Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Corta bunda do Zé Walter
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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domingo, 29 de janeiro de 2017

8 Anos - Fortaleza Nobre e saudosista



No dia 29 de janeiro de 2009, nascia o Fortaleza Nobre!
A ideia de criar o site aconteceu sem pretensão nenhuma, foi somente para arquivar as fotos que eu sempre gostei de colecionar da Fortaleza antiga. Sempre tive curiosidade de saber mais da minha cidade, daquela Fortaleza que eu só conhecia através dos relatos do meu saudoso pai e dos livros de história. Minha maior curiosidade era descobrir os nomes atuais das ruas, aqueles nomes tão simples e charmosos descritos por Adolfo Caminha no seu 'A Normalista'. Aqueles caminhos narrados por Marciano, Nirez, Mozart, Rdo Girão, Rogaciano, Zenilo, Gustavo...


Nesses 8 anos, muitas pessoas, também apaixonadas pela cidade de antigamente, passaram a acompanhar e a sugerir postagens, foram me incentivando a pesquisar mais e mais e aos poucos, vamos resgatando a Fortaleza realmente Nobre! 

Vamos relembrar algumas dessas postagens?

Bondes em Fortaleza


Bonde de tração animal - Fortaleza - 1900. Em 25 de abril de 1880 é inaugurado o serviço de transporte de passageiros por bondes em Fortaleza, no Ceará. A empresa que explorava o serviço era a Cia. Ferro-Carril do Ceará. A frota constava de 25 bondes de 5 bancos cada, e funcionavam de 6 da manhã às 9 horas da noite. A foto é do início do século XX.

Um viajante inglês registrou a existência de bondes em Fortaleza na década de 1870, mas outras fontes afirmam que a primeira linha de bondes puxados por cavalos, entre a estação ferroviária e o centro de Fortaleza, foi inaugurada pela Companhia Ferro-Carril do Ceará (FCC) em 25/4/1880, usando bitola de 1.400 mm a mesma usada pela Trilhos Urbanos na linha de bondes a vapor em Recife. A Ferro Carril da Parangaba abriu uma linha para o lado Sul da cidade em 18/10/1894 e a Ferro Carril do Outeiro (FCO) iniciou sua linha no lado Leste de Fortaleza em 24/4/1896.

Náutico Atlético Cearense


Em 09 de junho de 1929, às 10 hs, é inaugurado o Náutico Atlético Cearense, na Praia Formosa, ou Praia do Marégrapho, em terreno de Manuel Borges Teles (Manuelito Borges) sendo, no mesmo dia eleita sua primeira diretoria, que tinha na presidência Pedro Coelho de Araújo, seguido de Júlio Coelho de Araújo (vice-presidente), Ademísio Barreto Vieira de Castro (primeiro secretário), Fernando Fernandes de Melo, Raul Farias de Carvalho (tesoureiro), Wandemberg Gondim Colares, Wilson Secundino do Amaral (Wilson Amaral), José Pompeu de Arruda, Renato Serra, Tomé Coelho de Araújo e José Brasil.
Em 1944 é comprado o terreno da nova sede na Praia do Meireles e em 11 de janeiro de 1948, dá-se o lançamento da pedra fundamental.

3º  Shopping Center Um

Tasso cortando a fita inaugural do Shopping Center Um.Correio do Ceará de 1974. Acervo Lucas Júnior 

Em 06 de novembro de 1974, surge o primeiro shopping center de Fortaleza, o Center Um, na Avenida Santos Dumont nº 3130; São 7 mil e 500 metros quadrados de área coberta, abrigando estabelecimentos comerciais das mais diferentes categorias e estacionamento privativo com 450 vagas, empreendimento do empresário Tasso Ribeiro Jereissati (Tasso Jereissati). Liberalidade com relação ao modo de trajar é uma das características do Center Um, onde existe, ainda, a terminante proibição de gorjetas.
Além de um supermercado Jumbo, 45 lojas servindo das mais variadas maneiras.
Havia o Shopping-Center Aldeota, mas na verdade tratava-se de um conjunto de lojas em aberto, sem nenhuma segurança ou privacidade.

