Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Grupo Escolar Sales Campos
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sábado, 3 de dezembro de 2016

Memórias de menino - O descanso da Vila


Inicio da então rua José Bastos, avenida onde fica a Escola Sales Campos.

Era tardinha. 
Chegávamos do Grupo Escolar Sales Campos* e ao atravessarmos a linha férrea de Sobral, podíamos ver por detrás da firma Machado Araújo a frouxa e amarelada luz do astro rei, espalhando seus últimos raios, se despedindo do dia que nos deu. (Graças a Deus!). Na Vila São José era uníssono nos aparelhos receptores de rádio, o som da banda de Oswaldo Borba na execução do frevo 'Aguenta o Cordão' de Livino Ferreira, que havia sido gravada para o carnaval de 1960. Era Wilson Machado no microfone da Pre-9 se despedindo no programa Disque M para a Música.

Outro ângulo da José Bastos. Esse cidadão na foto é o François (Françoá), tipo popular do bairro pelo "Famoso Caldo do Françoá. Ele dizia: "Venha tomar do meu caldo que é que nem raiz de benjamim, levanta até calçamento". Entre seus clientes, estava o saudoso radialista Jurandi Mitoso.


Vemos o Muro da Extinta Firma Machado Araújo e o Centro de Saúde Carlos Ribeiro.
  
Em seguida viria Ulisses Silva, também já falecido, com o Alô Sertão com a voz caricaturada do Coronel Ludgero. O dia enegreceu. Após trocado de roupa, abandono de material escolar e tomada de café Baturité com tapioca... Rua, para brincar. Não precisa estudar medicina para compreender que quando o corpo está em movimento, a mente fica em repouso. Só bastava o primeiro demonstrar prontidão e a meninada já estava reunida. A lua aos poucos fazia um lindo desenho, saindo em forma de grande bola de prata por detrás dos galpões da Fábrica São José, gerando um espetáculo quando a chaminé da usina fazia uma linha preta no calçamento na rua Central da Vila, a rua Coronel Philomeno. Tinha o pula pula imaginário naquela sombra, por a companheira das noites que brinca com as estrelas ali fazia, enquanto ali ficava. Eram poucos os aparelhos de televisão para sintonizarem a TV Ceará Canal 2 dos Diários Associados, fazendo com que tivessem mais gente nas calçadas. E tome a vida alheia!!! Os portes de madeira de lei carregavam a fiação da Conefor (Coelce-ENEL) e, a cada esquina uma arandela triste com lâmpadas incandescente de pouca potência. As bodegas do seu João Lima Passos, do Assis do Gás e seu Dioclécio fechavam as 20h, ficando em funcionamento modo industrial a padaria do Seu Augusto Português

Curva da Vila São José

Os padeiros entravam de noite à dentro, porque uma rural Willys partia às 4 hs para abastecer a Padaria Triunfo, que ficava baixos do edifício do mesmo nome, na rua Liberato Barroso, Centro de Fortaleza. Nas avenidinhas (Praças da Vila) tinha o trinta e um na manja; passarinho ninho cobra no buraco; mamão pobre mamão maduro; Eu sou pobre demavé mavé; Barra Bandeira etc...Aos perdedores um tremendo sabacu. O que era interessante é que ninguém se intrigava por essa punição. Isso fazia parte do ritual travesso. Minha mãe com os ouvidos aguçados nas Radionovelas através de um Semp valvulado tipo Cara de Gato, e meu pai no programa do Themístocles de Castro e Silva "Quando a Saudade Apertar" num radinho a pilha cochilando sob a fresca da noite na calçada. Ele não gostava de dividir sua audição com conversas paralelas, até porque naquela época os programas de rádio tinha conteúdo. Hoje eu tenho vergonha até de dizer que sou radialista. - Meu Deus! Dez da noite. Papai só bastava se perfilar na Praça e negro chega batia os pés na bunda na carreira pra casa. Tomávamos banho e aí era que íamos para o jantar. Talvez minha mãe queria até se deitar, mas não podia porque ainda tinha sua última tarefa (como se fosse poucas as do dia), em nos alimentar. Não tínhamos ideia deste sacrifício dado aos nossos pais. 
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Sentido inverso

Vila São José

Sabe amigos, só com o passar do tempo é que percebemos que a vida é uma colheita. Nossos filhos hoje muitas vezes nos desobedecem, e aí nos lembramos de que isso é uma dívida que a infância deixou em aberto. Bom todos em casa e já as redes armadas! Ainda íamos contar histórias/estórias até as onze e aos poucos adormecíamos. Era assim que a Vila São José dormia. Tamanho era o silêncio que ouvíamos alguns vizinhos mais corujão ainda ouvindo a musica Acalanto de Dorival Caymmi, que era o sufixo da TV Ceará no fechamento e mais: quando a maré estava cheia se ouvia o Marulho das Vagas na Praia do Pirambu. Por baixo da porta de entrada de nossa casa, um clarão como se fosse um relâmpago em noite chuvosa. Não e não. Era a lua já bem alto no Céu, emitindo sua claridade para não deixar nossa rua na solidão.

Assis Lima
(Radialista/jornalista)

Gif

*Inaugurada em 17 de fevereiro de 1952, com o nome de Escolas Reunidas Sales Campos, no governo do Dr. Raul Barbosa, sendo Secretário de Educação o Dr. Waldemar Alcântara. Funcionava na rua São Serafim, S/N, no Bairro Nossa Senhora das Graças (Grande Pirambu).


Em data de 6 de novembro de 1954, por ato do então Governador do Estado, Dr. Stênio Gomes da Silva a Escola foi elevada à categoria de GRUPO ESCOLAR e passou a funcionar na rua Jacinto de Matos, 730, atualmente Av. José BastosJacarecanga.

A Escola hoje, conta com um total de 512 alunos, distribuídos em dois turnos: manhã e tarde com o ensino fundamental e médio. São 28 professores, 12 funcionários (agentes administrativos, auxiliares administrativos e pessoal de serviço); e um Núcleo Gestor composto de uma Diretora, duas Coordenações e uma Secretária.

Seu espaço físico na época era pequeno e contava apenas com 8 salas de aula, Sala da Direção, Secretaria, cozinha e banheiros masculinos e femininos.
Hoje, são 10 salas de aula, Sala da Diretora , Sala da Coordenação,1 Centro de Multimeios, Sala dos Professores, Secretaria, banheiro dos professores e funcionários, banheiro dos alunos, Almoxarifado, Banco de Livro, Depósito de material, Depósito da Merenda, Cozinha, dois pátios, Sala do Grêmio e Laboratórios de Ciências e de Informática.



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