Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Raimundo Girão
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Rotary Club de Fortaleza 82 anos - Humanitarismo e Ética







Em o6 de maio de 2016, o Rotary Club de Fortaleza completou 82 anos de muitas histórias!!!

O grande evento aconteceu no Salão Nobre do Ideal Clube

O Presidente do Rotary Club de Fortaleza, o empresário Tarcísio Porto, recebeu no dia 6 de maio no Salão Nobre Edson Queiroz do Ideal Clube os associados e convidados para a festa comemorativa pelos 82 anos de fundação do Rotary Club de Fortaleza.

Na ocasião foram entregues dois Cristais Major Donor para o Empresário José Carlos Pontes e para o Companheiro Arnobio Tomaz, assim como o titulo de Sócio Honorário ao Prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. O ponto alto da comemoracão foi a inauguração da placa dos 82 anos que ficará exposta permanentemente no Salão Nobre Edson Queiroz do Ideal. Presentes ao evento diversas personalidades da sociedade de Fortaleza como:
General Freire Gomes, Ministro Ubiratan Aguiar, Capitão dos
Portos Com. Salema, Geraldo Assunção, Lino Menezes, Edilson Pinheiro dentre outros.

 
O nosso Rotary Club de Fortaleza foi fundado em 07 de maio de 1934, sendo assim o primeiro Rotary Club no Estado do Ceará. Foi o 5º Rotary Club fundado no Nordeste. Anteriormente, somente tinham sido premiadas com a criação de Rotary Clubs as cidades de Recife (1931), São Luis (1931), João Pessoa (1933) e Salvador (1933).

Reunião Preliminar

O momento em que Paul Harris descobriu o Brasil.
Em 1936, uma viagem memorável permitiu aprimorar a relação entre o Rotary e a América do Sul. Crédito: Página do Rotary Club Fortaleza

Com a presença de Nestor de Figueiredo, no salão nobre do Hotel Excelsior no Centro (Fortaleza) foi realizada no dia 22 de Dezembro de 1933 a reunião preliminar com um grande número de convidados, alguns cheios de entusiasmo, outros tomados de curiosidade, no justo desejo de se afazerem, em aproximação mais, diretas aos temas da instituição que pela primeira vez, iam ser ventilados e discutidos, de público, na terra dos “verdes mares"

A Nestor coube a tarefa, verdadeiramente evangelista de apresentar, pela primeira vez, os ensinamentos mais gerais da doutrina de Paul Harris. Nesta memorável assembléia que contou com a presença do Governador (Interventor) do Ceará, Cap. Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça foi eleita, por aclamação e imediatamente empossada, uma Diretoria Provisória que se encarregaria da adoção dos procedimentos necessários à fundação da nova entidade, assim constituída: 

Presidente, Pedro Philomeno Ferreira Gomes; Vice-Presidente, Álvaro Weyne; Secretários, Edgar Dutra Nunes e Raimundo Girão; Tesoureiro, José Thomé de Sabóia e Silva. Além dos já citados estiveram presentes: Abnegado Rocha Lima, Alberto Sá, Clóvis de Araújo Janja, Clóvis de Alencar Matos, Demócrito Rocha, Demóstenes BrígidoElísio Aires, Esmerino Parente, Francisco Falcão, Jorge Moreira da Rocha, José Leite Maranhão, José Ramos Torres de Melo, João da Frota Gentil, José Sérgio dos Reis Júnior, Manoel Onulfo Câmara, Maximiano Leite Barbosa Filho, Pedro Augusto de Araújo Sampaio, Paulo Sarasate, Raimundo Girão, Major Tibúrcio Cavalcanti e Roberto Gradvol. Apresentaram escusas por não poderem comparecer, em virtude de força maior: Carlos Livino de Carvalho, Ernesto Pouchain, Francisco Moreira de Sousa, Francis Reginald Hull, Paulo de Avelar Cavalcante Rocha

A sessão inaugural foi realizada no dia 07 de maio de 1934, às 20 horas, no salão principal do Palace Hotel, em meio a muita luz e efusão d’alma. O clube foi oficialmente instalado pelo Governador do Distrito, Lauro de Andrade Borba, que vaticinou, em brilhante alocução, que o clube teria uma vida cheia de ações úteis à comunidade. Fez uso da palavra o companheiro Dorgival Mororó, transmitindo as saudações amigas e estimulantes dos companheiros do Rotary Club de João Pessoa padrinho de nosso Clube, enfatizando que o lema a ser adotado por todos seria: “dar de si antes de pensar em si”.


Almoço para a Marinha Americana no Palace Hotel em 1944 oferecido pelo Rotary Club de Fortaleza. Crédito: Página do Rotary Club Fortaleza

Fundação

Tomaram parte nesta reunião, além de Lauro de Andrade Borba, Governador do Distrito e Dorgival Mororó, delegado do clube de João Pessoa, o convidado Omar Grant O’Grady, engenheiro no Rio Grande do Norte e diversos representantes da imprensa, e 31 companheiros, sócios fundadores que eram os seguintes: Abnegado Rocha Lima, Adriano MartinsÁlvaro Weyne, Alberto Sá, Antônio Fiúza Pequeno, Carlos da Costa Ribeiro, Clóvis de Araújo Janja, Campos Júnior, Clóvis de Alencar Matos, César Teófilo Gonçalves, Demóstenes Brígido, Esmerino Gomes Parente, Edgar Dutra Nunes, Eurico de Almeida Monte, Francisco Sabóia, Fernando Fiúza Pequeno, Humberto Oliveira, João Demétrio Dummar, João da Frota Gentil, Jorge Moreira da Rocha, José Barros Maia, José Leite Maranhão, José Ramos Torres de Melo, José Sérgio dos Reis Júnior, José Thomé de Sabóia e Silva, Oswaldo Studart Filho, Paulo Sarasate, Pedro Philomeno Ferreira Gomes, F.P. Pereira de Miranda, Raul de Souza Carvalho e Raimundo Girão. Justificaram a ausência: Carlos Livino de CarvalhoDemócrito Rocha, Francis Reginald Hull, Francisco Falcão, Francisco Moreira de Sousa, João Germano da Ponte, José Rodrigues da Silva e Pedro Firmeza.

O Primeiro Conselho Diretor

Nesta mesma reunião foi eleito, por aclamação, o primeiro conselho Diretor do Rotary Club de Fortaleza, assim constituído: Presidente, Pedro Philomeno Ferreira Gomes; Primeiro Secretário, Raimundo Girão, Segundo Secretário, Edgar Dutra Nunes, Tesoureiro, José Thomé de Sabóia e Silva, Diretor de Protocolo, Clóvis de Alencar Matos e Vogal, Carlos da Costa Ribeiro. O Presidente Pedro Philomeno Ferreira Gomes reafirmou integralmente suas qualidades de condottiero, já demonstrada à frente da Diretoria Provisória, razão pela qual seus companheiros o cognominaram de “O Formidável”, secundado por Carlos Ribeiro que passou a ser o mestre abalizado e culto das coisas rotárias, que a todos ensinava em memoráveis Instruções Rotárias. Estes atributos credenciaram Carlos da Costa Ribeiro, apenas decorridas duas semanas da fundação do clube, a participar nos dias 25 e 27 de maio, da 5ª Conferência Distrital, da qual voltou tocado de comunicativo entusiasmo e ainda melhor informado para seu mister de ensinador. Durante este primeiro ano rotário, grande foi o progresso educativo dos nossos companheiros, graças às Instruções Rotárias ministradas por Carlos Ribeiro. Na terceira reunião semanal, realizada em 2 de junho, Álvaro Weyne pedia a atenção do Clube para momentoso problema da mendicância em nossa cidade. A presença de Raimundo Girão na Prefeitura e ao prestígio dos companheiros do Rotary tornaram possível destinar ao Asilo de Mendicidade de Fortaleza 200 mil contos de réis: 50 dos cofres da Prefeitura e 150 do Governo do Estado pelo Interventor, Capitão Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça. Esta substancial ajuda e mais a ação do Sindicato dos Lojistas, dirigido pelo rotariano, José Ramos Torres de Melo, em muito contribuíram para minorar o sofrimento dos desvalidos. Consolidado o clube em Fortaleza, parte já no segundo ano de sua fundação para interiorização do Rotary. Após a tentativa frustrada de fundar um clube em Sobral, em face da resistência do Bispo José Tupinambá da Frota, o clube volta suas atenções para a cidade de Quixadá, sede do promissor município, e ali funda, na terra dos monólitos, o “Curral de Pedra”, denominado por alguns pela grande quantidade de pedras que circundam a cidade, o primeiro clube no interior de nosso Estado. Outro acontecimento de significativa importância se verificou na Conferência Distrital, em Curitiba, em 1935, quando foi escolhido Governador do Distrito o companheiro Carlos da Costa Ribeiro, grande distinção a um clube com menos de dois anos de fundação mas que já se destacava no Distrito.


O Presidente 2015/2016 Tarcísio Porto recebe das mãos do companheiro Germano Almeida, a medalha Antônio Gomes Guimarães, a maior honraria concedida pelo Rotary Club de Fortaleza. Crédito: Página do Rotary Club Fortaleza

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Rotary Club de Fortaleza - 80 Anos



Como tudo começou... 

O primeiro Rotary Club foi fundado na cidade de Chicago, Estados Unidos, em 23 fevereiro de 1905 pelo advogado Paul Percy Harris e mais três homens de negócios: Gustav Loehr – engenheiro de minas, Hiran Shorey – alfaiate, e Silvester Schiele – comerciante de carvão. A Associação Nacional de Rotary Clubs (National Association of Rotary Clubs) foi fundada em 1910 e, em 1912, seu nome mudou para Rotary International em função da admissão do primeiro Rotary Club fora dos Estados Unidos, em Winnipeg, Canadá. O lema da instituição é Dar de si antes de pensar em si



Atualmente, existem mais de 1,2 milhões de rotarianos associados espalhados por todo o mundo. A Fundação Rotária do Rotary International é a principal organização não governamental sem fins lucrativos do mundo, promovendo a paz e a compreensão mundial através de programas internacionais humanitários, educacionais e de intercâmbio cultural.

Em 1933, o país estava em plena efervescência política com a reorganização partidária decorrente da Revolução de 1930, agravada pelos efeitos da Revolução Paulista de 1932, que nos trouxe alguns receios de separativismo e o Estado do Ceará, assolado por uma forte seca, com levas de flagelados procurando refúgio na capital. Este é o cenário em que se iriam desenvolver os preparativos para fundação de um clube de Rotary no Ceará.

O Prefeito de Fortaleza na época, Dr. Raimundo Girão, resolve dotar a cidade de um Plano Urbanístico, contratando para isto os serviços do já consagrado urbanista Nestor de Figueiredo que estava executando igual trabalho nas capitas de Pernambuco e Paraíba.

Logo aos primeiros contatos com Raimundo Girão, Nestor, pertencente ao Rotary Club de João Pessoa, percebeu que aquele era o homem capaz de capitanear as operações necessárias à fundação de um clube de Rotary no Ceará, desejo que compartilhava com seu amigo Lauro de Andrade Borba, destacado rotariano em Recife.

Nos encontros com Raimundo Girão, aproveitou para discutir os parâmetros balizadores do Plano Diretor, para difundir a ideia da fundação de um clube de Rotary na capital cearense. 


Sentindo a receptividade de sua ideia, volta ao Recife e comunica ao rotariano Eng° Lauro de Andrade Borba, (eleito Governador do Distrito Brasil do Rotary Club) os entendimentos mantidos no sentido de ser fundado o primeiro clube de Rotary International no Ceará.

Trecho da epístola de Lauro de Andrade Borba a Raimundo Girão:

"Ilmo. Sr. Dr. Raimundo Girão.

Foi com viva satisfação que recebi do meu distinto amigo e companheiro de Rotary, Nestor de Figueiredo, a notícia de que o Dr. Girão prontificava-se a receber todas as informações necessárias a facilitar o agrupamento de algumas pessoas de melhor representação social de Fortaleza, com o objetivo de examinar o que vem a ser Rotary, como associação de homens ativos e úteis à sua comunidade. Estamos todos, os que conhecem de perto ou de tradição o povo cearense convicto de que há entre ele, e mais talvez do que em outros pontos do nosso país, verdadeiros rotarianos natos, ativos e úteis à sua comunidade.

O que falta, pois, será apenas coordenar a sua atividade social, pelas normas de Rotary, para lhe dar maior eficiência e mais aproximação com outros homens que agem do mesmo modo, tanto no resto do Brasil, como nos outros países do mundo.

Estou por isto mesmo absolutamente seguro de que, em breve, teremos em Fortaleza mais um Rotary Club a crescer no grupo brasileiro que forma o Distrito 72° dessa curiosa e muito interessante agremiação internacional. Conto, pois, com vosso apoio para essa campanha idealística e prática, capaz de aproximar-se cada dias mais uns dos outros, os brasileiros de todos os recantos desse imenso país, que tanto necessita ainda de ser trabalhado no seu aperfeiçoamento.

Com minhas saudações mais efusivas, subscrevo-me

At. Ordo Obro”



Na ocasião, Arcoverde Cavalcanti (secretário do Rotary Club de Recife), em carta de 30 de julho, põe à disposição de Raimundo Girão as sessões de seu clube, que eram realizadas às quartas-feiras no Hotel Central, para quando de sua vinda à capital pernambucana pudesse melhor conhecer as atividades do Rotary e as providências para fundação de um clube em Fortaleza.

Raimundo Girão conta com o decisivo apoio de Edgar Dutra Nunes, que era gerente da Esso em Fortaleza e de José Tomé de Sabóia e Silva, filho do Dr. João Tomé de Saboia e Silva, que Governou o Ceará no período de 1916 a 1920 e foi um dos fundadores e primeiro presidente do Rotary Club do Rio de Janeiro, pioneiro no Brasil do movimento rotário.

Lauro de Andrade Borba acompanhava os passos dos cearenses para a concretização da ideia e quando esteve em Nova York, para participar da Convenção do Rotary, assim se dirigiu a Girão em 8 de agosto de 1933:

Daqui da América não me tenho esquecido que o Ceará merece e deve ter um Rotary Club; daí o motivo desta carta e a remessa que aqui vos faço de um pequeno folheto, no qual se encontra uma breve síntese do que é Rotary. Encareço muito o vosso esforço para que possamos ter, ainda este ano, a fundação de um Rotary aí em Fortaleza”.


Em 22 de dezembro de 1933, no salão nobre do Hotel Excelsior, foi realizada com a presença de Nestor de Figueiredo, a reunião preliminar com um grande número de convidados, alguns cheios de entusiasmo e outros tomados de curiosidade. Seria a primeira vez que temas da instituição seriam ventilados e discutidos na terra dos “verdes mares"

A Nestor coube a tarefa de apresentar, pela primeira vez, os ensinamentos mais gerais da doutrina de Paul Harris. Nesta memorável assembleia, que contou com a presença do Governador (Interventor) do Ceará, Cap. Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça, foi eleita por aclamação e imediatamente empossada, uma Diretoria Provisória que se encarregaria da adoção dos procedimentos necessários à fundação da nova entidade.

A Diretoria Provisória ficou assim constituída: 

Presidente, Pedro Philomeno Ferreira Gomes; Vice-Presidente, Álvaro Weyne; Secretários: Edgar Dutra Nunes e Raimundo Girão; Tesoureiro: José Thomé de Sabóia e Silva. Além dos já citados estiveram presentes: Abnegado Rocha Lima, Alberto Sá, Clóvis de Araújo Janja, Clóvis de Alencar Matos, Demócrito Rocha, Demóstenes Brígido, Elisio Aires, Esmerino Parente, Francisco Falcão, Jorge Moreira da Rocha, José Leite Maranhão, José Ramos Torres de Melo, João da Frota Gentil, José Sérgio dos Reis Júnior, Manoel Onulfo Câmara, Maximiano Leite Barbosa Filho, Pedro Augusto de Araújo Sampaio, Paulo Sarasate, Raimundo Girão, Major Tibúrcio Cavalcanti e Roberto Gradvol.

Apresentaram escusas por não poderem comparecer, em virtude de força maior: Carlos Livino de Carvalho, Ernesto Pouchain, Francisco Moreira de Sousa, Francis Reginald Hull, Paulo de Avelar Cavalcante Rocha
A sessão inaugural foi realizada no dia 07 de maio de 1934, às 20 horas, no salão principal do Palace Hotel



O Rotary club foi oficialmente instalado pelo Governador do Distrito, Lauro de Andrade Borba, que vaticinou, em brilhante alocução, que o clube teria uma vida cheia de ações úteis à comunidade. Fez uso da palavra o companheiro Dorgival Mororó, transmitindo as saudações amigas e estimulantes dos companheiros do Rotary Club de João Pessoa, padrinho de nosso Clube, enfatizando que o lema a ser adotado por todos seria: “Dar de si antes de pensar em si”.


O primeiro Conselho Diretor do Rotary Club de Fortaleza, foi assim constituído: 

Presidente: Pedro Philomeno Ferreira Gomes; Primeiro Secretário, Raimundo Girão, Segundo Secretário, Edgar Dutra Nunes, Tesoureiro, José Thomé de Sabóia e Silva, Diretor de Protocolo, Clóvis de Alencar Matos e Vogal, Carlos da Costa Ribeiro. O Presidente Pedro Philomeno Ferreira Gomes reafirmou integralmente suas qualidades de “condottiero”, já demonstrada à frente da Diretoria Provisória, razão pela qual seus companheiros o cognominaram de “O Formidável”, secundado por Carlos Ribeiro que passou a ser o mestre abalizado e culto das coisas rotárias, que a todos ensinava em memoráveis Instruções Rotárias. Estes atributos credenciaram Carlos da Costa Ribeiro, apenas decorridas duas semanas da fundação do clube, a participar nos dias 25 e 27 de maio, da 5ª Conferência Distrital, da qual voltou tocado de comunicativo entusiasmo e ainda melhor informado para seu mister de ensinador. Durante este primeiro ano rotário, grande foi o progresso educativo dos nossos companheiros, graças às Instruções Rotárias ministradas por Carlos Ribeiro. Na terceira reunião semanal, realizada em 2 de junho, Álvaro Weyne pedia a atenção do Clube para momentoso problema da mendicância em nossa cidade. A presença de Raimundo Girão na Prefeitura e ao prestígio dos companheiros do Rotary tornaram possível destinar ao Asilo de Mendicidade de Fortaleza 200 mil contos de réis: 50 dos cofres da Prefeitura e 150 do Governo do Estado pelo Interventor, Capitão Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça. Esta substancial ajuda e mais a ação do Sindicato dos Lojistas, dirigido pelo rotariano, José Ramos Torres de Melo, em muito contribuíram para minorar o sofrimento dos desvalidos. 


Consolidado o clube em Fortaleza, parte já no segundo ano de sua fundação para interiorização do Rotary. Após a tentativa frustrada de fundar um clube em Sobral, em face da resistência do Bispo José Tupinambá da Frota, o clube volta suas atenções para a cidade de Quixadá, sede do promissor município, e ali funda, na terra dos monólitos, o Curral de Pedra, denominado por alguns pela grande quantidade de pedras que circundam a cidade, o primeiro clube no interior de nosso Estado. Outro acontecimento de significativa importância se verificou na Conferência Distrital, em Curitiba, em 1935, quando foi escolhido Governador do Distrito o companheiro Carlos da Costa Ribeiro, grande distinção a um clube com menos de dois anos de fundação mas que já se destacava no Distrito.



O Emblema

"Através dos anos, tem havido muita discussão sobre a criação e significado da RODA DENTADA.






Aqui estão alguns antecedentes de como o símbolo se desenvolveu e o que significa para mim... Em 1905, um tipógrafo-gravador e rotariano de Chicago, Montague Bear, desenhou uma simples roda de carruagem, mostrando movimento e poeira. Tinha a intenção de representar a civilização, movimento e trabalho em ação. Assim, muitos Rotary clubs adotaram a roda de uma maneira ou de outra.



Em 1922 foi decidido criar e desenvolver um emblema oficial de Rotary e em 1923 uma roda de engrenagem com 24 dentes e seis raios ou braços foi oficialmente adotada. Para mim, os dentes na parte externa da engrenagem representam o fato de que o trabalho deve ser feito. Os seis raios representam o mais profundo ideal de servir em Rotary e a Prova Quádrupla... indo em direção da comunidade, ocupações e profissões que nossos membros representam. Em 1929 a Convenção Internacional de Rotary, determinou que o azul real e o dourado deveriam ser as cores oficiais da organização, e a roda dentada foi desenhada com estas cores. Para mim, as quatro faixas azuis dentro do raio externo da engrenagem representam as quatro Avenidas de Serviço.


Mais tarde, engenheiros rotarianos chamaram a atenção para o fato de que a engrenagem não poderia girar livremente num eixo de transmissão, assim um rasgo de chaveta foi adicionado para significar que a roda era um "trabalhador e não um ocioso". O rasgo de chaveta no centro de um eixo é de um grande significado, porque representa o rotariano individual, que é o eixo principal em qualquer clube. Membros qualificados são as chaves necessárias para que o eixo se movimente e gire, pondo a energia em movimento e impulsionando esta engrenagem. Ao viajar e visitar clubes, distritos e projetos, passei a compreender que a Roda Dentada é mais do que um símbolo de um clube de serviço. Representa preocupar-se e compartilhar, amizade e amor, mais um compromisso e atitude com "você pode contar comigo". Significa uma atitude de "Um dar mais do que receber" por aqueles que se importam, tentando trazer uma luz de esperança para os desesperançados nos recantos obscuros do mundo.

A utilização do emblema com orgulho e honra é dever de todo rotariano."

Padu 
(Rotariano)

O Rotary Club de Fortaleza é notícia:




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Valiosa contribuição ao Instituto dos Cegos e outras instituições.


 Os objetivos do Rotary são fundamentados no estímulo e fomento ao ideal de servir como base de todo empreendimento digno, promovendo e apoiando:


  •     O desenvolvimento do companheirismo como elemento capaz de proporcionar oportunidades de servir;
  •     O reconhecimento do mérito de toda ocupação útil e a difusão das normas de ética profissional;
  •     A melhoria da comunidade pela conduta exemplar de cada um na sua vida pública e privada;
  •     A aproximação dos profissionais de todo o mundo, visando à consolidação das boas relações, de cooperação e de paz entre as nações.





Hoje o Rotary Club de Fortaleza tem como presidente o advogado Teobaldo Mânsio de Brito e como futuro presidente eleito 2015/2016 o advogado e empresário Tarcísio Rebouças Porto Junior.


Tarcísio Rebouças Porto Junior. Presidente 2015/2016

Fatos Históricos:

22/12/1933 - Realizada a sessão preliminar para fundação do Rotary Club de Fortaleza, no salão do Excelsior Hotel, tendo como primeiro presidente Pedro Filomeno Ferreira Gomes.

07/05/1934 - Instala-se, solenemente, no prédio do Palace Hotel, o Rotary Club de Fortaleza, filiado ao Rotary Club Internacional em ágape presidido por Lauro Barbosa, que empossou a primeira diretoria, tendo à frente Pedro Filomeno Ferreira Gomes. Na ocasião foi lançado o primeiro número do Boletim do Rotary Club.

12/07/1934 - Sai a Carta de agregação do Rotary Club de Fortaleza, ao Rotary Internacional.

1939 - Lançado Princesa do Norte, álbum em homenagem a Fortaleza, publicado sob os auspícios do Rotary Club de Fortaleza, organizado e dirigido por Raimundo Girão, contendo textos e fotografias além de anúncios.

16/04/1941 - Realiza-se, no Cine Diogo, a XII Conferência Distrital do Rotary Club, com a presença de mais de 200 rotarianos desembarcados pela manhã, de bordo do "Pedro I". Presentes o coronel Alcebíades Dracon Barreto representando o presidente Getúlio Vargas, o Interventor Menezes Pimentel e o prefeito interino Rui Garcia Guedes (Rui Guedes).

19/09/1943 - Inaugurada a Casa dos Cegos (hoje Instituto dos Cegos), criada pela Sociedade de Assistência aos Cegos, com a cooperação da Legião Brasileira de Assistência - LBA e do Rotary Club de Fortaleza. Discursaram o Padre Arquimedes Bruno e Raimundo Girão.

14/02/1976 - Morre em Fortaleza o ex-presidente do Rotary Club de Fortaleza, Hermano Chaves Frank, presidente da Chaves S. A. Mineração e Indústria e da Refranor - Refratários do Nordeste S. A.




Créditos e Fontes: Site Oficial do Rotary Club de FortalezaWikipédiaBlog do Padu, Portal da História do Ceará, Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Arquivo Nirez




segunda-feira, 26 de julho de 2010

Raimundo Girão



O Prefeito de Fortaleza Raimundo Girão (1933)

Raimundo Girão, Filho de Luís Carneiro de Sousa Girão e Celina Cavalcanti, nasceu na fazenda Palestina, do Município de Morada Nova, perto três quilômetros da cidade sede municipal, no dia 3 de outubro de 1900, uma quarta feira.

Os pais de Raimundo Girão

Aos cinco anos de idade, com os pais, mudou se para Maranguape, cidade em que permaneceu até 1913 e teve a oportunidade de fazer os primeiros estudos frequentando a escola pública dirigida pela professora Ana de Oliveira Cabral (D. Naninha) e o colégio particular do prof. Henrique Chaves. Em novembro de 1913, transferiu se para Fortaleza, passando a frequentar o colégio Colombo, do prof. Manuel Leiria de Andrade, e em seguida matriculou se no Liceu do Ceará, no qual tirou os necessários preparatórios (1919). No ano seguinte, matriculou se na Faculdade de Direito do Ceará, cujo curso terminou, colando grau de Bacharel no dia 8 de dezembro de 1924. Nessa mesma faculdade, doutorou se em 1936, sendo aluno laureado. Advogado nos auditórios do Estado, quando em 1932 é chamado para exercer as funções do cargo de Secretário Geral da Prefeitura de Fortaleza (Secretaria Única) para a 14 de dezembro desse ano receber a nomeação de Prefeito Municipal interino. Efetivou se no cargo no dia 19 de abril de 1933 e o exerceu até 5 de setembro de 1934, dedicando todos os seus empenhos e experiências aos interesses administrativos da Capital cearense.

O casal Raimundo Girão e Marizot, em 1930

No ano seguinte, por ato governamental de 21 de setembro, foi nomeado sem que o pleiteasse, Ministro do Tribunal de Contas do Ceará, criado pelo Dec. n° 124, do dia 20, anterior, do Governador Francisco Menezes Pimentel. Nesse governo, foi distinguido com várias e importantes Comisssões, inclusive a Comissão que representou o Ceará nas Conferências de Assuntos Econômicos e Fazendários, a primeira reunida no Rio de Janeiro (1940) e a segunda em Salvador (Bahia, 1940). Outra Comissão, de alta significação, de que fez parte foi a encarregada de elaborar o Projeto de Estatuto dos Funcionários do Estado (1942). Nomeado em 2 de março de 1946 Livre Docente da Faculdade de Ciências Econômicas do Ceará, na Cadeira de Estudos Comparados das Doutrinas Econômicas. Em 1949, como representante do Estado do Ceará e do Instituto do Ceará (para o qual entrara como Sócio Efetivo em 1941 e do qual foi Presidente de Honra e recebeu, post mortem, o titulo de Sócio Benemérito), participou do I Congresso Histórico do Estado da Bahia, comemorativo do 4° Centenário de Fundação da Cidade de Salvador, realizado nos dias 18 a 30 de março.

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O casal Raimundo Girão e Marizot em Paris, 1968 

Quando Prefeito Municipal (1933 34) teve a oportunidade de concorrer para a instalação do primeiro Club de Rotary do Ceará, a que por duas vezes presidiu. De caráter rotário, tomou parte, além de outras, da Comissão Distrital de Manaus (1951), demorando se algum tempo na Amazônia para sentir melhor as belezas da Hiléia. Duas vezes mais esteve naquela maravilhosa região. Em 1952, é nomeado presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, ao qual já servira como Conselheiro desde 1935. Foi Mordomo da Santa Casa de Fortaleza. Com o prof. Mozart Soriano Aderaldo participou do congresso comemorativo do Tricentenário da Restauração Pernambucana, realizado no Recife em julho de 1954. Foi um dos fundadores e primeiro Diretor da Escola de Administração do Ceará. Nomeado em 9 de janeiro de 1960 Secretário Municipal de Urbanismo, de cuja Pasta foi o primeiro titular, pois foi ela criada por sugestão sua. Nomeado, por Ato de 3 de outubro desse ano, recebeu a nomeação como primeiro titular da Secretaria de Cultura do Ceará (1966 71), pasta criada com o desdobramento (a primeira no Brasil) da anterior Secretaria de Educação e Cultura, em consequência de trabalho seu, constante e cuidadoso, adotado pelo Governo do Estado. Presidiu a Academia Cearense de Letras, no biênio 1957/58, na qual ocupava a Cadeira n° 21 de que é Patrono José de Alencar. Em 1985 foi aclamado "Presidente de Honra" e, posteriormente, eleito sócio efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História, tendo ocupado a Cadeira de n° 22, patroneada pelo romancista Franklin Távora.

O casal Raimundo Girão e Marizot, em 1986


Recebeu Raimundo Girão em vida, e mesmo in memoriam um grande número de honrarias, representadas por medalhas, troféus, títulos honoríficos e outras condecorações. A sua bibliografia é alentada: legou-nos 54 títulos entre livros e plaquetas, além de ter organizado 12 volumes de variados assuntos. Prefaciou 19 livros de terceiros. Sua colaboração em periódicos – jornais e revistas- alcançou a quase cinco dezenas, entre artigos, crônicas e entrevistas.

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Raimundo Girão, Marizot e os 10 filhos 

Em enquete promovida pela TV Cidade, de Fortaleza, no ano de l987, foi consagrado como um dos vinte maiores cearenses de todos os tempos.

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Raimundo Girão, o Prefeito, é o terceiro em pé da esquerda para a direita em foto com o Interventor Carneiro de Mendonça e seus auxiliares 


Faleceu em 24 de julho de 1988, nesta Capital. Em 1991, o Prefeito Juraci Magalhães, por decreto, prestou lhe expressiva homenagem, mudando a denominação da Avenida Aquidabã para Avenida Historiador Raimundo Girão. Casou se pela primeira vez corn Maria Monteiro de Lima, que veio a falecer em 19.11.1925, sem filhos. Era filha de Manuel Gonçalves de Lima e Maria do Carmo Monteiro. O segundo casamento deu se em 27.11.1926 com Maria Gaspar Brasil (Marizot), nascida em 18.03.1910, em Fortaleza, filha de Prudente do Nascimento Brasil e Inês de Moura Gaspar. Do casal nasceram dez filhos, que se multiplicaram em trinta e um netos e quarenta bisnetos.


Sociedades científicas, literárias e culturais a que pertenceu:



  1. ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS. Sócio efetivo e presidente no biênio 1957/58.
  2. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO CEARÁ. Sócio efetivo, Presidente de Honra e Sócio Benemérito, título este recebido post mortem.
  3. INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI. Sócio Correspondente.
  4. INSTITUTO HISTÓRICO DE IGARAÇU (RS). Sócio Correspondente.
  5. INSTITUTO HISTÓRICO DE NITERÓI. Sócio Correspondente
  6. INSTITUTO HISTÓRICO DE OEIRAS (PI). Sócio Correspondente
  7. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS. Sócio Correspondente.
  8. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. Sócio Correspondente.
  9. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE. Sócio Correspondente.
  10. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Sócio Correspondente.
  11. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE. Sócio Correspondente
  12. ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA. Sócio Efetivo.
  13. INSTITUTO CEARENSE DE GENEALOGIA. Sócio Efetivo.
  14. INSTITUTO GENEALÓGICO DO BRASIL Sócio Efetivo.
  15. SOCIEDADE CEARENSE DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA. Sócio Efetivo e Presidente de Honra
  16. INSTITUTO DO MUSEU JAGUARIBANO. Sócio Fundador.
  17. ACADEMIA SOBRALENSE DE ESTUDOS E LETRAS. Sócio Honorário.
  18. CENTRO DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL DO CEARÁ. Sócio Honorário.
  19. INSTITUTO CULTURAL DO VALE CARIRIENSE. Sócio Honorário.
  20. LEGIÃO BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA. Diplomas (2) pelos relevantes Serviços prestados a causa da Maternidade, Infância e Adolescência do Brasil.
  21. SECRETARIA DA CULTURA E DESPORTO DO CEARÁ. Diploma de Amigo da Cultura.
  22. INSTITUTO MARIA IMACULADA DE PACOTI. Diploma de Honra do Mérito.
  23. SOCIEDADE MUSICAL HENRIQUE JORGE. Patrono Benemérito.
  24. ACADEMIA AMAZONENSE DE LETRAS. Sócio Correspondente.
  25. SOCIEDADE CAPISTRANO DE ABREU. Sócio Correspondente.
  26. INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE PERNAMBUCO. Sócio Correspondente.
  27. ACADEMIA LIMOEIRENSE DE LETRAS. Patrono da Cadeira nº 25
  28. ACADEMIA MORADANOVENSE DE HISTÓRIA E LETRAS. Patrono
  29. ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS. Sócio Honorário.
  30. ACADEMIA CEARENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES DO RIO DE JANEIRO. Sócio Honorário.
  31. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (Rio de Janeiro). Sócio Correspondente
  32. INSTITUTO DOS ADVOGADOS DO CEARÁ. Sócio Efetivo, título recebido post mortem.
  33. ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO CEARÁ (ALACE) Patrono da Cadeira nº 21
  34. ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO CEARÁ. Patrono.
  35. COMISSÃO NACIONAL DE HISTÓRIA (Rio de janeiro). Conselheiro
  36. INSTITUTO DO NORDESTE (Fortaleza-Ce). Sócio Efetivo.
  37. ROTARY CLUB DE FORTALEZA. Sócio e Fundador.
  38. ROTARY CLUB DE FORTALEZA - PRAIA. Presidente Honorário - Biênio 1987-1988).
  39. ASSOCIAÇÃO CULTURAL FRANCO-BRASILEIRA.Presidente.
  40. CENTRO JUAZEIRENSE DE CULTURA. Sócio Honorário.
  41. ASSOCIAÇÃO DOS VAQUEIROS E CRIADORES DE MORADA MOVA. Patrono.
  42. SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS DO CEARÁ. Sócio Benemérito.

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Raimundo Girão - o Doutor em Direito (1937)

Raimundo Girão e a bandeira do Ceará

Raimundo Girão (1987)

Os Braços de Meu Pai

Por Raimundo Girão

"Vi-os sobre o seu corpo no caixão funéreo. Nunca os vira assim imóveis, inertes, impo tentes. Faz dez anos, hoje.
Os braços que ali estavam não eram mais os braços de meu pai, antes nem um só momento repousantes, quedos, em descanso. Sempre os vira em movimento, como que esgrimindo e na verdade lutando, construindo na ânsia de trabalhar, no insofrido, impaciente, incontido desejo de não parar.
Nas madrugadas aurorais do sertão já estavam a mover-se empenhados nas labutas suarentas do campo, que ele era do sertão, fundamente campônio, integrando-se no amanho difícil da terra e no pastoreio perigoso dos gados nas caatingas. E os dias todos, as horas todas, os minutos todos, aqueles braços másculos não cessavam de agitar-se como braços de guerreiros lendários em duelos renhidos.
Mas as maldades da politicagem forçaram-no a emigrar de lá, de sua fazenda, do seu chão nativo, do seu rio decantado - o Banabuiú de Morada Nova, "Deus magnífico, protetor das plantas e dos animais, bendito pelas estrelas nas alturas, e a quem, na imponente nave da terra, os ventos entoam exaltações, vibrando, festivos e farfalhantes, nos vastos carnaubais", - e o trouxeram para outro cenário todo diverso, o da serra, em Maranguape, o cenário alto de um sítio ali, no mais alto da montanha, adquirido quase em abandono, o mato tomando conta de tudo. E ei-lo com os seus braços, eis os braços de meu pai a por as coisas em febril apresto para a transformação produtiva - as laranjeiras carcomidas mudadas em laranjais, pomosos, os velhos cafeeiros, agora, feitos cafezais em flor, os roçados sáfaros estuando em bananais abundantes.
E os braços não tinham sossego, de manhã até noite, fazendo, refazendo e plantando e regando podando e colhendo, ajudados pelos meus doze anos a os dez do Raul, anos de recordações já distantes, ajustados nós ambos por força do exemplo e da necessidade ao ritmo de trabalho daqueles braços. Dobravam os nossos ombros de menino o peso dos fardos de frutas e ao da gravidade, puxando para baixo, nas ladeiras íngremes, desde que o sol se anunciava, rasgando o nevoeiro denso e aliviando um tanto o frio da serra, dilacerantemente frio, e até que resolvia esconder-se, tarde triste, nas quebradas do poente, onde reboavam os retinidos metálicos das minúsculas arapongas, como que saídos da bigorna de ferreiros coléricos e invisíveis.
E os braços de meu pai refizeram o desgosto da saudade do sertão, da pobreza com que o exílio o feriu. Recuperaram o sítio, refizeram o pão de cada dia, refizeram a roupa da família, amenizaram os sacrifícios de minha mãe, na solicitude de cada instante, maternalmente santa no auxílio que nos dava, resignada e forrada de ânimo, fabricando doces e bolinhos que vendia vintém a vintém, para jogar no mealheiro das despesas a sua admirável, sagrada contribuição.
Depois, veio o Sousa para a Capital, atraído por mão amiga, para os misteres de uma escrivania do foro, que encontrou em desmantelo e desordenado atraso, tal como o sítio da serra. E os braços de meu pai transplantaram-se para nova lida diferente, toda outra, e consertaram o cartório e deram marcha aos processos, garantiram a confiança das partes, conquistaram a estima dos magistrados - os sacerdotes daquele buliçoso templo da Justiça.
Não estancaram de um segundo sequer aqueles braços de coragem e de fé, escrevendo com letra firme e cheia de tinta e dignidade, as peças processuais, as certidões, os mandados, os depoimentos e - o que ele fazia com maior contentamento - os alvarás de soltura de culpados que a ignorância e a crueldade da sorte haviam empurrado às desgraças e agruras das prisões.
E o Sousa Girão fez-se o serviçal do templo, multiplicando favores a dando asos à sua bondade desafetada, à sua obsequiosidade que não pretendia volta, nem uma vez negando ou se excusando, antes sempre compreensiva, indulgente,tolerante para quantos a solicitavam - advogados, juizes, litigantes e réus, misturados no afã das defesas a das acusações, dos despachos e das sentenças.
Durante mais de trinta anos praticou o bem e foi útil, servindo com desinteresse, dando de si cordial e satisfeito, espontâneo e simples, na sua função pública e nos deveres do seu CONSULADO de mil providências em benefício de parentes e estranhos, sempre com os seus braços que os meus olhos fitavam agora sobre o corpo, sobre o peito com um coração sem sangue a sem calor, não mais a pulsar, como tanto pulsara dantes, pelos bons intentos, pelas probas atitudes sem qualquer mácula de ódio ou malquerença.
A morte prostrara os braços vigorosos de meu pai naquele silencioso adormecimento, que a dor dos filhos e da segunda esposa haviam enfeitado de flores, e nunca mais havia de ver fortes, diligentes, lestos, operantes, paternais, acolhedores, nunca mais havia eu de os ver fazendo, desfazendo, refazendo.
Os braços de meu pai não eram mais os braços de meu pai."

Pompeu Sobrinho e Raimundo Girão nos 80 anos do Instituto do Ceará

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Na redação do O Povo. Visita de Gustavo Barroso em companhia de Raimundo Girão e do seu primo Dr. Valdir Liebmann, recebidos pelo jornalista J. C. de Alencar Araripe 

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Raimundo Girão , Luís da Câmara Cascudo e outras personalidades na UFC 

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No Restaurante Lido com amigos e colaboradores da Secretaria de Cultura: Rui Guédis, João Ramos, Carlos Studart Filho, Mozart Soriano Aderaldo, Raimundo Girão e José Aurélio Câmara (1970) 

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Membros do Tribunal de Contas do Ceará: Brasil Pinheiro, Paulo Avelar Rocha, Raimundo Girão, Antônio Coelho de Albuquerque (Presidente) Dário Correia Lima e Eduardo Ellery Barreira (1956) 

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Academia Cearense de Letras 

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Raimundo Girão discursando no Instituto do Ceará 

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Raimundo Girão como Secretário de Educação (Governo Franklin Chaves) 

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Mozart Soriano Aderaldo (Secretário de Educação), Gal. Humberto Ellery (Vice-governador), Raimundo Girão (Secretario de Cultura) e o Governado Plácido Aderaldo Castelo

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Instalação da Biblioteca Pública do Estado, em prédio à praça Cristo Redentor. Renato Braga, Cel. Teles Pinheiro, Raimundo Girão,Parsifal Barroso, José Lins de Albuquerque

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Governador Plácido Castelo e o Secretário de Cultura Raimundo Girão. Na instalação da 1ª Secretaria de Cultura do Brasil

Uma de suas últimas fotos

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Raimundo Girão com o Reitor Antônio Martins Filho


"Afinal realizei-me. Sei que não existi; vivi. Vivi sabendo não ser coisa vã o viver como superior e essencial função do homem, não só biologicamente e sim também espiritualmente, moralmente.A vida biológica é autônoma, ele não a faz. A espiritual e a moral ele se ajuda a construir , pois que não as constrói sozinho, sem a influência arbitrária e multitentacular do meio social que a rodeia. Mas de qualquer modo terá na face os vincos das canseiras para - e este o seu verdadeiro destino - tornar digna a sua qualidade humana, conseguindo pouco às vezes, às vezes completando-se. Para que não seja tão só um número estatístico."

Raimundo Girão

Depoimentos Sobre Raimundo Girão:

Antônio Martins Filho

"O Meu Amigo Girão: as Origens do Nosso Relacionamento"
"Raimundo Girão, considerado um dos 20 dos maiores cearenses de todos tempos foi, acima de tudo, imperecível patrimônio para o Ceará e, particularmente, para esta cidade de Fortaleza - A Princesa Vestida de Baile - que ele tanto amou". Quando o visitei pela última vez, esse meu irmão espiritual e duplamente compadre pediu os óculos para fixar bem a minha fisionomia. E num gesto simbólico de aperto de mãos, com uma lucidez extraordinária, transmitiu sua derradeira mensagem: SEMPRE AMIGOS! Aquelas duas palavras me emocionaram profundamente e, durante o retalho de vida que o destino ainda me conceder, delas jamais esquecerei." (D.O. Letras Ano III nº 12 julho/setembro de 1988).
Barros Alves
"Adeus ao Mestre Raimundo Girão"
"Raimundo Girão morreu aos 87 anos deixando um vazio a todos nós. Principalmente naqueles que o conheciam e privaram de sua amizade, ouvira seus ensinamentos. Mas não nos esqueçamos que Girão é imortal . Não apenas pelo fato formal de pertencer a uma Academia de Letras, mas sobretudo porque sua obra é imorredoura. Pelo menos eu o terei sempre comigo e com ele deverei conversar ainda por muitos anos. Sempre a consultar suas inestimáveis obras é claro. Paz eterna para o mestre e amigo Raimundo Girão". (Tribuna do Ceará, ed. de 29.07.1988).
Eduardo Bezerra Neto
"Raimundo Girão - um Homem Bom"
"A saudade é sentimento humano legítimo. Mas há por outro lado, a compensar, a fé na imortalidade da alma, tal como a mensagem cristã anuncia. Neste sentido, a presença imaterial do mestre Raimundo Girão é um fato". (Tribuna do Ceará, ed. de 08.08.1988).
Eduardo Campos
"Raimundo Girão e o Ceará"
"Perde o Ceará, indiscutivelmente, uma das figuras mais respeitáveis da sua vida cultural. Raimundo Girão escreveu história com a capacidade só dada a conhecer aos privilegiados da arte de contar. Contar com desejável criatividade". (Diário do Nordeste ed. de 28.07.1988).
Moreira Campos
"Porte de Academia"
"Um polígrafo, portanto, com vocação de origem pela história, como já assinalei. Bem sei que ainda acalentava projetos, não obstante a idade de oitenta e sete anos com que morreu, tal a sua fortaleza de espírito". Pranteio aqui o homem de letras e o amigo leal, homem empreendedor, lúcido que sempre foi. Uma grande perda para os valores maiores da nossa terra e uma saudade a mais para todos nós". (O Povo, ed. de 13.08.1988).
Mozart Soriano Aderaldo
"Ele era um Homem Poliédrico"
"[...] Sua bagagem intelectual é das mais volumosas e valiosas. Destaco aqui as de minha especial preferência, como a sua apenas no nome "Pequena História do Ceará"; a publicação "O Ceará", em colaboração com Antônio Martins Filho; as monografias que escreveu sobre a nossa cidade, especialmente a "Geografia Estética de Fortaleza"; suas deliciosas memória sob o sugestivo título de "Palestina (a "fazenda" onde nasceu), uma Agulha e as Saudades" ; sua magnífica pesquisa sobre "A Abolição no Ceará"; "História da Faculdade de Direito de o Ceará"; seu "Dicionário da Literatura Cearense"; em colaboração com Maria da Conceição Sousa e finalmente a sua pioneira "História Econômica do Ceará". A relação é indiscutivelmente incompleta e outros salientariam diversas publicações de sua lavra que aqui não foram referidas. . Explico novamente: questão de inclinação pessoal.
Foi desse estofo o homem que o Ceará perdeu há pouco, deixando uma lacuna impreenchível no mundo cultural e associativo de nossa terra. E é sobre sua tumba que deposito as flores da minha saudade". (Tribuna do Ceará, ed. de 06.08.1988).

Lúcio Alcântara (Deputado Federal Constituinte)
Excerto do discurso pronunciado na ANC
"Cumpro o doloroso dever de participar à esta Casa o falecimento do professor e historiador Raimundo Girão falecido ontem em Fortaleza depois de uma longa vida dedicada à cultura e à história do Ceará.
Membro da Academia Cearense de Letras, do Instituto Histórico do Ceará, foi o inspirador da criação, no governo de Plácido Castelo, e primeiro titular, da Secretaria de Cultura do Estado. Deixou numerosos livros, sobretudo sobre temas cearenses aos quais dedicou invulgar eficiência. Foi ainda prefeito de Fortaleza. [...] Trata-se sem dúvida de um grande desfalque para a cultura cearense o seu desaparecimento. Conforta saber que seus trabalhos irão permanecer como símbolo de tenacidade de um homem voltado para as coisas do espírito com grande contribuição ao desenvolvimento cultural do Ceará. Ficará também em nossa lembrança o cidadão exemplar e o chefe de família bem constituída a que pedimos seja comunicada do voto de pesar da Assembléia Nacional Constituinte, pelo seu falecimento". (Sessão da Assembléia Nacional Constituinte, de 25.07.1988)".


Crédito: Site Oficial

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