Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : outubro 2009
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



sábado, 31 de outubro de 2009

Coração de Fortaleza - Praça do Ferreira


Praça do Ferreira - Anos 30


Foto de 1929 - Construção do Hotel Excelsior

A Praça do Ferreira, desde priscas eras sempre foi local de atração dos fortalezenses. Cedo aprendemos a admirá-la como local de encontro por ser centro nervoso do comércio retalhista, onde todos circulavam naquele quadrilátero para fazer compras, admirando antigas edificações quase sem prédios suntuosos, guardando memórias de antigos casarões, de muitas histórias.
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"Neste século vinte e um,
A praça ostenta beleza.
Por ser a mais freqüentada
Elege-se com certeza,
Como a rainha das praças,
Coração de Fortaleza"

Trecho de Cordel do
Rouxinol do Rinaré (Antonio Carlos da Silva)
Coluna da Hora

Desde o final do século XIX, a Praça do Ferreira é a praça mais conhecida e freqüentada da cidade, sendo considerada por muitos como o coração de Fortaleza tendo sido palco de importantes episódios da história da cidade. Por mais de um século, seus bares, cinemas, os antigos cafés ou seus bancos foram ponto de encontro do povo cearense. Por ela passaram os mais ilustres personagens da história de Fortaleza, como Quintino Cunha, o próprio Boticário Ferreira, os membros da Padaria Espiritual, entre muitos outros.

Nela, ocorreram vários episódios hilariantes, como...

... o inflamado discurso do Prof. Eduardo Mota, que incitava o povo à revolta e ao vandalismo, dizendo que nada devia-se temer, mas quando a polícia chegou mudou logo o discurso, dizendo: "..sim, mas dentro da ordem e do direito, respeitando as autoridades constituídas"...

... os momentos de celebridade do bode Ioiô...


... Os encontros do "Batalhão de Potoqueiros de Fortaleza", iniciados em 1904 pelos jovens Álvaro Wayne, Antônio Dias Martins, Henrique Cals, Porfírio da Costa Ribeiro, José Raimundo da Costa entre outros. Os encontros aconteciam sob o "Cajueiro da potoca" ou "Cajueiro da mentira", e tradicionalmente no dia 1º de abril era eleito o Potoqueiro do Ano. A votação tinha mesa, urna e ocorria debaixo do próprio cajueiro. Os encontros duraram por muitos anos, até que o cajueiro foi derrubado, em 1920, na gestão do Prefeito Godofredo Maciel...

Palacete Ceará

A Praça do Ferreira é rodeada ainda hoje, por várias construções que marcaram época em Fortaleza, como o Palacete Ceará, a Farmácia Oswaldo Cruz, a lanchonete Leão do Sul, o Cine São Luiz, o Edifício Sudamérica, e os hotéis Savanah e Excelsior Hotel (primeiro grande hotel de Fortaleza, construído onde ficava o famoso Café Riche).


Farmácia Osvaldo Cruz é um dos mais tradicionais estabelecimentos comerciais de Fortaleza.
Foi fundado em meados de 1934 e foi a primeira farmácia de manipulação da cidade. Sua arquitetura foi mantida e os móveis na sua maioria são antigos, dentre os quais alguns são originais.

Até meados do século XIX, a Praça do Ferreira era só um areial. Um areial com uma cacimbão no centro, algumas mongubeiras, pés de castanhola. Nos cantos do terreno, marcos de pedra para amarrar jumentos dos cargueiros ambulantes que vinham do interior. Nesse tempo, o areial era chamado de "Feira Nova" por abrigar uma feira movimentada.

Em 6 de dezembro de 1842, uma lei da Câmara Estadual autorizou a reforma do plano da cidade de Fortaleza. As alterações incluíam a eliminação da Rua do Cotovelo para a construção de uma praça, que deveria chamar-se Dom Pedro II. A Praça Dom Pedro II foi então construída por Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira), então presidente da Câmara.

Antônio Rodrigues Ferreira instalou uma botica na Rua da Palma, hoje Rua Major Facundo. Sua botica, conhecida "Botica do Ferreira", ficou bastante conhecida, chegando a ser ponto de referencia e ponto de encontro na praça. O Ferreira e sua botica tornaram-se tão célebres, que por volta de 1871, a praça passou a ser chamada de "Praça do Ferreira".


Em 1886, quando a praça ainda era um Areial com um cacimbão no meio, foi construído o primeiro café-quiosque da praça: Café Java. Depois chegara os outros três: Iracema, Café do Comércio e Café Elegante - um em cada canto da Praça.

Café do Comércio


Café Elegante

Café Iracema



Em 1902, o intendente Guilherme Rocha mandou fechar o cacimbão e em seu lugar, fez um jardim, o "Jardim 7 de Setembro". Em 1920 o prefeito Godofredo Maciel ladrilhou o areial, demoliu os quatro cafés, e derrubou o famoso "Cajueiro da Potoca" - onde se fazia anualmente a eleição do maior mentiroso de Fortaleza. O mesmo Godofredo Maciel, em 1925 construiu um coreto no centro da praça.

