Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Escola Normal
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



Mostrando postagens com marcador Escola Normal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Escola Normal. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Edith Dinoah da Costa Braga - Rua Edite Braga


Edith Dinoah da Costa Braga nasceu na capital da Paraíba, em 8 de fevereiro de 1889, onde seu pai , Felismino Norberto Leite da Costa, era juiz municipal.

Formado em Direito em 1891, Felismino fora Promotor de Justiça de Pernambuco, seu estado natal, na cidade de Taquaritinga. Foi transferido depois para Ingá, na Paraíba, e daí para João Pessoa.

Constantes transferências ainda levariam sua família a várias cidades do interior cearense. Em 1900 estava chegando a Barbalha, para assumir o cargo de Juiz Substituto. Daí seguiria para Baturité, Quixeramobim, Maranguape e por fim Fortaleza, onde atingiria o cargo de Desembargador.

A esposa, Margarida Dinoah Costa, e os filhos Edith, Raul e Neuza o acompanhavam nas mudanças enquanto as obrigações escolares ainda estavam no nível elementar. Quando chegou a época de Edith, a mais velha se encaminhar numa etapa mais profissional, mãe e filhos vieram para Fortaleza. O pai ficou em Maranguape, mas todo fim de semana viajava para perto da família.



A dedicação de Edith aos estudos devia justificar qualquer sacrifício. Primeira da turma desde o exame de admissão, ao terminar o Curso Normal, na Escola Normal Pedro II, recebeu uma Cadeira Prêmio, honraria concedida às primeiras colocadas de cada turma.

O prêmio era ensinar para o curso primário, no Grupo José de Alencar. Tendo concluído o curso em 1916, Edith lecionou para crianças até 1922. Esta data marcou o início de uma verdadeira revolução educacional, tendo à frente a figura do professor Lourenço Filho, técnico em educação que viera do sul para implantar a Escola Nova.


Em 1923 Edith estava ensinando na Escola Normal, colaborando com o programa de Lourenço Filho. Havia casado com o comerciante Anastácio Braga Barroso* (Fazendeiro, proprietário de imóveis e afortunado comerciante, nascido a 25 de outubro de 1881, em São Pedro de Timbaúba, hoje Miraíma, falecido a 7 de outubro de 1972, em Fortaleza.) no ano anterior, a 30 de setembro, e recebeu de bom grado a indicação do professor para ser sua substituta. O casamento não foi obstáculo para sua ascensão profissional. Ele admirava muito seu desempenho intelectual.

Entre 1923 e 1933, Edith ensinou pedagogia, psicologia e didática na Escola Normal, para onde era levada pelo motorista da família. A psicologia que ela ensinava era experimental, diferente da psicologia racional que predominava. Edith era espírita.

No ano de 1933, as três cadeiras, que formavam um só bloco, foram divididas e postas em concursos. Edith pediu efetivação para pedagogia, mas não conseguiu. Inscreveu-se então "ex officio", porque tinha dez anos de interinidade, e preparou-se para enfrentar a memorável disputa.

O resultado do evento de maio de 1933 ainda consegue agitar o ânimo de pessoas que acompanharam os fatos. Um pano de fundo de influências políticas, religiosas e sociais transformou um simples concurso em tema de discussão, e conseguiu dividir os círculos intelectuais e culturais da cidade. 


De um lado os que apoiavam a professora, pessoa de reconhecidos méritos e valiosos contatos, e de outro os que queriam a vitória de seu concorrente, o competente Diretor da Instrução Pública, Dr. Joaquim Moreira de Sousa.

O Dr. Moreira de Sousa estivera no Rio de Janeiro até o dia 13 de janeiro, representando o Ceará na V Conferência de Educação. Edith, por sua vez, compunha a chapa do Partido Social Democrático, pela qual iria ser eleita suplente de Deputado Federal.

Em maio, no dia 22, "O Nordeste", jornal católico, avisa: "Às 15 horas de amanhã, no prédio da Escola Normal Pedro II, será realizada a prova escrita do concurso para provimento da Cadeira de Pedagogia". Além dos dois candidatos mencionados, estava também inscrito Heribaldo Dias da Costa.

A moderação do informe empalidece nos dias subsequentes, para dar lugar a uma ardorosa tomada de posição a favor de Moreira de Sousa. Diretor da Instrução Pública, cargo equivalente ao de Secretário de Educação, ele era o superior de Edith. A seu favor, a professora tinha a experiência didática que faltava ao concorrente, uma memória extraordinária e amizade com as pessoas do nível de Carneiro de Mendonça, interventor do Estado.

Estavam presentes todos os elementos que iriam compor o que "O Nordeste" chamou a 27 de maio, "o maior concurso do Ceará". No dia 24 o jornal divulga: "Esperado com grande ansiedade, realizou-se ontem o concurso para provimento da Cadeira de Pedagogia. Grande massa de professores, alunos, jornalistas e curiosos afluiu à Escola Normal, cujo salão teve que ser ampliado pela retirada das portas para conter a multidão". E conclui o anônimo redator: "A impressão sincera que tivemos foi que Dona Edith conseguiu realizar uma prova mais inteligente e erudita que a do Dr. Moreira."

A comissão examinadora era formada por professores de São Luís, Natal, João Pessoa e Recife, aptos a julgar as respostas dos três quesitos que compunham a primeira parte do concurso. Para o jornal, Edith conseguiu "uma síntese brilhante de muitos mestres modernos". Talvez um comentário malicioso sobre sua memória privilegiada, talvez uma expressão sincera de admiração. O fato é que a média de Edith foi 11,75, e a de Moreira de Sousa, 11,50.

A prova prática, segunda etapa do concurso, foi realizada no dia 25, às 9 da manhã, ainda na Escola Normal. Alunas pequenas faziam as vezes de uma turma verdadeira, a quem os dois candidatos deveriam ministrar sua aula. Edith estava tensa, o tom de voz abaixo do recomendado, parecendo insegura ao observador do "O Nordeste". Moreira de Sousa, ao contrário, demonstrou-se à vontade, "natural e amável", arrancando risos das alunas e da plateia.

O resultado causou protestos: a banca examinadora deu nota máxima à professora.


Para a última etapa, o Teatro José de Alencar parecia ser o único cenário capaz de conter a multidão de interessados. O padre Hélder Câmara, que substituía Moreira de Sousa à frente da Instrução Pública, manda avisar a Edith o local da última prova. "Nem que fosse no Coliseu de Roma," é sua resposta desafiante.

O ponto da aula era "Instituições Escolares, Instituições Pré-Escolares. Cursos Vocacionais e Profissionais". Um edital no jornal, assinado pela Diretoria da Instituição Pública, libera as professoras públicas para o comparecimento às preleções do dia seguinte. E até mesmo o Teatro se revelou pequeno para o grande número de curiosos.


"O Nordeste" afirma, no dia seguinte: "Foi o embate intelectual mais grandioso e empolgante a que o Ceará assistiu. A agitação era imensa. Palmas. Gritos. Delírio popular". Os candidatos entraram sob aplausos, cada um com seus partidários bem definidos. Moreira de Sousa foi interrompido várias vezes por incentivo da plateia. Edith manteve a calma, uma calma admirável principalmente por ser ela "uma senhora", como lembra o jornal, mais susceptível portanto às pressões da multidão.

Montesori, Pestalozzi, Blager e Flechsig foram citados por Edith, o que não impressiona o articulista: "Bastante aridez. Memorismo", são as acusações lacônicas. Moreira, ao contrário, teria empolgado a assistência que o aplaudiu longamente, levando o jornal a felicitar o povo cearense por sua capacidade de se entusiasmar com outros eventos além do futebol ou das corridas de cavalo.

As médias confirmaram a preferência do auditório: 11,50 para Edith e 12 para Moreira. Somados os números das etapas, o resultado causou agitação: os dois candidatos estavam empatados, com média final de 11,75.

Edith ganhou o concurso em maio de 1934 no Supremo Tribunal Federal. O último ato do Interventor Carneiro de Mendonça foi a nomeação de Edith. O argumento jurídico que pesou a favor de Edith foi sua experiência anterior de dez anos à frente da cadeira. O professor João Hipólito de Oliveira, membro do Instituto do Ceará, que trabalhava no "O Povo", lembra: "Ela surpreendeu nas provas, e enfrentou tudo com sobranceria".

Posteriormente, pesou sobre a professora a acusação de plágio, tudo por conta da sua memória admirável e que permitia citações enormes, com o nome do autor, da obra e a página.

Moreira de Sousa magoou-se profundamente com o resultado final do concurso. A 31 de julho de 1934 viajou para o Rio de Janeiro, onde se radicou definitivamente.

A cadeira de Pedagogia foi mais tarde dividida em Sociologia e História da Educação. Por ser catedrática, Edith pode escolher a que desejava, Sociologia, disciplina que ensinou até o fim. Chegou a ser Diretora da Escola Normal, substituindo por algum tempo o professor João Hipólito de Azevedo e Sá, que foi Diretor por mais de 30 anos.

Em 1934 foi eleita suplente de Deputado Federal pelo PSD. Seu nome aparece aqui e ali nas cronologias da década de 1930, o mais das vezes em atividades sociais.

Numa quarta-feira, no final do semestre letivo, ela não foi dar aula como fazia todas as manhãs. Na quinta estava de cama e no domingo faleceu. O dia era 25 de junho de 1950, e deixava a imagem de uma educadora ativa, que durante 35 anos se dedicara ao ensino e a Escola Normal.

Sobre esse fato, o Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza diz:

"Em 25 de junho de 1950, morre em Fortaleza, aos 51 anos de idade, a política e educadora Edith Dinoá da Costa Braga (Edite Braga), professora de teologia."

Homenagens em Fortaleza:

Hoje, Edith Braga é nome de rua no Jardim América, Bom Futuro e Montese, em Fortaleza. 
"Infelizmente as placas colocadas na rua que tem o seu nome, trazem erradamente "Rua Édite Braga".  Nirez






 24 de setembro de 1954 - A Lei municipal nº 806, denomina de Rua Edite Braga uma via de Fortaleza, proposta do vereador Pedro Paulo Moreira Oliveira, homenagem à educadora Edith Dinoá da Costa Braga, falecida há quatro anos.
 30 de janeiro de 1955 - Inaugurado, no Campo de Aviação, hoje Aerolândia, o Grupo Escolar D. Edite Braga, pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Hoje denomina-se Escola de Ensino Fundamental Edite Braga, na Rua Capitão Vasconcelos nº 1.061.



O casal teve uma filha: Maria Ebe Braga Frota, nascida a 10 de julho de 1925, em Fortaleza.
Assim como a mãe, Ebe foi professora. Aposentada, com reconhecidos méritos, do Colégio Estadual Justiniano Serpa e do Colégio Municipal Filgueira Lima, ambos de Fortaleza, onde ela lecionou História, Filosofia da Educação, Filosofia Geral, Sociologia e Psicologia.


Fonte: "A História do Ceará passa por esta rua" - Volume II de Ângela Barros Leal, Multigraf Editora/Fundação Demócrito Rocha, Fortaleza, 1993., O Nordeste.com, Portal da História do Ceará de Gildácio Sá, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Geocities.ws (Contato: familiadinoa@hotmail.com) e Biblioteca Nacional.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012



2012 foi um ano maravilhoso para o Fortaleza Nobre, muitas histórias que tive o maior prazer em pesquisar e aprender para trazer aos leitores do blog. Foi também gratificante acompanhar o crescimento da nossa Fan Page. A participação das pessoas em cada foto postada, foi essencial para esse sucesso! Cada curtida e cada compartilhamento, era uma alegria e um atestado de que o FN* está no caminho certo! Hoje nós já somos mais de 6.600 e tenho certeza que 2013 será ainda melhor, pois voltarei cheia de novidades e com a bateria recarregada e um estoque de fotos antigas, ainda maior! 
Na nossa Fan Page, já foram postadas mais de 1.600 fotos antigas. 

Aqui no blog, já chegamos a 990 seguidores e conforme estatística do Blogger, só no mês passado tivemos 36.628 visualizações da página. E fora o Brasil, o blog já atingiu os Estados Unidos, Suécia, Portugal, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Rússia e Bélgica. Estamos chiques demais! 

Ah, não posso esquecer de agradecer aos amigos do Twitter que vira e mexe, retweetam nossos assuntos e atraem mais seguidores e amigos, valeu mesmo!

Bom, foi pensando em todos vocês que resolvi fazer essa retrospectiva, espero que gostem!!! 









No Auge da Leste-Oeste

...Foi nessa época e nesse ambiente que surgiram e floresceram os inúmeros bares, boates e inferninhos da nova e recém inaugurada Avenida Leste-Oeste. A cidade crescia vertiginosamente, puxada pelo “milagre econômico” e sob a batuta da Gloriosa Revolução de 64. 

Dos Elegantes Cafés vindos do século XIX ao varejo atual

...Existiam ainda na praça quatro quiosques que se denominava “café do Comércio”, “café Iracema”, “café Elegante” e “café Java” – o mais antigo, pois data de 1886 e se tornara o principal ponto de reunião da fina flor da cidade, e dos famosos intelectuais da inovadora Padaria Espiritual.








Primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza - Uma casa, duas antenas e 3  gerações

Em 1922 instalou-se a primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza na Praia do Peixe com duas grandes torres (antenas). Os escritórios ficavam no prédio da Fênix Caixeiral, na Praça Marquês do Herval, na Rua General Sampaio, esquina com Rua Guilherme Rocha, onde hoje fica o edifício do CEMJA.



Colégio Lourenço Filho - 74 anos

... Para patrono da instituição, escolheram o professor Lourenço Filho, que na época já ultrapassara as fronteiras nacionais, devido às suas realizações na área da Pedagogia. No ano de 1939, foi instalado o Curso Ginasial e, em seguida, o Normal e o Colegial. Não foi necessário muito tempo para que o Lourenço Filho fosse reconhecido pela sociedade como exemplo de educação no Estado.







Grupo Escolar Fernandes Vieira - Colégio Juvenal Galeno


Em 6 de setembro de 1923 no bairro de Jacarecanga, foi adquirida para propriedade do Estado a chácara localizada na rua Oto de Alencar frente para a Praça do Liceu. No dia 3 de outubro foi lançada a pedra fundamental para a construção do então Grupo Escolar Fernandes Vieira, pelo então presidente do Ceará Idelfonso Albano...


Clube dos Diários - Fatos Históricos


Em 18 de março de 1913, é fundado o Clube dos Diários, nascido de uma dissidência do Clube Iracema, e que se instalou no dia 23, no Palácio Guarani, no mesmo local antes ocupado pela Associação Comercial do Ceará.
Depois juntou-se ao Clube Iracema, denominando-se Clube Diários-Iracema.









O Correio do Ceará é um tradicional jornal de Fortaleza. Foi fundado em 2 de março de 1915 por Álvaro da Cunha Mendes*, mais conhecido por A. C. Mendes, empresário do ramo gráfico. A partir de 1937 passou a ser integrante do Diários Associados. Antônio Moreira Albuquerque, jornalista que nasceu em Granja (01 de jan. de 1918) e faleceu em Fortaleza (1998), foi secretário do "Correio do Ceará" por vários anos nas décadas de 50,60 e 70.


De Serviluz a Coelce - A Companhia Energética do Ceará

... Desde 1912 a Capital era servida pela luz e força da Light, companhia inglesa que explorou o bonde, ônibus, além de luz e força, sempre com precariedade.
A empresa foi municipalizada, transformou-se em Serviluz, Conefor e finalmente em Coelce.

Fábricas em Fortaleza

...A Gelatti, marca uma nova era, um divisor de águas, pois antes existiam pequenas fábricas de picolés semi-artesanais como a "Princesinha"(na Barão de Aratanha dos irmãos Arruda) e a Gelatti se estabelece com equipamentos modernos, em escala industrial, onde até o carrinhos eram diferentes e os vendedores, trabalhavam uniformizados e de boné.








Avenida Santos Dumont - Antiga Rua do Colégio das Órfãs

...uma das vias mais longas da cidade com mais de oito quilômetros ligando o bairro Centro a zona leste de Fortaleza chegando até a Praia do Futuro cruzando o bairro Aldeota. A avenida começa estreita e de sentido único oeste-leste a partir da rua Coronel Ferraz sendo alargada a partir da rua Dona Leopoldina. A partir da rua Tibúrcio Cavalcante a avenida ganha um canteiro central e passa a ser de sentido duplo.

Rua General Sampaio - Antiga Rua da Cadeia 

Há tempos, muitos anos atrás, a rua General Sampaio se chamava a rua da Cadeia, porque lá no início, próximo à Estação de Trem, estava situada a Cadeia Pública. Esta região era a mais procurada para moradia. Constituía-se a área nobre da provinciana capital do Ceará.

Manuel Morcego e Tristeza

...Na adolescência à juventude, resolveu trabalhar na Construção da nossa Catedral da Sé. Tornou-se um audaz servente e chegou a ser pedreiro da Sé. Sua habilidade não chegou a tanto, porque designado para trabalhar na construção da torre da Igreja, certa vez, escorregou de um andaime que falseara com o vento, logo veio a cair das alturas. Tamanha foi à destreza e agilidade, que, ao cair rolando altura a baixo, deu de encontro às estroncas segurando a uma delas, como se dizia, "agarrando-se com unhas e dentes", enfrentando o medo de morrer ao cair daquelas alturas. Salvou-se graças a ajuda dos demais operários que, num átimo, o socorreram rapidamente.

O Otávio Bonfim dos velhos tempos...

Na década de sessenta, por exemplo, o bairro Otávio Bonfim, oficialmente Farias Brito, na zona oeste da capital, tinha um charme bem particular. Não era de classe alta. Também não estava na linha da pobreza.






Tragédia na inauguração da Av. Leste-Oeste


Foi como se, por alguns segundos, tudo houvesse ficado em silêncio. Como se o tempo houvesse parado um pouco para que as pessoas pudessem entender o que estava acontecendo. Acho que eu nem respirava.

- Caiu! – gritou alguém.

E o tempo voltou a funcionar. Houve gritos e correria. Verdadeiro pânico tomou conta da multidão. Lembro bem de um caminhão de bombeiros saindo, com a sirene ligada, um de seus soldados correndo e se pendurando nele.


Espaços da elite na capital cearense

No século XIX, a capital cearense sofre intervenções no seu traçado urbano. Em um primeiro momento, no ano de 1818, quando o urbanista Silva Paulet projeta a planta de Fortaleza em formato xadrez, e em um segundo momento, no ano de 1875, por Adolfo Hebster, que deu continuidade ao projeto, finalizando a “Planta Topográfica de Fortaleza” que tinha por finalidade disciplinar a expansão urbana e racionalizar os espaços da cidade, eliminando becos e vielas...

Avenida Pessoa Anta - Rua da Praia

A Avenida Pessoa Anta que até então era apenas um caminho chamado "Caminho da praia", foi surgindo com a chegada do progresso e dos históricos prédios, passando a chamar-se Rua da Praia em 1932.













50 Anos da Avenida 13 de Maio

Depois da inauguração da Paróquia de Fátima, na Av. 13 de Maio, no ano de 1955, o bairro veio a ser cobiçado como promissor, e, em grau de importância, chegou a ser dito por muitos que seria o bairro do futuro, tão importante quanto a Aldeota. 

Greve dos portuários - A Construção da trama


Durante o quatriênio de 1900 a 1904, o Governo do 
Ceará estava nas mãos de Pedro Augusto Borges, aliado de Nogueira Accioly que administrou o Estado de maneira a reforçar o poderio da Oligarquia Acciolina. 


Escola Johnson - 50 Anos

...Mais tarde, com o regresso da família Johnson aos Estados Unidos, a escola passou para o quadro da Secretaria de Educação do estado do Ceará, em novas instalações no Bairro Engenheiro Luciano Cavalcante e hoje é denominada Escola de Ensino Fundamental e Médio Johnson.

O cordão das "Coca-colas"

Nos idos de 45, terminada a Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos retornavam ao seu país de origem e as "coca-colas" ficaram desativadas. Mas não estavam mortas, tanto assim  que continuavam a desfilar seu charme e sua elegância pelas streets da urbe, motivando as mais variadas reações: as velhas e respeitáveis matronas, guardiãs da sagrada moral cristã, resmungavam, olhavam de esguelha, condenavam as meninas ao fogo eterno do inferno e até benziam-se. "T'esconjuro, filhas do mal!"...







Escola Normal do Ceará -  De 1884 à 1922 (Parte I)

Fundada em princípios filosóficos e educacionais, defendidos por intelectuais da época, como Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho, os professores José de Barcellos e Amaro Cavalcanti, dentre outros, a Escola Normal  do Ceará concretiza, oficialmente, ao final do século XIX os anseios de igualdade, mesmo que fosse de uma “igualdade formal”, presentes na ideia de criação de uma escola pública de formação de professores. 

Colégio da Imaculada Conceição - Fatos Históricos

...Pela manhã, os congressistas visitaram o Colégio da Imaculada Conceição. Às 15 horas, foram recepcionados pelo Interventor Carneiro de Mendonça, depois do que visitaram o Sanatório de Messejana e a casa em que nasceu José de Alencar.

Bairro Vila União

O crescimento populacional da Vila começa depois da Segunda Guerra Mundial com o loteamento de terras da área. É um bairro com uma população dividida entre classe média, média alta e pobre.

É isso amigos! O ano está acabando e eu só tenho a agradecer o carinho de todos e espero contar com vocês no próximo ano!

Forte abraço

Leila Nobre


*FN = Fortaleza Nobre

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Escola Normal do Ceará - De 1884 à 1922 (Parte II)



Em 1889, pelo Regulamento de 9 de outubro, novas alterações são implantadas,como a duração de três anos do Curso, antes de dois anos, a introdução do curso preparatório e, aparecendo a Instrução Moral e Cívica, os trabalhos manuais, música e desenho. Estabelece-se também a gratificação para Diretor¹.



Pelo Regulamento de 3 de setembro de 1896, extingue-se o curso preparatório, o Curso passa a ser de treze cadeiras, três a mais que o anterior, com a introdução de “Noções de Litteratura”, “Gymnastica” e noções de Psicologia na cadeira de Pedagogia. O ensino não poderia mais ser feito somente através da memorização, por isso foram proibidas as apostilas e as “licções dictadas”, esse deverá ser feito por meio das lições orais “seguidas de interrogações ou de exercícios práticos”



O ensino deverá ser, sempre que possível, intuitivo, das coisas. Em relação ao corpo docente da Escola, estabelece que os professores serão providos por concurso e que serão vitalícios. Nova reforma acontecerá em 1899, e vem trazendo “ligeiras mudanças, dentro do mesmo quadro de comportamento, mostrando que se trata de um só organizador [José de Barcellos], que tenta,experimenta, analisa e conclui visando uma finalidade – a formação segura eeficiente do mestre.” (Sousa, s/d: 115).


As Normalistas

Novo Regulamento surge em 1911, trazendo de volta o curso preparatório. Novamente o cotidiano da Escola continua seu ritmo em meio às tensões político-sociais vivenciadas pelos cearenses. Em 16 de julho de 1912, o Diretor Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho acusa recebimento de ofício do Tenente Coronel Marcos Franco Rabello que, em 14 do mesmo mês comunica haver assumido a presidência do estado para o quadriênio de 1912-1916. Marcos Franco Rabello sucedeu o governo de Antonio Pinto Nogueira Accioly que, após insurreição popular, foi deportado para o Rio de Janeiro, na manhã de 25 de janeiro de 1912. O acontecimento marcou o fim da oligarquia Accioly no Ceará e explica, o afastamento de Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho, cunhado de Accioly, da Diretoria da Escola Normal


Normalistas em passeio na Praia de Iracema em 1938

A sexta reforma da Escola Normal do Ceará tem origem com o projeto regulamentar de João Hippolyto de Azevedo e Sá, e foi expedido em 14 de novembro de 1918. Por essa proposta, a Escola Normal passa a ser o palco das novas idéias pedagógicas. No início do século XX, o debate pela modernização do ensino recebia nova ênfase na reformulação curricular da Escola Normal do Ceará, sob a influência da nascente industrialização, trazendo implicação direta na formação da mulher cearense. Em fins dos anos 10, por ocasião de uma das tantas reformas da Escola, seu currículo assume características tipicamente modernas com a inclusão de disciplinas como “Dactylographia”, “Stenographia”, Inglês e noções de escrituração mercantil”.




Com a I Guerra Mundial (1914-1918), há um maior desenvolvimento da indústria nacional, em virtude da queda nas exportações dos países “envolvidos diretamente no conflito”, desenvolvimento esse combatido pela facção ruralista que insistia numa sociedade agrário-exportadora tendo no café sua principal base de sustentação econômica. “As oligarquias desejavam, a todo custo, segurar a própria história!” (Ghiraldelli Jr., 1987: 26). Contraditoriamente, a expansão cafeeira gera o capital necessário ao incremento industrial que se manifesta, principalmente, na indústria têxtil e alimentícia. 




No campo educacional, as ideias escola novistas se consubstanciam nas reformas educacionais por todo o país, na década de 20. Tais ideias culminam, no Brasil, no movimento que se denominou de “otimismo pedagógico”, caracterizado pela “reestruturação interna das escolas, as mudanças dos conteúdos e métodos pedagógicos, a introdução de técnicas pedagógicas condizentes com a moderna psicologia, etc.” (Ghiraldelli Jr., 1987: 31).




No Ceará, na década de 1920, as novas idéias pedagógicas se manifestam e se consubstanciam no fio condutor dos estudos encetados pelo curso de formação de professores conduzido pela Escola Normal do Estado. Trazido por aqueles que sentiam a necessidade de reforma do ensino, e que acreditavam que essa deveria se dar à luz do novo pensamento pedagógico implementado através do curso normal, tal pensamento aliado à ação especialmente dos professores da Escola e de seu Diretor João Hippolyto de Azevedo e Sá, apoiados pela presidência estadual, teve o poder de incrementar a formação de professores e desencadear a expansão e aperfeiçoamento do ensino elementar através da figura de Lourenço Filho ².




Com a reforma de 1922, a Escola Normal do Ceará ganha novo prédio e passa a funcionar na parte de suas instalações inaugurada em 1923, na Praça Filgueira de Melo. Essa reforma introduziu novos métodos de ensino e novos fundamentos pedagógicos, além da Escola Modelo, o laboratório onde as normalistas desenvolviam a pedagogia experimental. 




A constituição da Escola Normal cearense, após a abertura de muitos arquivos, mostrou-se um processo tortuoso, pontuado por inúmeras reformas e dificuldades de concretização do ideário modernizador inscrito no projeto de criação, manutenção, expansão daquela Escola de formação de professores.




¹ Enquanto na Escola Normal, os trabalhos continuavam no ritmo de suas normatizações e reformas pedagógicas e administrativas, no Brasil a ideia de República ia se fortalecendo e encaminhando-se para sua implantação. No Ceará, a luta pelo poder ia se travando entre diferentes facções políticas que, longe de amparar-se ideologicamente nas novas ideias, buscavam formas antigas de barganhar o poder. Favorecidos pelo sistema federativo com uma maior autonomia na política local, “antigos grupos oligárquicos do Império ... continuam disputando entre si o controle do governo do Estado” (Porto, s/d: 34).

 ² Sobre a Reforma de 1922, ver o Estudo de Cavalcante (2000), onde a autora revela a descoberta de novos arquivos para uma releitura da reforma que ficou conhecida pela historiografia brasileira como a Reforma Lourenço filho.





Reportagem produzida para o programa Conexões. Projeto PETv.
Reportagem - William Santos
Produção - Rosana Reis
Edição - Saulo Lucas


Leia a Parte I
Crédito: Escola Normal do Ceará: impasses de criação e a tônica reformista - Maria Goretti Lopes Pereira e Silva e http://petvufc.blogspot.com.br

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: