Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Carlito Pamplona
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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Carlito Pamplona - Primeiro bairro operário de Fortaleza


Primeiro bairro operário de Fortaleza, 
Carlito Pamplona tem autonomia em 
serviços e intenso comércio

Mais sobre a Oiticica AQUI - Álbum Fortaleza 1931

O bairro recebe a denominação de Carlito Pamplona em homenagem ao fortalezense que se destacou como diretor do setor de compra e venda de matéria-prima da fábrica de óleo Brasil Oiticica. A indústria teve sua primeira sede no bairro Praia de Iracema, próximo a área onde hoje se localiza o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, onde hoje existe um busto em sua homenagem. A empresa foi posteriormente sediada na avenida Francisco Sá, situada no bairro analisado. A proximidade da ferrovia e da zona fabril estimulou o crescimento e o aumento populacional nessa área.

Beneficiamento de castanha de caju na Indústria Brasil Oiticica em 1973. Foto de Nelson Bezerra - Livro Viva Fortaleza

Carlito Narbal Pamplona* foi um homem dinâmico e de visão empresarial abrangente, incansável na conquista e crescimento do mercado de óleo e de castanha de caju. O primeiro trabalho planejado para a compra de castanha de caju foi de sua autoria, incentivando o plantio e a compra de castanha, especialmente nos centros de produção da área marítima.
Os equipamentos sociais e institucionais de relevo para a população são o hospital infantil Luis França, várias escolas, sendo algumas públicas e outras particulares, e destinada ao lazer existe a praça principal do bairro, Antonio Alves Linhares, inaugurada em 6 de dezembro de 1985, o grêmio recreativo dos ferroviários e vários bares e pizzarias. 

Porém, os moradores também enfrentam problemas como a violência urbana, pois devido aos numerosos assaltos, falta segurança e tranquilidade para os moradores; faltam também delegacias e unidades de saúde e, além disso, os residentes sofrem com a poluição gerada pelas indústrias locais, e não há uma associação para que eles se organizem e lutem por melhorias no bairro.

 Instalações de Brasil Oiticica S.A. 

O bairro recebeu esse nome em homenagem à um empresário**
A praça que é cortada pela avenida Francisco Sá é a porta de entrada do bairro. E uma das mais importantes vias de acesso a região oeste da capital. Nesta praça pode-se contar um pouco da história de todo o Carlito Pamplona.

Brasil Oiticica S.A  Crédito da foto

A linha férrea e as indústrias fizeram o bairro crescer e ganhar cada vez mais moradores. No limite com o Álvaro Weine ficam as principais referências. A Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. As duas praças cortadas pela principal rua do bairro.
E o mercado construído onde antes funcionava a feira. O aposentado, José Alves chegou há muito mais tempo. E se orgulha de fazer parte da história.


A homenagem veio com o nome da praça Antonio Alves Linhares. Bem em frente ficava ainda o cinema Oswaldo Cruz nas décadas de 60 e 70, onde hoje funciona uma escola.
A avenida Francisco Sá, corredor comercial, é também a principal via de acesso. Mas na memória de José Alves, nem sempre foi assim.

Bairro Carlito Pamplona. Em destaque a Brasil Oiticica em 1972. Revista Manchete

Antiga fábrica da Bombas King, início dos anos 70. Acervo Dario Castro Alves

Luiz Carlos Garcia tem 54 anos de Carlito Pamplona. Ele mostra onde funcionavam a televisão pública e o chafariz do bairro. A falta d’água é uma lembrança que faz parte da vida dos antigos moradores.


No bairro vivem 32 mil pessoas. Gente que mora e faz compras no próprio bairro. Como José Tabosa, de 77 anos. Aposentado, ele dificilmente precisa sair do Carlito Pamplona.
Moradores se orgulham da facilidade de encontrar tudo por perto.


Fortaleza report
A praça Antônio Alves, no Carlito Pamplona, é um dos locais mais importantes e conhecidos do bairro. Hoje lugar de passagem dos moradores, mas antes a praça era uma extensão das casas. Na década de 60 instalaram na praça uma televisão pública preto e branco. Segundo os moradores mais antigos, era ruim até de enxergar. Também havia um chafariz. Um cruzamento é considerado a porta de entrada do Carlito Pamplona, que fica entre os bairros Álvaro Weyne e Jacarecanga. Uma das características desses bairros é que eles adquiriram independência do centro.

Os moradores se orgulham dessa facilidade, de encontrar praticamente tudo por perto. Tem a igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Tem o mercado público, um dos maiores da capital. Sem falar das variedade de comércios e serviços.

Vila em construção no Carlito Pamplona em 1960. Livro os Descaminhos de Ferro do Brasil

O PM responsável pelo Carlito Pamplona, major Lourival Lima, disse que vai tentar deslocar moto patrulhas para atender a comunidade, que ainda não é servida desse tipo de policiamento. O major informou ainda que a área atualmente é coberta por uma carro da PM e outro do Ronda do Quarteirão.

O chefe do distrito de infraestrutura, Luiz Arruda, informou que um novo projeto de requalificação da praça foi encaminhado para a comissão de licitação de Fortaleza. A previsão é de que todo esse processo termina em 120 dias. Luiz Arruda disse ainda que a requalificação da praça prevê a reforma do calçamento, dos bancos e da quadra de esportes.

Praça do Carlito Pamplona - Acervo Capitão Roberto

O Carlito Pamplona mudou muito. Hoje, a avenida Francisco Sá é toda no asfalto, mais larga e corta grande parte da cidade. Bem diferente do passado. O bairro também tem muito comércio e serviço. Lá tem banco, padaria, mercado, colégio, enfim: este é um bairro independente.

Curiosamente, o Carlito Pamplona chega a manter uma aura de "cidade de interior", em vista de seu comércio intenso, uma rede bancária e os seus ícones: a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o Mercado do Peixe e a Avenida Francisco Sá, principal corredor de veículos e os antigos prédios das fábricas abandonadas ou que mudaram de nome.

Para a moradora Maria Alice dos Santos, 34 anos, "nascida e criada no bairro", como diz, a reputação de recanto violento se dá muito pela aproximação com outros bairros estigmatizados, como o Pirambu e as Goiabeiras. "O que ninguém fala é dos benefícios de se morar aqui. Contamos com uma boa rede de transporte urbano e de bons serviços bancários e comércio", ressalta ela.

Carlito Pamplona - Acervo Capitão Roberto
Na sua memória, é inesquecível ainda a Oficina do Urubu, onde hoje fica a sede do Museu da Rffesa, também instalado na Francisco Sá. Foram os ferroviários dessa oficina que organizaram os times suburbanos que deram origem ao Ferroviário Atlético Clube. Passou o tempo, perderam-se detalhes, mas o Carlito mantém sua alma.

Bolsões de pobreza
O primeiro polo industrial do Ceará não se pode dizer que já viveu momentos de prosperidade, como afirmam seus moradores mais antigos. Associada a um bairro proletário, a própria indústria se baseou numa mão-de-obra abundante. A ocupação da área se deu de forma tão brusca, que surgiram bolsões de pobreza não somente dentro do bairro como nas adjacências. Prova disso são as comunidades de risco que foram formadas nas vizinhanças como Pirambu, Álvaro Weyne, Goiabeiras.

Carlito Narbal Pamplona

*Carlito Pamplona nasceu no dia 3 de junho de 1898, em Fortaleza/CE. Casou-se com Dona Hélia Monteiro Gondin e tiveram 9 filhos, dos quais 7 concluíram o curso superior, sendo 6 irmãos Engenheiro, tornando-se na época (década de 60) a família mais numerosa de irmãos formados em Engenharia no Brasil.
Posteriormente vendida em 1941 em plena 2° guerra mundial, ao empresário americano Mister M. E. Marvin. Esse óleo (Mamona e Oiticica), foi utilizado nos aviões de guerra, trabalhando em regime contínuo exportando a produção para os Estados Unidos da América. A indústria de óleo Oiticica foi criada praticamente pela firma C. N. Pamplona e Cia.
Hélio Guedes em 1943, foi executivo no sistema de compras de empresa junto com Franklin Monteiro Gondin, seu cunhado, e Carlito Pamplona que era o Diretor do setor de compra e venda de matéria-prima da Brasil Oiticica, sendo gerente geral o Sr. Martin Russak.

Residência de Carlito Narbal Pamplona e Hélia Gondim Pamplona, na rua 24 de Maio. A belíssima casa foi demolida para a construção do Colégio Evolutivo. Acervo Ricardo Perdigão

O primeiro trabalho planejada para a compra de castanha de caju foi de autoria de Carlito Pamplona, incentivando o plantio e a compra de castanha, especialmente nos centros de produção da área marítima (
Caucaia, Aracati e Cascavel).
Carlito Pamplona foi um homem dinâmico e de visão empresarial abrangente, incansável na conquista e crescimento do mercado de óleo e de castanha de caju.
Existe em Fortaleza um bairro em sua homenagem, denominado Carlito Pamplona, como também uma rua com o mesmo nome. A primeira fábrica de óleo Oiticica funcionou ao lado onde é hoje o Centro Dragão do Mar, na Praia de Iracema. Existe no local um pé de Oiticica e um busto de sua pessoa.
Faleceu no dia 2 de maio de 1947.
Agraciado com a Medalha do Mérito Industrial/FIEC, (Post-Mortem), em 1975.

**Não era o dono. Nos dias de hoje, poderia ser comparado a um executivo. Carlito Pamplona, numa homenagem dada a um empreendedor, passou a ser o nome do primeiro bairro operário de Fortaleza. Administrador da Brasil Oiticica, indústria originalmente pertencente a norte-americanos e pioneira do óleo produzido a partir da oiticica, Pamplona tornou-se uma personalidade respeitada no meio empresarial da época.
Afinal, dirigia uma empresa que chegou a gerar mil empregos diretos, como lembra o empresário e ex-presidente da Federação das Associações do Comércio, Indústria e Agropecuária do Ceará (Facic), João Hudson Carneiro de Saraiva.
Até então, a indústria consistia numa atividade canhestra ou até incipiente. Isso aconteceu até meados de 1950. "Evidentemente, que uma indústria desse porte, para uma cidade pequena, como era Fortaleza naquele tempo, haveria um efeito desencadeante e multiplicador. Foi daí que atraíram muitos outros empreendimentos, como o Ângelo Figueiredo (móveis de aço) e até mesmo a Ironte (panelas de alumínio), dentre outros investidores", revela João Hudson.
Terrenos baratos, ao contrário do Jacarecanga, e linhas da Rede de Viação do Ceará (RVC). Essas condições possibilitaram um desenvolvimento demográfico, que, nos dia de hoje, vive os reflexos da desordem populacional e com indicadores de violência típicos de um lugar urbano e densamente povoado.


Crédito: Tv Verdes Mares, Netsaber e Álbum Fortaleza 1931

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