Em 1932, o prefeito Raimundo Girão iniciou uma pequena reforma. Ordenou a demolição do coreto para a construção de uma Coluna da Hora, com 13m de altura e quatro relógios votados para cada lado da praça, colocou novos bandos na praça e a ornamentou com vários canteiros e pés de ficus.

Em 1968 a praça foi radicalmente modificada. A coluna da hora foi demolida e em seu lugar foi construído um Abrigo Central, que não durou muito tempo. Apesar do grande fluxo de pessoas que proporcionava, logo virou reduto de desocupados.

Finalmente, por volta de 1991, durante a administração de Juraci Magalhães, a praça adquiriu sua configuração atual: em um projeto contemporâneo, os arquitetos Fausto Nilo, Delberg Ponce e León tentaram recompor simbolicamente cada época da Praça do Início do século. Hoje, a praça possui uma versão moderna da antiga coluna da hora, quiosques em cada canto da praça, um pequeno cajueiro, no mesmo lugar onde existiu o Cajueiro da Potoca e até o cacimbão foi reaberto, ao lado da coluna da hora.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Praça Caio Prado - A Praça da Sé


A praça em 1913. Acervo Nilson Cruz

Praça Caio Prado - Postal de 1915

A primeira das praças





Desde a primeira vez que se desenhou uma planta da antiga Vila de Fortaleza, já aparecia o espaço livre em frente à Igreja de São José. Desta forma aquele areal foi o primeiro espaço público que depois viria a se transformar numa praça.

Catedral antiga que foi demolida em 1938 bem em frente à praça

Hoje a Praça da Sé é tomada diariamente por vendedores ambulantes da área de confecções. Poucas árvores debelam o sol causticante que banha a cidade. A praça tem uma estátua do imperador Dom Pedro II e no local que estava o Fórum Clóvis Beviláqua foi colocada uma fonte metálica em forma de cones que nunca funcionou.


Cartão Postal, circulado em 1917 - Monumento a D. Pedro II na 
Praça Caio Prado

Em volta desta recente intervenção o mato está alto depois das chuvas que caíram este ano. O espelho d´água está com água suja e pode servir de foco de reprodução de insetos. O aspecto é desagradável, mas os comerciantes em volta parecem não se incomodar com aquilo.


Antiga Sé (Catedral) de Fortaleza no dia 11/09/1938 foi rezada a última missa e em seguida ela foi demolida. 

A Praça da Sé está localizada em frente à Catedral Metropolitana de Fortaleza, que substitui a antiga Sé, demolida em 1938 para a construção da nova igreja, concluída apenas em 1972. A nova catedral é a sede da Paróquia de São José e a igreja foi projetada por George Henri Mounier. As torres da atual catedral têm 75 metros de altura, impondo-se majestosamente sobre o Centro da cidade. Por segurança, a igreja está cercada por grades de ferro.

O padre Serafim Leite descreveu a praça em 1726 na planta da Vila de Fortaleza desenhada pelo capitão-mor Manuel Francês, que enviou o documento para Lisboa naquele mesmo ano. Vale lembrar que à época o Brasil era colônia de Portugal.

Antiga Sé vista da Praça Caio Prado

Ainda naquele século XVIII o logradouro era conhecido como a Praça do Conselho. O ano era 1726 e ali estava instalada a Casa da Câmara do Pelourinho. A forca usada para os condenados no Brasil colonial ficava em frente à Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Aquele era o coração administrativo da vila que viria a se tornar capital do Ceará.

Passam-se os anos e em 1854 vai ter início a construção da primeira Sé. Em estilo colonial ela tinha um cruzeiro com o Cristo e as ferramentas do flagelo.


Monumento a D. Pedro II em foto de 1925 - Arquivo Nirez

No século XIX, mais precisamente em 1854 a antiga Praça do Conselho passa a chamar-se Praça do Largo da Matriz. Em 1861, o novo nome será Praça da Sé, depois que a igreja matriz passou a ser a Sé cearense. A denominação vai durar por todo o Império. Em 1889 a denominação passa a ser Praça Caio Prado, em homenagem a Antonio da Silva Prado. Esse paulista foi presidente do Ceará nos anos de 1888 e 1889 e morreu no exercício do cargo, recebendo a honraria depois do falecimento.



A Praça da Sé se localiza entre as ruas General Bezerril, Doutor João Moreira, Castro e Silva, Rufino de Alencar, General Bezerril e Alberto Nepomuceno. Como rua eixo da cidade, na esquina da rua Castro e Silva com Alberto Nepomuceno a rua passa chamar-se Conde D´Eu, o príncipe consorte da princesa Isabel.

Entre os anos 1889 e 1890, por seis meses a Praça Caio Prado volta a chamar-se da Sé, retornando a Caio Prado. Em 1903 uma nova troca de nome, o presidente do Ceará homenageado agora será Pedro Borges. Ele era médico do exército, foi senador da república, deputado federal e presidente do Ceará de 1900 a 1904. A denominação oficial vai durar até 1932, quando volta a ser Praça da Sé, o que permanece até hoje.