 4º  Ed. São Pedro - Antigo Iracema Plaza Hotel

 Hall de entrada e fachada do Iracema Palace Hotel 

Pertencente à família Philomeno Gomes, o edifício São Pedro também chamado de “Copacabana Palace” da capital cearense. O edifício de arquitetura inspirada nos hotéis luxuosos de Miami Beach, nos Estados Unidos, foi construído em 1951 para ser o primeiro prédio da orla. Com formato de navio, foi idealizado para desenvolver atividades de hotel, condomínio residencial e comercial em meio às casas e o areal da Praia de Iracema.
Só no hotel são mais de 100 apartamentos com salões de convenções, estar, coffee shop e barbearia. São 12 mil metros de área construída, apartamentos com 200 metros quadrados. Vê-se da janela uma das imagens mais bonitas de Fortaleza: a Praia de Iracema.


Um herói chamado João Nogueira Jucá 

 Acervo Luciano Hortêncio

Quando o estudante João Nogueira Jucá morreu, no dia 11 de agosto de 1959, faltavam três meses para completar 18 anos. Ele era um jovem calado, de um coração imenso, humano. Por isso, a família e os amigos não estranharam a atitude que tomou ao entrar no prédio em chamas para salvar doentes que estavam internados na Casa de Saúde César Cals, hoje, Hospital Geral César Cals (HGCC). Apesar da gravidade do seu quadro, em nenhum momento se arrependeu do que fez. "Ele dizia que seu corpo queimava como brasa".
O Major do corpo de bombeiros, José de Melo Neto, observa que João Nogueira Jucá tinha dentro de si um espírito militar e vestiu-se desse espírito para ajudar quem precisava.




Praça da Parangaba com o Prédio da antiga Intendência e a Lagoa-Assis Lima

A Parangaba era uma antiga aldeia indígena que foi catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada a condição de vila em 1759 com o nome de Arronches. Foi incorporada a Fortaleza pela lei nº 2 de 13 de maio de 1835 e depois foi restaurado município pela lei nº 2097 de 25 de novembro em 1885 com o nome de Porangaba e finalmente foi incorporado a Fortaleza pela lei nº 1913 de 31 de outubro 1921.
Porangaba, Vila Nova de Arronches, Parangaba. Três nomes, um só lugar. Lugar de Beleza, segundo o poeta. O que hoje é um dos muitos bairros que compõem a grande cidade de Fortaleza (capital do Ceará estado do Nordeste Brasileiro), é também signo do desdobramento histórico cearense, pois encerra nas suas tradições e memórias o passado que remonta aos tempos da colonização lusitana em 1603.

Fortaleza em suas ruas, avenidas, travessas...




"Esta foto data de 1951 e mostra a esquina da Rua Major Facundo com a Rua São Paulo que abrigava uma loja de tecidos pertencente ao Sr. José Meireles. Ficava diagonal com a Casa Victor dos Irmãos Pinto, depois Cimaipinto. Aquele prédio que fica no fundo é o Sobrado Mole, que foi sede da UDN.

O prédio de detrás era um antigo sobrado que nesta época estava sendo usado por várias lojas e escritórios. Parece-me que hoja aí está a Casablanca.

A sombra é do Edifício América, onde funcionou a Cimaipinto. o espaço entre o fim do sobrado e o sobrado mole que se encontra no final, é a praça que fica em frente ao Museu do Ceará. Não foi eberta nenhuma rua. Vejam a perspectiva que a linha da calçada segue exatamente a do sobrado mole." Nirez


Avenida Beira-Mar



Em 10 de janeiro de 1939, Raimundo Araripe, prefeito de Fortaleza, baixa decreto adendo ao Plano Diretor da Cidade, p
roibindo as construções, reconstruções, modificações, reformas de prédios ou quaisquer obras na faixa litorânea de Fortaleza, nas faces norte e nas faixas compreendidas entre elas e o oceano, das ruas e trechos: Rua dos Tabajaras, compreendido o seu prolongamento, a partir do Poço da Draga; Avenida Getúlio Vargas (hoje Avenida Beira-Mar) até a povoação do Mucuripe, inclusive; trecho da faixa oceânica, partindo do Poço da Draga, em direção ocidental, seguindo pelo perfilamento do Arraial Moura Brasil, que faz frente para o mar.
No dia 11 de agosto de 1962, são iniciadas as obras de construção da Avenida Beira-Mar na administração Manuel Cordeiro Neto.

