Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Rádio Verdes Mares
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Nas ondas do rádio - Década de 40 (Parte V)



Os programas Musicais e a Proximidade com as Classes Populares

Aos domingos, ia ao ar das 19 horas até meia-noite, na Ceará RádioClube, o programa Bazar de Música, apresentado pelo locutor José Limaverde (Foto ao lado). “Em cada domingo uma casa recebia os dançarinos para os passos do samba e marcha brasileiros, ao bolero até a conga, uma dança gaiata, com três passos e um levantamento de perna” (LIMAVERDE, 1999, p. 197). O Bazar da Música envolvia o público por meio da conversa que o locutor mantinha com os ouvintes, de forma íntima e coloquial, características do rádio. José Limaverde pedia licença para entrar nas residências, convidava todos para dançar e fazia referência aos dançarinos que se reuniam para ouvir e se divertir ao som do programa.

O caráter destas relações era determinado por uma amabilidade, um refinamento, uma cordialidade que se absorvia das conversas advindas dos conteúdos radiofônicos que funcionavam como fonte de alimentação de desejo de inserção em um mundo que se revelava bem maior do que as fronteiras da província e como fomentos de um novo status social (ANDRADE E SILVA, 2007, p.11).

Dentro do programa Bazar da Música, o público conferia um quadro chamado Passatempos E-9, no qual Limaverde elaborava perguntas para os ouvintes responderem. Como premiação, a pessoa que enviasse mais rapidamente a resposta ganhava: ingressos para os cinemas da Empresa Ribeiro (Diogo, Moderno, e Majestic) ou frascos de um perfume fabricado no Joaquim Távora, pelo Benjamim Torres. “Eram vidros bonitos, embalagens um tanto luxuosas, valorizando a fragrância que, positivamente, não era nenhum perfume francês” (GIRÃO, 1998, p. 272). 
A audiência do programa era tamanha, que as cartas enviadas com as respostas enchiam a caixa de correio da emissora.
Além das cartas, o público também se evolvia em gincanas, participava dos sorteios feitos pela emissora e oferecia músicas para homenagear uma pessoa querida. Aqueles que conseguissem entrar no circuito midiático do rádio adquiriam novo status, criando uma nova visibilidade social.

Tinha um programa de contato com os ouvintes que era “Mensagens Sonoras”. Era quase uma hora de rádio. As pessoas aniversariavam e os outros queriam homenagear através de músicas no rádio. Aquilo ali dava status, faziam bem. Então saía música de todo jeito, música erudita e música popular (PEIXOTO, entrevista, 2001).

João Ramos

Outro sucesso em audiência entre os rádio-ouvintes fortalezenses, na década de 1940, era o programa Noturno Pajeú, apresentado pelo locutor João Ramos, nas noites de terça-feira. O programa tinha patrocínio da fábrica de cigarros Araken e incluía como atração máxima o quadro Clube das Gargalhadas. Este último “funcionava a base de anedotas (piadas) que eram encaminhadas pelos ouvintes. (...) As piadas eram vividas pelo famoso Cast Prenove, com Augusto Borges, Maria José Braz, Ângela Maria, José Júlio Barbosa, Clóvis Matias e Aderson Braz (LIMAVERDE, s/d, p. 45).


Foto 1: Ângela Maria como professora e os alunos (da esquerda para a direita): Clóvis Matias, João Ramos, Augusto Borges e José Júlio. 
Foto 2: Maria José Braz.

Os Programas Humorísticos

Os programas humorísticos sempre foram presença constante dentro da programação radiofônica cearense. Dentre os mais queridos pelo público estiveram: A Carrocinha, A Escola da Fuzarca, o Restaurante Vuco-Vuco com seu cozinheiro Beiçola, Dona Pinóia e Seus Brotinhos, este, escrito por Elano de Paula, irmão de Chico Anísio e, segundo afirmam,  teria sido o ‘piloto’ para a ‘Escolinha do professor Raimundo” (LOPES, 1994, p. 187).

Clovis Matias atuava no Clube das Gargalhadas era um grande ator da época, autodidata, humorista de skets, forjado entre o riso dos palhaços e a emoção do melodrama circense que arrancava lágrimas das plateias dos circos poeira, armados no areial da periferia de Fortaleza.
Em meados da década de 1940, as emissoras cearenses registraram o aparecimento de grandes produtores e intérpretes humorísticos. Na Ceará Rádio Clube, Augusto Borges despontava na pele do personagem “Oscarzinho”. No horário de meio dia, Borges e seu personagem malandro atuavam no programa Pensão Paraíso. Segundo Marciano Lopes (1994, p.186), “quando o comércio fechava para o almoço, era notória a correria das pessoas na pressa de chegarem em casa a tempo de assistirem às tiradas deliciosas dos personagens da ‘pensão’”. A verve cearense foi sempre revelada, tanto na produção, como na interpretação e na recepção ávida pelas piadas e molecagens. Esses programas embora planejados e roteirizados em um script, na sua apresentação obedeciam muito mais à presença de espírito dos atores e estavam recheados de “cacos”, acréscimos que os intérpretes introduzem no ato da representação, de sua própria autoria.

O Radiojornalismo e a sua Especialização

No início da década de 1950, a Ceará Rádio Clube aumentou seu quadro de funcionários, com a contratação de artistas e profissionais do rádio. Em 1954, a Emissora realizou um concurso para radialistas, dentre os três primeiros colocados, especificamente em terceiro lugar, foi classificado Narcélio Limaverde, filho de José Limaverde, um dos primeiros locutores da PRE-9. O Rádio também trouxe ao cotidiano social um novo significado de notícia, os acontecimentos ganharam maior velocidade perante o novo veículo.
Segundo Lia Calabre, “ao partilharem das mesmas fontes de notícias, os indivíduos se sentiram mais integrados, possuindo um repertório de questões comuns a serem discutidas” (2002, p. 09). Não eram só as notícias que possuíam destaque no radialismo  cearense, de acordo com Narcélio a preferência dos ouvintes era pelos programas musicais:

Durante a programação eram apresentados vários noticiosos de cinco minutos, de hora em hora, durante o dia e à noite também. Mas o grande forte, o mais importante do rádio era a música, principalmente, porque os ouvintes exigiam mais música. Entre uma canção e outra havia somente a publicidade e os intervalos comerciais (NARCÉLIO, entrevista, 2007).

A relação entre ouvintes e profissionais, segundo Narcélio, era permeada por um vinculo que perdurava durante décadas. Porém, para se alcançar esta fidelidade, por parte do público, os produtores de rádio deveriam obedecer a “uma série de tabus e interditos sociais” (ANDRADE e SILVA, 2008, p. 07).

No rádio não se podia dizer determinadas coisas. Um palavrão dito aqui, numa emissora de rádio, palavrão que é típico do cearense que identifica um homossexual, chegou a demitir um radialista por tê-lo pronunciado ao microfone, achando que este estava desligado (NARCÉLIO, entrevista, 2007).

O Rádio, aos poucos, transformou-se em um equipamento marcante no cotidiano da população fortalezense, e até à década de 1950, foi um “ícone da modernidade”, assumindo o papel de mediador das interações sociais na vida privada e pública. “Lançado como uma novidade maravilhosa, o rádio transformou-se em parte integrante do cotidiano. Presença constante nos lares converteu-se em um meio fundamental de informação e entretenimento” (Calabre, 2002, p. 7). 
Os anos 50 do século XX, também ficaram marcados no radialismo cearense, pela fundação de mais três emissoras: em 1956, a Rádio Uirapuru de Fortaleza; em 1957, seria a vez da Rádio Verdes Mares, que assim como a PRE-9, também fazia parte dos Diários e Emissoras Associados. A rádio Dragão do Mar foi a última emissora de rádio fundada na “Década de Ouro” no Ceará, o início de suas transmissões se deu no ano de 1958, e a emissora tinha, segundo Blanchard Girão, “o objetivo primordial de levar a flamejante palavra de ordem das oposições (políticas) aos mais recônditos pontos do território cearense” (2005, p. 21). Segundo Dejane Lopes, essa foi à melhor época da radiofonia no Ceará. “Foi uma época caracterizada pelo grande número de emissoras que se instalaram em Fortaleza e no Estado durante toda a década, cada uma com seus estilos e peculiaridades” (LOPES, 1997, p. 20).

Considerações Finais

O rádio, gradativamente, ganhou a aceitação da sociedade que passava por profundas transformações na sua malha urbana e nos seus costumes, invadida que foi por 50 mil soldados norte-americanos, no período estudado. Com eles veio a coca-cola, o chiklets, e a sedução das nossas mocinhas, umas advindas da periferia, outras nem tanto. A cor da pele e os cabelos louros encantavam e a música que tocava no rádio embalava o romance.

Infelizmente, desses fatos, poucos registros se encontram. A memória em áudio não alcançou a atualidade. O rádio era sinal de status e ocupava lugar de destaque nas amplas salas das mansões que se erguiam nas dunas. No centro da cidade, ele estava nos cafés, nos estabelecimentos comerciais e no abrigo central. Nos bairros periféricos ocupava, estrategicamente, o canto mais vistoso da sala, sobre uma mesinha entoalhada. Ao girar o dial se assistia de forma silenciosa e emocionada as dramáticas novelas, dançava-se aos domingos ao som do Bazar Musical, mas também na hora do Angelus, compungida a sociedade cearense rezava a Ave Maria, ao pé do rádio! 

Fim

Leia também:

Crédito: Francisca Íkara Ferreira Rodrigues (Graduada do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR) e Erotilde Honório Silva (Professora Doutora em Sociologia, pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Coordenadora da Pesquisa História e Memória da Radiodifusão Cearense – UNIFOR). A popularização do Rádio no Ceará na década de 1940: Trabalho apresentado no 7º Encontro Nacional de História da Mídia realizado em Fortaleza – Ceará, de 19 a 21 de agosto de 2009.). 

Fotos: Assis Lima e AOUVIR


sábado, 23 de outubro de 2010

FM 93

A FM 93 foi fundada em 24 de setembro de 1976, sob o mote “pouco papo, só sucesso”, e é líder de audiência há décadas. Atualmente responde por 5,54% da audiência do rádio FM em Fortaleza, no período de 6h às 19h, segundo relatório do IBOPE (fevereiro a abril de 2010). No material publicitário da emissora consta a informação de que é a rádio de maior audiência percentual em todo o Brasil. O principal programa da emissora, Disque e Toque(*), apresentado pela radialista Samantha Marques, tem em média 298 mil ouvintes por minuto.

Samantha Marques


Em 2006, nos festejos de 30 anos, passou a utilizar o slogan “FM 93 é show”.
Uma característica bem marcante dessa emissora é a utilização de anúncios testemunhais, especialmente da comunicadora Samantha Marques, o que a torna a principal locutora da emissora e que por isso, já foi convidada diversas vezes a concorrer a cargos públicos nos períodos eleitorais.
Depois de décadas no ar, a emissora, que no início realizava programação voltada para o público jovem e tinha características mais pop, hoje assume uma marca regional bem definida, com atuação de diversos comunicadores populares, como Beto Porto Alegre e Evaldo Costa.

Beto Porto Alegre

Evaldo Costa

A emissora, com 30 kw de potência, faz parte do Sistema Verdes Mares que reúne ainda o Jornal Diário do Nordeste, a Rádio Verdes Mares AM , Tamoio FM (Rio de Janeiro, mas transmitindo programação direto de Fortaleza), TV Verdes Mares (afiliada da Rede Globo) e TV Diário, além de empresas de água mineral, gás de cozinha, refrigeradores e agropecuária.


Disque toque




Das 8 da manhã ao meio-dia, já virou tradição do cidadão brasileiro sintonizar na FM 93 para conferir a experiência e simpatia de Samantha Marques. É o programa Disque e Toque, que traz pela manhã um verdadeiro show de variedades para a sua casa.
Veteraníssima, Samantha comanda o programa há nada menos que 14 anos, sempre com seu jeito único e carinhoso de tratar o ouvinte, que durante todo esse tempo a considera uma amiga inseparável do dia-a-dia.

O Disque e Toque é entretenimento  diversificado: músicas dos mais variados estilos, de sucessos do momento a flashbacks, tudo passando por um rigoroso sistema de pesquisa de gosto e pedidos do público. Dos forrós atuais até Roberto Carlos, tem som para todos os gostos.

Mensagens de otimismo para animar o dia do ouvinte; notícias nacionais e internacionais quentinhas; além de um quadro de fofocas do maior fofoqueiro do país, Nelson Rubens, marcam o clima alegre do programa.

A interatividade é bem presente: diariamente há o “Júri Pupular”, em que uma carta sobre um fato polêmico é selecionada e o ouvinte mostra sua voz ao vivo dando sua opinião sobre o assunto. Há também o “Pediu, ouviu, ganhou”, em que o participante apresenta uma canção de sua escolha e ainda participa de um sorteio de prêmios. Não poderia faltar também a clássica brincadeira do “De quem é a voz ?”, sempre dando muitos prêmios.

A participação do ouvinte é tamanha que o programa já atingiu índices de 21 mil ligações por minuto. Alguém ainda duvida que o Disque e Toque é recorde de audiência? Bem, pesquisas indicam uma “singela” marca de 310 mil ouvintes por minuto.

Para Samantha, tudo é uma recompensa por seu esforço, “Agradeço a Deus por ser uma mulher iluminada. Me sinto realizada, pois o trabalho é meu vício”.


Discoshow

Na hora do almoço, sintonizou FM 93, é dose certa de sucesso! A partir do meio-dia, você fica com a boa companhia de Beto Porto Alegre, animando com seu “Ligação Direta.”
Você não poderia começar a tarde melhor do que ouvindo boa música, participando da pergunta da tarde valendo muitos prêmios e pedindo sua música ao vivo.

No programa, o ouvinte é quem tem vez, pedindo a música que quer ouvir na FM.  As mais pedidas - seja de qual estilo for - obviamente, terão espaço garantido no “Discoshow”, com direito a um alô do locutor para quem deu sua participação.

Grande conhecedor de música, Beto admite: “Eu tenho poucos discos em casa, mas todos rarirades, coisas finas”.


Informasom

O programa Informasom, no ar de segunda a sábado, de 5 às 8 da manhã, com Evaldo Costa,  tem a missão de levantar o povo brasileiro com muita animação.
Há nove anos no comando do programa, Evaldo não abre mão do jeito descontraído de ser, buscando sempre fazer brincadeiras com o ouvinte para fazê-lo acordar e ficar disposto para o dia.

Na programação, músicas bastante variadas, sucessos nacionais e internacionais de ontem e hoje. Além das canções para levantar o astral, o Informasom traz as notícias que estampam as manchetes dos jornais do dia. Para já amanhecer dando risadas, há quadros de humor com os famosos personagens do programa Garras da Patrulha.





Fontes: Panorama do Rádio em Fortaleza (Andréa Pinheiro, Nonato Lima e Paula Marques) - UFC, Site FM 93

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rádio Verdes Mares

Em todo empreendimento que venhamos a implantar, para o esperado sucesso, devemos analisar os fatores que influenciam e os que motivam. A Rádio Verdes Mares parece ter passado por esse critério, pois não se concebe um mesmo grupo empresarial fundar uma empresa, para concorrer com ela mesma. Em tese o rádio é para oferecer entretenimento, cultura e informação. O ouvinte era levado ao nível do rádio, muito diferente de nossos dias em que muitas vezes, para se conquistar audiência alguns locutores com um linguajar torpe, promovem um verdadeiro festival de baixarias ao som de músicas com duplo sentido.
Foi no clima de conquistar um novo público que, foi inaugurada aos 28 de julho de 1956, na freqüência de 1.410 quilociclos, a Rádio Verdes Mares de Fortaleza. Com decoração do arquiteto Roberto Vilar, O estúdio foi instalado no 4º andar do edifício Pajeú (Rua Sena Madureira), e recebeu uma mesa de som importada dos Estados Unidos da América. Era um equipamento de alta fidelidade de fabricação Western Elétric. A estação transmissora fora instalada no bairro Nova Aldeota, local hoje próximo ao terminal rodoviário de integração do bairro Papicú com um excelente o transmissor de 10 kW, marca Phillips.
Esse foi mais um empreendimento da Cadeia dos “Diários Associados”, que resolveu oferecer uma programação diferente, acompanhando as transformações que a sociedade cearense da época reclamava. A Ceará Rádio Clube e a Rádio Iracema tinham uma programação voltada para auditórios, orquestras, apresentações artísticas, reportagens, produções. A verdinha como “Caçula dos Diários” foi ao ar, para o musical selecionado e o jornalismo. Depois o elenco desta emissora nova, seria enriquecido com a chegada de Wilson Machado que, vindo da Rádio Araripe do Crato, assumiria em 1957 a direção artística.

O que era interessante era que, os radialistas da Cadeia Associada, tanto atuavam no microfone da veterana PRE9, bem como no da Verdes Mares. Dentre outros atuaram de inicio na nova emissora: Wilson Machado, Antonio José de Alencar, Dílson Silveira e Narcélio Lima verde. Edilmar Norões passou a trabalhar a partir de janeiro de 1957.
Por dois anos a Rádio Verdes Mares fora associada, quando na seca de 1958, o radialista Paulo Cabral de Araújo teve seu contrato rescindido com a “Cadeia dos Diários Associados” que, administrava as empresas do jornalista Assis Chateaubriand. Recebeu como indenização pelos relevantes serviços, a Rádio verdes Mares. Sob nova direção, a rádio serviu como um canal a serviço daquele ano que era eleitoral. Paulo Cabral liderou um grupo de políticos ligados a União Democrática Nacional – UDN, onde emergiram nomes que se destacariam no cenário político como José Flávio Costa Lima, Hildo Furtado Leite e José Pontes de Oliveira.

Nesse período a emissora transferiu seu estúdio sendo anexado aos seus transmissores no Bairro Papicú, quando em julho de 1962 fora vendida para o grupo do empresário Edson Queiroz. A partir daí a emissora sob nova direção, experimentou incentivos conquistando a invejável posição que até hoje se encontra, graças ao trabalho do hoje saudoso Astrolábio Queiroz, cujo trabalho fora continuado por Mansueto Barbosa.

Toda emissora de rádio tem seu carro chefe ou trabalho que a destaca. A Ceará Rádio Clube tinha o “Matutino PRE-9” com Aderson Braz e cândido Colares e a “Festa na Caiçara”, com Augusto Borges no auditório; A Rádio Iracema tinha “Discoteca do Fã” com José Lisboa e o “Fim de Semana na Taba” iniciado com Armando Vasconcelos, seguindo-se com Eduardo Fernandes (Dudu) e depois foi para as mãos também de José Lisboa, no auditório; a UirapuruAtendendo o Ouvinte” e “Peça o Que Quiser” com Heraldo Menezes: a Dragão do Mar com “A Dragão Dá o Bis no Som Maior do Sucesso” com Guilherme Pinho e “Dragão a Dona da Noite” com Jadir Jucá etc.

A Verdinha foi além do estúdio, e montou um serviço móvel de utilidade pública na Praça José de Alencar. Estendeu-se aos bairros com prestação de serviços e, que o diga o dinâmico Narcélio Lima Verde, patrimônio da radiofonia cearense. E o quer dizer do Rádio Noticias Verdes Mares com o saudoso Mardonio Sampaio?

Sempre pecamos por omissão quando o negócio é menção de nomes, porém estiveram no microfone da Verdinha: Cirênio Cordeiro, Orlando Ramalho, Paulino Rocha, José Julio Cavalcante, José Santana, Almino Menezes, Paulo Lima verde, Edson Silva, Jurandi Mitoso, Nilton Sales, Euclides Costa, Ivan Prudêncio, José Rangel e
Cid carvalho.
Um técnico de destaque fora Francisco Lourenço dos Santos que ficou de 1962 até 1980, quando com o surgimento da Televisão Verdes Mares Canal 10, teve que ceder para o Dr. Pedro Virgilio que assumiu a Chefia de Engenharia do grupo VM.

A Rádio Verdes Mares, agora operando com uma potencia de 50 kW e que desde 1980 saiu da freqüência dos 1410 para 810 kHz, pertence ao “Sistema Verdes Mares de Comunicação”. Sob o comando do Dr. Edilmar Norões, e com uma programação atualizada e eclética, o seu estúdio está localizado na Avenida Desembargador Moreira, anexado à Televisão do mesmo nome.

A Verdinha sempre vem inovando, e seguindo desafios, pois obedece a diretrizes, vivendo sempre no contexto empresarial. A família de Comunicação Verdes Mares cresceu, e além de outras emissoras, já conta com afiliadas no interior cearense. A sua história de luta, deixou marcas indeléveis de grata recordação, cuja radiofonia cearense registrara em seus anais.
As atividades do rádio são voltadas para a sociedade, e é isso que a verdinha, vem fazendo.
Fonte: Tempos do rádio e arquivo Nirez

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ceará Rádio Club - Considerações finais



Foi anunciada por Antony Santiago e João Bezerra à diretoria que, a estação entraria no ar.
Tudo correu bem. Os Libaneses Dummar felizmente colocaram a PRAT no ar, fato ocorrido aos 21 de julho de 1933, quando realizaram a instalação do Ceará Rádio Clube, na Rua Major Facundo nº 133 (Altos da Casa Misiana). Sob a vista de competidores, iniciaram a programação preparada. Em poucos minutos os telefones anunciaram a pureza e o volume das emissões. Caetano de Vasconcelos foi o primeiro locutor que operou no Ceará, e as irradiações se prolongaram até as 22 horas.
Em 21 de setembro (dois meses após) em passagem com comitiva pelo Ceará, o então Presidente da República Getúlio Vargas e, o General Góis Monteiro inauguraria oficialmente a emissora. À título precário fora autorizada a irradiar na onda de 330 metros com um transmissor de 500 watts e antena de dois mastros.





Posteriormente o estúdio foi transferido para a Rua Barão do Rio Branco nº 1172 e, com licenciamento definitivo aos 30 de maio de 1934 pela portaria 415, saiu a escritura com a Constituição definitiva da Ceará Rádio Clube S.A. O seu prefixo de PRAT é trocado por PRE-9.
A Ceará Rádio Clube instalou seus transmissores no Bairro das Damas e começou a manifestação de Broadcasting, quando a nomenclatura passou a ser feminina (deixou de ser um clube para ser uma emissora).
Em 1936, a empresa radiofônica promoveu o primeiro concurso para locutor, causando curiosidade no seio do público. A primeira geração de radialistas da CRC era composta de: Caetano Vasconcelos, José Júlio Cavalcante, José Cabral de Araújo, Raimundo Menezes, José Lima Verde Sobrinho, Luzanira Cabral, Silva Filho dentre outros.
Aos 28 de julho de 1937, os estúdios da Ceará Rádio Clube são instalados no mesmo local da Estação Transmissora (Damas), passando a operar na freqüência de 1.320 quilociclos com potencia de 2.000 Watts na antena, enviada por um equipamento Marconi. Pra abrilhantar a festa, foi convidado e recepcionado no Aeroporto que era na Barra do Ceará, o cantor Chico Alves, o “Rei da voz”.
A programação era um tanto fechada, pois quando o rádio fora adquirindo seu espaço, veio a ditadura Vargas o que limitou concessões, e o povo não ouvia o que queria, porém marcou época José Lima Verde Sobrinho, com o programa “Hora da Saudade”, que depois foi substituído por “Coisas que o Tempo Levou”.


Sede no bairro Damas

Colocamos algumas passagens(posts anteriores) que mereceram destaque no rádio cearense, alguns radialistas que já se foram e fizeram sua história. Outros continuam na luta titânica pela sobrevivência, pois a cada dia a tecnologia cresce de dimensão e o profissional tem que segui-la, ou estará fadado a ficar estagnado no tempo e no espaço. Profissão digna, mais carece de bons profissionais, utilizam o rádio deixando a ética de lado aderindo ao humor desabrido. Com este procedimento o rádio deixa de ser ouvido pelas camadas mais intelectualizadas e passam à admiração do povão. Não medem a qualidade; preferem à quantidade, a audiência. Só que do jeito que vai o radialista só se tornará conhecido nas periferias das periferias. A qualidade faz a quantidade e a quantidade não faz a qualidade.


João Dummar o pioneiro da radiofonia cearense, fundador da Ceará Rádio Clube-PRE-9 em 1934 e tantos outros... Figuras importantes da radiofonia cearense: Além dos que já foram citados nas entrelinhas deste trabalho de pesquisa, começamos com o que teve a primazia de ser o pai da radiodifusão no Ceará; Paulo Lima Verde nos idos de 30 e 40 em Fortaleza, era casado com dona Leda, os filhos Reyne, Narcélio, Paulo Lima Verde "o bote seu Paulo"; Eduardo Campos nos anos 50(Não faltam talentos nas redações das emissoras). E ninguém perde a "Crônica do Ceará", ao meio dia, escrita por Otacílio Colares; Nem "ponta de lança", um comentário cáustico de Armando Vasconcelos, a fazer época com sua frase preferida; "doa a quem doer"!

Tudo era mais bonito, fascinante, mágico, mas era o estúdio com seus locutores de vozes possantes, que causavam maior "frisson", novelas, humorísticos, orquestra, tinha gente que ia "brechar" no oitavo e nono andar do Edifício Diogo, o ensaio dos artistas. Paulo Cabral, Diretor da PRE-9, foi contratado para trabalhar naquela emissora quando tinha onze anos. Mas o contrato teve de ser rescindido, em face da moral doméstica. Era pecado trabalhar em rádio. Na discoteca da ceará rádio Clube, no Edifício Diogo, milhares de discos de cera era cuidadosamente guardados em estantes envidraçadas. Parecia um santuário onde Gerardo Barbosa era o sumo sacerdote e Tereza Moura de Aquino, a sacerdotisa.

Na hora do comerciário um programa de 1948 os seguintes artistas do rádio se destacavam: Otávio Santiago, Epaminondas Souza, José Amâncio, Luiz Assunção, Reginaldo Assunção (Filho de Luiz), Peruano, Francisco Alenquer, Oscar Cirino, Edgard Nunes, João Ramos, Thompson Lemos, Eliezer França, Hiran Pacheco, Luiz Róseo, João Batista Brandão, Carlos Alenquer, Emilio Santana, Mário Alves, Francisco Noronha, Canelinha eram os componentes da orquestra da Ceará Rádio Clube. João Ramos era o apresentador do programa. Mário Alves a voz do Ceará para o Brasil, mais tarde formaria com Evaldo Gouveia e Epaminondas Souza, o famoso Trio Nagô.

A Rádio Iracema com Armando Vasconcelos, veio concorrer com a (Ceará Rádio Clube), inaugurada em 9 de outubro de 1948, fundada pelos irmãos Parentes (José e Flávio) e pelo Dr. José Josino da Costa e conhecida como ZYR-7 passou a funcionar no Edifício Vitória; Antes de criar a Comédia Cearense, Haroldo Serra foi locutor e radioator da Rádio Iracema, na sede própria na Praça José de Alencar; Carlos Alberto começou ainda "frangote" de voz indefinida, como locutor da Rádio Iracema onde apresentava programa para a juventude da qual fazia parte; Filho do famoso maestro Lisboa, José Lisboa, começou como cantor da "Iracema". Mais tarde, se transformaria também, em animador de auditório. Conservador e fiel às origens: continua na mesma emissora, onde tem programas populares; Ayla Maria, começou na Iracema, uma menininha que subia numa cadeira para poder abraçar o microfone. Cresceu ali, virou estrela, virou mulher. Ainda é estrela maior da constelação de cantoras de nossa terra. Teresinha de Jesus; O "Bem-te-Vi" e o "Rouxinol". Este casal, também conhecido como Alan Neto e Ivanilde Rodrigues, sempre foram da "taba de Iracema".

Ele, com camisa moderninha, ela, com lacinho na testa. Um casal que decididamente deu certo.
Nozinho Silva; o cantor Solteiro; Ivanildo e seu conjunto; A soprano Celina Maria começou na Iracema e foi parar no Teatro Scala de Milão; Lúcia Elizabeth foi percursora da Gretchen; Eduardo Fernandes (Dudu), Moreira Filho; Zuíla Aquiles cantava os belos versos de Carlos d’Alge; Terezinha Nogueira cantora lírica dos olhos verdes; A PRE-9 e o edifício Pajeú, foi neste lugar que a Ceará Rádio Clube viveu seus momentos de apogeu nos meados de 55. Edson Martins, Edilmar Norões, Guilherme Neto, João Ramos, Armando Vasconcelos e Augusto Borges - passaram pela PRE-9; José Júlio Cavalcante, Gerardo Barbosa, Rômulo Siqueira, Anderson Braz, as irmãs Vocalistas (Cleide e Ademir Souza Moura), Keila Vidigal, Leocácio Ferreira.



Vem a Uirapuru fundado em 16 de junho de 1956, fez a transmissão da eleição da Miss Brasil, Jaime Rodrigues falou de Buenos Aires e Fernando Lopes narrou o desfile. A ZYH-25, conhecido como a emissora do pássaro teve também seus momentos de glória. Aproveitando o ensejo vamos enumerar os super astros da locução cearense: Você se lembra de alguns deles? Os irmãos Cabral de Araújo (José e Paulo); Manuelito Eduardo; João Ramos; Aderson Braz; Mozart Marinho; Almir Pedreira; Albuquerque Pereira; Antonio Almeida; Narcélio Lima Verde: Alexandre Colares; Mattos Dourado; Wilson Machado; Valdir Xavier; Jaime Rodrigues; Augusto Borges; Ivan Lima; Oliveira Filho; José Santana; Juarez Silveira; José Júlio Cavalcante; Peixoto de Alencar; Nazareno Albuquerque; Cid Carvalho; Palmeira Guimarães; Edson Martins; Paulo Augusto; José Edilmar; Haroldo Serra; Armando Vasconcelos e muitos outros. As "Lady-Speakers" também tiveram sua vez, cito aqui algumas que se destacaram: Maria José Braz; Laura santos; Ruth de Alencar; Celina Maria; Karla Peixoto; Vera Lúcia; Maria de Aquino; Violeta Nogueira; Eneida Costa; Neide Maia: Orlys Vasconcelos, Ítala Ney, Ruth de Alencar. A primeira locutora do rádio cearense foi Maria de Aquino atuando na Ceará Rádio Clube.

A Rádio Verdes Mares carinhosamente conhecida como "verdinha" foi fundada em julho de 1962, das mãos de Paulo Cabral de Araújo e desse Grupo político, onde se destacaram; José Flávio Costa Lima; Hildo Furtado Leite, José Pontes de Oliveira (Banco União), foi negociada com o grupo Edson Queiroz. Os cantores Galãs: Carlos Augusto; Arnoldo Leite; Paulo Cirino seu chapéu e violão; João Bob; Joran Coelho; José Auriz Barreira; Guilherme Neto; Gilberto Silva; Fernando Menezes; Giacomo Ginari. As estrelas cantoras: Wanda Santos; Ayla Maria; Maria de Lourdes; Ângela Maria; Estelita Nogueira e Zuíla Veras; As pastoras e Paulo Cirino; (Isis Martins, Maria Alice e Maria de Lourdes); Maria Guilhermina; Cleide e Ademir Moura; Fátima Sampaio; Ivanilde Rodrigues; Terezinha Silveira; Salete Dias; Marilena Romero; Telma Regina; Vera Lúcia; Cleide Moura.


Blanchard Girão fala - "A denominação de" Dragão do Mar", já sugeria uma linha de protestos e lutas. "A rádio vinha para ser o "calo" do Governo Udenista, denunciando todas as deficiências administrativas e, de modo especial, os escândalos de afilhadismos que caracterizavam, de um modo geral, a prática política estadual daqueles tempos". A Rádio Dragão do Mar montada em 1958 pelo antigo Partido Social Democrático(PSD), foi inaugurada em 25 de março de 1958, data comemorativa da abolição da escravatura no Ceará, episódio em que se glorificou o jangadeiro Francisco José do Nascimento, cognominado "Dragão do Mar".

As novelas existiam e os escritores especializados em radionovelas, a exemplo de Amaral Gurgel, Oduvaldo Vianna, janette Clair, Ivanir Ribeiro e muitos outros. A primeira novela de autor cearense foi apresentada na PRE-9, "Aos pés do Tirano" de autoria de Eduardo campos(Manuelito Eduardo). Alguns personagens: Consuelo Ferreira; Alan Ladd (Oliveira Filho); Ângela Maria; Gláuria Farias; Maria José Braz; João Ramos; Laura santos; Mirian Silveira. Os Auditórios marcaram época no rádio cearense vamos citar apenas alguns que se destacaram neste setor do rádio cearense.


Jovial Salete Dias; Célio Cury; João Ramos; Luiz Assunção; Humorista Picolé; Armando Vasconcelos e Orlys Vasconcelos; Irapuan Lima (O mais popular); Eduardo Fernandes animava O clube do Papai Noel; Mattos Dourado; João Ramos e Augusto Borges; Marcos Ayla.




Alguns programas de rádio e auditório:

- "Coisa que o tempo Levou";

- "Divertimentos em sequência";
- "Vesperal das moças";
- "Salão Grenat";
- "Galeria de Honra";
- "Audições a Cearense";
- "Parada Musical Dummar";
- "Programa Irapuan Lima";
- "A garotada se diverte";
- "Fim de semana na tábua";
- "Mensagens Sonoras";
- "A Hora Luterana";
- "Clube Papai Noel";
- "Grande Rádio-Baile fim de semana";
- "Noticiário relâmpago";
- "Mariquinha e Maricota";
- "Delegacia – Baião-de-dois";
- "A carrocinha";
- "Dona Pinóia e seus Brotinhos";
- "Noturno Pajeu";
- "Festa na caiçara";
- "Pensão Paraíso";
- "Carrossel da Alegria";
- "Parque Recreio";
- "Postais Sonoros";
- "À hora do Pobre";
- "Uma pulga na Camisola";
- "Edifício Balança mais não cai";
- "Doa a quem doer";
- "A Crônica do Dia";
- "Clube do Fã";
- "Matutino Pré-nove";
- "Clube do bom Companheiro";
- "Assombração";
- "Crônica do Ceará";
- "Orquestra de Concertos da Ceará Rádio Clube";
- "A Hora do Ângelus";
- "Audição com a Pianista Maria de Lourdes Gondim";
- "As novelas";
- "Os pastoris".


Créditos: Site oficial da CRC, pesquisas diversas na internet e fotos do arquivo Nirez


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