Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Acrísio Moreira da Rocha
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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sábado, 26 de novembro de 2016

A vacaria do velho Alves e o riacho Jacarecanga



Mansão de José Pinto

Dentre os points da gurizada da Vila São José do meu tempo, o mato verdejante sob o espetacular voo da garça branca ao lado do riacho Jacarecanga, pela passagem sob a ponte da rua São Paulo/Monsenhor Dantas, servia de uma espécie de acampamento. A improvisação do local era à sombra de uma grande goiabeira ladeada ao muro da mansão de Acrísio Moreira da Rocha e outra com vários degraus que ficava pela avenida Francisco Sá (Foto ao lado), que era da família de José Pinto do Carmo. Era riquíssima a flora no entorno do então belíssimo riacho. O coqueiral era intenso, mas ninguém tinha coragem de subir, até porque um militar dos bombeiros nos assombrou dizendo: “O menino que subir nesse pé de coco vai parar no Juizado de Menor”


Na realidade aquele homem queria era nos proteger de possíveis acidentes, porque menino não tem noção dos perigos. Ora o Glauco cueca lá na goiabeira deslizou e fraturou um braço! 

(Ao lado, casa de Acrísio Moreira da Rocha).

Defronte ao nosso Quilombo (liberdade de casa kkkk), observa-se a Vacaria do Seu Alves. Um velho careca com orelhas avantajada, e tinha seu curral com sua criação em número de 30 cabeças. Ela ficava ao nordeste do riacho, e era um concorrente dos laticínios Maranguape e Cila. Tudo lá era caseiro, mas de boa qualidade. Um fato inusitado era uma espécie de rancor ou tom, sei lá, nós tínhamos era medo do velho!!! - “Mil”. Referia-se a nota amarela de Pedro Alvares Cabral. Era assim que ele respondia aos que perguntavam pelo preço do litro de leite. Nunca foi visto os dentes daquele homem, que já beirava os 70 anos. 

"Era ao lado do galpão que ficava o matagal que era nosso quilombo." Assis Lima


Construção da ponte em concreto sobre o riacho Jacarecanga. "Antes de ser aterro sanitário e fábrica de muriçocas." Assis Lima

Construção da ponte em concreto sobre o riacho Jacarecanga. 

Aquele pedacinho do Jacarecanga tem muitas histórias, mas não são coisas que contamos, e sim que a topografia e edificações ratificam. O verdadeiro arquivo é sua etnologia sob a égide topográfica. Quem já ouviu falar no Lazareto de Jacarecanga? Pois bem, no canto noroeste e estamos falando do riacho, ficava uma caixa d’água em ruinas e por detrás um cacimbão. Após conversa com ex-provedores da Santa Casa de Misericórdia, aquela era o recurso hídrico para o Lazareto. Portanto todos passam despercebidos por ignorância. Eu fui uns dos que contemplaram no inicio da década dos anos de 1970, quando da construção da Autoviária São Vicente de Paula, que era na avenida Francisco Sá quase defronte ao SAPS, vi várias ossadas humana. A garagem de ônibus do Seu Carlos, sogro do cantor Vilemar Damasceno, foi erguida no Campo de Baturité que no primeiro quartel do século XIX havia funcionado ao lado da futura Cajubraz, o Lazareto. O quadrilátero para o leitor compreender melhor era: Ao Leste rua Adriano Martins; Sul rua Adolfo Campelo; Oeste Dona Maroquinha e ao Norte rua Monsenhor Dantas. Voltando... À noite, para nós meninos, era aquele local um terror. Mas durante o dia e pela manhã, com cuidado, ainda se podia tomar banho, pela aparente limpidez das águas correntes. Pescávamos por hobbie. Quando chegou no “Morro do Ouro” a Cobica, fábrica que trabalhava com beneficiamento de castanhas de caju, começou o desastre ambiental no riacho. Os peixes foram desaparecendo, e com a proliferação de moradores nas beiradas com ligações sanitárias para o mesmo, morreu o resto. Ainda bem que crescemos! Um muro hoje apagou literalmente a paisagem, tendo agora um residencial antagônico ao exórdio, ficando no lendário dos cinquentões que ali brincaram, as lembranças. Qualquer local traça seu próprio destino, obedecendo às transformações paisagísticas ou sociológicas. É pena que nem todos são sensíveis ao seu passado, ou no engasgo da realidade atual, não sabem contar...


Leia também:

Morro do Ouro - O morro sem ouro



Colaborador: Assis Lima

Ex-Ferroviário, Assis Lima é radialista e jornalista.
Idealizou e mantêm o Blog Tempos do rádio



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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Péricles Moreira da Rocha - Popular por natureza




Nas décadas de 50 e 60 Péricles Moreira da Rocha teve uma marcante posição na política deste Estado ao lado de seus irmãos Acrísio e Crizanto, inclusive, quando fizeram do PR uma legenda competitiva com os grandes partidos de então, o PSD e a UDN. Com Acrísio duas vezes prefeito de Fortaleza, Crizanto com sucessivos mandatos de deputado federal e Perícles eleito deputado estadual em quatro seguidas eleições, os irmãos Moreira da Rocha pontificaram politicamente no Ceará, mas Fortaleza era a base eleitoral que lhes garantia essa liderança respaldada no apoio popular.

Péricles Moreira da Rocha, foi um diplomático boêmio, popular por natureza, de família bem aquinhoada e conhecido nos bares, restaurantes, casas de diversões e no Serviço Público. Onde Péricles chegava era ovacionado. Cumprimentado. Abraçado. Conquistador emérito. Gastador sem preconceito. Inflacionou a gorjeta dos garçons. Chegava a dar quinhentos mil réis de gratificação a quem o atendia à mesa. Quando a cotação máxima era de dez mil réis.

Na década de 60, faltando alguns meses do dia de votar, o bancário José de Moura Beleza, era líder na preferência popular, aspirando a Prefeitura Municipal de Fortaleza.


De repente surge a candidatura do populista Péricles Moreira da Rocha. 

Ainda houve quem sugerisse a união de Beleza com o populista Pequim, como o tratava o povão, candidato a Vice. A esquerda "vitoriosa" não aceitava nenhum coisa e nem outra. Nem Pequim na vice e muito menos Beleza.

O irmão de Péricles fora, em épocas anteriores, eleito Prefeito de Fortaleza com os votos de grande parte dos comunistas, o também popular Acrísio Moreira da Rocha. Fizera sua campanha na base de caminhadas com carroceiros. Os bairros fortalezenses eram visitados semanalmente por passeatas de carroças. Isso não apenas tornou-se uma iniciativa inusitada, como caiu na simpatia da grande massa eleitoral.

Péricles Moreira da Rocha nasceu em Fortaleza, no dia 07 de março de 1917. Era filho de Amália Serôa Moreira da Rocha e do célebre deputado federal Manuel Moreira da Rocha. Concluiu seus estudos no Colégio Militar de Fortaleza, em 1935. Não tinha, entretanto, vocação para a carreira das armas. Transferiu residência para a Capital da República, onde preferiu ingressar no serviço público federal, e, assim, foi nomeado para o Ministério do Trabalho, servindo ali, durante alguns anos, como Escriturário, e também como Fiscal do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários.

Os pais: Manuel Moreira da Rocha e Amália

Na época da guerra, no ano de 1939, quando da construção da Base Aérea Brasileira (do Pici), notável empreendimento do governo norte-americano em colaboração com o governo brasileiro, serviu na qualidade de Chefe de Contabilidade do Escritório de Construção daquele grande campo de pouso, durante seis meses, até ser nomeado para servir no SEMTA (Serviço de Emigração de Trabalhadores para a Amazônia).

Chefiou a Seção de Ligação e Comunicação do SEMTA, acumulando nessa época as funções de Assistente do Diretor norte-americano, Mr. Juan Homs, da "Rubber Development Corporation", emprestando, desse modo, os seus serviços e a sua colaboração ao esforço de guerra. 

Carreira policial

Delegado de Polícia do 1º Distrito de Fortaleza (nomeado em 1944, já integrado novamente na vida cearense), função na qual, posteriormente, se efetivou, através do decreto-lei estadual que criou a Polícia de Carreira. Logo depois foi ao Rio de Janeiro e São Paulo, para estagiar, aproveitando para fazer modernos cursos de Polícia, e por conta da Polícia carioca, submeteu-se a proveitosos cursos orientados pelo Gabinete da chefia de Polícia do Distrito Federal, estagiando em todas as Delegacias daquela localidade.