A Beira-mar de Fortaleza foi rasgada só em 1963, porém, ela sempre existiu antes dessa data. As famosas e lendárias praias de Iracema e Mucuripe já despertavam o interesse dos fortalezenses antes de 1963

"Grafite", cujo verdadeiro nome é Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, industrial, de 25 anos, morreu de maneira violenta, ontem de madrugada, quando de "pega" de motos na Avenida Presidente Kennedy. Eram 3h30min quando se deu o acidente. Sua moto, de 1000 cilindradas, quase arrancou um poste de iluminação pública. Ele ficou completamente mutilado.

A denominada "Volta da Jurema", era o palco de "Grafite". Ali, quase todas a madrugadas, o jovem dava um verdadeiro show, usando a alta velocidade e pondo sua vida em risco a todo instante, não somente em automóveis, como em sua possante moto. Ontem, foi seu último "pega" com o amigo Aristides. Os veículos colidiram.
 

10º O famoso cabaré da Leila

 
Já nos finais dos anos 60, e por toda a década de 70 o melhor cabaré de Fortaleza era a CASA DA LEILA, na Maraponga. Suas mulheres eram altas, elegantes, muitas, louras naturais de olhos claros. Vinham do sul do país, de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul. Tudo gente fina, educada, algumas se diziam universitárias e comentavam coisa de política, música popular e variedades culturais. Dentre elas havia uma mulata, alta, belíssima, chamada Mércia, que mostrava uma carteira de estudante em Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse tempo havia um vendedor ambulante de livros, o Curió, que assegurava ter vendido várias coleções e enciclopédias às meninas da Leila. Umas intelectuais? (...)


11º Pici e a segunda Guerra Mundial



Existem controvérsias que persistem até hoje com relação à origem do nome “Pici”. Segundo o memorialista Nirez, há uma versão fantasiosa que diz que a origem do nome seria a abreviatura da expressão Post Command – PC, em relação à base norte-americana da II Guerra Mundial –, sendo que as letras “p” e “c”, em inglês, são pronunciadas, respectivamente, como “pi” e “ci”. O pesquisador nega essa versão ao lembrar que a expressão correta seria Command Post presumidamente, Posto de Comando, parte do jargão militar norte-americano (CP e não PC). Nirez também nos lembra que o lugar já tinha esse nome desde o século XIX, quando um centenário sítio pertencente ao agrimensor Antônio Braga (Por ter se apaixonado pelo romance O Guarani de José de Alencar, aglutinou o nome de seus principais personagens, Pery e Cecy, batizando-o de ‘Sítio Pecy’.

12º A origem da Praia de Iracema - De 1920 até os dias atuais



O surgimento do bairro Praia de Iracema, antes denominado Porto das Jangadas, Praia do Peixe ou Grauçá, está associado à “descoberta” do banho de mar como medida terapêutica e também como contemplação e lazer por parte da elite econômica da cidade nos anos de 1920. Esta elite intensificou a sua inserção na praia, com a construção de casas alpendradas ou do tipo bangalôs, de frente para o mar, fenômeno que “obrigou” os pescadores a mudarem-se para outras praias.
A primeira manifestação pública que permite antever o futuro nome do bairro ocorre em 1924, quando a cronista social Adília de Albuquerque Morais lançou a ideia de que se construísse um monumento à heroína do romancista José de Alencar, a ser erigido na orla marítima.


13º Corta Bunda - Os maníacos que aterrorizaram o José Walter


Em meados dos anos 80, o conjunto habitacional Prefeito José Walter foi tomado pelo medo do ataque de um maníaco que cortava a bunda das mulheres.
Quando um homem armado com uma lâmina começou a invadir as casas do Zé Walter para traçar uma linha de sangue nas nádegas femininas, o resto da cidade não pôde mais ignorar aquele pedaço de Fortaleza. Entre 1985 e 1987 , os crimes do Corta-Bundas ocupavam espaço frequente nos jornais da Capital. 


