Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Couto Fernandes
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sábado, 24 de novembro de 2012

Bairro Couto Fernandes - Muitas histórias na linha do trem


Viaduto na Avenida José Bastos. "Esse viaduto não existe mais... Tem um novo no lugar ainda sem uso... É quase a divisa entra Rua Carapinima e Av. José Bastos. Sobre esse viaduto passava o trem. Mais a frente hoje tem o shopping Benfica e ao lado direito, temos o Hospital Myra e Lopez. A foto data de 1977, ano da inauguração do viaduto, mas deve ter sido alguns meses depois, pois já está poluído visualmente." Nirez 


Em 1º de agosto de 1940, inaugura-se a Estação Ferroviária do Km 8, a 7.166 metros da Estação Central.
Posteriormente denominou-se Estação Ferroviária Couto Fernandes, homenagem ao engenheiro Henrique Eduardo Couto Fernandes.

Antes, o trem. Hoje, o Metrô de Fortaleza. Aqueles que moram no bairro Couto Fernandes, nas proximidades da Rua Ceará com a Tamoios, nem tentam esconder a íntima relação com o transporte ferroviário. Afinal, durante anos, desde 1940, quando foi inaugurada, a 2009, ao ser demolida para o metrô passar, a Estação Couto Fernandes esteve presente no dia-a-dia dos cearenses, que acompanharam inclusive mudanças na sua estrutura original, em 1980.


Usina de tratamento de dormentes, hoje desativada, da RFFSA em funcionamento nos anos 1970 junto à estação de Couto Fernandes (Acervo Estações Ferroviárias).

A relação com os trilhos é tamanha que o bairro, como lembram os moradores, era conhecido por "Quilômetro 8", por conta de ser essa a distância da Couto Fernandes à Estação João Felipe, no Centro. Isso, diga-se de passagem, sendo o nome oficial dele uma referência ao engenheiro maranhense Henrique Eduardo Couto Fernandes, que foi inspetor de estradas de ferro e administrador da Rede de Viação Cearense (RVC), entre os anos de 1915 e 1922.

Fotógrafo Francisco Edson Gurgel de Aguiar na entrada, assim q se atravessa a Avenida José Bastos, vindo do Pan Americano. Ao longe vemos o ônibus Couto Fernandes. Década de 50/60

Em 03 de agosto de 1955, a estação ferroviária do Quilômetro Oito passa a denominar-se Couto Fernandes, em homenagem ao engenheiro Henrique Eduardo Couto Fernandes.

Mesmo após tantos anos, as lembranças de "um tempo bom" de surf no trem, idas e vindas ao Interior, festas próximas à estação e até namoros estão na memória de moradores como o carpinteiro Josimar Alexandre, o "Paraibano", de 66 anos. Segundo ele, que há 34 anos veio da Paraíba para o bairro, a rotina de tempos atrás era de vendas de churrasquinho e laranjas no Clube dos Ferroviários e de dança no clubes Romeu Martim e Cotó Edifício. "Ia para os clubes ganhar dinheiro. Fazia um sucesso enorme o churrasco com a laranja descascada", recorda.

Antigo trem suburbano da RFFSA passa com os "surfistas ferroviários" próximo à estação de Couto Fernandes, por volta de 1984 (Acervo MIS - Museu da Imagem e do Som do Ceará). 

Por sinal, ressalta, o seu casamento, que perdura há 42 anos, foi possível graças à estação. Sua esposa, na época, era agente de transporte da Couto Fernandes. "Conheci a mulher nas idas ao local. Gostava da estação, mas gostava mesmo era dela", lembra. Assim como ele, a comerciante Maria do Carmo Barros da Silva, 61 anos, refere-se a andar de trem como um tempo "divertido". Moradora do bairro desde os 17 anos, Maria não esquece das possibilidades de deslocamento.

Como explica, bastava chegar à estação para que idas a outros bairros e a cidades do Interior fossem possíveis de forma agradável e rápida. "Gostava demais de andar de trem. Hoje, quase não saio daqui porque não consigo andar de ônibus. Tomo remédio para nervos e pressão e não consigo ficar em ônibus porque são muito lotados. Espero que, com o metrô, volte a andar nos trilhos", compartilha.

Demolida em 2009, para a construção do metrô de Fortaleza, a estação com o nome do bairro deixou lembranças.  Foto de José Leomar

É o que também espera o autônomo Antônio Jerônimo Soares, 65 anos, que há 34 mora na casa 5.280, nas margens do que era o trilho. Na sua opinião, a convivência com o trem foi boa. Porém, nada de ter saudades. Agora, defende, a ideia é aproveitar o que o presente oferece. "O trem esteve aí para quem quis. Facilitava o transporte. Faz falta enquanto o metrô não começa a funcionar. No entanto, não tenho saudade, porque agora é a vez do metrô".

Hoje, o espaço por onde passavam os trilhos abriga a sustentação do metrô de Fortaleza. Para os moradores, o tempo de viagens e festas deixou saudades em um dos menores bairros da Capital. Foto de José Leomar

Por possuir apenas 35,60 hectares, o bairro é considerado pequeno diante de tantos outros de Fortaleza. Por isso mesmo, muitos vizinhos e moradores se conhecem há anos. O que torna, para muitos, um lugar tranquilo para se viver e formar famílias. Como boa parte dos moradores é bastante antigo no bairro, a amizade entre os vizinhos é uma característica forte, assim como a lembrança dos bons tempos.

Foto de José Leomar

Apesar de ser considerado um bairro calmo, o lugar oferece vários problemas de infraestrutura. Não há espaço apropriado para o lazer, seja de crianças ou adultos. Além disso, é possível sentir o mau cheiro, ao andar pelas ruas, pois, em vários trechos, há esgoto no meio das vias. Por outro lado, no trecho onde ficavam os trilhos, não há asfalto ou calçamento, gerando poeira nas casas e alergias.

Na Praça dos Idosos, já na Av. José Bastos, o acúmulo de lixo toma conta do espaço público, que ainda tem bancos quebrados. Como não há área de lazer apropriada, as crianças brincam em meio à poeira, lixo e carros, no local por onde passavam os trens. Foto de José Leomar

Infraestrutura - População reclama de serviços

Embora muitos ressaltem as boas lembranças do bairro, há deficiências visíveis na infraestrutura do Couto Fernandes que desagradam boa parte dos moradores. Até porque, basta dar uma volta para sentir o mau cheiro de esgoto em algumas ruas; perceber o acúmulo de lixo em vias e praças; a ausência de área de lazer apropriada para crianças e adultos; e a poeira que toma conta das casas em frente ao local onde existiam os trilhos, por não haver o espaço asfaltado ou de calçamento.

Rua Ceará no Couto Fernandes

"Não gosto da estrutura daqui. É um mau cheiro muito grande, muito lixo jogado no chão, as pessoas não valorizam o bairro. Não tem área de lazer. As praças estão quebradas, ninguém frequenta. Gosto das pessoas que moram aqui há bastante tempo, mas falta muita coisa importante", reclama a costureira Maria da Paixão Silva, 37 anos. Além disso, para o autônomo Everaldo Pereira da Silva, 40 anos, era necessário que houvesse mais ação do poder público e educação da população.

Além das praças estarem sujas, para ele, incomoda o fato de ter lixo espalhado, deixado pela própria população local. "Não acho bom para se morar porque não tem nada direito", critica.

Rua Ceará no Couto Fernandes

Em resposta à reclamação de falta de saneamento, a Companhia de água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou, por meio da assessoria de imprensa, que "a maior parte do bairro é atendida por rede de esgoto. Obras da Cagece também estão sendo executadas para beneficiar locais ainda não atendidos". No que se refere aos demais problemas, a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva Regional IV adiantou que há três praças: das Costureiras, dos Idosos e a matriz Couto Fernandes.

A estação original, nos anos 1970 (Acervo Estações Ferroviárias).

Saiba Mais

A estação de Couto Fernandes foi inaugurada em 1940 pela Rede de Viação Cearense. Leva o nome de um engenheiro maranhense, Henrique Eduardo Couto Fernandes, inspetor de estradas de ferro e administrador da RVC entre 1915 e 1922. O prédio original da estação foi demolido em 1980, e a atual estação do trem suburbano está 300 m adiante dessa primitiva estação em alvenaria, sentido Estação Central João Felipe. A estação "nova" foi, no entanto, desativada em 11 de maio de 2009 para que começassem as obras do metrô de Fortaleza naquele trecho, e começou a ser desmontada no final de semana seguinte.

A Estação Couto Fernandes (Acervo Estações Ferroviárias).

Trem da Metrofor em 2009 chegando à estação. Foto Robinson Rios Frota (Acervo Estações Ferroviárias).

O trem da Metrofor passa por uma plataforma que jamais foi utilizada (ao fundo) e vai passar pelo local da antiga estação de alvenaria, em 2009. Foto Robinson Rios Frota (Acervo Estações Ferroviárias).

A estação de Couto Fernandes em 2009. Foto Robinson Rios Frota (Acervo Estações Ferroviárias).

No dia 23 de julho de 1956, o Diário Oficial do Município - Diom nº 969 publica entre outras a Lei municipal nº 1.066 do dia 19 que denomina de Couto Fernandes o bairro conhecido por Quilômetro Oito em virtude a Estação Ferroviária que fica no local, há 8km da Estação Central.



Créditos: Diário do Nordeste, http://estacoesferroviarias.com.br e Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo

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