Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Pessoa Anta
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



Mostrando postagens com marcador Pessoa Anta. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pessoa Anta. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pelas Praças da cidade - Parte I




Praça do Ferreira ainda com o sobrado do comendador Machado, demolido em 1927 para a construção do hotel Excelsior - Arquivo Nirez


A ideia da praça surgiu com uma reforma no plano da cidade.
Em dezembro de 1842, uma lei da Assembléia Provincial autoriza uma reforma do plano da cidade, eliminando dela a rua do Cotovelo a fim de ficar ali uma praça que se denominará Praça Pedro II. Boticário Ferreira foi eleito presidente da Câmara no ano seguinte, posto que ocupou até falecer em 1859.


O Jardim 7 de Setembro - Arquivo Nirez

A praça sofreu várias reformas sendo que a mais importante foi a construção do Jardim Sete de Setembro em 1902 na época em que os intelectuais da Padaria Espiritual se reuniam nos quiosques chamados: Escritório dos Bondes, Café do Comércio, Café Iracema, Café elegante e Café Java. Em 1914 a iluminação da praça é feita, bem como uma outra reforma. Em 1920, são demolidos os quiosques e o coreto, considerado o coração cívico da cidade na época. Em 1949 se construiu o Abrigo Central onde se encontravam boxes de vendas de discos, tabacarias, selos, bilhetes lotéricos, livrarias, café e até ponto de
ônibus. Apesar de ter se tornado um dos lugares mais movimentados da cidade, foi demolido em 1968 juntamente com a Coluna da Hora. A praça teve várias nomenclaturas destacando-se: Feira Nova: lugar onde se realizavam as feiras semanais, deslocando o centro da cidade da Praça da Sé, para o novo logradouro; Largo das Trincheiras: não se sabe bem se foi por uma batalha entre holandeses e portugueses, ou por causa do nome de um Senador que vivia ali e se apelidava de trincheiras; Pedro II: em 1859, em homenagem ao Imperador; do Ferreira: em 1871, após a morte do Boticário Ferreira, com memória aos relevantes serviços que prestou a cidade; Municipal: este nome durou somente seis meses, retomando ao seu nome anterior. Além dessas denominações oficiais também era popularmente conhecida por “da municipalidade”, por estar defronte do prédio da Intendência Municipal.


O Cajueiro da Mentira

É limitada pelas ruas Major Facundo, Floriano Peixoto, Dr. Pedro Borges e Travessa Pará e seu homenageado é Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira). O Boticário Ferreira nasceu em Niterói em 1801, teve muita influência política em Fortaleza, ganhou licença para montar botica e se estabeleceu. Deu impulso a grandes obras na cidade como, por exemplo, a Santa Casa de Misericórdia. Demoliu o Beco do Cotovelo construindo ali a praça que levaria seu nome. O monumento é a Coluna da Hora, considerada o ícone mais significativo da cidade de Fortaleza, a coluna da hora continuou com sua importância mesmo depois da sua demolição em 1968. O relógio de origem americana fabricado por Seth Thomas Clek Co de Nova Iorque tem quatro faces e está localizado no ápice da coluna situada no meio da praça. A coluna da hora juntamente com seu relógio é construída em 1932 com a demolição do cloreto. Contudo, só é inaugurada no início de 1934 com projeto do engenheiro José Gonçalves da Justa em estilo “Art-Déco”. Tinha cerca de 13 metros de altura. Em 1968 a coluna da hora é demolida juntamente com o Abrigo Central. Em conjunto com a reforma da praça, em 1991, fizeram uma nova coluna da hora projetada pelos arquitetos Fausto NiloCosta Junior e Delberg Ponce de Leon permanecendo até hoje.


Praça do Ferreira em 1934 


Lindo Passeio Público do Álbum Vista do Ceará 1908

Considerada uma das primeiras praças de Fortaleza e situada ao lado da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, era chamada de Largo da Fortaleza, no século XVIII. Além dessa, são observadas várias outras nomenclaturas:
Largo do Paiol: como o próprio nome indica, pela existência de um paiol de pólvora, que ficava no ângulo atual da Santa Casa de Misericórdia, do lado do mar; Largo do Hospital da Caridade: em homenagem à atual Santa Casa de Misericórdia cuja criação começa em 1847; da Misericórdia: em homenagem à atual Casa de Misericórdia, instalada em 1861; dos Mártires:1879 “Em memória dos beneméritos cidadãos que ali foram sacrificados pela causa da liberdade”; Campo ou Largo da Pólvora: nome popular, local destinado ao sacrifício de criminosos, foi erguido um patíbulo para punir condenados de crimes comuns. Destruído em 1831 por um grupo de patriotas.

Passeio Público em 1960 - Foto da Exposição Viva Fortaleza

E, por fim, em 1850, passa a ser chamada Passeio Público por ser considerado o local preferido pela sociedade cearense da época para passeios matutinos e vespertinos. Apesar da praça ter sido arborizada em 1864 e já representar um local tradicional de encontros, apenas em Julho de 1881 é que a praça é inaugurada. O passeio foi dividido em três planos sócio econômicos como mostra Sarmiento (2006, p. 56) “A gente de maior nível econômico ficava na Avenida Caio Prado, a classe média frequentava a Carapinima e a mais pobre a Mororó. Em 1932 suas grades circundantes foram retiradas. Alguns heróis cearenses que participaram da Confederação do Equador foram mortos no passeio público, dentre eles estão: Tenente Coronel Feliciano José da Silva Carapinima, Tenente de Milícias Luís Inácio de Azevedo Bolão, Padre Mororó,Tenente Coronel Francisco Ibiapina, João de Andrade Pessoa Anta e Tristão Gonçalves de Alencar Araripe

Monumentos de Barão de Studart, Dr. José Frota, Dr. Moura Brasil e Delmiro Gouveia - Fotos de Leuda Reinaldo

Fica limitada pelas ruas Barão do Rio Branco, Dr. João Moreira e Floriano Peixoto. Os monumentos são os bustos de Barão de Studart, Dr. Moura Brasil, Dr.José Frota, Delmiro Gouveia.

Continua...



x_3d0e4f5b
Crédito: O Centro Histórico de Fortaleza e seu patrimônio cultural arquitetônico

sábado, 29 de setembro de 2012

Avenida Pessoa Anta - Rua da Praia


Serviço de arrasamento das dunas, para o prolongamento da rua da Praia - Década de 30

A Avenida Pessoa Anta que até então era apenas um caminho chamado "Caminho da praia", foi surgindo com a chegada do progresso e dos históricos prédios, passando a chamar-se Rua da Praia em 1932.
A avenida foi urbanizada em 1931-32, na gestão do major Tibúrcio Cavalcanti.
O nome da avenida é uma homenagem a João de Andrade Pessoa Anta (1787-1825), mártir da Revolução de 1824, no Ceará. Foi bacamartado no dia 30 de abril de 1825.


As construções da rua da Praia. Novos edifícios comerciais também passam a despontar na zona costeira da cidade. Acervo - As Construções, 1928.


Já recebeu também o nome de Rua da Alfândega.

No local onde antes era apenas um terreno baldio cheio de árvores, quando a avenida ainda não existia, instala-se a Alfândega de Fortaleza em 01 de julho de 1812, criada por alvará de 1810, sendo logo suprimida em 20 de setembro de 1834.
Mas a construção do prédio de pedras ainda não havia se iniciado, existindo no local apenas o terreno. 


Rua da Praia aberta sobre as dunas foi um importante melhoramento na gestão do Major Tibúrcio Cavalcanti - Década de 30

Fatos Históricos da Avenida:

Em 26 de novembro de 1864, a Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará é criada pelo decreto nº 3.347 assinado pelo então ministro da Marinha Francisco Xavier Pinto Lima e pelo Imperador D. Pedro II, com o nome de Companhia de Aprendizes Marinheiros.
Sua instalação deu-se a 31/03/1865 na Rua da Praia (Pessoa Anta) em casas pertencentes ao Barão de Ibiapaba.
Depois se mudou para a Avenida Alberto Nepomuceno.
Em 1908 foi para o Jacarecanga, no local onde hoje se encontra.
Foi extinta pelo decreto 20.607 de 05/11/1931, sendo restaurada em 1940.



1875 - Fundada em Fortaleza a firma J. Lopes & Cia(Casa J. Lopes), do coronel Jesuíno Lopes de Maria, na Praça do Ferreira nº 50 (antigo), e Rua da Alfândega (Pessoa Anta) nºs 25/27, importadores e exportadores.
Depois (1937) mudou-se para edifício próprio na mesma rua nº 290, entre a Rua São Paulo e Rua Senador Alencar, com frente também para a Rua Barão do Rio Branco nº 795, projeto do arquiteto Emílio Hinko e construção do engenheiro Alberto Façanha de Sá (Alberto Sá). 


Pátio de armazenagem da Alfândega a céu aberto - Foto de Junho de 1913 e Maio de 1911 - Acervo Ofipro

Antes de o prédio ser construído, a Alfândega funcionou em prédio modesto na Praça Almirante Saldanha.
A construção iniciou-se e o prédio foi inaugurado no dia 15/07/1891, passando a funcionar ali não apenas a Alfândega, mas também a Guardamoria do Estado.
A construção esteve a cargo da Ceará Harbour Corporation Ltd., sob direção dos engenheiros Tobias Lauriano Figueira de Melo e Ricardo Lange.
Até o prédio foram levados trilhos dos bondes de tração animal e dos trens, para carga e descarga de mercadorias.
Na administração do Interventor Luís Cavalcanti Sucupira (Luís Sucupira), entre 1941 e 1945, o prédio sofreu reformas, entre elas a construção do andar superior que existia apenas na parte dianteira.
Lá passou a funcionar a Receita Federal, hoje na Rua Barão de Aracati.

A rua da Praia (Pessoa Anta) já pavimentada - Década de 30

07 de setembro de 1886 - A Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará inaugura-se em prédio na Rua da Praia, pertencente ao negociante José Maria da Silveira, onde depois funcionou a Escola de Aprendizes Artífices e desde 1927 funciona em novo prédio, a Recebedoria do Estado, hoje Secretaria da Fazenda.

10 de agosto de 1887 - Após algumas modificações, reinaugura-se o ramal da Estrada de Ferro de Baturité que vai até a Alfândega (na Avenida Pessoa Anta).

Fachada da Firma Salgado, Filho & Cia

1891 - Instalou-se, na Rua da Praia (Avenida Pessoa Anta) nºs 1/13, esquina com Avenida Almirante Tamandaré, na Praça Almirante Saldanha, a firma Holderness & Salgado, sucessores de Singlehurst & Comp., que depois mudou para Salgado, Rogers & Ciae em 1921 passou a denominar-se Salgado, Filho & Cia.
São exportadores de peles de cabra e carneiro, algodão e cera de carnaúba.

Fachada da Firma Salgado, Filho & Cia

11 de novembro de 1909 - Criada a Escola de Aprendizes Artífices do Ceará pelo Decreto 7.649.
Instalou-se em 24/05/1910, na Rua da Praia, mudando-se depois para a Praça Marquês do Herval (hoje Praça José de Alencar).
Se transformaria na Escola Industrial de Fortaleza, na Escola Técnica Federal do Cearáe depois no Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará - Cefet-Ce.
Atualmente está na Avenida 13 de Maio nº 2081, Benfica, tendo uma filial na Aldeota, na Rua Nogueira Acioli nº 621.


12 de janeiro de 1914 - Inaugurada a linha de bondes de tração elétrica da linha da Praia, dia em que circulou pela última vez um bonde de tração animal (puxado por burros), sendo o último da linha do Alagadiço, guiado pelo bolieiro Fialho.
O caminho de ida da linha da Praia era pela Rua Floriano Peixoto, Rua Castro e Silva, Praça da Sé, Avenida Alberto Nepomuceno, Avenida Pessoa Anta, Avenida Almirante Tamandaré e Rua Tabajaras, voltando pelas mesmas vias até a Praça da Sé, onde toma a Rua Sobral, Rua General Bezerril e Rua Guilherme Rocha, chegando na Praça do Ferreira.

08 de julho de 1924 - Lançada a pedra fundamental do edifício da Secretaria da Fazenda, na Rua da Praia, época em que já estavam concluídas as fundações.


Pátio de armazenagem da Alfândega a céu aberto - Foto da primeira década do século XX.

27 de junho de 1925 - Lei municipal muda o nome da Rua da Praia, que passa a denominar-se Avenida Pessoa Anta, homenagem ao coronel João de Andrade Pessoa Anta, um dos sacrificados em 1825, no Centenário de sua morte.

24 de julho de 1926 - Inaugura-se, às 15h, na Rua da Alfândega (Pessoa Anta) nº 14 (antigo) a Fábrica São Bernardo, para beneficiamento de algodão e extração de féculas, da firma Gonçalves Jucá.

27 de novembro de 1927 - Inaugurado o prédio da Secretaria da Fazenda, na Rua da Praia, às 16h, na administração do desembargador José Moreira da Rocha.
O prédio foi benzido pelo monsenhor Antônio Tabosa Braga (Monsenhor Tabosa).
O projeto é do arquiteto José Gonçalves da Justa.

Fotografia do final do século XIX

03 de agosto de 1929 - Inaugura-se, na Rua da Alfândega (Avenida Pessoa Anta), esquina com a Rua Almirante Jaceguai, na Praça Almirante Barroso, a Fábrica Myrian, da firma C. N. Pamplona & Cia., primeiro estabelecimento no Ceará a extrair óleo de oiticica através de maquinaria apropriada.

Fachada da Fábrica Myrian do Álbum Fortaleza 1931

01 de julho de 1933 - Fundada a firma Paschen & Companhia, na Avenida Pessoa Anta nº 73 (antigo), formada dos sócios Ernesto Paschen e Hermann Schimmelpfeng, alemães que tratavam de exportação e importação.
Eram representantes da Norddeutscher Lloyd, Bremen (navios), da Lufthansa, do Zeppelin e do Syndicato Condor Ltda.

10 de agosto de 1976 - O Museu de Minerais do Ceará Professor Odorico Rodrigues de Albuquerque, do Departamento de Minas da Secretaria de Obras e Serviços Públicos do Estado, inaugura sua nova sede, na Avenida Pessoa Anta nº 274.

A segunda foto é do final do século XIX

28 de janeiro de 1978 - O prédio da Receita Federal, na Avenida Pessoa Anta, sofre um incêndio de grandes proporções, com início às 20h, provocado por um curto-circuito que destrói metade do segundo bloco.
É o antigo prédio da Alfândega, aquele todo de pedra. Em outubro do ano seguinte a Receita mudou-se.


01 de novembro de 1979 - A Superintendência e a Delegacia da Receita Federal mudam-se do prédio da Avenida Pessoa Anta nº 287 (antigo prédio da Alfândega - hoje CAIXA Cultural Fortaleza), para o novo edifício, no quarteirão entre a Rua Pereira Filgueiras, Rua Carlos Vasconcelos, Rua Iracema, com frente para a Rua Barão de Aracati nº 287.

06 de julho de 1993 - A Tyresoles do Ceará inaugura o Parque industrial de recauchutagem e Centro de caminhões Goodyear no km 18,5 da BR-116, no Eusébio e mais duas lojas, uma na Avenida Pessoa Anta nº 14 e outra na Ceasa de Maracanaú


07 de agosto de 1998 - Aberto o Centro Cultural Dragão do Mar, na Rua Dragão do Mar nº 81, no bairro da Praia de Iracema, compreendendo vários quarteirões entre a Rua Boris, Avenida Marechal Castelo Branco (Avenida Leste-Oeste), Rua Almirante Jaceguai e Avenida Pessoa Anta, mas sua inauguração realizou-se posteriormente, quando estava totalmente pronto.
Hoje chama-se Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.


Créditos: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Álbum Fortaleza 1931 e Arquivo Nirez

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Execução de Pe. Mororó ocorreu há 187 anos - Parte II


A Igreja do Rosário

A Igreja do Rosário estava lotada naquela manhã ensolarada de domingo para a macabra missa fúnebre de corpo presente. Dois rebeldes confederados assistiam à cerimônia de encomenda dos seus corpos que logo mais seriam crivados de balas. O ritual macabro possuía roteiro de um teatro de horrores: encomenda prévia da alma com os “eleitos” presentes, degradação das honras, formação do aparato militar e fuzilamento público para uma platéia sedenta de sangue. Mas, afinal, quais os sonhos dos rebeldes tropicais da confederação do equador?

Padre Mororó foi condenado à morte por crime de Lesa Majestade. Contra ele pesavam três crimes: 1) Ter proclamado a República em Quixeramobim; 2)Ter servido de secretário do Presidente da República no Ceará, Tenente Coronel Tristão Gonçalves de Alencar Araripe; 3) finalmente, de ter sido o redator do Diário do Governo do Ceará, órgão dos Republicanos.

A Confederação do Equador foi um movimento rebelde, liberal e republicano contra o absolutismo do Imperador Dom Pedro I. O mesmo príncipe que com o apóio das elites proclamou a Independência do Brasil do colonialismo português agora demonstrava sua face mais tirânica e cruel. Impôs uma Constituição despótica em 1824 e condenou à morte Mororó, Caneca, Carapinima, Miguelinho, João Ribeiro e tantos mais que ousaram sonhar pela liberdade. Mororó foi mais. Usou como canal de propagação das idéias confederadas um jornal, o primeiro do Ceará, o “Diário do Governo do Ceará”, certamente inspirado no Correio Brasiliense, primeiro jornal do Brasil, editado de Londres e enviado clandestinamente para o Brasil. O nosso primeiro jornal não era editado em Londres e sim em Quixeramobim, mas também propagava luzes contra o jugo dos poderosos, as trevas do autoritarismo. Mororó pagou com a vida o preço dessa ousadia. 


 
Passeio Público - Álbum de Vistas do Ceará 1908 

Ao findar a missa, o Padre Gonçalo Ignácio de Loiola Albuquerque, ou melhor Padre Mororó, e o coronel João de Andrade Pessoa Anta caminharam sem pressa pela Rua dos Mercadores ( Hoje Conde D’eu), seguiram pelo trecho da hoje Rua Guilherme Rocha, dobrando na Rua Major Facundo e prosseguiram até o Campo da Pólvora. Não estavam sós. Populares e soldados acompanharam o cortejo. Alguns dependurados nos galhos das árvores. Quando um dos galhos quebrou, parte do populacho foi ao chão como frutas podres que despencam em meio a zombaria geral. Mororó até esboçou um sorriso, mas o enredo era trágico e não cômico. O povo que os rebeldes confederados queriam libertar pouco ou nada sabia sobre as causas daquele movimento. 

 
Passeio Público - Álbum de Vistas do Ceará 1908 

Diante do pelotão de fuzilamento, Padre Mororó recusa a venda e pede que não lhe ponham no peito a fita que indicava o local da mira, coloca a mão direita sobre o coração e corajosamente diz para o pelotão: “camaradas, o alvo é este. Tiro certeiro para que não me deixem sofrer muito”. O sangue do padre banhou o Baobá, árvore gigante importada da África. Ali, ao pé do baobá, muitos outros tombaram porque ousaram sonhar com um Nordeste Independente do resto do Brasil, um país tropical livre e republicano contra o Absolutismo de Dom Pedro I. Hoje o local se chama Praça dos Mártires, ou Passeio Público, e os fantasmas rebeldes confederados nos cobram a memória do passado e os compromissos de luta do presente.
Evaldo Lima

O famoso Baobá do Passeio Público - Álbum de Vista do Ceará 1908


Parte I



Evaldo Lima é Prof. de História e atualmente exerce a função de Sec. de Esporte e Lazer de Fortaleza.



x_3c298d39

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: