antes da Semana de Arte Moderna, os "padeiros" já produziam o Pão do Espírito, um jornal modernista e, claro, irreverente. Outra marca histórica da molecagem cearense é o bode Yoyô, um animal simpático e paparicado que virou peça do Museu Histórico do Ceará.

O episódio mais célebre, no entanto, foi noticiado no jornal O Povo, de Fevereiro de 1942. Um grupo numeroso de pessoas vaiou o sol quando ele interrompeu uma rara manhã de chuva na cidade.


Essa é uma afirmativa verdadeira: o cearense é gaiato por natureza.
Isso é tão verdade que quando lembram dos nossos produtos

de importação alguns se recordam de calçados, produtos têxteis, castanha de cajú, lagostas e camarões.... mas todos evocam nosso principal produto: os HUMORISTAS.


Chico Anysio, Falcão, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Tiririca, Wellington Muniz (você o conhece: ele é o Ceará e o Paulo Jalasca da rádio Jovem Pan e o clássico Sílvio Santos do Pânico da TV)... Diria até que Seu Lunga é humorista! rsrs

Temos até um teatro próprio: o Teatro do Humor Cearense.
Alguns dos nossos melhores bares possuem show de humor. Foram neles que surgiram nossas principais atrações humorísticas, que estão em diversas emissoras de TV: Tiririca, Rossicléa, Ciro Santos, Skolástica, Paulo Diógenes, Wellington Muniz...


Boa parte das piadas é IMPROVISO. E sinceramente, algumas não são nada inocentes.
Além disso, só aqui mesmo para o humorista descer do palco e fazer "hora" (piada) com a cara da platéia e ela rir!
Não dá pra se sentir agredido: somos assim mesmo!

Agora um texto encontrado no Google:

"Sou do Ceará"
Ricardo Gondim

Ser do Ceará é mais do que nascer no Ceará, é conseguir reconhecer, à distância, uma cabecinha redonda, um sotaque cantado, uma orelha de abano, um jeito maroto de encarar a vida.

Ser do Ceará é saber a estação certa de colher um sapoti, conhecer os vários tipos de manga e nunca comprar ata verde demais; é dar sabor a um baião de dois com queijo coalho.

Ser do Ceará é gostar de cocada, de suco de tamarindo, de sirigüela vermelha, de água de coco docinha.

Ser do Ceará é engolir o final dos diminutivos - cafezinho vira cafezim; Antônio vira Toim; bonzinho vira bonzim. Lá se fala aperreio na hora do sufoco; o apressado é avexado; o triste fica de lundu; quem cria problemas, bota boneco.

Ser do Ceará é morar onde os muros são baixos; quer dizer, lá todo mundo sabe dos outros. A melhor conversa entre cearense é fofocar sobre a vida alheia. Aparecer em coluna social é o máximo; os que pertencem a uma família com pedigree, fazem parte dos eleitos. Os Studarts, os Frotas, os Távoras, os Jeiressatis são considerados o supra-sumo.

No Ceará não se compra casa do lado do sol; isto é, ninguém valoriza uma propriedade com a frente voltada para o poente. O sol não perdoa; é inclemente, ardido, feroz, cansativo. Lá quem não souber lidar com o astro rei, não dura muito tempo.

Entre dez da manhã e cinco da tarde, o sol deixa todo mundo melado; não existem peles secas no Ceará, todas são oleosas.

Ser do Ceará é aprender a dormir de rede, a gostar do cheiro de lençol limpo, a tomar banho frio, a valorizar a brisa do mar. Lá o perfume de sabonete tem outro valor. No Ceará as mulheres não usam meias finas, os homens não toleram gravatas e as crianças não sabem o que é uma blusa de lã.

Ser do Ceará é ter orgulho de afirmar que pertence à terra de José de Alencar, Patativa do Assaré, Fagner, Eleazar de Carvalho, Clóvis Bevilácqua. Lá amam-se as artes; cria-se repente com facilidade, conversa-se com rima.

Ser do Ceará é lidar com umidade, com camisas molhadas de suor, com mofo, com moscas aos milhões, com muriçocas impertinentes, com baratas avantajadas, com viroses brabas, com desidratações súbitas. Lá os fracos morrem rapidamente; o darwinismo com sua teoria da sobrevivência dos mais fortes se prova com facilidade. No Ceará nuvens negras são prenúncio de bom tempo e relâmpago, uma bênção. Em dia chuvoso ninguém gosta de sair de casa.

Ser do Ceará é rir por tudo. E tudo vira piada; lá sobra humor até para vaiar o sol quando interrompe a chuva.

Os cearenses são antes de tudo uns fortes; ao mesmo tempo deliciosamente bons e perversamente maus. Lá é terra de pistoleiro e de santo; de revolucionário e de coronel caudilho; de guerreiro e de preguiçoso.

Sou cearense. E por mais que tenha tentado, não consegui apagar o meu amor por esse chão que me acolheu no mundo. Lá nasci, casei e tive filhos. No Ceará despertei para o mundo e infelizmente, sepultei o restim de esperança que nutria pela humanidade. O Ceará foi o meu ninho e é o meu túmulo; maior alegria e pior desgraça.

Contudo, apesar de tudo, continuo enamorado do meu berço. Não consigo desvencilhar-me de ti, loira desposada do sol.

"Soli Deo Gloria."
Esse post é para abrir uma nova seção, onde falarei dos nossos humoristas que tanto orgulho nos dão!!!
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