Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Romcy
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sábado, 6 de março de 2010

Romcy - Está no ar o barato do dia!

As lojas de varejo Romcy S/A foi uma rede de lojas localizada em Fortaleza, com 12 lojas, entre hipermercados e supermercados, 11 estavam localizadas em Fortaleza, 1 em Maracanaú e uma central de compras em São Paulo. Nessas lojas existiam ainda os Romcy-Car, que eram especializados em acessórios e serviços para veículos, além de cinco lanchonetes em suas unidades, que faziam muito sucesso e era ponto de encontro de muitas pessoas. O Grupo Romcy era formado ainda pela Romcy Informática LTDA e a Granjas Romcy S/A.

As atividades comercias dos Romcy começaram em 1948, com a firma Jacob Elias & Filho, onde vendiam miudezas que depois passou a ter várias filiais com nomes fantasias diferentes como, as lojas A Capital, Magazine Sucesso, Casa Vênus, Romcy Perfumaria, Romcy Magazine, e por fim a Super Loja Romcy.

Janelas e vitrine da sobreloja e térreo. Nirez
Em 1962, com a morte de Jacob, as lojas foram unificadas sobre a razão social de Romcy Comércio e Indústria S/A e estavam sob a responsabilidade de seus filhos José e Antônio Romcy, que partiram para unificar as atividades do grupo.

Em 1974, o Grupo Romcy comprou do comerciante Plácido de Carvalho um imóvel construído em forma de um castelo, que se localizava onde hoje fica a Praça Luíza Távora, na Avenida Santos Dumont, para a construção de um hipermercado, mas após alguns anos, seu terreno foi dado em pagamento de dívida de ICM ao Governo do Estado. Muitas pessoas atribuem a falência da empresa a demolição deste castelo, uma espécie de maldição. ¬¬

Esquina da rua Barão do Rio Branco com a Liberato Barroso na década de 70. À esquerda, vemos um pedacinho da Loja Romcy. Foto de Nelson Bezerra
Em 1975 foi inaugurado o Romcy Aldeota, uma loja com área de 14 mil m2, onde a empresa passa a investir também em supermercado, quase a mesma época em que passa a ser a 1ª loja de departamentos do Norte e Nordeste a funcionar com computador.

Na década de 80, o Canguru (que segundo se comenta foi também usado pelo Varejão Supermercados da Família Patriolino Ribeiro), símbolo das lojas Romcy, disputava o mercado com as Americanas, Lojas Brasileiras e Mesbla de igual para igual.

O Romcy mantinha um cartão de crédito próprio e no fim do mês, com a inflação galopante, comprar no Romcy era praticamente impossível, pois esta loja operava também no ramo de supermercados e vendia tudo no cartão. Na época, se dizia que quem não tinha um crediário no Romcy não tinha crédito na praça.

Em 1990, quando o Romcy pediu concordata, ele mantinha 1.702 funcionários e proporcionava quase 3.000 empregos indiretos e na época era também um dos maiores arrecadadores de impostos e um dos grandes empregadores do Estado do Ceará.


Foto: Anuário do Ceará 1972

Romcy em 1972 em pleno funcionamento.
A maior rede de lojas de departamento que o Ceará teve, escolhia bem a sua localização, tanto que todos os seus endereços estão devidamente ocupados quase 20 anos depois. O Romcy Planalto virou Bompreço Papicu, o Romcy Aldeota (Antônio Sales) virou Hipermercantil e hoje é ocupado pelo Carrefour, o Romcy Montese é o Hipermercado Extra, o Romcy Monte Castelo abriga a matriz do Expresso Guanabara no Ceará, que a propósito, nunca teve o que reclamar da infraestrutura das instalações (inclusive dotada de uma moderna estação de tratamento de esgoto), no Centro de Fortaleza, suas lojas estão todas ocupadas, as duas na Rua Barão do Rio Branco e a do Parque das Crianças, onde hoje funciona (no prédio que faz fundo também com a Praça Murilo Borges - Praça do BNB) um Super Lagoa e uma Rabelo, o Romcy Benfica, cuja obra não foi concluída pela empresa, hoje é o bem sucedido Shopping Benfica. Tantos acertos não foram por acaso, houve estudos muito bem feitos.

Nas propagandas a empresa também inovou, trazendo o Assis Santos quando anunciava as ofertas para o dia seguinte com o slogan “Barato do dia Romcy” no intervalo do Jornal Nacional da Globo ou os anúncios de páginas inteiras nos jornais, ou com a promoção famosa, inédita e audaciosa “Romcy dá dinheiro vivo”, nos anos 70. Antônio Romcy analisou a conjuntura econômica do país e usou a inteligência para criar a campanha. O raciocínio de Antônio Romcy foi rápido e perspicaz: se era de se pagar 10% às financeiras, por que não estimular a compra a partir de seis prestações e dar esse percentual diretamente ao consumidor? Foi um sucesso!


Elevador Social e escada que interliga os pavimentos do antigo Edifício Romcy. Fotos de Samara Aguiar em 16/12/2008.

Em Dezembro de 1990, o Romcy pede concordata preventiva motivada pelos problemas causados pelo Plano Collor, como a inadimplência de seus clientes, o que causou um desequilíbrio financeiro. Porém seu patrimônio era suficiente para cobrir suas dívidas e inicia a reestruturação de seus negócios com fechamento de algumas lojas. Também foi noticiada a venda da empresa para o Grupo Sendas do Rio de Janeiro e Lojas Tamakavy do Grupo Silvio Santos.
Loja Romcy 1972. Acervo Isabel Pires
Em 1992 já consegue levantar a concordata e planeja a volta ao ramo de supermercados com a reinauguração da loja do Parque das Crianças, o que não foi possível, porém o filho de Antônio Romcy inaugura o Supermercado Básico na Rua José Lourenço e no prédio do antigo Romcy do Parque das crianças. Ocupando metade da área que o Romcy ocupava, o novo empreendimento, por questões de mercado, não deu certo.

Por volta de 1993, a empresa com apenas uma loja em funcionamento, tem a falência decretada, deixando muita saudade. O seu patrimônio imobiliário foi usado para saldar dívidas bancárias, trabalhistas e com fornecedores. Para se ter uma ideia, apenas a loja do bairro Montese, onde também funcionava a matriz do Grupo, estava avaliada em US$ 10 milhões de dólares.

Romcy Montese

Sem dúvida as lojas Romcy deixaram um vazio no mercado cearense, pela importância que teve na vida social e econômica do Ceará.

Estado atual do edifício Romcy na esquina das ruas Barão do Rio Branco com Liberato Barroso

Foto de danos encontrados no 5º pavimento da edificação e telhas desalinhadas na coberta. Foto: Samara Aguiar em 2017.

"O prédio atualmente se encontra bastante deteriorado devido à sua subutilização após a falência da Organização Romcy. A edificação apresenta infiltrações, presença de entulhos, piso com cerâmicas quebradas, paredes sem reboco, escadas e elevadores abandonados, circulações bloqueadas e rede elétrica danificada.

Loja no pavimento térreo. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017
Sua coberta apresenta telhas desalinhadas, calhas improvisadas e até mesmo ausência desta, além de não apresentar cumeeira. Problemas que provavelmente acarretaram na infiltração existente nos pavimentos superiores.

Vista do Subsolo da edificação. Foto: Samara Aguiar em 11/01/2017
Os pavimentos térreo e a sobreloja por serem os andares que continuam sendo utilizados na atualidade para o comércio, são os que estão em melhor estado de conservação. Hoje, o térreo está alugado para 6 lojas diferentes, o que levou a necessidade de separação física entre elas, devido a isso o acréscimo de paredes é a principal descaracterização nesses andares, Além disso, foram retiradas as marquises existentes originalmente na laje do térreo.

Vista de um dos pavimentos. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017
  Piso danificado no pavimento e escada enferrujada no subsolo. Foto: Samara Aguiar em 11/01/2017


O subsolo atualmente é utilizado como depósito para os ambulantes que vendem no calçadão da Liberato Barroso, porém não apresenta nenhum tipo de conservação por parte de seus usuários. Os andares não utilizados apresentam pior estado de conservação. Encontra-se nesses pavimentos: um piso bastante danificado com cerâmicas quebradas, escadas e elevadores enferrujados, circulações bloqueadas por tapumes ou alvenaria.

Escadas bloqueadas por tapumes/alvenaria no subsolo. Foto: Samara Aguiar em 11/01/2017
As fachadas nordeste e sudeste estão bastante descaracterizadas, as antigas vitrines do térreo foram trocadas por portas de correr, por causa das diferentes lojas alocadas que prezando por maior segurança e praticidade optaram por esse tipo de abertura. No 3°, 4° e 5º pavimentos, por trás do plano de vidro criado pelas esquadrias, foi construída uma parede de alvenaria com o intuito de vedação, visto que esses andares atualmente não apresentam uso.

Danos na fachada Nordeste. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017
Danos na fachada Sudeste. Foto: Samara Aguiar em 16/06/2017
Na fachada nordeste, as esquadrias do 3º e 4º andares foram retiradas, restando somente os castilhos, na sobreloja as esquadrias foram modificadas perdendo sua inclinação original e uma estrutura metálica foi acrescentada a volumetria do prédio para fixação dos letreiros das lojas. Na fachada sudeste, todo o plano de esquadrias do 3º ao 5º pavimento foi retirado e na parede de alvenaria adicionada foram feitos cobogós buscando trazer luz e ventilação mínima à parte abandonada do edifício. As esquadrias da sobreloja foram trocadas não apresentando mais a inclinação existente nas janelas originais."

Samara Aguiar


Fonte: Jornal O Povo edição de 11/12/1990, Pedro Paulo Morales e jornais da época.
 
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