Em 1985, um maniaco psicopata começou a atacar mulheres (adultas e crianças), ele não matava, não roubava e nem abusava sexualmente das suas vitimas, apenas fazia um corte profundo com navalha, estilete ou bisturi na região das nádegas.  

14º O caso BALALAIKA


Às 6 horas e 45 minutos da manhã do dia 04 de agosto de 1942, Fortaleza assistia perplexa a um impressionante desastre aéreo. O jovem desportista, aluno do curso de pilotagem, Edgildo Giordano (mais conhecido por Balalaika), de apenas dezesseis anos de idade, pilotava o avião Visconde de Taunay, um "Pipper Cub" pertencente ao Aero Clube do Ceará, quando o avião caiu no quarteirão entre a Avenida Santos Dumont, Rua Costa Barros, Avenida Dom Luís (Hoje Avenida Dom Manuel) e Rua 25 de Março.

O avião de Balalaika fazia evoluções sobre a Avenida Santos Dumont, quando sobrevoava as casas residenciais de nº 187 e 189, quando caiu em "piquet", entre os dois quintais, ficando completamente espatifado. Surgiram lendas em torno do acontecido, entre elas a de que Balalaika teria brigado com a namorada e suicidou-se jogando o aparelho que pilotava no quintal de sua amada, na Avenida Dom Manuel.


15º Excelsior Hotel - 85 Anos


Em 31 de dezembro de 1931, há exatos 85 anos, surgia em Fortaleza o primeiro arranha-céu da cidade, inspirado em um edifício de Milão na Itália. Utilizava na sua estrutura, alvenaria* de tijolos e trilhos** de trem.
De estilo eclético, teve toda a sua decoração interna aos cuidados de Pierina Rossi, que utilizou materiais importados da Europa.
Só para se ter uma ideia, as paredes do prédio chegam a 80 centímetro de largura. Um gigante de sete andares!


Em comemoração, visitei o hotel e fiz várias fotos, uma verdadeira viagem no tempo:

Excelsior em detalhes
Excelsior em detalhes - Parte II
Excelsior em detalhes - Parte III

* Leia: A queda de uma lenda.

** De acordo com o pesquisador e ex-ferroviário, Assis Lima, os trilhos usados não foram de trens. As ferragens para a construção do prédio vieram da Polônia, juntamente com uma encomenda para a estrada de ferro de Baturité, que à época já era denominada RVC. A encomenda chegou em 1929. Fonte: Relatório da RVC de 1929, criminosamente destruído em 1998 por ser entregue às intempéries de prédio com telhado comprometido. As chuvas de 98 levou os insensíveis dirigentes da ferrovia a colocarem "papéis velhos" no lixo.¬¬

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Corta Bunda - Os Maníacos que aterrorizaram o José Walter


Conjunto José Walter, cenário dos ataques dos corta bundas.

Em meados dos anos 80, o conjunto habitacional Prefeito José Walter foi tomado pelo medo do ataque de um maníaco que cortava a bunda das mulheres.

Quando um homem armado com uma lâmina começou a invadir as casas do Zé Walter para traçar uma linha de sangue nas nádegas femininas, o resto da cidade não pôde mais ignorar aquele pedaço de Fortaleza. Entre 1985 e 1987 , os crimes do Corta-Bundas ocupavam espaço frequente nos jornais da Capital.

Conjunto José Walter
um dos bairros mais populares de Fortaleza, com suas ruas estreitas e numeradas, foi construído em 1970. A primeira etapa do conjunto habitacional foi inaugurada em 1969 e recebeu o nome do Prefeito de Fortaleza, José Walter.

Em 1985, um maniaco psicopata começou a atacar mulheres (adultas e crianças), ele não matava, não roubava e nem abusava sexualmente das suas vitimas, apenas fazia um corte profundo com navalha, estilete ou bisturi na região das nádegas. 


Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Ele colocou pânico e fez diversas vitimas durante dois anos, de 1985 a 1987. Foram mais de 70 mulheres atacadas, mas apenas três formalizaram a queixa e constaram no processo contra ele. 
O corta bundas deu muito trabalho para a policia que não conseguia pegá-lo e muito menos identificar o agressor.


Ocasião da prisão de Evandro em 06 de fevereiro de 1987

Apenas em 06 de fevereiro de 1987, a policia consegue capturar Francisco Evandro Oliveira da Silva de 26 anos.
Preso e reconhecido, Evandro confessou os crimes e acabou morto no Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira (IPPOO) pelos próprios presos.

 Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Bom, mas antes de Evandro ser preso e identificado como o corta bundas que estava aterrorizando o José Walter e colocando toda a população em polvorosa, outros também foram presos e apontados como o maníaco.

Foto ao lado: Evandro tinha em seu poder instrumentos cortantes. Acervo Jansen Viana.

Em 12 de outubro de 1986, Aparecido dos Santos Reis, foi preso e identificado como o marginal que estava cortando as nádegas de mulheres e crianças.

Os Maniacos corta bundas que aterrorizaram o José Walter


Relato Minucioso de Aírton Lopes, então Comissário de Polícia, que fez parte da equipe responsável pelas prisões na época. Leia na íntegra AQUI

12 de outubro de 1986 - 10:00hs. 
Dia das Crianças e Momento de Campanha Eleitoral
Contada pelo Líder Comunitário Airton Lopes, na época Comissário de polícia, que trabalhava na Sétima Delegacia Distrital.
Prisão efetuada pelo comissário e pelos soldados Írio e Leonardo da PM/CE. Posto a disposição do Comissário pelo Tenente Gondim do Coe.

"No dia 12 de outubro de 1986, o comissário de polícia civil Airton Lopes, que trabalhava na época no 7º Distrito Policial, bairro Nossa Senhora das Graças, e os soldados da polícia militar: Írio e Leornardo, na época integrantes do COE, um morava no conjunto José Walter (Írio) e o outro morava no Conjunto Industrial (Leonardo). Eles prenderam o segundo corta bundas (o primeiro foi Mc Donald) do José Walter, Aparecido dos Santos Reis, vulgo “Topo Gigio”. Em sua casa, na hora da prisão, foram encontrados: uma peruca loira, um estilete e uma substância negra, tipo uma graxa (ele usava no corpo para ficar liso). Materiais usados na prática dos crimes. Dentre suas características físicas, ele tinha uma tatuagem de sereia no peito direito. Ele cortava as vitimas com um estilete e emendava o ânus com a vagina. 

O primeiro corta bundas que se tem notícia, foi Luiz Donald Uchôa Félix, vulgo “MC Donald, filho de um motorista policial da SSP. Mc Donald” cortou várias bundas, mas como ele nasceu no Conjunto José Walter, foi fácil para as vítimas o reconhecerem. Após investigações, o pai de uma das mulheres de Mc Donald encontrou uma carta nas coisas de sua filha e entregou ao comissário Aírton Lopes e este entregou ao Dr. Vicente Ferreira, delegado do 8º Distrito. O comissário descobriu que Mc Donald estava morando em Brasilia-DF, no bairro da Ceilândia, trabalhando numa oficina mecânica. A polícia daqui entrou em contato com a de Brasilia, que o prendeu e o transferiu para Fortaleza de avião. 
Enquanto ele estava foragido, apareceram outros corta bundas. O segundo, “Topo Gigio”, começou a praticar o mesmo crime, no intuito de inocentar o primeiro. Com a prisão do segundo (Aparecido dos Santos, o Topo Gigio), surgiu um terceiro, chamado Evandro
Eles negavam a autoria dos cortes. Apresentamos as vítimas do tarado “Topo Gigio” e as investigações só chegavam na mãe de "MC Donald" (Dona Mirtes, já falecida), como mandante. 
Presa por tráfico de drogas, D. Mirtes negou que houvesse contratado Topo Gigio e Evandro para cometerem os crimes e assim, forjar a inocência do filho. 

Prisão do corta bunda Evandro - Jornal O Povo
(Clique para ampliar)

 As vítimas de Evandro - Acervo O Povo

O terceiro corta bundas, Evandro, foi morto no Instituto Penal e o acusado de matá-lo foi o elemento conhecido por “fonfon” que estava preso no IPPOO, e era "de dentro" da casa de D. Mirtes, caracterizando uma queima de arquivo
Tanto um quanto o outro, sempre negaram que fossem o corta bundas ou que a mãe de Mc Donald os havia contratado. 
A verdade é que as vítimas estão por aí, para contar as suas tristes histórias... 

Observações: Os três tarados (maniacos) do José Walter, as vítimas e os policiais, moravam no conjunto e se conheciam, todo mundo conhece todo mundo, por isso foi fácil chegar até eles.
Nós, moradores do conjunto, não dormíamos, uns pastoravam os outros. A gente trocava a noite pelo dia, era um inferno!

Acervo Jansen Viana

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Quando "MC Donald" sentiu que tinha sido descoberto, ele fugiu. O problema, é que mesmo estando foragido, os cortes continuavam, foi aí que os policiais chegaram no segundo tarado, o “Topo Gigio”.  Preso o Donald e o Topo Gigio, os ataques continuaram. Foi então que chegamos no Evandro, que foi reconhecido por Dona Berenice, que aliás, não sofreu o ataque, ele apenas entrou, passou uns 10 minutos no interior de sua casa, bebeu água e foi embora. Na casa estavam dona Berenice e sua filha menor. 

Na época da prisão, os três policias conversaram com a mãe de Evandro, e esta estava preocupada, porque Evandro andava estranho e endinheirado. 

Foto ao lado: Corta bunda Evandro

Certa vez ele disse para mãe: -Mãe eu estou fazendo uma coisa errada, mas, deixa para lá. 
"Evandro não era sadio da mente. Houve uma noite em que Berenice estava sentada no portão de casa, quando de repente, Evandro vinha pilotando uma bicicleta sentado no guidom da mesma, foi quando ela me procurou na casa de minha sogra, que era a uns 2 quarteirões e esta mandou que Berenice ligasse para o oitava Distrito Policia (Delegacia do Conjunto) o que foi feito e Evandro foi preso no “pedim”, um trailer antigo na segunda etapa."

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

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Topo Gigio, deu trabalho para ser preso, pois foram meses de investigações, chegamos a conversar com a mãe do Mc Donald, D. Mirtes, pedindo que ela nos entregasse o seu filho que nós o levaríamos para um hospital mental.

Mc Donald e Topo Gigio, continuam morando no conjunto, bem como as vítimas: Sulamita da Silva e Carla Cândido Cavalcante, Tereza Maria Alves (Terezinha) e Maria das Graças Pereira. O acusado foi reconhecido por quatro vítimas. Duas testemunhas no 8º Distrito Policial e uma testemunha, que eu não posso revelar seu nome, e que morava no Barracão, reconheceu Topo Gigio, pois ele tentou entrar na sua casa.
A manchete do Jornal O Povo do dia 14 de outubro de 1986, trazia:
''Preso um dos tarados do conjunto Zé Walter”

Como ocorreu a prisão:
Às 10 horas do dia 12 de outubro de 1986 para prender o tarado, fingimos estar fazendo campanha, pois era época de Campanhas Eleitoral
O comissário saiu num carro com duas vítimas de Topo Gigio com a finalidade de reconhecer o tarado. Num outro carro, estavam os soldados e uma senhora que iria entregar ao Topo Gigio uma carteira de identidade civil, que ela havia tirado e que havia prometido um emprego e que os dois soldados seriam os patrões. Quando Topo Gigio saísse para falar com os soldados, as vitimas o reconheceria, deixariam cair os papeis no chão, e essa era a confirmação de que era o tarado. Isso foi feito, foi dado voz de prisão e ele foi conduzido para uma Companhia de Policia Militar na Maraponga, evitando assim um linchamento."

Airton Lopes (Líder Comunitário e Ex-Inspetor de Policia)
São Gonçalo do Amarante, 28 de setembro de 2010


Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

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Como vimos, há quem diga que Evandro (o mais "famoso" e que pagou com a vida pelos crimes que cometeu) não era o 'verdadeiro' Corta-bundas. Ou pelo menos, não o único. O mito prossegue no imaginário do bairro...




Fontes: Livro "Corta bunda - O Maníaco do Zé Walter" de Jansen Viana, Blog Jairton Lopes e diversas pesquisas




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