Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Estação Ferroviária do Mucuripe
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Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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sábado, 26 de janeiro de 2013

Farol do Mucuripe - O velho e os novos



Farol em 1940 - Arquivo O Povo

Farol em 1972 - Arquivo O Povo
O velho Farol do Mucuripe é uma construção em alvenaria, madeira e ferro, em estilo Barroco. Uma das mais antigas edificações de Fortaleza. Foi durante muito tempo referência para embarcações que aqui aportavam. O velho olho do mar, como era conhecido, foi desativado em 1957. No período de 1981 a 1982, foi reformado para abrigar o Museu do Jangadeiro, depois Museu do Farol, cujo acervo fazia referência a Fortaleza Colônia. Faz parte do Patrimônio Histórico, sendo um dos mais belos pontos turísticos da cidade. Infelizmente está fechado a visitação e o pior, em péssimo estado de conservação!

Em 17 de agosto de 1826, foi aprovado o plano do Farol do Mucuripe, por D. Pedro, sendo aberto o edital de concorrência a três de novembro, mas a construção só se iniciou em 1840.

O Farol do Mucuripe foi terminado em 17 de novembro de 1846, construído pelos engenheiros Júlio Álvaro Teixeira de Macedo e Luís Manuel de Albuquerque Galvão e do Maquinista Trumbull (Truberel).

Sua localização é Avenida Vicente de Castro s/nº, na Ponta do Mucuripe.

Farol em 1978 - Arquivo O Povo

Farol em 1980 - Arquivo O Povo

Farol em 1981 - Arquivo O Povo

Farol em 1981 - Arquivo O Povo

Farol em 1982 - Arquivo O Povo

No dia 29 de julho de 1871, começou a funcionar o farol giratório do Mucuripe (Farol do Mucuripe), comemorando o aniversário da Princesa Imperial.
O Farol foi mandado construir, em virtude da lei nº 60 de 20 de outubro de 1838. 
O farol tem a localização: Latitude sul 3º, 45'10" e longitude oeste de Greenwich 38º, 35'9".
Sua luz era visível a 24km de distância, piscando a cada minuto.
O foco luminoso elevava-se a 33m26, ao nível da preamar e contava com três faroleiros.


Farol em 1983 - Arquivo O Povo

Farol em 1987 - Arquivo O Povo

O primeiro faroleiro foi João Rodrigues de Freitas.
Foi desativado em 1958, quando foi inaugurado o novo farol.
Abandonado, foi restaurado em 1981/82, pela Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura e Desporto do Estado do Ceará.

Farol em 1989 - Arquivo O Povo

Farol em 1990 - Arquivo O Povo

Alguns fatos Importantes:
  • 09 - setembro - 1929 - Realiza-se prova de natação do Farol do Mucuripe à Ponte Metálica, saindo vencedor Wandemberg Gondim Colares, seguido de Wilson Amaral, Pedro Araújo e Francisco Conrado da Silva.
Farol em 1991 - Arquivo O Povo
Farol em 1991 - Arquivo O Povo
  • 22 - abril - 1950 - A Imobiliária Antônio Diogo põe à venda loteamento com área de 7km de comprimento por 600m de largura, do Farol do Mucuripe à barra do Rio Cocó, a futura Praia do Futuro.
Farol em 1994 - Arquivo O Povo

Novo Farol do Mucuripe

Novo farol do Mucuripe recém inaugurado. Hoje no entorno
temos o Conjunto São Pedro, Alto da Paz e Morro da Vitória.
Arquivo Nirez
Em 13 de maio de 1958, chega o material para o início da construção do novo farol nas dunas do Mucuripe que substituiria o velho farol. Seu alcance era de 40 quilômetros.

Em virtude do início do funcionamento do novo Farol, cuja inauguração oficial se deu no dia 15 de dezembro de 1958, o velho farol foi desativado.

Inaugurado no alto das dunas do Mucuripe, o Farol Novo já vinha funcionando desde o dia 13, em substituição ao velho Farol do Mucuripe que foi desativado naquele dia.

    Arquivo Nirez
    Farol novo no final dos anos 70. Acervo  F Carlos de Paula
No dia 25 de janeiro de 1959, o velho Farol do Mucuripe, foi objeto de artigo de Gustavo Barroso, que fez revelações sobre as origens daquele ‘baluarte da nossa civilização’. Através dos séculos permaneceu como roteiro aos navegantes no extremo da ‘língua arenosa que avançava para o Atlântico. Não conservou a cor branda de outros tempos, plantado ali como círio devocional’.

Artigo de Gustavo Barroso
Durante a Semana da Marinha, em 12 de dezembro de 1959, era entregue o antigo Farol do Mucuripe, ao Serviço do Patrimônio da União.

Em 25  de junho de 1971, a Capitania dos Portos doa à Prefeitura de Fortaleza, totalmente recuperado, o velho Farol, para ser o Museu do Jangadeiro.


Foto Luan Viana
Um novo farol para o Mucuripe - O Farol do Milênio

Considerado o maior farol tradicional das Américas e o sexto maior do mundo, um novo Farol do Mucuripe foi inaugurado na noite do dia 18 de setembro de 2017. O novo equipamento tem 71,1 metro de altura, permitindo uma maior segurança para a navegação na costa cearense.

A obra foi realizada por meio de parceria público-privada entre a Marinha do Brasil e o Grupo Empresarial J. Macêdo. O novo farol possui sistema informatizado e elevador interno. Com investimento de R$ 5 milhões e localizado em terreno da Marinha, o equipamento já vinha operando desde o dia 19 de julho em fase de testes. 

Em construção. Foto: Juscelino Augusto Nogueira

Em construção. Foto: Juscelino Augusto Nogueira

Foto Luana Viana
O presidente do Conselho de Administração do grupo J. Macêdo S.A., Amarílio Macêdo, destaca que com o aumento do limite de altura, o grupo pode ampliar a capacidade de armazenamento de trigo com a elevação dos silos da fábrica localizada no Porto do Mucuripe. Ele também cita que o novo equipamento é considerado o maior farol tradicional das Américas devido à finalidade náutica. “O farol tradicional é o que existe para facilitar a navegação, tanto das pequenas embarcações quanto dos grandes cargueiros e transatlânticos. O tradicionalismo é porque pode existir farol ornamental e com outras finalidades que não seja a de atender a essa necessidade da Marinha do Brasil”, explica.

Arquivo J. Macêdo
Arquivo Diário do Nordeste
O capitão dos portos do Ceará, Leonardo Salema, cita que o novo farol é três vezes mais alto que o anterior, que fica ao lado da nova construção. 

O novo farol é controlado por um sistema de informática, uma tecnologia nova que não tinha no outro farol, que precisava de uma intervenção humana para acender e desligar. Ele passa a ter sistemas redundantes de controle da sua velocidade e de giro, além de alarmes que vão facilitar a operação do farol.

E o destino do farol antigo? De acordo com o capitão dos portos do Ceará, a Marinha ainda não chegou a um consenso.


Mais fotos do antigo farol (Arquivo O Povo):
Arquivo O Povo - Em primeiro plano, placa de bronze retirada do primeiro andar do Farol. Foto de 2013

Arquivo O Povo - Escadaria que dá acesso à entrada principal do Farol. Foto de 2013

