Era 1º de agosto de 1924, quando é inaugurada em Fortaleza, a Casa Veneza, da firma Francisco Angelo & Irmãos, do comendador Francisco Di Francisco di Angelo, representante consular da Itália em Fortaleza, e seus irmãos Braz de Francisco di Angelo e Salvador Di Francisco di Angelo. A loja funcionava na rua Floriano Peixoto nº 136 (antigo, atual 452).
Além do sortimento em calçados, as Casas Veneza também eram especialistas em bolsas e famosas por fazerem promoções como “Compre um e leve outro igual” ou em oferecer um passeio de barco.
Ao todo, a Casa Veneza teve três lojas, a matriz, que ficava na rua Major Facundo com rua Liberato Barroso, a loja da Barão do Rio Branco (onde funcionou a loja A Cearense) e outra loja na Praça José de Alencar.
Loja da rua Floriano Peixoto, 136 (atual 452)
Arquivo Nirez
O quebra-quebra de 1942
No dia 18 de agosto de 1942, acontece o chamado quebra-quebra, em represália ao afundamento de vários navios mercantes brasileiros na costa brasileira, torpedeados por submarinos italianos e alemães.
Estabelecimentos de alemães, italianos e japoneses são depredados, assaltados e incendiados pelo povo revoltado.
Até estrangeiros que nada tinham a ver com o "eixo" foram "punidos" por terem nomes complicados.
Na voragem foram incendiadas as lojas A Pernambucana, a Casa Veneza e a firma Paschen & Companhia.
Durante a revolta popular, a Padaria Italiana muda seu nome para Padaria Nordestina.
Casa Veneza de:
Francisco De Francisco Di Angelo

O comendador Francisco Ângelo, faleceu em Fortaleza em 09 de novembro de 1938.
* No livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, o nome está assim grafado: Francisco De Francesco Di Angelo.
Braz De Francisco Di Angelo

Salvador De Francisco Di Angelo

Reclames da Casa Veneza ao passar dos anos
"...Era assim o comércio de calçados em Fortaleza, nos idos de 45. Uma dúzia de sapatarias, todas de pequeno porte, calçavam os pés da população de nossa pequenina capital, de apenas duzentas mil pessoas.
As opções de modelos não eram tantas como hoje, não posso afirmar que fossem mais bonitos, uma coisa, porém, é certa: eram sapatos feitos para durar muito, para enfrentar o sol e a chuva. Havia muita camurça, combinações de camurça e pelica, camurça e gorgorão, verniz e camurça, fivelas, laços, saltos grossos, muito altos, inclusive, as famosas "plataformas" Carmen Miranda.
Algumas dessas casas sobreviveram, algumas até cresceram muito. Outras, morreram, definitivamente, deixando, nos saudosos, só uma grande nostalgia dos tempos em que até uma pequena sapataria tinha charme, porque a cidade era bela e romântica, cultivando a elegância até nas mínimas coisas."
Marciano Lopes
O carinho dos cearenses pelo italiano Francisco Ângelo:

A loja da rua Major Facundo com Liberato Barroso.
A foto é de 1983, de Nelson Bezerra:
Foto de Felipe Camilo em 2013
O prédio na época da A Cearense
Créditos: Nirez, Portal da História do Ceará, Biblioteca Nacional, Royal Briar de Marciano Lopes e pesquisas pela internet.