Efígie da imperatriz D. Teresa Cristina

A Praça da Sé tem uma imponente estátua de Dom Pedro II, vestindo o uniforme de gala dos oficiais da Marinha, o imperador traz uma espada à esquerda. A estátua foi uma criação do artista Auguste Maillard, e ela foi fundida em bronze, em Paris, por H. Gonot. O monumento com pedestal medem 4,80m. Na base da estátua existem duas placas de bronze com altos-relevos representando dois momentos históricos. Na primeira face, está a reprodução da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. Na segunda, uma cena de batalha do Campo Grande, acontecida no dia 16 de abril de 1869. O quilombo de Campo Grande é considerado pelos historiadores, maior que o de Palmares, e os negros resistiram bravamente aos ataques das forças imperiais.

A estátua de D. Pedro II, preparada no ano anterior, foi inaugurada em 1913, por iniciativa da Associação dos Jornalistas Cearenses. Na parte posterior do pedestal da estátua havia a efígie da imperatriz, Dona Tereza Cristina e uma placa. Ambas desapareceram. Não há informações sobre onde as placas foram parar. Tereza Cristina era princesa italiana e contam historiadores que ela ficou tão transtornada com o exílio após a proclamação da república, que morreu poucos dias depois de chegar a Paris.


A estátua de D. Pedro necessita de limpeza urgente e o pedestal foi pichado pelos vândalos de plantão. Os borrões mancham o escudo imperial sob D. Pedro e o texto em baixo-relevo informando os dados históricos do monumento.


Na Praça da Sé há ainda três bancas de revistas e no local, turistas fotografam a catedral e o monumento, apesar das condições. O patrimônio precisa de cuidados urgentes.



Fonte: Diário do Nordeste e pesquisa de internet

Padaria Espiritual




No final do século XIX, nos cafés da Praça do Ferreira e do Passeio Público, palco da boêmia de Fortaleza, jovens intelectuais da cidade reuniam-se para discutir arte, literatura, música e política. Um desses grupos, composto por escritores, pintores e músicos, cansados da pobreza cultural da sociedade, que na época valorizava apenas o que vinha da Europa e desprezava a produção nacional e popular, decidiram fundar uma associação cultural. Uma agremiação através da qual poderiam criticar a hipocrisia da sociedade fortalezense e ao mesmo tempo exaltar a produção artística nacional.

Assim, em 30 de maio de 1892 foi fundada a Padaria Espiritual. No século XIX, era comum entre os escritores cearenses a organização em associações literárias, como os Oiteiros (1813), a Academia Francesa do Ceará (1873) e o Centro Literário, que reunia grandes escritores como Juvenal Galeno, Farias Brito, Oliveira Paiva e Justiniano de Serpa. A Padaria Espiritual seguiu essa tendência, embora fundamentalmente diferente. As demais associações eram tradicionalmente formados por membros da elite, sendo instituições sérias, rígidas e solenes, ao passo que a Padaria Espiritual era formada principalmente por intelectuais boêmios e cidadãos comuns, sendo marcada pelo humor, a ironia e a irreverência.

Os membros, entre eles, Antônio Sales (fundador), Rodolfo Teófilo, Juvenal Galeno, Adolfo Caminha, Lopes Filho, Eduardo Sabóia, Lívio Barreto, Antônio de Castro, José Carvalho, Álvaro Martins e Henrique Jorge, se auto-denominavam "padeiros" e tinham a pretensão de fornecer o "pão do espírito" ou "pão cultural" aos sócios e ao povo em geral. Os padeiros reuniam-se todos os dias (com exceção de 5ª feira) na Rua Formosa (atual Rua Barão do Rio Branco.), no Café Java, ou nas casas dos próprios padeiros para editar seu periódico ("O Pão"). Todos adotavam pseudônimos de origem indígena ou sertaneja (como "Cariri Baraúna", pseudônimo de José Carvalho) para escrever os artigos do jornal.


Nele, os padeiros faziam suas paródias, suas críticas, divulgavam suas obras, textos de outros escritores cearenses e cantigas e versos do folclore cearense. Era um folheto simples, do tamanho de uma folha A4, devido às restrições orçamentárias da Padaria, que não contava com quaisquer subsídios. Ao todo teve 36 edições.

Foi um movimento inovador, modernista e nacionalista que antecedeu a Semana de Arte Moderna (1922) e prenunciou muitas de suas bandeiras, como o repúdio ao uso de palavras estrangeiras e a valorização da fauna e da flora brasileiros. O artigo 14 do regimento da Padaria, por exemplo, que proíbe aos padeiros o uso de "palavras desconhecidas da língua vernácula", é uma resposta ao uso de palavras de outras línguas (principalmente a francesa), em estabelecimentos comerciais, em produtos e até na literatura. Já o artigo 21 proíbe o uso, em poemas, romances, pinturas e músicas, de elementos da flora ou da fauna estrangeira, o que era comum na época, devido à influência européia. Os padeiros utilizavam apenas bichos e plantas brasileiros, conhecidos pelo povo.