 O antes e o depois do farol

Farol em 1998 - Arquivo O Povo

Farol em 2013 - Arquivo O Povo

Arquivo O Povo - Acesso para o primeiro andar do Farol do Mucuripe. Foto de 2013

Jovens se arriscam em escada enferrujada

Jovens se arriscam no Farol do Mucuripe

Pichações tomam a fachada do Farol

 Vista do farol antes e depois



Fonte: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo
Jornal O Povo

domingo, 6 de maio de 2012

Mucuripe - Fatos históricos do bairro



Foto bastante rara do Mucuripe. Detalhe para a igrejinha dos pescadores - Foto do Álbum Fortaleza 1931
  • 26 de janeiro de 1500 - De acordo com o pensamento do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen, o Cabo de Santa Maria de la Consolación, onde esteve a frota do navegador Vicente Yañez Pinzón, seria a ponta do Mucuripe. A tese é aceita e contestada por muitos historiadores. Um mês depois de Pinzón, Diogo Lepe avistava o Rostro Hermoso (ponta do Mucuripe) e em seguida tomava o rumo de Pinzón. Vicente Yañez Pinzón era um navegador espanhol, que à procura de conquistas, riquezas e especiarias, aventurou-se pelos mares, em procura das Índias, por caminhos mais curtos, em direção ao por do sol e em fevereiro de 1500 aportou nas areias do nordeste do nosso continente, onde cavou o chão do futuro Brasil e ergueu aos ventos ocidentais a cruz que assinalava sua passagem. Hoje existe em Fortaleza um bairro com o nome de Vicente Pinzon.

Mucuripe em 1920 ou menos -  Nirez
Agosto de 1501 - Expedição comandada por André Gonçalves e Gonçalo Coelho chegou à enseada do Mucuripe, tendo entre seus tripulantes Américo Vespúcio.

                Registro raro do Mucuripe em 1935Acervo MIS

  • Junho de 1603 - A primeira vez que nosso solo teve contato realmente com a civilização foi quando Pero Coelho de Sousa aqui esteve, não com intuito civilizador, mas à procura de riquezas para cobrir perdas que teve na Paraíba, juntamente com seu cunhado, Frutuoso Barbosa. Em sua andança, esteve no Mucuripe, onde encontrou uma tribo indígena, e seguiu rumo a Ibiapaba, mas vendo fracassado o seu intuito, voltou, fundando na barra do rio Ceará  ou Itarema, um fortim ao qual batizou de São Tiago, chamando a região de Nova Lusitânia, que teria como capital Nova LisboaEra uma tosca paliçada de paus de quina e algumas casinhas de taipa. Mas logo Pero Coelho seguiu para Recife, deixando aqui Simão Nunes Correia, com 45 soldados.
O Mucuripe em 1939
  • 03 de abril de 1649 Desembarca no Mucuripe a segunda ocupação holandesa, comandada por Matias Beck, mas impedido pela arrebentação do mar, logo decidiu estabelecer-se à margem esquerda do riacho Marajaitiba (Pajeú), sobre o morro Marajaik, onde construiu com traçado do engenheiro Ricardo Caar, um forte, batizando-o de Schoonenborch em homenagem ao governador holandês em Pernambuco, a quem era subordinado, Walter van Schoonenborch. A limpeza do terreno iniciou-se no dia nove e no dia 18 foi feita a planta.
  • 1799 - Construído no Mucuripe uma estacada de pau a pique em forma de octógono com 45m de comprimento, batizado por Fortim de São Luís

  • 1801 - O Fortim de São Luís, construído no Mucuripe, é reforçado, sendo levantadas três baterias em pedra e cal, trabalho feito pelo tenente artilheiro Francisco Xavier Torres
As dunas do Mucuripe - Anos 50/60 - IBGE
  • 1802 - Em meados deste ano é levantada mais uma bateria do Fortim de São Luís, reforçando as defesas do Mucuripe, ocasião em que é rebatizado como Forte de São Pedro Príncipe, conhecido também por Fortim de São Luís, por ficar próximo ao porto de São Luís do Mucuripe.
  • 17 de agosto de 1826 - Aprovado o plano do Farol do Mucuripe, por D. Pedro, sendo aberto o edital de concorrência a três de novembro, mas a construção só se iniciou em 1840, ficando pronto em 1846.


As dunas do Mucuripe - Anos 50/60 - IBGE
  • 17 de novembro de 1846 - O Farol do Mucuripe foi terminado, construído pelos engenheiros Júlio Álvaro Teixeira de Macedo e Luís Albuquerque. Os planos para sua construção foram aprovados por Dom Pedro em 1826, mas sua construção só se iniciou em 1840. Hoje se encontra desativado, sendo ocupado por um museu. Sua localização é Avenida Vicente de Castro s/nº, na Ponta do Mucuripe.
  • 29 de julho de 1871 - Começa a funcionar o novo farol giratório do Mucuripe (Farol do Mucuripe). O Farol foi mandado construir, em virtude da lei nº 60 de 20/10/1838, artigo cinco, § 14 e iniciada a construção, no dia 01/05/1840 e concluído em 17/11/1846, sob a orientação dos engenheiros Júlio Álvaro Teixeira de Macedo e Luís Manuel de Albuquerque Galvão e do Maquinista Trumbull (Truberel). O farol tem a localização: Latitude sul 3º, 45`10 "e longitude oeste de Greenwich 38º, 35`nove". Sua luz era visível a 24km de distância, piscando a cada minuto. O foco luminoso elevava-se a 33m26, ao nível da preamar e contava com três faroleiros. Sua inauguração teve lugar no dia 29/07/1872. O primeiro faroleiro foi João Rodrigues de FreitasFoi desativado em 1958, quando foi inaugurado o novo farol. Abandonado, foi restaurado em 1981/82, pela Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura e Desporto do Estado do Ceará

  • 29 de julho de 1872 - Inaugurado o Farol do Mucuripe, comemorando o aniversário da Princesa Imperial, na Ponta do Mucuripe. Hoje está desativado.

  • 1916 - Inaugurado neste ano o Cemitério de São Vicente de Paula, no Mucuripe, construído com a "Campanha do Vintém", iniciada pelo hanseniano "Seu" Arcanjo e em terreno doado por Manuel Jesuíno.
  • 30 de dezembro de 1924 - Os jornais registram graves estragos, causados pela fúria do mar, à povoação do Mucuripe.
  • 11 de dezembro de 1930 - Por decreto desta data, o Arcebispo D. Manuel da Silva Gomes declara interditada a capela do Mucuripe e excomungados os indivíduos que arrombaram a porta do referido templo e dele retiraram a imagem de Nossa Senhora da Saúde.
Foto de 1931 - Nirez
  • 29 de agosto de 1931 - Criada a Paróquia de Nossa Senhora da Saúde do Mucuripe, cujo primeiro vigário foi o padre Luís Braga Rocha, que só assumiria em 8 de setembro.
  • 22 de abril de 1932 - Os pescadores do Mucuripe oferecem uma peixada ao Interventor Carneiro de Mendonça e ao Prefeito Tibúrcio Cavalcanti.
  • 21 de novembro de 1937 - Consagração do novo altar-mor da igreja do Mucuripe, ato oficiado pelo Arcebispo D. Manuel. Seguiu-se a primeira missa celebrada no referido citar e que foi rezada pelo Pe. André Camurça, Cura do Mucuripe.
  • 03 de junho de 1940 - Nas obras do porto de Mucuripe ocorre grave desastre, com o desabamento da torre do guindaste ‘Titã’. Ficam feridos dez operários, um dos quais faleceu horas depois.
Outubro de 1965 - Nirez
  • 25 de dezembro de 1947 - O serviço de embarque e desembarque marítimo, de passageiros e cargas, passa a ser feito no Porto do Mucuripe, ainda por meio de botes e alvarengas, até que as obras permitam a atracação dos navios. É desativado o antigo porto, ou seja, o "molhe de desembarque", que era a Ponte Metálica, oficialmente, Viaduto Moreira da Rocha
  • 01 de maio de 1954 - Fundado em Fortaleza o Iate Clube, associação de caráter esportivo e recreativo para promoção de corridas de barcos, pesca, banhos de mar, etc., com secretaria na Rua Senador Pompeu nº 1152 e sede na Avenida da Abolição 4813, no Mucuripe com restaurante para os sócios aberto ao público. 
  • 26 de maio de 1954 - Com a presença do governador Raul Barbosa e do prefeito de Fortaleza, Paulo Cabral de Araújo, realiza-se, em Fortaleza, a solenidade de inauguração do novo terminal oceânico, que a Esso Standart do Brasil construiu no Mucuripe, inaugurando o Terminal Oceânico do Mucuripe para recebimento de petróleo, que facilitará o abastecimento de produtos de petróleo dos estados do Ceará, Piauí, sul do Maranhão e, eventualmente, o Rio Grande do Norte. Falaram sobre a importância da obra o prefeito Paulo Cabral e o industrial Diogo Vital de Siqueira. O vigário do Mucuripe, padre José Nílson benzeu as novas instalações. 
  • 10 de novembro de 1954 - Iniciada a construção do Grupo Escolar do Mucuripe, pela Secretaria de Educação e Saúde, com verba do governo federal, prédio vizinho ao Círculo Operário daquele bairro, que é uma iniciativa do padre José Nílson Lima, vigário do Mucuripe. 
Mucuripe em 1989 - Foto de Chico Albuquerque
  • 21 de setembro de 1955 - Entra em funcionamento em teste experimental o Moinho Fortaleza, de J. Macedo & Cia., com capacidade para 48 toneladas, instalado no Mucuripe. 
  • 01 de agosto de 1957 - Reaparece, tão misteriosamente como havia desaparecido há 30 anos, da Igreja de Mucuripe, a imagem de Nossa Senhora da Saúde.
  • 13 de dezembro de 1958 - O velho Farol do Mucuripe, localizado na Ponta do Mucuripe, na Avenida Vicente de Castro s/nº, é desativado em virtude do início do funcionamento do novo Farol, cuja inauguração oficial se deu no dia 15. 
  • 24 de janeiro de 1961 - Trágico fim de um passeio no Mucuripe quando uma duna soterrou, matando três crianças - Mércia, de 12 anos, Milson, de 8, Milton, de 6, sob as vistas não só dos irmãos Marcos Aurélio, de 13 anos, Maurício, de 10, seus companheiros de brincadeira, que escaparam milagrosamente do desmoronamento da barreira, mas também dos próprios pais que, tendo ficado próximo do local do desastre, no jipe, com os demais filhos Márcia Maria, de 1 ano, e Mauro Luis, de 2, nada puderam fazer para salvá-los.

Continua...
Fontes: Revista do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Nirez

domingo, 13 de novembro de 2011

Um trem na Praia de Iracema - O primeiro ramal ferroviário do Mucuripe



Praia Formosa - Dique de Proteção - 1943 - Assis de Lima

Em 25 de dezembro de 1933, fora inaugurada uma linha ferroviária, que ligou a ponte metálica ao Mucuripe. A mesma fora desativada em definitivo em 1946, apesar de em 1941 ter sido inaugurada a linha Parangaba/Mucuripe. O Viaduto Lucas Bicalho é a Ponte dos Ingleses errôneamente chamada de metálica. Essa nunca funcionou como porto, e sim como atração turística desde 1994.


Viaduto Lucas Bicalho Ponte dos Ingleses 1923

Em 1933 foi inaugurado o ramal ferroviário do Mucuripe. O caminho não era o atual, que sai de Parangaba, mas um ramal que saía da estação central, passava pelo Arraial Moura Brasil, Secretaria da Fazenda, Alfândega, seguia pela praia até chegar no Farol do Mucuripe, na Ponta do Mucuripe.

A  bifurcação em Y da avenida Aquidabã, hoje Raimundo Girão era o percurso ferroviário.


Praia em alguma época do passado - Assis de Lima

O estudo da formação urbana da praia de Iracema encontra-se, diretamente, ligado ao desenvolvimento das atividades portuárias em Fortaleza. Nos primórdios de sua ocupação, já se verificavam dois núcleos de desenvolvimento - o centro e a praia - demarcados em mapas e cartas de diversos períodos.

O porto fora instalado em continuação ao núcleo de povoação original, após a margem do rio Pajeú, até então limite leste da pequena vila de Fortaleza. Até meados do século 19, suas instalações eram precárias e bastante ineficientes, contando, basicamente, com uma ponte e uma área de desembarque próxima à praia. Com o aumento de sua atividade, possibilitado pelo aumento das exportações de algodão, a área adquiriu feições de um porto típico. Alguns galpões, armazéns e comércio atacadista - que fornecia suporte e viabilidade à atividade portuária - começaram a ocupar a área entre o Seminário Episcopal e a praia, em uma região conhecida como Prainha


Defesa da Praia de Iracema - Assis de Lima

A faixa litorânea se mostrava isolada do restante da cidade, sendo ligada ao núcleo central, principalmente, por duas vias - a rua da Alfândega e rua da Praia - e, no final do século 19, por um ramal ferroviário e uma linha de bonde.

"O comércio de exportação ocupara as áreas entre a e a Praia Formosa, dado apenas pela proximidade do porto de embarque, mas sem praticamente explorar as visuais para o mar, constituindo-se, na verdade, em uma barreira entre a Praia e o Centro da cidade." (ROCHA JR., 2000, p. 117)

Até o início do século 20, a então Prainha - como era denominada a faixa litorânea da praia de Iracema na época - tinha como principal atividade a exportação de algodão, café, couro e cera de carnaúba produzidas no Ceará. Era marcante, na paisagem do bairro, a presença dos edifícios do Seminário da Prainha e a Casa Boris. Este último, localizado na antiga travessa da praia (atual rua Boris), perpendicular à rua da Praia (hoje avenida Pessoa Anta), foi fundada em 1869, tendo como razão social a firma "Théodore Boris & irmão", responsável pelo comércio e exportação de produtos cearenses.

Em meados da década de 20, a área começou a despertar o interesse das classes mais altas. A praia do Peixe, área litorânea mais a leste da praia de Iracema, marcada por um vasto coqueiral, passou a ser vista como espaço de lazer da elite fortalezense. O local foi ocupado por casas de veraneio das famílias mais ricas e teve seu nome mudado para praia de Iracema. Esse espaço da cidade, antes famoso pela presença dos pescadores, passou a ser um dos cartões-postais de Fortaleza por sua beleza natural.

Nessa mesma época, já se discutia a retirada do porto da área, considerada muito próxima ao centro. Segundo os especialistas, o lugar mais adequado era a enseada do Mucuripe, a leste do centro da cidade. Essa transferência só aconteceu no final da década de 40. Ainda segundo Rocha Jr., " as implicações com a construção do Porto do Mucuripe interrompiam três décadas de glória, destruindo a privilegiada paisagem praiana, restando apenas pequenos trechos de praia utilizáveis" (ROCHA JR., 2000, p. 119). Em conseqüência disto, ocorreram diversas alterações nos usos do solo, pois a ocupação típica da área era justificada pela adjacência ao porto. Diversos armazéns e casas comerciais ligados às exportações foram abandonados, algumas residências antigas passaram a ser ocupadas por usuários mais pobres e outros edifícios tiveram prostíbulos instalados. O entorno do ramal ferroviário da praia de Iracema passou a ser ocupado por população de baixa renda, formando a Favela do Poço da Draga (SCHRAMM, 2001). 


Enrocamento Praia do Meireles - Assis de Lima

Erros na construção do novo porto deram início a um processo de assoreamento da faixa de praia a oeste, passando a representar uma ameaça às casas de veraneio.

"A destruição de parte do casario e a drástica redução da faixa de praia iriam provocar o abandono dos usos que lá se verificavam: o balneário entrou em decadência e os pescadores, em sua maioria, partiram para outras praias." (SCHRAMM, 2001, p. 43)

O bairro foi, durante muitos anos, caracterizado como residencial e habitado, principalmente, por uma população de classe média baixa. No início dos anos 70, a praia de Iracema iniciou uma mudança em seu quadro de estagnação, quando os intelectuais e artistas fortalezenses escolheram os bares lá existentes como reduto da boemia (SCHRAMM, 2001).

No final dos anos de 1980, intensificou-se o processo de mudança no uso e ocupação do bairro. Nesse período, por forte pressão popular, a praia de Iracema foi reconhecida como patrimônio histórico da cidade pela aprovação de uma lei que designava a área como Zona Especial (ZE) - Área de Interesse Urbanístico. Esta estabelecia diretrizes que tentavam compatibilizar o uso residencial e de lazer no bairro e procuravam deter o processo de verticalização, o qual já acontecia em toda a cidade (SCHRAMM, 2001).

Fontes: Assis de Lima, Praia de Iracema e a revitalização de seu patrimônio histórico - Sabrina Studart Fontenele Costa e Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez

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