Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Mara Hope
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Um passeio na história pela Praia de Iracema - Literatura de Cordel (Parte II)



Luís Antonio de Aragão


PONTES

Final Século Dezoito
Paredão Pedro Segundo
Antes das pontes havia
Nos ligava com o mundo.




E lá no Estaleiro ainda
A paisagem é muito linda
Com o “Mara Hope” ao fundo 



Acervo de Tiago Medeiros

Ponte Metálica foi feita
Para ser primeiro cais
No entanto, o mar revolto
Não permitiu, jamais.

Ao largo a nau ficava
Ela nunca atracava
A distância era demais



Acervo Assis Lima

Itaimbé, Itaquicé
Os Itas da Companhia
Alvarengas iam buscar
A cara mercadoria
Visitantes esperavam
Gasolinas chegavam
E todo mundo trazia



O fotógrafo está ao lado da Secretaria da Fazenda (Próximo onde funcionou a firma V. Castro & Companhia), olhando para a Avenida Pessoa Anta (endereço de muitos armazéns da época), tendo ao lado direito o início da Avenida Alberto Nepomuceno. Arquivo Nirez

Pro’s armazéns do Boris
Tinha a Loyd e V. Castro
Não “enricou” quem não quis
Sob trilhos em vagões
Carregam os peões
A riqueza do País

Ponte velha tremia
Ameaçando cair
Os estrangeiros tiveram
Outra que construir
Também não suportou
O mar não demorou
A dos ingleses ruir

Um Cais se conseguiu
Logo depois da Guerra
Mucuripe ondas do mar
Iracema aqui soterra
É bela página virada
De uma história contada,
Um período que se encerra

Catolé lidou nas pontes
Nelas bem trabalhou
Em anos 3 e 26
De tudo participou
Ele dizia: "Meu filho,
Da Ponte até os trilhos
A força do mar levou"
.
Lá do Alto da Balança
Escola de instrução
Por cima da Ponte veio
Pousar um avião
Do Aeroclube seu fundador
Mestre Clésio testemunhou
Esta única ocasião.



BONDINHO E MARIA FUMAÇA




Pelas ruas sempre calmas
Bondinho trafegava
Por sobre os trilhos do tempo
Passageiros se levava
Lá na Praça dos Leões
E em outras estações
O povo desembarcava



Turmas pegavam bochecha
Toalhada era sem dó
O condutor se zangava
A pivetada de cor
Zombava do Motorneiro
Gritava num coro inteiro
Mamãe... Mamãe Dorme só...



Tinha a Maria Fumaça
Que levava os operários
Para a construção do Cais
“Sapeca” com os diários
Pilotava a Cento e Seis
A Vinte Nove e a Três
Nunca faltou aos horários

Diante ao “Ferro de Engomar”
Uma pedra do trem caiu
Groairas com Tremembés
Tudo aquilo a turma viu
Foi a Pedra da Saudade
Ali se previu em verdade
A Praia se destruiu




ANTIGOS RESTAURANTES


Ramon, o espanhol
Tinha belo Restaurante
Defronte ao mar ficava
Tudo se foi num instante
Netuno enfurecido
Pelo Cais construído
No mar fez um levante

O Deus do mar não perdoa
Com ira e inclemência
Soterrou o litoral
Inclusive as residências
A de Ramon desabafou
O velho gringo chorou
Daí foi pra decadência

Sempre após meia-noite
O pontual Zero Hora
Sopa cabeça de peixe
Da Ressaca era a melhora
E dos clubes elegantes
Vinham de perto ou distante
Ver o romper da aurora

Recordando o Tony’s
Lembrando Figueiredão
Sorvete bem gelado
E show com nova atração
Vento trouxe Veleiro
Um “Barco” passageiro
Depois do aluvião

Edifício era o Restô
Ali foi o velho Lido
Monsieur era Charles
Francês muito querido
Após, Alcino ficou
Artistas apresentou
Sucupira muito ouvido



Tucupi com camarão
É gostoso Tacacá
Foi um bar restaurante
Estoril, junto de lá
Comida degustada
Umbelina “mãos de fada”
Viva o povo do Pará

Houve conosco o Nylu’s
Do Nilo que é Holanda
Ninguém esquece Dandão
Coração é quem manda
CaytonGlauberPebinha
GláuciaGueda,Toinha
A família, onde anda?

Se for pra escolher,
Preferisse a Opção.
Vir a ser recebido
Pelo Aroldo Aragão
Não é por ser parente
O homem é competente
Nosso querido “Aroldão”.



VELHOS BARES

Zaírton Gruta da Praia

O bar nunca fechou
Um, Sete, Quatro, Sete, Oito...
Alô, Gruta ao seu dispor
Peixe fresco, água de coco
De tudo tinha lá um pouco
Zairton, Deus levou

Era Beco do Rosalvo
A Canaã do Oliveira
Êta, que cachaça boa
Sempre pura e de primeira
Na hora que o bar fechava
A turma inda chorava
Por mais uma saideira




Ali esteve o Sambinha
Do tamanho d’ um polegar
Uma mulher a Maria
Ela foi dona do bar
Andando lá, gerações,
Cantaram suas canções
Reviver, é bom sonhar

Hoje é Bar Doce Bar
Do folclore parada
Didi é “Prateado”
Dessa Praia idolatrada
Maurício nome marcante
Pra’s mulheres, importante,
É o “Rei da Madeirada”

Bar Doce Bar recuou
No canto foi Gourmezinho
À esquerda do “São Luís”
Eram Lúcia Galeguinho
Getúlio é o dono do ponto
E fato e muito conto
Narra-se sobre o barzinho


No posto tinha o Postinho
Em meio à bifurcação
De José Néri, o Didi
Empresário de ação
O filho Othon chamado
Posto de Iracema tem dado
Trabalho e dedicação



Iara e Raimundinho
Os dois bares da paixão
Aleardo e Titico
Vicente do Violão
Carlinhos Seresteiro
No Acorde Violeiro
Com sua pura canção


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mara Hope - 30 Anos


Postagem editada em 13 de janeiro de 2015

Mara Hope é motivo de atração

23 Mar 1985 - Matéria do Jornal O Povo:

O petroleiro Mara Hope está fundeado há 15 dias, na Praia Formosa, em consequência de defeito na hélice do rebocador Progress II que o conduzia. O Mara Hope fazia uma viagem do Texas à China e está bem naquela praia, sendo motivo de atração. Para o Chefe da Divisão de Operações da Cia. das Docas do Ceará, Francisco Leopoldo Albuquerque, o navio que está fundeado na Praia Formosa, chegou aqui de arribada, em consequência do defeito verificado no rebocador.

Foto de 1985, ano em que o Mara Hope encalhou. Acervo pessoal de Rogério Nóbrega.

Navio petroleiro que naufragou na costa de Fortaleza no dia 6 de março de 1985 sendo atualmente uma atração turística da cidade.
Fabricado em 1967 pelo estaleiro espanhol Astilleros de Cádiz sendo chamado de Juan de Austria e posteriormente Asian Glory. Pertenceu às empresas Naviera Ibérica, Bona Shipping, Carpathia Trading e Commercial Maritime.
Em 1983 sofreu um incêndio o qual atingiu a casa de máquinas do navio quando estava ancorado em Port Neches, no Texas. Todos os 40 tripulantes saíram do navio sem nada sofrer.


Foto de 1985 - Acervo pessoal de Rogério Nóbrega

Em 1984 foi para Taiwan para ser vendido como sucata, contudo no meio da viagem, em 1985, o rebocador teve problemas mecânicos na costa brasileira, ficando ancorado no Porto do Mucuripe.
Em meio a um temporal, com maré alta, as amarras do Mara Hope se romperam e a embarcação derivou 1,6 km até encalhar nas proximidades da Praia de Iracema.

Turma de amigos no convés do Mara Hope - Acervo pessoal de Rogério Nóbrega

O Mara Hope era um petroleiro que em 1983 em um porto do Texas, nos EUA, pegou fogo e queimou durante três dias. O incêndio foi tão intenso que as pessoas que moravam nas imediações do porto foram evacuadas. O que restou do navio foi vendido para uma empresa de sucata na África do Sul.
Em 1985 o Mara Hope foi então levado pelo navio rebocador Sucess II que ao largo de Fortaleza teve problemas nas máquinas e ancorou no estaleiro da INACE para reparos. Sua carga foi fundeada no Porto do Mucuripe.

Uma noite, durante uma forte tempestade o Mara Hope soltou-se de suas amarras e derivou por dois quilômetros vindo a encalhar justamente em frente ao estaleiro onde estava seu rebocador. O banco de areia no qual o navio encalhou era muito extenso e o navio estava profundamente atolado. Após várias tentativas inúteis de movê-lo foi constatada perda do navio.


Segundo Marcus Davis, esse era o hélice reserva do Mara Hope. 
Acervo pessoal de Rogério Nóbrega

Depois de confirmada sua perda, o navio ficou anos sob a ação de vândalos até que foi iniciada uma operação de desmonte. Suas peças e metais foram vendidos como sucata. Foi removida toda a estrutura da popa à meia-nau. Hoje em dia, fora da água, resta menos da metade do que foi o navio. No fundo do mar ainda existe boa parte dos motores, o hélice e leme. O mergulho é difícil, mas pode ser bem interessante com uma boa visibilidade.

Aqui, vemos o Mara Hope já bastante danificado em dezembro de 1988.  
Acervo pessoal de Rogério Nóbrega.

Ao lado do que restou do navio, vemos um rebocador ancorado. Foto de dezembro de 1988.  
Acervo pessoal de Rogério Nóbrega.

Histórico do Mara Hope

07/11/1983 - Grandes danos foram causados por um incêndio na casa de máquinas, enquanto passa por um processo de reforma. O Navio encontrava-se ancorado em Port Neches, Texas, EUA. Cento e cinquenta residente nas proximidades do porto, foram retirados devido ao grande risco de explosão. Os quarenta tripulantes à bordo, abandonaram o navio sem nada sofrer. O navio ficou em chamas por quatro dias.


No fundo do mar ainda existe boa parte dos motores, o hélice e leme

20/11/1984 - Partiu de port Neches rebocado pelo rebocador Progress II, com destino a Kaohsiung para desmonte, onde iria passar pelo Cabo de Horn.

06/03/1985 - O rebocador teve problemas mecânicos enquanto passava pela costa brasileira, o que impediu a continuação da viagem.

08/03/1985 - Fundeado em Fortaleza.

21/03/1985 - Quando o rebocador tentou fundeá-lo em Fortaleza, o Mara Hope derivou 1 milha, vindo a encalhar. Todas as tentativas de reflutuação não tiveram êxito, e o naufrágio acabou sendo abandonado.

Saltar do Mara Hope, prática que se tornaria frequente ao decorrer dos anos. 
Foto de 1988 do acervo pessoal de Rogério Nóbrega.

Novidade pra mim... O Mara Hope sofreu outro incêndio, agora em mares cearenses em 1985.  "No dia do incêndio, eu mesmo estive horas antes no local, foram "piratas" de cobre e bronze que atearam fogo na fiação elétrica para retirarem apenas o cobre da mesma, e acabou pegando fogo em outras coisas fazendo um mini-incêndio. Depois de algumas horas avisarem-me que o navio tava pegando fogo, corri e peguei a câmera e deu essa foto." Rogério Nóbrega.

Nomes que o Navio chegou a ter:

-Juan de Austria - Naviera Ibérica SA
-Asian Glory (1979) - Bona Shipping Co, Monrovia
-Mara Hope (1983) - Carpathia Trading Ltd, Monrovia
-Mara Hope (1983) - Comermcial Maritime Ltd

Companheiros de Naufrágio em Fortaleza:

Navio:
Benny
Cisne Branco
Cearense
Dona Luiza
Justin
Rio Formoso
Rose
e o Tiradentes Ex: Southkure

Foto de Marcus Davi

Foto de Hugo Fernandes

Um dos principais naufrágios registrados na costa de Fortaleza completará 30 anos este ano. O navio Mara Hope, após ser parcialmente desmontado, hoje serve como local de encontro para turmas de amigos.

Estados Unidos, 7 de novembro de 1983. 
Um navio petroleiro ancorado no Texas sofre por quatro dias um incêndio. A embarcação, chamada de Mara Hope, ficou condenada ao desmonte, a ser feito em Taiwan, na Ásia, para onde seria levada por um rebocador. Mas a viagem acabaria na América, após problemas mecânicos, com um naufrágio em Fortaleza, há quase 30 anos.



A embarcação rebocadora apresentou problemas em 6 de março de 1985, na costa brasileira. Ainda em março, ancorado no Porto do Mucuripe, o petroleiro derivou uma milha em meio a uma forte chuva, com maré alta, e veio a encalhar. Todas as tentativas de reflutuação foram frustradas. Parte de sua estrutura ainda foi resgatada pela empresa proprietária.

A sucata do Mara Hope hoje está encalhada a aproximadamente 700 metros da Ponte Metálica. Um dos melhores pontos de visualização é a Igreja de Santa Edwirges, na Avenida Leste Oeste. Frequentemente, banhistas e curiosos seguem até os restos do navio para mergulhar e contemplar a cidade por outro ângulo, mesmo com a estrutura precária.

De acordo com a Capitania dos Portos, o Mara Hope hoje é propriedade da União, assim como qualquer outro navio naufragado na costa brasileira. Mas não há intenção de resgatá-lo. Seria até possível tecnicamente, mas os custos são muito elevados, conforme a Capitania dos Portos.



O mergulhador Marcus Davis, 26, lembra que começou a frequentar o Mara Hope há seis anos, época em que somente moradores de comunidades próximas mantinham este hábito. Hoje o número de visitantes é maior, inclusive com marcação de encontros entre turmas de amigos. Marcus, no entanto, dá advertências. Um dos alertas é sempre fazer o passeio acompanhado de uma pessoa que conheça o navio.

Marcus também explica que não é recomendável tentar chegar ao Mara Hope a nado. Uma das dicas é pagar um pescador para fazer o transporte em ida e volta, em uma embarcação segura. O serviço pode ser procurado próximo à Ponte Metálica, segundo Marcus Davis.

Foto de Junior Barra

“É muito bacana o visual, principalmente o pôr do sol. E, para quem gosta de mergulhar, também. É muito bonita a vida marinha lá“, resume o frequentador Thiago Vieira, 26. “Apesar de ser uma sucata é legal para quem nunca subiu em um navio“.


O Mara Hope foi fabricado em 1967 por um estaleiro espanhol e passou por quatro proprietários. Tinha comprimento em torno de 150 metros antes do desmonte. De acordo ainda com a Capitania dos Portos, a atual posição da sucata poderia causar riscos ao tráfego aquaviário, mas o naufrágio está inserido em cartas náuticas, de conhecimento dos navegadores.



Dentro do Mara Hope. Rogério Nóbrega

Mais detalhes sobre o Mara Hope:

1967: O navio Mara Hope, que está encalhado em Fortaleza, foi fabricado pelo estaleiro espanhol Astilleros de Cádiz. Também se chamou Juan de Austria e Asian Glory. Pertenceu às empresas Naviera Ibérica, Bona Shipping, Carpathia Trading e Commercial Maritime.


Foto vendo-se o Gigante do Mar ao fundo

1983: Um incêndio atinge a casa de máquinas do navio, ancorado em Port Neches, no Texas. Foram quatro dias de fogo e uma explosão. Havia 40 tripulantes, mas todos deixaram o navio sem nada sofrer.

1984: O Mara Hope deixou Port Neches rebocado pela embarcação Progress II,
em 20 de novembro. O destino era Kaohsiung, em Taiwan, para desmonte.

1985: O rebocador teve problemas mecânicos na costa brasileira, em 6 de março. O Mara Hope foi ancorado no Porto do Mucuripe e o Progress II seguiu para conserto no estaleiro Indústria Naval do Ceará (Inace).


A sucata do navio encontra-se a cerca de 700 metros da Ponte Metálica, porém é arriscado chegar até ele a nado, sendo mais seguro contratar uma embarcação para o transporte de ida e volta.

Visão do Hotel Marina Park


Passeio único, vista encantadora em Navio Encalhado em Fortaleza

O barco utilizado no passeio contorna o Mara Hope, que vai se tornando imenso aos olhos dos visitantes

A cidade vai ficando para trás. Em frente, a aventura e a expectativa de conhecer o Mara Hope, navio petroleiro que encalhou na costa de Fortaleza há exatos 25 anos, completos no dia 21 de março. Logo no início do passeio, o barco cruza com outras embarcações ancoradas na costa da cidade, cruza com jangadas de velas coloridas, passando também por pequenos barcos de pescadores. Olhando a cidade, aos poucos, os prédios vão encolhendo.

O barco do grupo Mar do Ceará sai da avenida Beira Mar, na altura do número 4344, por volta das 15 horas. O trajeto até o Mara Hope dura cerca de 40 minutos. Os visitantes passam em frente à praia Mansa, dão a volta no naufrágio Amazonas e seguem em direção ao Mara Hope. "Ele encalhou no dia 21 de março de 1985. Hoje é uma grande massa metálica no mar. A vida marinha foi povoando a embarcação e, hoje, é uma grande moradia de peixes e outros animais marinhos", comenta o organizador do passeio, instrutor de mergulho Marcus Davis.

Dentro dos porões do Mara Hope - Foto de Marcus Davis



O barco utilizado no passeio contorna o Mara Hope, que vai se tornando imenso aos olhos dos visitantes. Coletes salva-vidas, cordas e boias ajudam as pessoas a chegarem até lá. A subida é feita por uma escada por fora do grande navio. Lá em cima, as ferrugens são as provas do tempo e do abandono, mas a vista da cidade é uma bela recompensa. O céu, que estava nublado até então, abre uma brecha para o pôr-do-sol. "Você vê a cidade de um ângulo diferente e acha a cidade cada vez mais bonita", vibra a estudante Edjane Soares, 20.

Aqueles que não sabem nadar ficam no barco, curtindo o vento e a vista privilegiada da cidade e do mar. Quem sabe nadar, mas não quer subir, tem a chance de nadar no entorno do barco. A parada no Mara Hope dura cerca de uma hora.

A descida do navio pode ocorrer pela mesma escada da subida, mas muitos preferem saltar no mar. A altura varia de oito a 12 metros, dependendo da maré. O designer gráfico Marcos Eleutério gostou tanto da aventura que realizou o salto duas vezes. "Sempre tive vontade de conhecer o navio, mas os amigos não tinham a mesma empolgação".

Fotos Jornal OPovo


Foto Brasil Mergulho

Cemitério de navios atrapalha navegação

O mar azul, as ondas e os barcos do litoral cearense atraem a atenção de cearenses e turistas, principalmente no trecho compreendido entre a Praia Formosa e o Mucuripe. Nessa área, quatro antigos navios já fazem parte do cenário da costa. São dois afundados, que se transformaram em cascos submersos e servem de viveiros para peixes; e dois ancorados, que foram interditados pela Justiça por questões trabalhistas.




A Capitania dos Portos reconhece que os navios penhorados, ou “arrestados” atrapalham um pouco as embarcações. Eles ocupam um espaço que poderiam ser utilizado por outros em perfeitas condições de funcionamento. Com referência aos destroços dos navios afundados, o comandante Roberto Lima afirma que não atrapalham o trânsito das demais embarcações.

Pescadores do Mucuripe concordam com o oficial, e consideram que os navios ancorados, localizados aproximadamente a dois e quatro quilômetros da costa, oferecem grande perigo para as lanchas e jangadas porque não dispõem de sinaleira.

Hoje, só existem os destroços do Mara Hope, em frente ao Marina Park, na Praia Formosa. A Capitania alega não dispor de estaleiro próprio e nem de tecnologia para recortar o navio. Tanto o Mara Hope, quando o navio que foi afundado próximo ao Iate Clube, foram cartografados para não atrapalharem as embarcações.