A Padaria espiritual acabou em 1898 e não teve grande repercussão nacional, mas deixou um riquíssimo legado de romances, poesias e outras obras dos padeiros e influenciou a criação da Academia Cearense de Letras (1894), a primeira Academia de Letras do Brasil. Atualmente, a Academia Cearense de Letras preserva retratos de cada membro da Padaria Espiritual, pintados à óleo por Otacílio de Azevedo.


~~~~~~~~~~ Estatuto da Padaria Espiritual ~~~~~~~~~~

1) Fica organizada, nesta cidade de Fortaleza, capital da "Terra da Luz", antigo Siará Grande, uma sociedade de rapazes de Letras e Artes, denominada Padaria Espiritual, cujo fim é fornecer pão de espírito aos sócios em particular, e aos povos, em geral.

2) A Padaria Espiritual se comporá de um Padeiro-Mór (presidente), de dois Forneiros (secretários), de um Gaveta (tesoureiro), de um Guarda-livros na acepção intrínseca da palavra (bibliotecário), de um Investigador das Coisas e das Gentes, que se chamará Olho da Providência, e demais Amassadores (sócios). Todos os sócios terão a denominação geral de Padeiros.

3) Fica limitado em vinte o número de sócios, inclusive a Diretoria, podendo-se, porém, admitir sócios honorários que se denominarão Padeiros-livres.

4) Depois da instalação da Padaria, só será admitido quem exibir uma peça literária ou qualquer outro trabalho artístico que for julgado decente pela maioria.

5) Haverá um livro especial para registrar-se o nome comum e o nome de guerra da cada Padeiro, sua naturalidade, estado, filiação e profissão a fim de poupar-se à Posteridade o trabalho dessas indagações.

6) Todos os Padeiros terão um nome de guerra único, pelo qual serão tratados e do qual poderão usar no exercício de suas árduas e humanitárias funções.

7) O distintivo da Padaria Espiritual será uma haste de trigo cruzada de uma pena, distintivo que será gravado na respectiva bandeira, que terá as cores nacionais.

8) As fornadas (sessões) se realizarão diariamente, à noite, à excepção das quintas-feiras, e aos domingos, ao meio-dia.

9) Durante as fornadas, os Padeiros farão a leitura de produções originais e inéditas, de quaisquer peças literárias que encontrarem na imprensa nacional ou estrangeira e falarão sobre as obras que lerem.

10) Far-se-ão dissertações biográficas acerca de sábios, poetas, artistas e literatos, a começar pelos nacionais, para o que se organizará uma lista, na qual serão designados, com a precisa antecedência, o dissertador e a vítima. Também se farão dissertações sobre datas nacionais ou estrangeiras.

11) Essas dissertações serão feitas em palestras, sendo proibido o tom oratório, sob pena de vaia.

12) Haverá um livro em que se registrará o resultado das fornadas com o maior laconismo possível, assinando todos os Padeiros presentes.

13) As despesas necessárias serão feitas mediante finta passada pelo Gaveta, que apresentará conta do dinheiro recebido e despendido.

14) É proibido o uso de palavras estranhas à língua vernácula, sendo, porém, permitido o emprego dos neologismos do Dr. Castro Lopes.

15) Os Padeiros serão obrigados a comparecer à fornada, de flor à lapela, qualquer que seja a flor, com excepção da de chichá.

16) Aquele que durante uma sessão não disser uma pilhéria de espírito, pelo menos, fica obrigado a pagar no sábado café para todos os colegas. Quem disser uma pilhéria superiormente fina, pode ser dispensado da multa da semana seguinte.

17) O Padeiro que for pegado em flagrante delito de plagio, falado ou escrito, pagará café e charutos para todos os colegas.

18) Todos os Padeiros serão obrigados a defender seus colegas da agressão de qualquer cidadão ignaro e a trabalhar, com todas as forças, pelo bem estar mútuo.

19) É proibido fazer qualquer referência à rosa de Maiherbe e escrever nas folhas mais ou menos perfumadas dos álbuns.

20) Durante as fornadas, é permitido ter o chapéu na cabeça, exceto quando se falar em Homero, Shakespeare, Dante, Hugo, Goethe, Camões e José de Alencar, porque, então, todos se descobrirão.

21) Será julgada indigna de publicidade qualquer peça literária em que se falar de animais ou plantas estranhos à Fauna e à Flora brasileiras, como: cotovia, olmeiro, rouxinol, carvalho etc.

22) Será dada a alcunha de "medonho" a todo sujeito que atentar publicamente contra o bom senso e o bom gosto artísticos.

23) Será preferível que os poetas da "Padaria" externem suas idéias em versos.

24) Trabalhar-se-á por organizar uma biblioteca, empregando-se para isso todos os meios lícitos e ilícitos.

25) Dirigir-se-á um apelo a todos os jornais do mundo, solicitando a remessa dos mesmos à biblioteca da "Padaria".

26) São considerados, desde já, inimigos naturais dos Padeiros - o Clero, os alfaiates e a polícia. Nenhum Padeiro deve perder ocasião de patentear seu desagrado a essa gente.

27) Será registrado o fato de aparecer algum Padeiro com colarinho de nitidez e alvura contestáveis.

28) Será punido com expulsão imediata e sem apelo o Padeiro que recitar ao piano.

29) Organizar-se-á um calendário com os nomes de todos os grandes homens mortos, Haverá uma pedra para se escrever o nome do Santo do dia, nome que também será escrito na Ata, em seguida à data respectiva. 30) A "Avenida Caio Prado" é considerada a mais útil e a mais civilizada das instituições que felizmente nos regem, e, por isso, ficará sob o patrocínio da Padaria,

31) Encarregar-se-á um dos Padeiros de escrever uma monografia a respeito do incansável educador Professor Sobreira e suas obras.

32) A "Padaria" representará ao Governo do Estado contra o atual horário da Biblioteca Pública e indicará um outro mais consoante às necessidades dos famintos de idéias.

33) Nomear-se-ão comissões para apresentarem relatórios sobre os estabelecimentos de instrução pública e particular da Capital relatórios que serão publicados,

34) A Padaria Espiritual obriga-se a organizar, dentro do mais breve prazo possível, um Cancioneiro Popular, genuinamente cearense.

35) Logo que estejam montados todos os maquinismos, a Padaria publicará um jornal que, naturalmente, se chamará O Pão.

36) A Padaria tratará de angariar documentos para um livro contendo as aventuras do célebre e extraordinário Padre Verdeixa.

37) Publicar-se-á , no começo de cada ano, um almanaque ilustrado do Ceará contendo indicações uteis e inúteis, primores literários e anúncios de bacalhau.

38) A Padaria terá correspondentes em todas as capitais dos países civilizados, escolhendo-se para isso literatos de primeira água.

39) As mulheres, como entes frágeis que são, merecerão todo o nosso apoio excetuadas: as fumistas, as freiras e as professoras ignorantes.

40) A Padaria desejaria muito criar aulas noturnas para a infância desvalida; mas, como não tem tempo para isso, trabalhará por tornar obrigatório a instrução pública primada.

41) A Padaria declara desde já guerra de morte ao bendegó do "Cassino".

42) É expressamente proibido aos Padeiros receberem cartões de troco dos que atualmente se emitem nesta Capital.

43) No aniversário natalício dos Padeiros, ser-lhes-á oferecida uma refeição pelos colegas.

44) A Padaria declara embirrar solenemente com a secção "Para matar o tempo" do jornal "A Republica", e, assim, se dirigirá à redação desse jornal, pedindo para acabar com a mesma secção.

45) Empregar-se-ão todos os meios de compelir Mané Coco a terminar o serviço da "Avenida Ferreira".

46) O Padeiro que, por infelicidade, tiver um vizinho que aprenda clarineta, pistom ou qualquer outro instrumento irritante, dará parte à Padaria que trabalhará para pôr termo a semelhante suplício.

47) Pugnar-se-á pelo aformoseamento do Parque da Liberdade, e pela boa conservação da cidade, em geral.

48) Independente das disposições contidas nos artigos precedentes, a Padaria tomará a iniciativa de qualquer questão emergente que entenda com a Arte, com o bom Gosto, com o Progresso e com a Dignidade Humana.

Amassado e assado na "Padaria Espiritual", aos 30 de Maio de 1892.

Igreja do Cristo Rei

A pedra fundamental da igreja foi assentada no dia 17 de maio de 1928.
Como dois anos depois a decisão dos jesuítas era abrir o templo para o culto público, o padre Paulino Vieilledent, administrador da obra de construção da igreja, decidiu sentar portas e janelas e a conclusão da torre ficou para o futuro.
Inicialmente era chamada de capela de São Luís e foi construída ao lado do abrigo dos padres jesuítas que vieram para Fortaleza,
depois de construírem o mosteiro em Baturité.

O padre Eugenio Pacceli, pároco do Cristo Rei, explica que está se elaborando uma campanha para a conclusão da torre da igreja, uma vez que, na época, os jesuítas tiveram que optar por colocar as portas e janelas do templo no lugar de concluir a torre. O orçamento estourou e não foi possível naqueles tempos concluir o projeto como foi elaborado originalmente. Na busca pelo projeto original da igreja o padre encontrou as fotografias que hoje publicamos nesta página. Elas são inéditas e não se sabia da sua existência até que foram vasculhar os arquivos.
O sino principal foi uma doação. E até o ano de 1938 os padres lutaram para concluir o acabamento interno das paredes, colunas e teto da igreja.
Atualmente a igreja está passando por uma reforma na sua parte dianteira. A calçada e os acessos estão sendo pavimentados com pedra portuguesa e segundo o padre, haverá uma arborização na frente do templo e a instalação de duas fontes. Esta obra está pensada em termos de futuramente compor com a nova fachada que a igreja terá com a conclusão do projeto da torre. Em 1928 foi anunciado que ela teria 45 metros de altura. A torre ficou com cerca de 37 metros e agora o desejo é concluir o projeto original.


Foto da construção - 1929

Foto da 1ªmissa

Curiosidades


Esta fotografia (ao lado) data do início da década de 30, quando era nova a Igreja do Cristo-Rei, inaugurada em 29 de maio de 1930. A Aldeiota (na época tinha o "i"), era composta apenas pela avenida Santos Dumont e laterais, servida por linha de bondes ainda com o destino "Outeiro", antigo nome do bairro.

Como pode ser visto na foto, em frente ao Colégio Militar ou Escola Preparatória, ficava um "desvio", isto é, as linhas dos bondes duplicavam para que um pudesse passar pelo outro. De acordo com o horário, um ficava ali esperando a passagem do outro para poder prosseguir. O mesmo acontece hoje nas linhas de trem, havendo estações onde existem vários desvios.

A casa da esquina da avenida Santos Dumont (que já se chamou avenida do Colégio, avenida Gustavo Sampaio, nº 9-A e Boulevard Nogueira Acioli) com a rua Nogueira Acioli, já desapareceu, dando lugar hoje a um posto de revenda de combustíveis. A praça era deserta, tendo apenas a ressaltar o Colégio Militar, a igreja do Cristo-Rei e o Cine-Teatro Santos Dumont, este na rua Franklin Távora. Em outra época o mesmo cine-teatro chamou-se Cristo-Rei.

Vemos agora na segunda foto um "espigão" (edifício de apartamentos, por trás da igreja).

A igreja do Cristo-Rei sempre foi, como ainda é, administrada por padres da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loiola. Foi a primeira igreja de Fortaleza a não usar a cruz no alto, sendo, muitos anos depois, colocada uma no vitral da frente e por fim colocada uma cruz no alto já bem recentemente.

A primeira foto (mais antiga) data de aproximadamente 1932, quando a rua era calçada de pedra e a segunda foto foi colhida em março de 2001.

Justiça seja feita, hoje o local está muito mais bonito, bem urbanizado, bem arborizado. Pena que mais um espaço do povo tenha sido tomado, mais da metade do logradouro é hoje ocupada por uma praça de esportes do Colégio Militar, a que o povo não tem acesso. ¬¬

Essa rara foto é dos anos 30

Fontes: Diário do Nordeste,
Fortaleza de Ontem e de Hoje
e pesquisas na internet

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Liceu do Ceará - II parte


Liceu Inaugurado em 7 de setembro em homenagem a independência do Brasil.

Liceu vem do grego lykeion, escola filosófica com ênfase para ciências naturais criada por Aristóteles em 336 a.C., rival da Acadêmica Platônica.
O Liceu de Aristóteles se tornou um modelo de ensino do antigo curso de humanidades, de modo a inspirar o estabelecimento de várias instituições de ensino, principalmente o ensino secundário e o profissionalizante, que em justa homenagem, recebem o nome de Liceus.

O Liceu do ceará é o terceiro colégio mais antigo do Brasil e, mesmo tendo passado por várias crises, comemorou seus 165 anos ininterruptos de funcionamento. 

Foto aérea

Foi criado no período imperial (século XIX), assim como alguns colégios contemporâneos de outras províncias, inspirado nos moldes do Colégio Dom Pedro II, uma instituição-modelo de ensino criada em 1837 no Rio de Janeiro, então capital do império. No intuito de agregar cadeiras já existentes e facilitar a inspeção do ensino público no Ceará, em 15 de julho de 1844, o presidente da província, Marechal José Maria da Silva Bittencourt sancionou a lei n.º 304, criando oficialmente o Liceu:

“Art. 1º - Fica creado nesta capital um lycêo que se comporá das cadeiras seguintes: phylosophia racional e moral; rethorica e poética; arithmetica; geometria; trigonometria; geografia, e historia; latim, francez e inglez.” 


Liceu do Ceará na atual Praça Gustavo Barroso, nova sede definitiva do Liceu que para lá mudou-se no dia 07 de setembro de 1935, quando a praça ainda tinha o nome de Fernandes Vieira. Depois ele ganhou acréscimos em ambos os lados, indo até as ruas Oto de Alencar e Av. Filomeno Gomes. Nirez

As atividades escolares tiveram início em 19 de outubro de 1845, com 98 matrículas, sob direção do Dr. Thomas Pompeu de Souza Brasil, o Senador Pompeu. O curso secundário tinha duração de 6 anos e, de início, as aulas eram ministradas nas próprias casas dos professores. Somente em 15 de março de 1894, no governo do Coronel Bezerril Fontenele, foi inaugurada a sede própria do Liceu, à Praça dos Voluntários, no centro de Fortaleza.

Sede do Liceu na Praça dos Voluntários, Centro de Fortaleza - 1894


Desenho de Gustavo Barroso, ex liceísta

No tempo em que o Liceu foi criado, Fortaleza era uma pequena cidade com pouco menos que 5.000 habitantes, resumindo-se a poucas ruas no centro da cidade. Nessa época, os colégios eram privilégio da elite. Não apenas porque os colégios eram poucos, mas também pelos custos que representavam a uma sociedade pobre em recursos. Além disso, na época era comum em colégios públicos a cobrança de taxas, como ocorria inclusive no Colégio Dom Pedro II, que reservava poucas vagas para pessoas que não tinham condições de pagar.


Arquivo Nirez

Com o crescimento da cidade e o surgimento de novos colégios, como a Escola Normal, o Colégio São João, Colégio Fortaleza, o Cearense, São José, entre outros, o ensino secundário foi se democratizando em Fortaleza, e inclusive no Liceu, que no século XX, passou a ter maior abertura para alunos pobres e oferecer o ensino misto, pois durante muito tempo foi um educandário estritamente masculino. As moças estudavam na Escola Normal.

Todos os ex-liceístas que estudaram até a década de 50 lembram o rigor da disciplina no Colégio. Os alunos só entravam no colégio de fardamento completo: calça, camisa com os 7 botões fechados e quepe. Numa época em que os costumes da sociedade eram muito mais rígidos, a disciplina marcou profundamente o Liceu. Qualquer deslize era motivo de punição. 

Foto do antigo prédio do Liceu, na Praça dos Voluntários. Livro 'O Liceu que conheci'. Acervo Renato Pires

Para ajudar o diretor e os professores no controle da disciplina, existiam os bedéis (inspetores), que fiscalizavam o fardamento dos alunos na entrada do colégio, faziam a chamada em sala e circulavam pelo colégio observando o comportamento dos alunos. Blanchard Girão, no seu livro “O Liceu e o Bonde” relata que os bedéis, extremamente fiéis, delatavam as travessuras dos alunos para o diretor até fora do colégio; e quando não era mais possível suspender um aluno, por ter feito travessuras depois das provas finais, a suspensão vinha no início do ano letivo seguinte. 

Correio do Ceará, 19/10/1979. Acervo Lucas

Mesmo toda a disciplina da época não conseguiu anular as criancices dos alunos, e até os mais ilustres ex-liceístas cometeram suas travessuras: aplicaram trotes, fugiram do colégio para matar aula, aprontaram com os bedéis, professores e outros alunos, fizeram pichações, e reuniram-se para fumar no banheiro.

Mas nada disso os impediu de tornarem-se admiráveis seres humanos, uma vez que estavam cercados pela elite cultural cearense e tinham formação da mais alta qualidade.

Liceu do Ceará nos anos 60, quando da inauguração da estátua de Gustavo Barroso.

Os professores do Liceu eram os melhores do estado e, às vezes, até de fora, pois para ser professor catedrático do Liceu era necessário passar por um rigoroso concurso público, tendo que defender tese e mostrar todo seu conhecimento e integridade moral. Além disso, os professores trabalhavam motivados: eram amplamente respeitados e admirados pelos alunos e o resto da sociedade. Ser professor era uma das mais nobres profissões e os salários dos professores equiparavam-se aos de desembargadores.

A escola funcionava e a educação realmente acontecia pois os professores eram bons, trabalhavam motivados e os alunos tinham interesse em aprender. Esses recebiam uma formação multidimensional. Além das aulas teóricas de português, matemática, história, biologia, etc, tinham aulas de música, praticavam esportes olímpicos, tinham formação política extracurricular e um grande crescimento pessoal devido à convivência com alunos de diferentes classes sociais.

Parte interna do Liceu. Foto de 1971. Acervo José Airton de Melo

Sala de aula do Liceu do Ceará. Acervo Aspasia Soares

Como diz Blanchard Girão, o Liceu era um espaço de politização e mobilização estudantil, uma vez que os professores já admirados pelos alunos, tinham total liberdade para discutir com os alunos os assuntos mais polêmicos da atualidade. O Liceu formava então alunos politizados e também atuantes. Era comum ver os alunos do Liceu em passeatas agitadas pelo centro de Fortaleza, protestando contra o aumento dos salários dos deputados estaduais, à favor da anistia de presos políticos ou contra o nazismo, durante a segunda guerra mundial.

Alunos do liceu na época da II Guerra Mundial em passeata a favor da democracia e contra o fascismo.

Por tudo isso, até a metade do século XX, o Liceu foi o expoente da educação no Ceará. Matricular-se no Liceu era tanto quanto ser aprovado no vestibular. Os alunos tinham orgulho de vestir sua farda. O liceu se projetava em todos os planos: tinha o melhor corpo docente, os melhores estudantes, o maior índice de aprovados em vestibulares, campeão de olimpíadas estudantis, vitorioso nas paradas cívicas da Semana da Pátria, a tinha a melhor banda, além de ex-alunos bem sucedidos nas mais diversas profissões no Brasil e no exterior.

Tamanho era o privilégio de estudar no Liceu, que os veteranos rotineiramente aplicavam trotes aos novatos, que eram chamados de bichos-fedorentos, como ilustra Gustavo Barroso, ex-liceísta do início do século XX, no seu livro Liceu do Ceará:

“Não houve bicho fedorento que escapasse totalmente aos trotes dos desalmados veteranos do Liceu. Todos fizeram discursos bestialógicos trepados na margela do cacimbão da praça, em riscos de cair lá dentro. Todos subiram ao cocuruto do chafariz Wallace, para fingir de estatua. Todos se escancharam nos galhos das árvores e fôram cassados a caroços de monguba, como guaribas. Um dia encheram de estrume fresco de cavalo o boné de xadrezinho que eu trazia do colegio e m’o enterraram até as orelhas. Lavei a cabeça, mas o boné ficou imprestavel e teve de ir para o lixo.”


Com toda sua qualidade de formação dos alunos e seu ambiente de erudição, o Liceu produziu inúmeros intelectuais, políticos, escritores, jornalistas, médicos, empresários, desportistas e músicos de projeção nacional e internacional – personagens importantíssimos da história de Fortaleza, do Ceará e do Brasil. Entre eles: Adolfo Bezerra de Menezes, Guilherme de Studart (Barão de Studart), Gustavo Barroso, Rodolfo Teófilo, João Brígido, Clóvis Beviláqua, Eleazar de Carvalho, Raimundo Girão, César Cals de Oliveira, Farias Brito, Plácido Castelo, Perboyre e Silva, Parsífal Barroso, Antônio Girão Barroso, Paes de Andrade, Edson Queiroz, Blanchard Girão, Fausto Nilo e Belchior. Além do “Bando Liceal”, do qual surgiram bandas de ex-alunos como “Quatro azes e um coringa” e os “Vocalistas Tropicais”, que fizeram sucesso em todo Brasil nas décadas de 40 e 50.

Hoje o Liceu é mais um colégio da rede estadual de ensino público. Oferta o curso de Ensino Médio – EM e funciona nos três turnos. Pela manhã e pela tarde, são em média 9 turmas por série (1º, 2º e 3º ano) e duas turmas de pré-vestibular. Pela noite, há 5 turmas de cada série e 6 turmas de pré-vestibular. No total são 30 turmas de manhã, 29 de tarde e 21 de noite. Cada turma possui no máximo 40 ou 60 alunos, dependendo do tamanho da sala. Devido à evasão, no período diurno as turmas possuem em média 40 a 50 alunos, e no período noturno, no qual a evasão é maior, possuem em média 30 a 40 alunos.



Saiba mais:


No dia 15 de Julho de 1844 é criado o Liceu do Ceará, pela lei nº 304, sancionada pelo presidente José Maria da Silva Bittancourt, e que se instalou no dia 19/10/1845, tendo como primeiro diretor Tomás Pompeu de Sousa Brasil.
É, no gênero, o 4º estabelecimento de ensino mais antigo do Brasil.
Em 1843 a Assembléia Legislativa Provincial votou o projeto que instituía o Liceu, sob nº 12.
Foi-lhe negada sanção e o projeto voltou para a Assembléia.
Novamente votada sem os artigos que a fizeram voltar, surge a Lei nº 304.
Para instalar o Liceu era necessário um prédio e foi alugado um pertencente a Odorico Segismundo de Arnaut, na esquina da Rua Dr. João Moreira com Rua Major Facundo, em frente ao Passeio Público, local hoje ocupado pelo prédio da Associação Comercial do Ceará.
Em seguida (1848) o Liceu passou para uma das frentes do prédio da Tesouraria Provincial, na antiga Avenida Sena Madureira, hoje Avenida Alberto Nepomuceno, entre o quartel e a praça, prédio onde funcionou uma tipografia do Governo, o Liceu do Ceará, o Correio e depois foi ocupado pela Biblioteca Pública, o Arquivo Público, o Museu Antropológico, Instituto do Ceará e, por fim, demolido para a construção do fórum Clóvis Beviláqua, que foi implodido, indo para a Avenida Washington Soares, na Água Fria, sendo construído no local o restante da Praça Caio Prado (da ).
Até 1894 o Liceu andou por vários prédios públicos ou particulares, inclusive a Santa Casa e o antigo quartel da Força Policial até que no governo do coronel José Freire Bezerril Fontenele (Coronel Bezerril) teve prédio próprio, inaugurado solenemente no dia 15 de março, na Praça dos Voluntários, embora fosse uma construção onde antes esteve o Batalhão da Força Policial.
Em 07/09/1935 ganhou nova sede própria, a atual, na antiga Praça Fernandes Vieira, hoje Praça Gustavo Barroso, prédio construído pelo Escritório Clóvis de Araújo Janja.



Fonte: Portal do Ceará

Fotos Raras - Clique nas imagens para ampliar

Foto bastante rara do Passeio Público
Antiga Alfândega
Palácio do governo, Intendência Municipal, Seminário da Prainha, Antigo prédio do Liceu, Escola Normal...
Praça José de Alencar(ainda com o Coreto), Igreja do Patrocínio, Praça do Ferreira na Major Facundo, Praça dos Martires...

Mercado de Ferro, Praça do Patrocínio, Rua Formosa, Praça da Sé, Aldeota...
Passeio Público




Rua Formosa

Rua Formosa, Major Facundo -(Detalhe para o Hotel de France)
Capela da Imaculada Conceição, Colégio Jesus Maria José, Seminário da Prainha...
NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: