Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Av. Filomeno Gomes
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



Mostrando postagens com marcador Av. Filomeno Gomes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Av. Filomeno Gomes. Mostrar todas as postagens

domingo, 6 de novembro de 2016

Jacarecanga - Até seu solo faz história



PRÉ-HISTÓRIA DA VILA SÃO JOSÉ NO JACARECANGA 

A mata verde e viçosa ornamentada pelo espetacular voo da garça branca era cortada pelas límpidas águas do Rio Jacarecanga, que descendo como afluente das Serras de Pacatuba e Maranguape, ia desaguar na praia do Pirambu, nas terras que pertenceriam aos Moraes Correia. A única interferência do curso destas águas era um morro que, topograficamente localizado segundo manuscritos do Ceará Colonial, em local onde passa a Via férrea. Lenda ou não, a Sesmaria levou o nome de Jacarecanga de onde se extrai Jacaré + Canga= Cabeça de Jacaré, do Tupy Guarani. A história ou estória narra que os indígenas faziam canoagem ou a nado, diziam: “Vamos para a cabeça do Jacaré”, que era o morrinho no centro das águas. O liquido precioso era volumoso e profundo, com perfeitas condições para caça e pesca.

Avenida Francisco Sá

Largo do Jacarecanga - Praça Gustavo Barroso (Do Liceu)

A vegetação era do tipo flora alimentícia. Acredita-se que os indígenas remanescentes de Jacaúna plantavam lavoura de sobrevivência. O manguezal, cajueiros, Oiticica, Juazeiro, pé de mamão, graviolas e o pastoreio (animais de serviço como cavalo, jumento não fazem parte da fauna brasileira). A partir de 1700, começaram as invasões e aí a história tomou outro rumo, aí sim apareceu animais de serviço e domésticos. Os nativos ou viravam escravos ou eram exterminados pelos famigerados exploradores (não chamo de colonizadores). A primeira coisa que fizeram foi recrutar via escravidão, os indefesos contra armas de fogo para trabalhos forçados. Aí o meio ambiente começou a sofrer impacto ambiental. A primeira via construída no Jacarecanga Colonial, foi a carroçável Estrada do Jacarecanga ligando o litoral a uma primitiva Taba que, após ser destruída como se fosse uma espécie de quilombo, se chamaria Largo do Jacarecanga (hoje a Praça Gustavo Barroso, do Liceu). Lá começou a se estabelecer as famílias de posse. Depois, os ancestrais do Coronel Antônio Joaquim Carvalho se empolgaram e abriram também com mão de obra escrava outra artéria ligando suas terras também a esse Point da Nobreza. Era a Estrada do Urubu, que fora aproveitada a partir de 1815 para as construções dos Lazaretos de Jacarecanga e Lagoa Funda. É atualmente a Avenida Francisco Sá. Esse foi nos primórdios o primeiro atravessamento que sofreu o Rio Jacarecanga, com a presença de alvarengas para oferecer condições de travessia de carroças e charretes, e o cocheiro que se virasse, pois, o Coronel nem se mexia. A história remota assim.

 
Avenida Filomeno Gomes

Avenida Francisco Sá

O Jacarecanga foi explorado e a posteriori provou que sempre existiu a Aristocracia e o Proletariado. Vocês já repararam que os casarões da Avenida Philomeno Gomes e Francisco Sá já respiraram ar de Belle Époque? Assim como existe duas Fortalezas, existem dois Jacarecangas. O tempo tem resposta pra tudo, mas foi o Rio que fez com que percebêssemos tudo isso. A parte alta é a lembrada, porque somos quando estamos. O Coronel Philomeno Gomes adquiriu essas terras no primeiro quartel do século XX. Homem visionário, apesar de rígido com seus subalternos, construiu a Fábrica Gomes & Cia Ltda em concomitância com a Vila operária. A Usina São José na parte alta e a Vila na baixa, cujas conclusões datam de 1926. Agora, convém salientar de que originalmente a Vilazinha não era essa que lá está. A Vila São José no exordial era umas casas formando um L, ou seja, as Ruas Maria Estela e Isabel. Ficou muita vegetação nativa, com uma arborização impressionante. O lençol freático era cristalino e tinha um chafariz (o primeiro) onde em 1917 passaria a Linha Férrea de Sobral; Tão bom era o liquido, que recebeu o batismo de “Poço de São Jacó”. Com a urbanização da cidade que ainda hoje avança numa velocidade tremenda, o Rio Jacarecanga foi estreitando devido a perca de volume d’água e depois veio à poluição, sendo complementada em 1934 com uma ponte sobre o Riacho pela Avenida de 5 de Julho (Francisco Sá) e aí veio o descalabro. O frescor da natureza foi sendo reduzido.

 Fábrica São José

 Escola de Aprendizes Marinheiros

 Jacarecanga e a Escola de Aprendizes Marinheiros nos anos 50. IBGE

A Escola de Aprendizes Marinheiros de nossa Marinha do Brasil já havia chegado em 1908, ocupando o terreno do Curtume do agropecuarista Francisco Lorda e, o matagal da parte baixa ao oeste do Rio foi ocupado com residências. O Coronel Philomeno mandara construir em 1946 um segundo lote de casas, e foi nesta fase de construção que com mão de obra não qualificada, MEU SAUDOSO PAI VALDEMAR ALVES DE LIMA, matuto do Município de Jucás, semialfabetizado, nascido no Sítio Peixe em 1924 lá chegou. A Vila São José é assentada sobre a maior riqueza ecológica da Fortaleza Colonial. Vegetação nativa, lavoura de sobrevivência, comunidade pacífica e água à vontade.
 

"Jacarecanga, Jacarecanga um Rio que fez o Bairro nunca mudar de nome. Até seu solo faz história. Lá está a minha Vila São José, embora mutilada, mas ninguém pode negar seu passado. É meu berço."

Assis Lima


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Relembrando as tertúlias da Vila São José – Jacarecanga



A dança caracteriza-se pelo uso do corpo seguindo movimentos previamente estabelecidos (coreografia) ou improvisados (dança livre). Na maior parte dos casos, a dança, com passos ritmados ao som e compasso de música e envolve a expressão de sentimentos potenciados por ela. A dança é uma das três principais artes cênicas da antiguidade, ao lado do teatro e da música. No antigo Egito já se realizava as chamadas danças astro-teológicas em homenagem a Osíris. Na Grécia, a dança era frequentemente vinculada aos jogos, em especial aos olímpicos. Pois bem, duas coisas são indeléveis no curso de nossa vida. Essas gravações devem-se as energias sensitivas da audição e do olfato. Traduzindo são coisas marcantes: Perfume e música, em que eu evoco uma combinação feliz do maior brega/chique do Brasil Waldick Soriano, quando gravou a música “Perfume de Gardênia”. 


Mas vamos lá. O bom é que na época das tertúlias, as moças e os rapazes se afinavam e dançavam até, por todo o tempo pela combinação de essências. Muitos se queixavam de rejeição ao convidar uma menina, mas tinha lógica, o cabra usava perfume feminino e a pessoa se sentia como se estivesse com alguém do mesmo sexo. Mulher também não deve usar fragrância masculina. Sabiam que isso funciona no psicológico? Agora, não existia nesses bons tempos nada de marcas famosas tais como hoje, com fragrâncias passando da casa dos R$ 100 (Cem reais). Apesar de eu me esforçar pelo meu Malbec, anos atrás, pelo menos minha loção pós-barba era leite de colônia, e o creme de cabelo era o Trim. É o novo! As calças eram boca de sino, blusão por dentro, e o medalhão só perdia para o Erasmo Carlos. Não se fumava dentro do recinto onde a luz negra tornava a sala um escurinho de cinema. Quem quisesse acender seu Hollywood, Minister, Albany, Charm, Marlboro, Consul, Camel Filters (o mais caro) ou até mesmo o Continental, deveria sair para a calçada e após o uso, chupava Piper ou azedinho para mudar o hálito. 




Caramelo do Zorro e Negrito eram chocolates e pregavam nos dentes. Chicletes Adams, Ping Pong, Ploc... O Manuel Pé Cagado levou um spray para se amostrar, e a válvula estourou quase cegando uma menina, e tome vaia. As casas mais tradicionais em cederem espaço para as tertúlias era a residência do Tutuca (Elenilson), da amiga Ilná e a Tayse que já ficava na Avenida Francisco Sá olhando para o Saps. Tayse era namorada do Magão que morava na casa do Artur, zagueiro do Ceará Sporting Clube na época (1973), rua Coronel Philomeno Gomes nº 26. 
A publicidade da tertúlia era notória, pois, o anfitrião saía nas casas solicitando por empréstimo, discos de vinil. Portanto era nossa parceria, bem como ficar próximo da vitrola para ficar virando e sequenciando as músicas. Como a dança era de cerca de três horas, nunca uma música era repetida. Na rua já ouvíamos Roberto Carlos: “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, “A Distância”, “Maior que meu Amor” ,“Amada Amante”; Os Pholhas: “I Never Did Before” (Nunca Fiz Antes); Roberta Flack: “Killing Me Softly” (Me Matando Suavemente); Stevie Wonder: “You Are Sunshine Of My Life” (Você é forte luz em Minha Vida); Demis Roussos: “Forever And Ever” ( Sempre pra sempre); The Fevers: “Mar de Rosa”, “Vivo a Sonhar com Você”, “Ninguém Vive sem amor”. Tinha também músicas eróticas como “Theme Love Airport”  (Tema romântico do Aeroporto) com Vicente Bell; “Nuvens, Amar Sonhar Sofrer”, JET´AILME... mol non Plus Erótico (Eu Te Amo em francês) e por ai ia... Todos os bailes da Vila São José eram na própria vila, com exceção do Carnaval e Natal que era no Clubinho Marcílio Dias, na Avenida Philomeno Gomes, por detrás do Cemitério São João Batista, depois do muro da Fábrica de tecidos
Quem é que queria saber e, também não podíamos! Náutico Atlético Cearense, Maguary, Diários, AABB, Clube de Regatas nem mesmo os clubes suburbanos que desapareceram, como podemos citar: O Uberlândia no Padre Andrade, Secai no Pirambu, Carlito Pamplona na Avenida Pasteur, Grêmio Recreativo dos Ferroviários na Francisco Sá, Internacional no Monte Castelo, Romeu Martins no Montese e o de Antônio Bezerra. Não, todos ficavam na Vila São José, porque aquele pedacinho tinha tudo de bom!



No escurinho, a gente combinava para chocar um casal com outro.  Se a jovem esboçasse desconforto, ficava como estava, mas do contrário a quentura do corpo (pinar mesmo) tornava mais gostosa a dança. Eram assim as tertúlias. A única despesa que tínhamos era quando o calor se intensificava e nos dirigíamos ao Bar do Chico Lima e/ou do Seu Telles para comprar refrigerantes como Blimp (sabor Limão), Crush (Laranja de verdade) e Grapette (Quem bebe repete). Os dois incidentes de que eu me recordo, foi na casa de um em que a Conefor (atual Coelce) no dia da festa cortou a luz pela parte da tarde. Nada se podia fazer porque era sábado. No outro incidente que também não vou mencionar o nome, foram fazer festa e nos deixaram de lado, trazendo gente estranha, querendo serem os "Reis da Cocada Preta". Fomos ao jardim do Seu Panchico e tiramos todas as pimentas malaguetas de seu jardim/hortaliça. À noite ao chegarmos na festa sem convite, discretamente soltamos pimenta ao chão. Daí começou a espirradeira e coceiras nos olhos e a festa acabou. Então veio a colheita desta travessura de mau gosto. Seu Panchico foi ao Padre Mirton Lavor, pároco da Igreja dos Navegantes e cabuetou (A brasileira) essa travessura. No sermão de sábado à tarde, ele baixou o Pau dizendo que “quem entrasse nos jardins alheios sem permissão, era ladrão e salteador”. Todos baixamos as cabeças. Aí os tertulianos ficaram bonzinhos. Quem achou ruim foram algumas meninas sapequinhas, mas nós que levamos o arregaço do sacerdote, passamos a obedecer ao para-choque de caminhão: dançando “mantendo a distancia”.  Depois as Tertúlias foram substituídas pelas discotecas e deu advento ao Rock não prestando mais... Por isso digo que 1º de novembro é o dia dos homens: “Dia de todos os santos”. kkkkkkkkkk

Bônus:

O Milionário com os incríveis não podia faltar!!! :)
Foi lançada em 1969 mas foi até o fim das tertúlias nos anos 80.

Leia também:

Vila São José - Jacarecanga


Colaborador: Assis Lima

Ex-Ferroviário, Assis Lima é radialista e jornalista.
Idealizou e mantêm o Blog Tempos do rádio


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Meu baú de Memórias - Família Nobre


Hoje vou abrir o baú de memórias da família, eita nostalgia que não me larga! rs


Essas fotografias de 1ª comunhão eram muito comum nos anos 50/60. 
Meu pai (Marcos Nobre) e meu tio Carlão.

Essa é uma relíquia!!! Olha a calça do meu pai (sentado no portão)!  kkkkkk :D
Família Nobre reunida: pai, tios, primos e avó. Essa casa fica na Avenida Filomeno Gomes (Jacarecanga) e a foto é dos anos 70.

Praia do Futuro em meados dos anos 70. Meu primo e minha tia.

Família na Praia do Futuro em 1972. Devia ser bom demais nessa época, mas eu não era nascida ainda.¬¬


Praia do Futuro em 1972. Fusquinhas eram febre! rsrs

Praia do Futuro em 1972


Praia do Futuro em 1972. Nos anos 80, eu ainda alcancei esse tipo de barraca rústica. rsrs

Praia do Futuro em 1972

Praia do Futuro em 1972

Praia do Futuro em meados dos anos 70. 
Esse meu primo até hoje é hilário, só fez crescer! kkkkkkkkkkkkk

O patriarca da família, meu avô e meus primos Renata e Ricardo Jr na Praia da 
Leste-Oeste na década de 70.

Renatinha na Praia da Leste na década de 70

Casa no Jacarecanga, em frente a Praça do Liceu nos anos 70.
 
Ricardo e Cesinha. 
Essa casa ainda está lá, mas com a fachada modificada. 
Ao fundo, o prédio do Liceu do Ceará nos anos 70.

Agora é possível apreciar melhor o prédio do Liceu e o detalhe do muro, tudo muito lindo, especialmente meus primos, claro! rs

Época boa, onde era possível brincar tranquilamente o Carnaval nos Clubes da cidade... Esse foi no Clube da AABB no início dos anos 80. Minha prima Ana, mamãe toda linda, vó Eneide, meu paizinho querido, que já não está mais com a gente :( e minha tia que amo muito, Gláucia. Aliás, ela sempre foi mais uma amiga que mesmo uma tia, sempre tivemos conversas maravilhosas de amiga para amiga, incrível! rsrs :D

Eu e meu irmão no início dos anos 80 na Água Fria

Paizinho era contador na Dinel. Foto de outubro de 1980

Carnaval de 1984 na AABB. Eu, Hudson (amigo), meu irmão Marcos Jr e atrás minha tia e minha vó.

Meu pai e meu irmão em frente a Praça Gustavo Barroso em 1987

Meus pais em frente a Praça Gustavo Barroso em 1987

Minha prima Renata na Praia do Futuro em agosto de 1990.

Carnaval infantil do Náutico Atlético Cearense em 1991. 

Foto de meados dos anos 90. Vemos meu irmão querido, meu tio, minha saudosa vó e minha prima linda.

Praia do Meireles em janeiro de 1996, vendo-se o Sorvetão ao fundo.


Agradecimento especial: Marcel Nobre

Se você quiser participar do nosso Baú de Memórias, mande suas fotos para: fortalezanobre@gmail.com
Lembrando que as fotos precisam ter nossa Fortaleza como plano de fundo! ;)



NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: