Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Usina Evereste
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terça-feira, 22 de setembro de 2015

O “r” do erro - Por Geraldo Duarte


Lembro-me de seu Batista. Amulatado, vesgo, alto e franzino.

Também guardo na memória a festa realizada em sua residência, comemorativa do tempo de serviço para o ingresso na aposentadoria.

Familiares, amigos e vizinhos cumprimentavam o soldador empregado da antiga Usina Evereste.

Proprietários da empresa compareceram e agraciaram o trabalhador com um relógio de pulso e um radiorreceptor, depois de discursos enaltecedores de seus préstimos dedicados à indústria.


Antiga Usina Evereste - Foto de Cláudio Oliveira

No dia imediato, alegre, destinou-se ao extinto Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários com o comunicado da fábrica, para à efetivação da inatividade.

Vencidas horas de espera, fato já comum naquela época, foi encaminhado à meia dúzia de funcionários. O documento que portava era carimbado, datado e rubricado por cada um deles. O último forneceu-lhe cartão-protocolo e orientou-lhe retornar após dois meses, tempo do processo voltar da presidência do Instituto, no Distrito Federal, com a expedição do ato oficial.


Antiga Usina Evereste - Foto de Cláudio Oliveira

Portão da antiga Usina Evereste - Foto de Cláudio Oliveira

Em período maior tal ocorreu e o servidor, ao entregar-lhe o documento de aposentado, verificou um erro. Ao invés de “soldador”, veio grafado “soldado”. Faltava a letra “r”. O agente público indicou-lhe o setor especializado na correção, “pois o IAPI¹ não aposenta militar e o engano poderia dar um processo.”.

No guichê indicado, Batista ouviu o atendente dizer a outro segurado que retificação documental não tinha prazo determinado. Às vezes, necessitava recorrer ao Judiciário.

Saiu à francesa, guardou o papel com a profissão de “soldado”, sem jamais haver pisado num quartel, e isso nunca lhe causou problema.


Texto do amigo e colaborador: Geraldo Duarte 
(Advogado, administrador e dicionarista).



¹ Em 02 de janeiro de 1938, instala-se, no Edifício Lopes, na Rua Barão do Rio Branco nº 795, o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários - IAPI, que tem à frente o jornalista Gilberto Câmara. Fonte: Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo.

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