Foto de Hugo Fernandes



Beira-Mar com o Mara Hope ainda inteiro em vídeo de Aderbal Nogueira:



Fonte: Jornal O Povo, Blog Mar do Ceará, Rogério Nóbrega, Diário do Nordeste, 
Brasil Mergulho e pesquisas na internet



sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A antiga Praia Formosa


Uma das fotos mais antigas de Fortaleza. Trecho da antiga Praia Formosa onde hoje situa-se o Marina Park Hotel. Vemos a linha férrea que seguia para o porto.
Desde a década de 1920 até inicio dos anos 1960, a então Praia Formosa era habitada por pescadores e por pessoas de classe média, que ali se instalavam devido à facilidade de acesso à Praça do Ferreira – ponto de convergência de todo o comércio de Fortaleza, repartições públicas, linhas de ônibus e de bondes, correios, bancos, etc. O trajeto entre a Praia e a Praça do Ferreira era cumprido a pé.

Arquivo Nirez


Praia Formosa em 1905

Ao longo desse tempo a Praia Formosa sempre foi uma área bastante movimentada, com destaque para os anos 1940, quando por ali transitavam as moças que habitavam o “Curral das Éguas”; também circulavam jovens solteiras de boas famílias, que frequentavam o cassino dos americanos (no lugar do atual Estoril), ou ainda, o “La Conga” que ficava na descida da Rua Barão do Rio Branco, já na beira do mar. O La Conga era tipo uma boate, e servia de ponto de encontro dos soldados americanos que ficaram aquartelados na cidade no tempo da guerra.


Rara imagem de 1911

Estima-se que, entre 1943 e 1946, um total de 50 mil americanos tenha passado por Fortaleza.
Para suas distrações se faziam acompanhar das famosas “Coca-colas”, como ficaram conhecidas as moças de Fortaleza que namoravam os americanos, mesmo sem conhecer o idioma.
Bastava saber dançar e dizer algumas palavras que permitisse os mais rápidos relacionamentos.

Na descida do Passeio Público em direção a praia estava o “Bar São Jorge”, palco de muitas desventuras humanas, e por esse motivo, muito conhecido da crônica policial da cidade.



Nas redondezas se aglomerava grande número de operários que trabalhavam na antiga “Light”, lugar que acumulava enorme quantidade de cinza das caldeiras que forneciam eletricidade a Fortaleza.
Mais tarde o lugar passou a ser chamado pejorativamente de “Cinzas”.



A praia em 1927

Praia Formosa em 1929 com a primeira sede do Náutico 

No Arraial Moura Brasil, na descida da ladeira da Rua General Sampaio, ao lado da Estação Central e da Casa de Detenção (Encetur), em direção a Praia Formosa, ficava o muito famoso “Curral das Éguas”, local onde desde 1920, muitos rapazes, de todas as classes sociais, se iniciavam nas artes amorosas.



Ladeira da Rua General Sampaio, que terminava na Praia Formosa.


" Essa ladeira é onde nascia a rua General Sampaio formando a bucólica praia Formosa. Hoje, nada existe dessas casas. O avanço do mar a Leste Oeste modificaram por completa esta paisagem. Hoje neste local está o viaduto que dar acesso a Leste Oeste e também ao Hotel Marina Park. Esse era o bairro Arraial Moura Brasil, onde existiam ruas famosas como a Braga Torres. O que restou a muito custo, foi a Igrejinha de Santa Teresinha. A fotografia é da década de 40. Nesse tempo a praia Formosa, era um ambiente sadio e alegre. Fortaleza avançava em todos os sentidos... muitos anos passaram... e esse local tornou-se marginalizado, ficando conhecido como Curral das Éguas, de baixa categoria, muitos crimes houveram ali." Nirez


"Antiga rua Santa Terezinha na altura do número 500 no Arraial Moura Brasil, que foi demolida para passagem da Av. Leste-Oeste. Este beco que vemos no bar que tem a placa do refrigerante Crush laranja é a entrada do famoso terreiro de umbanda da dona Biléu. Neste local hoje está a estátua da santa Edwiges." Raimundo Barros



A igrejinha foi o que restou da antiga rua depois que foi aberta a Avenida Presidente Castelo Branco, apelidada imediatamente de Leste-Oeste, porque segue paralela à margem do Oceano.
As casas, estilo chalés situados à esquerda de quem descia a rua General Sampaio, estavam sempre feericamente iluminados. As mulheres, de todos os tipos, vinham de todo o estado do Ceará, boa parte delas fugindo das secas e da carência de oportunidades em suas cidades, para “fazer a vida” e assumir a profissão.


Vista aérea de 1938/39 vendo-se ao fundo a antiga Praia Formosa

Na pensão onde fixavam residência, a primeira providência da madame (a dona da pensão) era levar a “mariposa” a Chefatura de policia onde era registrada, com prontuário de ocorrência sanitária, obrigada a comparecer mensalmente para obter visto na carteira, e para ser examinada para saber se tinha contraído “doença do mundo” ou “curuba”, um tipo de sarna muito comum na época.
Os homens solteiros, casados, comprometidos, ricos, pobres, pretos ou brancos, frequentavam o local às escondidas, cuidando para evitar as “doenças do mundo” dada a inexistência de preservativos ou camisinhas.

Foto de 1973

A praia na década de 70
Os que pegavam alguma doença venérea, consultavam urologistas de confiança em busca da cura, tudo no maior segredo, evitando-se chegar ao conhecimento das famílias e namoradas, porque tal ocorrência podia decretar até o fim do casamento, se fosse descoberta.


Postal anos 70

O trottoir* era o ponto alto do assédio: as “damas da noite” vestiam-se com roupas de sedas chamativas, subiam e desciam a ladeira da rua General Sampaio, a fim de atrair os fregueses que se postavam na parte alta da rua, ou que estavam nos botequins da área.
Arranjado o parceiro, levavam para o quarto do lupanar reservado para o oficio, que não durava nem meia hora. Findo o encontro, a mulher já saía do quarto com traje diferente do que usara antes para não ser reconhecida pelos circunstantes, e recomeçava a lide de subir e descer a ladeira.
Ao lado do curral havia outras pensões, o Oitão Pretoe a Pensão da Olímpia, ambas de categorias superiores e separadas do público que frequentava o curral.



Praia Formosa sem o Marina Park Hotel - Carlos Juaçaba

Postal anos 90, já com o Hotel Marina Park
Muitas foram as promessas do poder publico e de entidades da iniciativa privada, de mudar a tradição de uso e ocupação da Praia Formosa (hoje chamada de Praia de Iracema). Campanhas de revitalização para integrar a área ao contexto sócio-cultural de Fortaleza e atrair maior movimentação de visitantes são quase constantes.
Em alguns trechos, até que esse objetivo foi parcial e relativamente alcançado. Mas o trecho onde se situavam até a década de 1960 as atividades acima relatadas, continua sendo até os dias atuais, área onde reinam a insegurança, a prostituição e o tráfico de drogas. 



Trecho da praia Formosa ontem

E hoje

Formosa era uma praia com areia batida e mar sereno. Era um pequeno trecho de terra entre as praias de Iracema e da Leste-Oeste ou como falavam antigamente, Praia da Jacarecanga.


A praia e o seu entorno hoje:



Mara Hope encalhado na antiga Praia Formosa

Do Marina Park, hospedes tem o mar como paisagem de seus quartos.  Foto Flávio Florido


 Foto Flávio Florido

Oitão Preto hoje - Foto Flávio Florido


Como um troféu, a propaganda no site oficial do hotel diz: 

"Literalmente banhado pelo mar, o Marina Park Hotel, além dos 200 metros da aconchegante Praia Formosa inserida em seu perímetro, é dotada de uma moderna Marina com capacidade para 150 embarcações..."






Curiosidades:


  • Em 6 de março de 1985, um forte temporal à noite, com maré alta, rompeu as amarras do Mara Hope, que encontrava-se ancorado no Porto do Mucuripe com problemas mecânicos. A embarcação derivou 1,6 km até encalhar em um banco de areia na Praia Formosa, ao lado do estaleiro da Indústria Naval do Ceará.

*Trottoir é o caminhar que as prostitutas fazem quando ficam a espera de seus clientes.


NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: