Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Riacho
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O Pajeú vai despejar no...Poço da Draga

"O Riacho Pajeú, já nomeado Marajaik (devido a existência das palmeiras que ali cresciam), ou riacho das palmeiras, durante a invasão Holandesa, foi posteriormente chamado de Ipojuca e Riacho da Telha, antes de ser batizado com seu nome atual. Mesmo a grafia do nome atual mudou, de Pajehú, no início do século XIX para a moderna forma adotada nos primórdios do século XX.

Hoje o nome do riacho não aparece nas representações cartográficas de maior circulação, como guias turísticos ou mesmo o Google Maps. No Plano Diretor de Fortaleza apenas alguns trechos curtos do riacho são marcados e nomeados, ficando a maior parcela do curso d’água desassistida das leis. Também o curto trecho do Parque Pajeú vem assistindo à mudança de seu nome próprio. Há alguns anos, com a adoção do espaço pela Câmara dos Dirigentes Logistas, passou a ser mais popularmente conhecida como Praça da CDL."   (Cecília Andrade - Arquiteta e urbanista)


Sempre que chove, alguns pontos da cidade vira um rio, mas o que muitas pessoas não imaginam, é que um riacho encontra-se sufocado, desmatado, impermeabilizado e em boa parte, enterrado em um jazigo de concreto. Aterraram o riacho Pajeú e hoje, a natureza só está cobrando o que é seu de direito!

“Cobertos e esquecidos, antigos cursos d’água ainda correm através da cidade, enterrados em grandes tubulações, canais primários de um sistema de drenagem subterrâneo. Seu ruído abafado pode ser ouvido sob as ruas após uma chuva pesada; eles são invisíveis, mas sua contribuição potencial às enchentes à jusante não é, todavia, diminuída, e sim, aumentada.”(Spirn, 1995)

"Em um dia de forte chuva, as memórias da cidade são ativadas. Memórias de rios, de várzeas, de mato, dos terrenos baldios e dos alagados… Aquilo que parecia uma simples lembrança distante de um córrego inofensivo, rebaixado, contido e invisibilizado, ganha com a pressão da chuva a fúria titânica de uma enxurrada.


 

O rio subterrâneo do inconsciente vence as forças que o aprisionaram num porão de concreto e irrompe na superfície. O rio recalcado retorna na forma de doença – a água podre do Pajeú é regurgitada dos bueiros, as bocas de lobo vomitam o rio e as ruas são tomadas pela enchente, lixo, ratos, baratas e toda a fauna que lhe restou.

E como acontece a cada forte chuva, reaparecem junto com o riacho as mesmas imagens de carros boiando, de ônibus-anfíbios, pessoas ilhadas em altas calçadas…"  (Cecília Andrade - Arquiteta e urbanista)





Em 1918, começaram a canalizar o rio para "ajudar" no crescimento da cidade. Esse crescimento sem limites e sem um bom planejamento, atingiu o espaço do manancial. Na administração de Lúcio Alcântara, 3.360,00 metros do Pajeú foi canalizado e seu leito modificado, seu curso desviado e sua fauna e flora perdidos. O que vemos hoje, em nada lembra o rio que observamos no mapa (primeira imagem), que abastecia a pequena vila que crescia próxima a sua margem. Como legado de sua gestão, Lúcio Alcântara entrega a 1ª etapa do Parque Pajeú, entre a rua Pinto Madeira e a Avenida DomManuel. As obras realizadas compreendiam a canalização do tipo canal aberto em pedra arrumada e canal fechado em concreto armado, o que equivale à cerca de 70% da extensão das margens do corpo hídrico.




O texto, encontrado em: FORTALEZA: Administração Lúcio Alcântara (março 1979/maio 1982), avalia ainda o resultado das obras e o "benefício" atingido, especialmente na Zona Central:

 […] notadamente nas áreas próximas ao Parque Cidade da criança, e da zona de comércio atacadista da avenida Conde D’Eu. Repercussão expressiva é o efeito obtido para a humanização da Zona Central, através da realização da obra de drenagem, integrada à implantação do Parque Pajeú e às reformas do Bosque do Paço Municipal. Altamente beneficiadas foram, também, as áreas marginais à Avenida Heráclito Graça, no trecho entre a Avenida Barão de Studart e a Rua João Cordeiro, e as áreas marginais à Rua João Carvalho, entre a Avenida Barão de Studart e Barão de Aracati. (FORTALEZA, 1982)

E comemora que infere-se ser da ordem de 31.775 habitantes a população diretamente beneficiada por esta realização, sendo a superfície drenada através destas obras de 456,70 hectares.




Os desvios do leito original que estranhamente parecem ser tão difíceis de precisar ficam esclarecidos nesse trecho:

 No trecho compreendido entre a avenida Dom Manuel e o Paço Municipal, as obras de canalização do Riacho foram feitas parte em canal aberto, de menor vazão, sobre o leito original e parte numa variante desse percurso original, em canal fechado que se desenvolveu sob trechos das Ruas 25 de Março e Costa Barros. […] (FORTALEZA, 1982)

O texto indica também que o Riacho foi desviado de seu leito original para a Avenida Alberto Nepomuceno, desenvolvendo-se em canal fechado a partir do ponto em que atinge essa Avenida até o mar, no Poço da Draga



Diante de tudo que já foi dito, não podemos deixar de mencionar o caso do Edifício Pajeú (notem a homenagem😟), da Firma Carneiro e Gentil, atual prédio do Tribunal de Contas do Estado do Ceará, inaugurado em 1949 com pompas e bênçãos. Pois bem, os proprietários  já haviam canalizado o riacho em seu lote (enterrando o rio sob bela lápide do edifício), fato lamentado pelo Engenheiro civil e sanitário Alcy Leitão em matéria no Jornal O Nordeste (LEITÃO, 1955), não pelo rio em si, mas porque tais intervenções impossibilitariam, como ficou muito claro nos dias correntes, a limpeza do fundo de vale, incorrendo em obstruções ainda mais problemáticas por não terem sido os canais calculados para a “medida justa” e resultando em alagamentos.

Com o crescimento da cidade para a Aldeota, o riacho foi sendo, como previa Leitão, sepultado em cada lote individual.

E o riacho vai sumindo gradativamente ...


No  Poço da Draga fica a desembocadura do riacho no mar: uma área alagadiça drenada por vários anéis de concreto, donde uma réstia de mangue permanece.
"Dezenas de documentos cartográficos desde o século XVII até o início do século XX apresentam claramente o traçado do riacho Pajeú. São mapas de engenheiros holandeses, franceses, portugueses, ingleses…são cartas de navegação, levantamentos para fins de exploração de minérios, localizações exatas para fins de defesas, plantas para planejamento, planos para execução de portos, projetos para expansão urbana."  (Cecília Andrade - Arquiteta e urbanista)



"Até os primeiros anos do século passado, os documentos mostram claramente o ponto em que o corpo d’água, hoje canalizado e escondido, faz uma inflexão à esquerda, após a quadra onde hoje se encontra edificado o Mercado Central, passando em frente ao Fortede Nossa Senhora da Assunção e depois correndo em direção norte até a foz. É de se notar que nos mapas mais antigos o Forte era banhado pelo oceano e que a área onde se encontram hoje tanto a INACE quanto a comunidade do Poço da Draga foram conquistadas do mar durante algumas décadas.


Por outro lado, os mapas da segunda metade do século passado tratam de não representar o percurso completo do riacho, que já estava canalizado, e, em alguns pontos, subterrâneo. Eles silenciam o riacho em prol do desenvolvimento urbano. Assim, gradativamente o Pajeú desaparece nos mapas recentes. Desaparece das imagens dos mapas. Desaparece do imaginário. O riacho que até além de 1850 era essencial a manutenção da vida na cidade, durante o século passado vai sendo convertido em uma cloaca máxima."  (Cecília Andrade - Arquiteta e urbanista)





"Já há algum tempo, alguns peritos, principalmente dos órgãos públicos e escritórios de planejamento, relatam uma certa controvérsia a respeito do trajeto e da localização da foz do riacho Pajeú. Essa controvérsia se deveria a falta de documentação para fundamentar qualquer alegação precisa em posse do Estado ou Município. Outros peritos ou intelectuais específicos vêm defender, com base num “rastro de vegetação”, a existência de um braço do Pajeú à direita da Av.Alberto Nepomuceno, de forma contrária a toda a documentação cartográfica ainda existente.





Se aceitarmos que o riacho mudou seu curso, podemos indagar que força geológica silenciosa e extraordinária poderia alterar a inflexão do riacho drasticamente em algumas décadas: segundo a teoria do Antropoceno, a era geológica atual seria caracterizada pelas modificações talvez irreversíveis que o homem provoca ao meio. (Cecília Andrade - Arquiteta e urbanista)

A INACE possui mapas antigos que apontam do estuário do Pajeú. É possível observar  a canalização que mudou o curso dessa foz para a continuação da Av. Alberto Nepomuceno, mais de cem metros à direita do trajeto natural do leito do riacho, bem no centro da planta da indústria e condizente com o mapa de drenagem da cidade de 1992. O "outro braço" do rio passa dentro da comunidade do Poço da Draga,  a 500 metros do leito original e escoa para o mar, por baixo de um dos galpões da empresa.
O riacho mudou-se completamente para o território da comunidade, baseado nesse novo discurso de verdade, ignorando quase quatro séculos de documentos.


Créditos: Cecília Andrade (Arquiteta e urbanista, mestranda em Artes pelo PPGArtes – UFC), Anne Whistorn Spirn - O Jardim de Granito. A natureza no desenho da cidade.
Tradução de Paulo Renato Mesquita Pellegrino. São Paulo: Edusp, 1995, Livro O Siara na rota dos Neerlandeses, de J. Terto de Amorim. Disponível
AQUI.

sábado, 17 de novembro de 2012

Riacho Jacarecanga - Antigo Timbó


Álbum Vistas do Ceará 1908

O riacho Jacarecanga nasce (segundo Decreto n°15274 de 25 de maio de 1982) nas proximidades do cruzamento da Avenida Bezerra de Menezes com a Rua 14 de Abril, local onde acaba o Rio Pajeú e sua foz localiza-se na Praia do Kartódromo

Avenida Bezerra de Menezes

Por volta da década de 80, o riacho Jacarecanga tornou-se de grande importância na região por localizar-se em um bairro Nobre. Ele era considerado uma área de lazer do Bairro Jacarecanga de Fortaleza, onde as pessoas aproveitavam a limpidez do riacho e tomavam banhos refrescantes em dias ensolarados. Aproveitava-se o riacho para a prática de pesca de peixes ornamentais e entretenimento dos moradores. 

Em 1915, devido a seca no sertão nordestino, registrou-se a grande migração de sertanejos do interior do Ceará para a capital em busca de melhor qualidade de vida. A migração prejudicou o crescimento ordenado da cidade, favorecendo o aparecimento de moradias irregulares. Com isso, pessoas de condições socioeconômicas desfavoráveis começaram a ocupar as proximidades do bairro Jacarecanga, deslocando a elite para o bairro Aldeota

Nessa época, a praia era conhecida como Praia do Kartódromo

A praia lotada...e essa areia vermelha... Essa é a praia da Leste (ou Praia do Jacarecanga) e a areia vermelha (piçara) era o aterro feito na construção da Av. Leste Oeste. Nessa época não tinha ainda as barracas e nem o péssimo cheiro da estação de tratamento da Cagece.

No final da década de 1980 e início da década de 1990, instalou-se na Praia do Jacarecanga (Leste-Oeste) uma Estação de Tratamento de Esgotos. Logo, esses acontecimentos influenciaram bastante para que houvesse uma grande desvalorização do bairro, com a instalação definitiva de uma população de menor poder aquisitivo e escolaridade, além da desassistência pelos órgãos público-governamentais. 
A partir de então, residia no local não mais a elite, mas os pobres que não reconheciam seus direitos perante o governo e que assim não reivindicavam as condições básicas de vida como, por exemplo, o saneamento básico da referida área. Deu-se início aos depósitos de entulho no leito do riacho e esgotos clandestinos com desembocadura no córrego em questão.

O riacho Jacarecanga foi sendo degradado ambientalmente. A mata ciliar desmatada para ocupação das moradias irregulares, que em tempos chuvosos, eram inundadas, facilitou o assoreamento do seu leito, eutrofização das águas do riacho e a proliferação de vetores como insetos, ratos e caramujos, responsáveis por riscos à saúde humana.

Lagoa (riacho) Jacarecanga em foto do Álbum Vistas do Ceará 1908.

A foz do riacho Jacarecanga, que antigamente chamava-se Timbó, já era registrado pelos holandeses, quando estes estiveram no Ceará (Mapa de Fortaleza de 1649).

Às margens esquerda e foz deste foi construído em 1749 uma fortificação militar Reduto de Jacarecanga*, neste mesmo local nos dias de hoje localiza-se a Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará.
Com a expansão territorial de Fortaleza no século XIX, as margens do riacho Jacarecanga começa a ser consolidada como um bairro com casas de veraneio e igrejas ou conventos, como o Instituto Bom Pastor.

Localizado em parte na Avenida Francisco Sá, nas proximidades do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros, o riacho Jacarecanga apresenta-se como uma grande fonte histórica para o bairro que lhe dera nome.
Durante várias décadas, o riacho Jacarecanga apresentou-se como uma rica fonte de sustento para a população do bairro, que pescavam em abundância os peixes das mais variadas espécies, algumas delas ornamentais. O riacho também foi uma área de lazer para os moradores que diariamente banhavam-se em suas águas.
Entretanto, ao iniciar-se o século XX, com a situação apresentada no Ceará, em virtude das migrações de povos do interior, o riacho acabou por ter suas margens indevidamente ocupadas por construções irregulares. Tal ocupação resultou em um processo negativo, uma vez que a mata ciliar que dava proteção fora desmatada, deixando as condições estruturais do solo em um índice de tal fragilidade que formou-se blocos de terra no leito do riacho, levando a uma gradual diminuição do nível das águas.
Não só esse processo levou a uma deterioração do riacho, o acúmulo de dejetos produzidos pelos migrantes as margens do riacho foi aumentando de tal forma que acabaram sendo carregados juntamente com os deslizamentos de terra, depositando-se nas águas do riacho e acarretando, consequentemente, um processo contaminativo das águas.

Foto Sbpcnet.org

Hoje o riacho passa por uma acentuada degradação ambiental, está com o seu leito muito poluído, suas margens estão cobertas por entulhos, exala um odor muito forte, provocado pelo lançamento de esgotos, dentre outros problemas. O riacho Jacarecanga apresenta-se como uma fonte de depósito de resíduos dos mais diferentes tipos: orgânicos, plásticos, domésticos, etc.
O riacho tem uma extensão de 2,02 km. Há um índice de contaminação de 16000 coliformes fecais (micro-organismos presentes em águas contaminadas) por 100 ml (TONIATTI, Mariana – O POVO online).

Crédito da foto: http://connepi.ifal.edu.br

A população que mora ao redor do riacho reclama muito porque os órgãos públicos não realizam obras de revitalização do córrego em questão, o que seria de extrema importância para melhorar as condições de vida da área em estudo. Contudo, a própria população ainda persiste nos hábitos de depositar lixo doméstico nas margens, escoar seus esgotos para o leito do riacho, desmatar a mata ciliar, realizar queimadas de lixo, dentre outros.

Atualmente, o riacho poderia até ser um local de lazer para a população, servindo inclusive como fonte de renda para alguns, mas devido às ações contínuas de degradação ambiental,
decorrentes de ações antrópicas irresponsáveis, foi mais um exemplo claro do desrespeito e desvalorização ao meio ambiente.
No riacho Jacarecanga o descaso ambiental assumiu patamares alarmantes. Há uma grande quantidade de lixo nas margens e águas do riacho.

Esgoto doméstico despejado no leito do Riacho Jacarecanga - Crédito da foto: Connepi2009

Segundo comentários da reportagem realizada pelo jornal Diário do Nordeste em 27 de Dezembro de 2007  "Com os canais e riachos cheios de lixo, a chegada das chuvas é um alerta para a população e para o poder público. Diversos mananciais da Cidade, em áreas onde é comum acontecer inundações e alagamentos, estão tomadas por lixo, vegetação e entulho. A pior situação, no entanto, acontece no riacho Jacarecanga, com tanto lixo que a quantidade de água que circula não é suficiente para escoá-lo". 

Os moradores da região são responsáveis pela maior parte dos resíduos encontrados no local. Entretanto, constata-se que os moradores vivem um paradoxo, pois justificam suas ações afirmando que a falta de coleta de lixo e a carência financeira os levam a jogar seus detritos nas margens do riacho e até mesmo dentro de seu leito, ao mesmo tempo em que afirmam a importância da conservação das condições da qualidade de vida de todas as espécies da área do riacho. A população torna-se responsável direto pela situação que se encontra atualmente o querido riacho Jacarecanga.

*O Reduto de Jacarecanga, incorretamente grafado por BARRETO (1958) como Reduto de Jarecamara, localizava-se em Jacarecanga.
É uma estrutura citada por BARRETTO, que informa tratar-se de fortificação existindo em 1749, artilhada com duas peças.
Posteriormente, instalou-se no bairro da Prainha a recém-criada Companhia de Aprendizes-Marinheiros, em 26 de novembro de 1864. Em 1 de Outubro de 1908, mudou-se para o bairro de Jacarecanga, onde permanece até hoje.



Impactos ambientais no riacho Jacarecanga e a importância da educação ambiental dos Ribeirinhos - Referências Bibliográficas:  
BRASIL, Resolução nº 32, de 15 de outubro de 2003. Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
BRASIL, Decreto n°15274 de 25 de maio de 1982. Disponível em - www.semace.ce.gov.br. Acessado em 30/07/2009 
D’ABRONZO, Giuliano Pereira. A importância da água. Disponível em www.tribunatp.com.br. Acessado 
em 7/07/2009 
DACOSTA, Ana Carolina Oliveira.  Desperdício de água cresce. Disponível em www.recantodasletras.com.br. Acessado em 27/07/2009 
GOBBET, Cassiano.  Água contaminada. Disponível em  www.ambientebrasil.com. Acessado em 2 de 
agosto de 2009 
SALES, José.  Inventário ambiental, comentário do Caderno CIDADE, do jornal Diário do Nordeste. 
Disponível em www.inventarioambientalfortaleza.blogspot.com. Acessado em 7/07/2009
TONIATTI, Mariana. Ciência e Saúde. Disponível em www.opovo.com.br. Acessado em 7/07/2009. 

domingo, 31 de maio de 2009

Jacarecanga merece...



Jacarecanga é um bairro do município de Fortaleza, ao oeste do centro da cidade. A principal atração natural deste é o Riacho Jacarecanga. À margem esquerda e boca deste foi construído em 1749 uma fortificação militar Reduto de Jacarecanga, neste mesmo local nos dias de hoje localiza-se a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará.
Com a expansão territorial de Fortaleza no século XIX, as margens do riacho Jacarecanga começa a ser consolidada e aqui em 1845, foi instalado o terceiro colégio mais antigo do Brasil, o Liceu do Ceará. No bairro localiza-se o Cemitério São João Batista (Fortaleza), o qual foi construído em 1866. Este bairro ainda sedia o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará e Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. Das primeiras décadas até as décadas de 40 do século XX, o Jacarecanga viveu o seu apogeu, quando este era o bairro da elite de Fortaleza. Porém com a mudança da elite para a Aldeota e com a construção da estação de tratamento de esgotos na praia do Jacarecanga, este bairro sofreu uma grande desvalorização.
Bairro muito católico, abriga várias instituições religiosas: Instituto Bom Pastor, Capela das Filhas de Sant'Ana Rosa Gatorno, Igreja dos Navegantes(foto acima) e a Igreja de São Francisco de Assis.



O Cemitério São João Batista foi inaugurado no dia 5 de abril de 1866 para substituir o Cemitério de São Casemiro que ficava no local onde está construída a Estação João Felipe. Seu fechamento foi determinado em virtude do terreno sofrer influência de dunas móveis e por ficar próximo do núcleo urbano de então. Em 1880 foram exumados do cemitério São Casemiro os restos de pessoas ilustres como Pessoa Anta e Padre Mororó e transferidos para a cemitério São João Batista. O cemitério é administrado pela Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e tem uma área total de 95 mil m².

Quem sai da praça do Liceu e se dirige ao cemitério São João Batista, Igreja dos Navegantes ou Escola de Aprendizes Marinheiros ou, ainda, à praia, certamente ficará na posição em que ficaram os fotógrafos tanto da foto antiga como da atual.

Na foto velha, que data do final da década de 40, vemos como era o bairro de Jacarecanga na época, com suas mansões, seus bangalôs, equivalendo à Aldeota. A primeira casa que vemos pertenceu ao secretário do governo do Estado, Brasil Pinheiro, seguindo-se a de Stênio Gomes e outros. O governador, na época interventor federal, era Francisco de Menezes Pimentel. Outros bangalôs podem ser vistos à distância.




A foto atual, fruto da objetiva de Osmar Onofre, foi tirada do mesmo ângulo, embora pareça de outro pela posição do meio-fio da calçada da direita, mas é que a calçada atual é mais larga que a antiga.; a casa que foi de Brasil Pinheiro ainda está lá, da mesma forma, com alteração apenas no muro da frente. As casas que se seguem também sofreram pouca alteração, a não ser na vizinhança, pois existem construções novas entre elas. Note-se que a casa que foi de Stênio Gomes da Silva sofreu visíveis alterações, tendo sido retirado o telhado de beira-e-bica de quatro faces. Outras alterações na foto atual são a presença do asfalto na pavimentação, a pintura do meio-fio que hoje é caiado, a ausência dos fios, postes e trilhos dos bondes. A região, mesmo na época dos bondes, foi servida pelos ônibus de Oscar Pedreira.



Créditos: Fred Guilhon e pesquisas na internet

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