Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Jovita Feitosa
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Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Jovita Feitosa - Bravura, Ousadia e Perseverança





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epois de muito relutar para ser incluída nas fileiras do Exército Nacional, o Dr. Franklin Dória (Barão de Loreto), então Governador do Piauí, permite o seu ingresso nas forças armadas, na patente de 1º Sargento. 


Tendo chegado ao Rio de Janeiro em 1865, logo foi desautorizada a participar das tropas, por ordem do Ministro da Guerra. 


Desiludida diante de sua não participação, como combatente, na Guerra do Paraguai, resolveu ficar na Corte, para depois de 2 anos, aos 19 anos de idade, suicidar-se, após um frustrado caso amoroso com um Engenheiro de nacionalidade britânica, chamado Guilherme Noot." 




"Jovita, como era chamada em casa, com disfarce de homem, se alista no exército para lutar na guerra do Paraguai. Seu disfarce foi descoberto, mesmo assim, foi incorporada aos voluntários, como primeiro sargento. Jovita tornou-se um importante instrumento de propaganda do governo, incentivando alistar e lutar pela Pátria.Nesse tempo, os voluntários eram pegos a laço e levados amarrados para a guerra. Jovita Feitosa nasceu no dia 08 de março de 1.848 no pequeno povoado de Brejo Seco, município de Tauá, em pleno sertão dos Inhamuns. Filha de Maximiano Bispo de Oliveira e de Maria Alves Feitosa. Ao perder a mãe, o pai resolve mandá-la para morar em Jaicós no Piauí.Foi em Jaicós que Jovita deu início aos estudos elementares e aprendeu música com o seu tio Rogério."


Patrona - Cadeira nº 13 da Academia Tauaense de letras


Jovita Alves Feitosa, nascida em Tauá (região dos Inhamuns), em março de 1848, filha de Maximiano Bispo de Oliveira e de Maria Alves Feitosa, se destacou pela bravura e destemor, preparando a luta contra o Paraguai.
Nesse tempo, com apenas dezesseis anos, órfã de mãe, residia com um tio em Jaicós, no Piauí, e participava vivamente do clamor criado com o patriótico movimento contra o invasor Francisco Solano Lopez, apossando-se do forte de Coimbra no ano de 1864, à margem do Rio Paraguai, facilmente conseguido por causa da precária situação em que se encontravam os brasileiros.
A expedição paraguaia avançava pelo sul de Mato Grosso, encaminhando-se para a colônia militar de Dourados. Vitoriosos, seguiram para a colônia de Miranda, depois Nioaque, encontrando poucos brasileiros e mal armados.
Pretendiam assim chegar até Corumbá, já tendo conseguido a interrupção das comunicações entre a capital da província e o Rio de Janeiro.


Por pouco tempo o sul de Mato Grosso tornou-se território paraguaio. López pretendia formar outra frente de guerra, atravessando a Argentina para atacar o Rio Grande do sul. O Presidente da nação vizinha negou a passagem das tropas por terras argentinas, o que ocasionou uma declaração de guerra, em março de 1865, com a invasão pelos paraguaios da província de Corrientes.
No Rio de janeiro as noticias das invasões causaram revolta, e o Imperador Pedro II estimulou o patriotismo entre os homens, com a frase: “ O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER“.


Jovita mobilizou a cidade e o campo para que fossem lutar pela pátria. Misturava-se com os soldados, desprezando todos os preconceitos da época. Atendendo ao apelo do Imperador, as mães ofereciam os filhos para a luta, as damas doavam suas jóias, e Jovita, como nada tinha a oferecer, arquitetou um plano: cortando os cabelos e usando um chapéu de couro, assim se disfarçou em soldado, indo-se apresentar em Teresina, onde se agrupavam os Voluntários da Pátria. E tinha apenas dezessete anos.




O plano foi descoberto. As formas femininas a denunciaram e mulheres curiosas descobriram que as orelhas eram furadas. Mesmo assim, foi aceita pelo exemplo de tão admirável lição de patriotismo, com a obrigação de usar um saiote sobre a farda.
Mulher valente, audaciosa, teve seu gesto admirado em todo o país. Exercendo função militar, esteve em São Luis, Paraíba e Recife, causando entusiasmo em todos. Era aplaudida, presenteada, cantada em versos e hinos. A nossa heroína estava então preparada para a viagem ao Rio de janeiro, em companhia de quatrocentos e sessenta soldados.
Um mês após a partida, chegava à capital brasileira sendo entusiasticamente ovacionada pela multidão que esperava curiosa a Companhia dos Voluntários, tendo entre eles a figura de uma mulher.
Os jornais noticiaram com destaque o fato; o povo aclamava-a com entusiasmo por onde ela passava e assim a admirável JOVITA viveu os mais intensos momentos de glória.
Passados alguns meses, o Ministro da Guerra, Visconde de Cairú, põe por terra a aspiração da jovem, negando-lhe permissão para a frente de combate. Dava-lhe apenas o direito de agregar-se ao Corpo de Mulheres que iria prestar serviços compatíveis com a natureza feminina, na guerra contra os vizinhos paraguaios.


Resolveu permanecer no Rio de Janeiro, decepcionada com o acontecido e fortemente amargurada, sentindo se desfazerem os seus sonhos de jovem patriota e de mulher guerreira que ela era.
Faleceu em outubro de 1867, aos dezenove anos, longe de sua terra e de sua família, merecedora de grandes elogios pelo valor moral de que era possuidora.
Ficou o seu exemplo digno da admiração de todos os brasileiros.
Carlos Gomes



Saiba mais:

  • Ela partiu de Jaicós onde foi morar após a morte de sua mãe, no Ceará - escondida do tio até Teresina, caminhando setenta léguas, para alistar-se no exército tão logo soube da notícia da guerra e da necessidade de novos combatentes.

  • Em Teresina, aos 17 anos, Jovita se disfarçou de homem: cortou o cabelo no estilo “alemão” ou “ militar”,  amarrou os seios, usou chapéu de couro e foi à procura da guarnição provincial. Conseguiu enganar os olhos dos policiais, porém, ao visitar o mercado público foi delatada por uma mulher que logo lhe reconheceu traços femininos com predominância da etnia indígena.

  • Ao ser levada para interrogatório policial, chorou copiosamente e manifestou o desejo de ir lutar nas trincheiras, com a mão no bacamarte. Não queria ser auxiliar de enfermeira, pois, se assim o desejasse poderia fazê-lo. Dizia querer vingar “a humilhação passada por seus compatriotas nas mãos dos desalmados paraguaios”. Foi aceita no efetivo do Estado, após o caso chamar a atenção de Franklin Dória, o Barão de Loreto, então presidente [o equivalente hoje a governador] da Província do Piauí, que lhe incluiu no Exército Nacional como segundo sargento.  Recebeu fardamento e embarcou com corpo de voluntário para Parnaíba.

  • Na capital imperial foi entrevistada numa das salas do quartel do campo de aclamação.  Um fluminense de 1865 vê nela um patriotismo exacerbado que foi acordado de seu estado letárgico “apresentou-se pobre e singela, tendo n’alma o sentimento generoso das mulheres espartanas, ajoelhou-se antes o altar da Pátria e ali prestou um juramento solene de amor e de dedicação eterna”. Recebeu várias homenagens.

Vida e morte

Jovita Feitosa teve uma vida relâmpago: nascida em Brejo Seco, região dos Inhamus, no sertão cearense, ela veio parar em Jaicós, aos 12 anos, após a morte da mãe. Em Jaicós ficou na casa do tio, Rogério Alves Feitosa.

Na sua ida de Teresina fixou-se no Rio de Janeiro onde teve sua história repercutida o que lhe rendeu homenagens e o amor relâmpago do engenheiro inglês Guilherme Noot, com quem passou a viver. Aos 19 anos se suicidou. Várias ruas e avenidas* no País ganharam seu nome como uma forma de homenagear a mulher independente e a luta de igualdade de direitos sociais entre os sexos.

O livro “Governo do Piauí”, editado pelo escritor A. Tito Filho, considera fato histórico o suicídio de Jovita Feitosa, merecendo o registro junto aos acontecimentos marcantes daquela época.

Carta (Grafia da época)

Secretaria de Negócios da Guerra
16 de Setembro de 1865

Ilmº Sr.
Não havendo disposição alguma nas Leis e Regulamentos militares que permitta a mulheres terem praça nos Corpos do exercito, nem nos da Guarda Nacional, ou de Voluntários da Pátria: não pode acompanhar o corpo sob o comando de V. S. com o qual veio da Província do Piauhy a voluntária Jovita Alves Feitosa na qualidade de praça do mesmo corpo, mas sim como qualquer outra mulher das que se admittem a prestar juncto aos corpos em campanha os serviços compatíveis com a natureza do seu sexo, serviços cuja importância podem tornar a referida voluntária tão digna de consideração, como de louvores o tem sido pelo seu patriótico offerecimento: o que declaro a V. S. para seu conhecimento e governo.

Deos guarde V. Sª 


Notícia de um jornal Ludovicense da época: 

Jovita em São Luiz

“ Com os oficiais que desembarcaram em São Luiz [MA] veio também a cidadã voluntária, que tendo sido objeto de maior curiosidade pública, desde que desembarcou. Na rampa do Palácio a multidão que ali se havia aglomerado a cercou por tal forma que mal a deixou caminhar. Houve, como estava anunciado, o espetáculo em honra da heroína. Ela ocupava o primeiro camarote da 1ª ordem, que a empresa lhe oferecera, e foi alvo da administração do extraordinário número de espectadores que enchiam o teatro.
Trajava farda e calças brancas, saiote encarnado, e trazia banda e insígnia de 1º sargento. Depois de uma poesia patriótica brilhantemente recitada pela Sra. Da. Manoela e do hino da guerra pelos artistas da Companhia, foi a jovem Jovita chamada à cena pelos expectadores e aí coberta de flores, saudade com grande entusiasmo e prolongados vivas a ela e a seus companheiros de armas. Então ofereceu-lhe a Sra. Da. Manoela uma coroa de flores e um crucifixo de ouro, pendente de um cordão do mesmo metal do valor de duzentos mil réis.

*Em Fortaleza, uma avenida também leva seu nome, é uma homenagem a essa mulher que bravamente estava a frente de seu tempo. A Avenida Jovita Feitosa passa por vários bairros, em uma ponta no Bairro do Parque Araxá, corta a Avenida José Bastos que se liga à Avenida 13 de Maio e passando pelos bairros de Parquelândia e Alagadiço, estando na outra ponta, a Avenida Humberto Monte, onde é um agrande acesso ao Campus do Picí, Antônio Bezerra e a Parangaba.
Glautom 

Fonte: Folha de Picos – Caderno especial sobre 171 anos de Jaicós, Blog da Academia Tauaense e Enciclopédia Nordeste

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