Em 1946, por ato do Governo Federal foi nomeado Delegado Regional do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) no Ceará, cargo que soube desempenhar com alto descortino e senso administrativo. Ainda em 1946, no governo do Interventor Pedro Firmeza, foi, por força da lei que criou e regulou a Polícia de Carreira, promovido ao cargo de Delegado de Ordem Política e Social, do qual se tornou titular efetivo; eleito para a Comissão de Indústria e Comércio em sessão ordinária de 22 de julho; reeleito para mais três legislaturas consecutivas, até 1962.


Carreira política e exílio em Paris

Com expressiva votação, foi eleito deputado à Constituinte em 1946. Como deputado se reelegeu por mais três mandatos consecutivos sempre com forte apelo popular. Eleito para Presidente da Assembléia Legislativa em 1950, chegou a renunciar, pois queria fazer oposição ao Governo Raul Barbosa. Em 1962 candidatou-se a Prefeito de Fortaleza, e neste mesmo ano, João Goulart o convidou para o cargo de Delegado do Lloyd Brasileiro, em Paris, onde passou dois anos, até que foi extinta a Delegacia.

Luto

Pericles, ou Pekin como era conhecido popularmente, afastou-se da política desde 1964, quando teve seus direitos políticos cassados pela Revolução. Na oportunidade ocupava função oficial na França por designação do governo João Goulart. Morreu em Fortaleza, em 22 de maio de 2000. O
 corpo foi velado na Assembléia e enterrado no Cemitério Metropolitano.

Tradição política

Seu pai, o Dr. Manoel Moreira da Rocha, médico conceituado e distinto, foi um dos chefes políticos de maior saliência no regime republicano no Ceará, podendo-se mesmo dizer que, depois do Comendador Nogueira Acioli, cuja política e governo combateu de armas na mão, nenhum outro teve prestígio mais sólido e amplo, acentuando-se da Campanha pró-Franco Rabelo, de que foi um dos mentores «sans peur et sans réproche*.» Fundou o Partido Democrata e durante toda a sua vida de então até 1935 representou o Ceará na Câmara Federal, cuja tribuna ilustrou com seu verbo ardoroso e honrou com bravura moral, tornando-se uma das figuras de primeiro plano do Parlamento Nacional, podendo-se, disto, ter a melhor prova no seu valioso arquivo particular, na época, em poder do Prof. Hugo Catunda, que estava escrevendo a sua biografia.

Campanha pró-Franco Rabelo 

Péricles Moreira da Rocha foi, pois, a continuação de uma estirpe porque, filho de um parlamentar dos mais brilhantes, o Dr. Manuel Moreira da Rocha, teve o seu exemplo continuado na pessoa de seus filhos, Péricles, Crisanto (este, ex-Deputado Federal), e Acrísio (ex-Interventor Federal do Estado, ex-Secretário da Fazenda e ex-Prefeito de Fortaleza), exemplo que se prolongou ainda mais com a sua participação nos trabalhos da Assembléia Constituinte.

A família Moreira da Rocha viveu sempre em grande abastança, era tratada com respeito e consideração, conservando certos hábitos de distinção, e todos eles eram conhecidos como fidalgos da TAPERA, sítio tradicional da família, designação ainda hoje relembrada com orgulho pelos seus descendentes.


*Sem medo e sem vergonha


Fontes: Diário do Nordeste, Wikipédia e Enciclopédia Nordeste

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Acrísio Moreira da Rocha - Parte II



A vida e os triunfos de Acrísio Moreira da Rocha por Carlos Alberto Farias



[Nota publicada às 18h 12min - 2004]

Faleceu no último dia 21, o dr. Acrísio Moreira da Rocha, um dos políticos mais carismáticos de minha terra, membro de tradicional família de homens públicos, destacando-se seu genitor, o dr. Manuel Moreira da Rocha, médico formado pela Faculdade de Medicina da Bahia e várias vezes Deputado Federal pelo Ceará



Destemido e corajoso, ficou nacionalmente conhecido como Manuel Onça, pela coragem e destemor de que era possuidor. Sua mãe, dona Amália Moreira da Rocha, era baiana de nascimento. Terceiro de uma numerosa prole de nove filhos, dos quais, além dele, dois tiveram destacadas atuações na política. O mais velho, o dr. Crisanto Moreira da Rocha, foi várias vezes Deputado Federal e o mais novo, Péricles Moreira da Rocha, Deputado Estadual pelo Ceará. Além disso, um primo - irmão, cel. Edilson Moreira da Rocha, foi Secretário de Estado em dois governos.



O dr. Acrísio nasceu em Fortaleza-CE, aos 25 dias do mês de setembro de 1907. Eram seus irmãos, pela ordem: Crisanto, Gisela, Abelardo, Crisantina, Aderson, Guilardo, Péricles, e Célia. Crisantina e Célia estão vivas. Os demais já faleceram.
O dr. Acrísio estudou no Colégio Castelo Branco e no Colégio Militar do Ceará. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, pois seu pai era Deputado Federal, formou-se em Odontologia pela Faculdade de Odontologia e Farmácia da Universidade do Brasil.
Grande fazendeiro, depois de deixar a política passou a administrar suas Fazendas Reunidas do Quinin, no Município de Quixeramobim.
Foi fundador da Associação Cearense do Gado Holandês. Fundou e foi o primeiro presidente do Jockey Club Cearense, cuja sede ajudou a construir, deixando o cargo quando assumiu a Prefeitura, ficando em seu lugar o concunhado Stenio Gomes da Silva.
Filho de político, criado dentro do ambiente, cedo manifestou interesse pela vida pública. Acompanhou de perto da trajetória do dr. Moreira, político de fibra e coragem, que teve a hombridade de ser oposição no Ceará durante a oligarquia dos ''Aciolys'', onde o voto era aberto e chamado de ''cabresto''.
Apesar de pertencer à família ilustre e conceituada, o dr. Acrísio fez sua opção pelos pobres, tendo dedicado todo e seu trabalho em defesa dos menos favorecidos.
Sua primeira experiência na vida pública foi quando o então Presidente da República, dr. José Linhares, nomeou-o Interventou Federal no Ceará. Tomou posse solenemente no cargo no dia 15 de janeiro de 1946, no Rio de Janeiro, perante as mais altas autoridades do País. Após a posse, regressou a Fortaleza em avião da FAB a 19 de Janeiro de 1946. Uma multidão foi do Pici até a residência do seu cunhado Artur Salgado, no bairro da Aldeota. Ali foi saudado pelo advogado José Cardoso de Alencar e pelo padre José Bruno Teixeira. No dia seguinte, 20 de janeiro, recebeu o cargo das mãos do dr. Raimundo Gomes de Matos, que respondia interinamente em virtude do impedimento do dr. Thomas Pompeu Filho.




Sua curta passagem pelo Governo serviu para mostrar a liderança de que era possuidor. Eleito Governador, o desembargador Faustino de Albuquerque convidou-o para ser Secretário da Fazenda, quando teve a oportunidade de ajustar a máquina arrecadadora e equilibrar o orçamento, pagando dívidas contraidas durante o período das interventorias. Naquele tempo, a Secretaria da Fazenda era usada para fazer a política dos vencedores. Fez ver ao Governador que politicagem ele não faria e a pressão iria ser muito grande. O Governador disse que tinha dois secretários que eram de sua inteira confiança e responsabilidade e o dr. Acrísio manteve-se firme. Na época existiam 10 impostos no Ceará. Ele sugeriu a criação do imposto único, ainda hoje uma esperança dos brasileiros. O governador Faustino apoiou a idéia, mas a Assembléia Legislativa não aprovou.


Manuel Moreira da Rocha - Mané Onça

Permaneceu cerca de oito meses no cargo, pois teve seu nome lembrado para ser candidato a Prefeito de Fortaleza na eleição de 07/2/1947. Apesar da Constituição não exigir a desincompatibilização para a candidatura, resolveu afastar-se para se dedicar a sua campanha. A luta foi bastante árdua. PSD e UDN tentavam lançar um só candidato, mas não houve acordo, Acrísio foi cogitado pelos dois, mas como não era filiado a nenhum, recusou os convites. Mas, para concorrer era necessário ter um partido. Na hora das convenções, 12 dos 13 partidos existentes assinaram um protocolo para que nenhum deles lhe desse a legenda. Faltavam 22 dias para terminar o registro das candidaturas. Então, o dr. Acrísio telefonou para seu irmão, o Deputado Federal Crisanto Moreira da Rocha. Este então conseguiu a legenda do Partido Republicano, o PR do ex-Presidente da República Artur Bernardes, cujo filho, Arturzinho era colega do seu mano, na Câmara Baixa. Faltavam apenas dois dias para o registro das candidaturas. Depois dos trâmites legais, foi encaminhado o pedido ao Tribunal Regional Eleitoral. UDN, PDS e os demais partidos tentaram impugnar seu nome, mas o Presidente do órgão, o desembargador Virgilio Firmeza, disse que o pedido foi feito no prazo, pois o que valia era o relógio do Tribunal. E fez o registro da chapa.
Seus principais concorrentes em 1947 foram o industrial Diogo Vital de Siqueira, da UDN e Presidente das Emissoras Associadas do Ceará, e o dr. Stenio Gomes da Silva, pelo PSD, seu concunhado, pois eram casados com duas irmãos, filhas do industrial Pedro Philomeno Ferreira Gomes, numa clara tentativa de tentar dividir a sua própria família.
Processada a apuração, o dr. Acrísio Moreira da Rocha foi eleito Prefeito de Fortaleza com 80% dos votos válidos, ficando o dr. Stenio com 5% e o Dioguinho com 4%. Foi uma vitória consagradora. Contra todos os outros partidos, mas com o apoio total do povão, que sempre esteve ao seu lado. Para exemplificar basta dizer que os sindicatos de empregados estavam todos com ele.
Sua vitória foi tão consagradora que até os jornais de São Paulo registraram o feito, pois ele venceu em todas as urnas, inclusive as da Aldeota, o bairro ''chic'' da cidade. A respeito disso, ouvido pela imprensa, o dr. Acrísio explicou a razão do triunfo também no reduto dos milionários: ''Cada casal tem em média quatro empregados, dois domésticos, o jardineiro e o motorista. Era 4 x 2. Numa urna do Monte Castelo dos 300 votos eu tive 297, pois os outros três foram de fiscais dos partidos adversários.


Amália Moreira da  Rocha

Acerca do seu imenso prestígio com os menos afortunados, dr. Acrísio, numa entrevista ao Memorial da Secretaria da Fazenda, disse o seguinte: ''Não era pobre, não fazia promessas, não acreditava em partido, mas sabia enfrentar os problemas e ajudar os mais humildes! Quando candidato a Presidente da República, numa de suas vindas ao Ceará, dr. Jânio da Silva Quadros manifestou desejo de conhecer o dr. Acrísio, para pedir seu apoio pessoal, coisa que não havia feito em lugar algum. Ao receber o então conhecido ''homem da vassoura, o dr. Acrísio declarou: ''Olhe, dr. Jânio, eu não tenho voto nenhum, eu não mando em voto, votam em mim, eu não pertenço a Partido, não tenho essa organização, pois meu eleitor é voto independente'', ''no entanto, ao retrucar, Jânio Quadros disse que era Governador de São Paulo, brigado com o PTB de lá, mas havia sido eleito pelo PTB do Paraná para a Câmara Federal. Por isso, queria conhecê-lo para parabenizá-lo por um frase que ele havia declarado aos jornais de São Paulo: ''Para me candidatar qualquer tabuleta servia''.Como prefeito de Fortaleza, o dr. Acrísio voltou-se basicamente para a periferia, abrindo e calçando numerosos ruas e avenidas, construindo calçamento nos subúrbios ligando-os entre si com o Centro, doando à sua cidade uma verdadeira malha viária urbana. Criou o Tribunal de Contas do Município, e fez a primeira estatização de uma empresa privada no País, quando desapropriou a Ceará Light passando à responsabilidade do Município de Fortaleza o fornecimento de energia elétrica. Foi uma atitude corajosa e que serviu de exemplo para os demais Estados da Federação.

Após cumprir o seu primeiro mandato, o dr. Acrísio Moreira da Rocha resolveu retirar-se da vida pública, chegando a residir com sua família durante mais de dois anos no Rio de Janeiro.
Aproxima-se o final do mandato de sucessor, o dr. Paulo Cabral, quando recrudesceu o movimento para levá-lo novamente à chefia do executivo municipal da Capital do Ceará. Acrísio e sua família foram para a fazenda do Quinin em Quixeramobim, para fugir do assédio da população.
Mas uma comissão esteve lá e conseguiu convencer dr. Acrísio e d. Stella de que sua candidatura era do povo, que exigia sua volta.
Foi um dos marcos mais importantes da nossa história política, sua chegada de Quixeramobim, na Estação de Otávio Bonfim, num trem da RVC. Uma multidão incalculável o esperava e ele foi conduzido em passeata até sua residência. Estava lançada sua candidatura.
Acrísio novamente eleito Prefeito, governou Fortaleza de 1956 a 1959.
Em 03/10/1958 concorreu a Vice-Governador do Ceará na chapa encabeçada pelo coronel Virgílio Távora, contra o então Ministro do Trabalho do Governo JK, o professor José Parsifal Barroso. 1958 foi um ano de seca e o velho Dnocs derramou muito dinheiro no Ceará.
Derrotado pelo poderio econômico, o dr. Acrísio não mais disputou cargos públicos, passando somente a administrar suas propriedades.
Casado com dona Maria Stella Philomeno Gomes Moreira da Rocha, e pai da arquiteta Vera Lucia Monte Sales Valente, esposa do dr. Carlos Alberto Farias. Tem também três netos: o médico cirurgião Acrísio Sales Vales, casado com a médica Paulla Vasconcelos Valente e que lhe deram a única bisneta, a garotinha Stellinha de 4 anos; o advogado Érico Sales Valente, casado com a advogada Flávia Ramalho Florêncio Valente e o universitário de Arquitetura e Urbanismo Thiago Sales Valente.
No dia 21 de dezembro de 1998 por ocasião da inauguração do Centro da Memória da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará, o dr. Acrísio Moreira da Rocha foi homenageado com a ''Medalha do Centenário da Sefaz''. Devido à idade avançada ele foi representado no evento pela filha Vera Lucia e pelos netos Acrísio e Érico. Foi a derradeira de uma dezena de Comendas, Medalhas e Títulos de Cidadania que recebeu durante sua brilhante trajetória na vida pública.
O dr. Acrísio Moreira da Rocha foi igualmente um grande desportista, tendo na juventude praticado o boxe e o futebol, sempre como amador, tendo atuado em equipes secundárias do Rio de Janeiro e no América F. C. de nossa capital, que havia sido fundado pelo seu irmão Crisanto. Como Prefeito de Fortaleza apoiou bastante o nosso esporte, tendo inclusive promovido em nossa capital, um Fla-Flu, envolvendo os dois mais tradicionais clubes do futebol carioca.
O dr. Acrísio Moreira da Rocha era detentor de uma inteligência privilegiada e de uma memória prodigiosa, adorava contar estórias e sabia tudo sobre o seu Ceará. Quando se reunia com amigos e familiares gostava de recordar fatos históricos de sua vida, notadamente a atuação do seu pai, o dr. Moreira, por quem tinha muito orgulho e apreço.
No dia 1º de julho de 2000 ao se dirigir para a cama em seu quarto, o dr. Acrísio sofreu uma sincope e caiu, fraturando o nariz e a mão. O acidente deixou seqüelas. Durante 3 anos, 7 meses e 21 dias ele esteve assistido com um carinho todo especial por sua filha Verinha, que tudo fez pelo pai, ajudada pelos médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, familiares, bem assim os servidores da casa, que foram de uma lealdade incomum.
Este o perfil de um político na verdadeira acepção do termo. Aquele político que rareia hoje em dia, pois tinha como objetivo único servir ao próximo, notadamente os mais carentes.


Parte I

Fonte: Jornal da internet 'NO OLHAR' e Família Moreira da Rocha - Multiply


Acrísio Moreira da Rocha - O prefeito do povo - Parte I







Candidato pelo Partido Republicano-PR a Prefeito de Fortaleza, teve vitória consagradora a 7 de dezembro de 1947. Prefeito por duas vezes. Era denominado "Prefeito do Povo".

Acrísio Moreira da Rocha, nasceu em Fortaleza, no dia  25 de setembro de 1907. Era filho do também político Manuel Moreira da Rocha, conhecido como Mané Onça (líder do Partido Democratae de Amália Moreira da Rocha.  Acrísio cursou em sua juventude o Colégio Castelo Branco e o Colégio Militar, estudou Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas desistiu do curso e optou por ingressar na Faculdade de Odontologia, obtendo o seu diploma em 1929. Instalou o seu primeiro consultório em Fortaleza em 1930, entretanto, logo depois, passou a também se dedicar à vida no campo. Foi pecuarista e agricultor, sendo dono de várias fazendas na região de Quixeramobim. Casou-se, em maio de 1935, com D. Maria Stela Filomeno Gomes Moreira da Rocha.

Acrísio Moreira da Rocha no Abrigo Central

Cedo, Acrísio Moreira começou a atuar nos quadros políticos. Filiou-se ao Partido Republicano e ao Partido Social Democrático (PSD) e com apenas 32 anos foi escolhido pelo Presidente General Eurico Gaspar Dutra, do PSD, para ser o Interventor Federal do Ceará, cargo que assumiu em 15 de janeiro de 1946. No entanto, o jovem político pareceu não agradar muito aos seus pares pessedistas, pois promoveu uma administração na qual adotava uma postura meio que independente, tomando atitudes que não eram de acordo com as vontades dos seus colegas de partido. Nesse período Acrísio já procurava manter uma ligação com as camadas populares e assim projetava seu futuro político na Capital Cearense.

Acrisio Moreira da Rocha, quando assinava a doação
dos terrenos onde seria erguida a Casa do Jornalista.


As atitudes do “garoto”, como abrir o Palácio da Luz (sede do Governo) para visita popular, assistir jogos de futebol juntamente com a torcida, almoçar com operários, continuavam desagradando seus correligionários, principalmente Menezes Pimentel. Sendo assim, o Partido Social Democrático do Ceará pediu que o Presidente Dutra destituísse Acrísio Moreira do cargo de Interventor Federal e foi o que realmente aconteceu.
A carreira política de Acrísio Moreira, no entanto, estava apenas começando e sua destituição do cargo de Interventor Federal não parece macular muito a sua imagem como político, uma vez que, pouco tempo depois, no Governo Faustino de Albuquerque, ele é convidado para assumir a Secretaria dos Negócios da Fazenda, cargo que ocupou até assumir a Prefeitura Municipal de Fortaleza. Vale ressaltar, ainda, que nesse mesmo período Acrísio possuía dois irmãos políticos: Péricles Moreira da Rocha, que foi deputado estadual de 1946 a 1962, e Crisanto Moreira da Rocha, eleito várias vezes deputado federal.
Acrísio foi empossado no cargo de Prefeito Municipal em janeiro de 1948. É importante, porém, ressaltarmos aqui que a eleição ganha por Acrísio Moreira foi uma eleição democrática, isto é, foi o primeiro cargo que Acrísio assumiu pela vontade popular e não por convite de seus amigos de partido.
A gestão de Acrísio Moreira foi marcada por sua personalidade que passava uma imagem de homem ligado aos interesses do povo, realizando, assim, obras que agradavam a população, como a construção de chafarizes, extensão da rede elétrica (ressaltamos aqui que outro dos feitos de Acrísio Moreira foi trazer a Ceará Light, companhia de iluminação, do poder dos ingleses para o poder da prefeitura), construção de avenidas, como a Monsenhor Tabosa e Aquidabam, construção de escolas, dentre outras.

O imponente casarão do ex-prefeito Acrísio Moreira da Rocha, talvez seja o retrato mais fiel da nobiliarquia do Jacarecanga. As colunas dóricas, os lustres de cristal, o mármore de Carrara da escada, tudo reflete a riqueza que existia anteriormente na mansão.
Acrísio termina o seu primeiro governo em 1951, mas se elege novamente para o cargo de Prefeito Municipal em 1954. Mas, de todas as obras proporcionadas pelo primeiro governo municipal de Acrísio Moreira da Rocha, nenhuma delas ganhou tanto as páginas dos jornais e as conversas do povo nas ruas como a construção do Abrigo Central de Fortaleza.


Acrísio, rei da popularidade


Acrísio Moreira da Rocha era considerado um homem rico e genro de um dos milionários da terra, o industrial Pedro Philomeno. Mesmo assim tinha uma grande popularidade no meio do povo mais humilde de Fortaleza. Isso lhe valeu prestígio político e eleições para prefeito de Fortaleza, não dando nem confiança para os candidatos que concorriam com ele. Era também dentista mas diziam que ele nunca tinha extraído um dente de ninguém. Era muito mais fazendeiro e, por comodismo, quando ia até a fazenda, salvo engano, em Quixadá, ficava olhando com binóculos, de longe, o seu plantel de gado.

Passeata de carroças


Ficou famosa a passeata de carroças com os eleitores calçando tamancos, organizada pelo também popular radialista Irapuan Lima. Conforme era divulgado Acrísio chegaria de trem na estação de Otávio Bonfim, vindo de Quixadá. Na estação o candidato desceria e subiria numa carroça sob aplausos do eleitorado. E assim aconteceu para admiração dos fortalezenses, muito embora a oposição tenha noticiado que Acrísio de forma alguma foi passageiro do trem horário da RVC. Ele veio no seu luxuoso Cadilac, último modelo, lá de Jacarecanga, até Otávio Bonfim. Encostou o carro ao lado do trem, subiu e desceu... 


Orador 


Era orador povão, o que dizia agradava à massa. Numa eleição, talvez a única que perdeu, quando concorreu à vice-governadoria, subiu ao palanque para discursar. Morador próximo e trabalhando por outra candidatura para aumentar os rendimentos, fiquei acompanhando de longe o que seria dito por Acrísio, esquecendo mesmo o candidato majoritário. Depois de lembrar o que teria feito por Fortaleza, o candidato a vice-governador, começou a falar sobre o concorrente. E, irreverentemente, iniciou elogiando para, ao final, dizer que tinha, inclusive, pedido que ele desistisse, pois, a derrota era certa. E conforme Acrísio, o candidato disse: ''Não sou eu que quero ser governador, é a mulher..." 

O Poste

Há alguns anos, consegui uma entrevista com ele, em sua residência de Jacarecanga. Com muita lucidez começou dizendo que só sairia dali para o Cemitério de São João Batista, bem próximo. Mas, não consegui cumprir sua decisão, pois quando faleceu recentemente, já se encontrava morando num apartamento. Fiz várias perguntas, sobre fofocas que eram contadas em Fortaleza, quando ele era prefeito. Uma delas falava sobre o problema acontecido com um militar que namorava debaixo de um poste na Rua Costa Barros. O sargento não gostava da iluminação e para ficar tranqüilo no local, antes de chegar mandava os moleques quebrarem a lâmpada. Perguntei a Acrísio qual tinha sido a solução encontrada por ele. E ele respondeu que mandara instalar no poste um interruptor de luz. O sargento chegava e desligava a lâmpada e no final, ligava.

Entrevista


Suas entrevistas eram inteligentes, espirituosas mesmo... Na TV Ceará, Canal 2, compareceu, certa noite, ao programa de Lustosa da Costa, Política Quase Sempre. Falava-se na cidade muito na qualidade de desportista de Acrísio. Ele inclusive trouxe à Fortaleza, Flamengo e Fluminense para um sensacional Fla-Flu. E suas fotos na campanha eleitoral eram com camisas de jogador de futebol, que ele teria sido quando jovem. Diziam também que ele apreciava um carteado. O apresentador do programa fez então a pergunta enviada por um telespectador: ''Doutor Acrísio, o senhor é jogador profissional?. E ele: ''Não, quando jovem, eu jogava de beque no Maguari''. Um político alegre, sério, inteligente e sem manchas na reputação.


Narcélio Limaverde

Morre o prefeito do povo
No dia 21 de Fevereiro de 2004 Morre em casa, no Jacarecanga, às 19h30, o ex-prefeito de Fortaleza Acrísio Moreira da Rocha, aos 96 anos.
Seu corpo é sepultado no dia seguinte, às 17h, domingo de carnaval, no Cemitério Parque da Paz.
Administrou a cidade por duas vezes, eleito com 80% dos votos pelo Partido Republicano - PR, no período de 1947 a 1950 e de 1954 a 1958.
Fora interventor federal do Estado em 1946 tendo, em seguida, assumido o cargo de Secretário da Fazenda, na gestão do governador Faustino de Albuquerque e Sousa, quando organizou a arrecadação de impostos no Estado.
Estatizou a Ceará Light, criando o Serviluz, antecessoras da Coelce, hoje novamente privatizada.
Também fez calçamentos na periferia de Fortaleza, urbanizando o Bairro de Fátima, ficando conhecido como "Prefeito do Povo".
Era filho do ex-deputado federal Manuel Moreira da Rocha (Manuel Onça), médico, músico e fundador do Partido Democrata.




Parte II

Fonte: http://historiaenoticiasce.wordpress.com, Portal do Ceará, Família Moreira da Rocha

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