Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Escola de Samba Luiz Assunção
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O Carnaval na Fortaleza antiga


Carnaval no Ideal Clube em 1935 - Arquivo Nirez

Relembrar o Carnaval de antigamente em Fortaleza é motivo de alegria para muita gente. O historiador e memorialista Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) recorda como era o período carnavalesco no início do século passado.

“Nas primeiras três décadas os nossos carnavais tinham uma característica de transição entre o entrudo [diversão popular de rua, que chegou ao Brasil junto com os portugueses] e o carnaval. A partir de 1930 tudo mudou. Surgiram os blocos com muita força, tendo a guiá-los um baliza à frente, seguido do estandarte, depois vinha o bloco em formação quase militar porém livre e por fim a orquestra, quer fosse bloco de samba, cordão ou qualquer outro. Os maracatus, que eram apenas dois, desfilavam com sua caraterística própria, lenta e compassada”, afirma Nirez.


Ele conta também que depois de 1960, o Carnaval na Capital cearense mudou de estilo. “Surgiu um regulamento da Prefeitura, copiado do regulamento das escolas de samba do Rio de Janeiro, que premiava as coisas que não existiam em nosso carnaval: comissão de frente, porta-bandeira, mestre sala, adereços, bateria, ao mesmo tempo em que desclassificava quem entrasse no desfile com orquestra, baliza, etc. Foi um ato ditatorial exercido pela departamento turístico da Prefeitura demonstrando total ignorância sobre o nosso carnaval”, afirma.


Bloco Banda do Morro - Arquivo Nirez

Acontecimentos históricos - Carnaval de Fortaleza:


  •  15 a 17 de fevereiro de 1874 - Os festejos carnavalescos em Fortaleza ocorreram tranquilamente. 



  •  23 a 25 de fevereiro de 1879 - Ocorrem os festejos carnavalescos ou como era chamado, entrudo



  •  23 a 25 de fevereiro de 1884 - O entrudo, ou como ficou depois conhecido, carnaval teve suas apresentações pelas ruas da Cidade. 



  •  15 de fevereiro de 1885 - Funda-se, em Fortaleza, a Sociedade carnavalesca Conspiradores Infernais, cujos estatutos são aprovados no dia 21/02/1888.


Crônica Carnavalesca - Arquivo Nirez


  •  01 e 02 de março de 1897 - Prosseguem os festejos carnavalescos em Fortaleza nas ruas e nos clubes. 



  •  14 de fevereiro de 1899 - Terça-feira de carnaval, morre, em Fortaleza, Almino Álvares Afonso (Almino Afonso), abolicionista e senador pelo Rio Grande do Norte. Era latinista nascido em Patu, hoje Almino Afonso, RN, no dia 17/04/1840. Foi sepultado no Cemitério São João Batista



  •  25 a 27 de fevereiro de 1900 - O carnaval, neste último ano do século XIX, ocorreu nos clubes e nas ruas de Fortaleza em perfeita normalidade.



  •  14 a 16 de fevereiro de 1904 - Os clubes da Cidade se engalanam para as festas carnavalescas enquanto nas ruas os blocos são atração popular.



Narcílio Andrade como Rei Momo - Arquivo Nirez


  •  01 a 03 de março de 1908 - São dias dedicados aos festejos carnavalescos nos clubes, nas ruas e em casas de família.



  •  05 a 07 de março de 1916 - Os festejos carnavalescos neste ano foram fraquíssimos em virtude da seca do ano anterior e a Cidade estar cheia de flagelados. 



  •  30 de dezembro de 1916 - Começa a circular em Fortaleza o jornalzinho carnavalesco O Pierrot.


  •  26 a 28 de fevereiro de 1922 - Dias dedicados aos festejos carnavalescos, naquele ano denominado "carnaval da Independência", por ser 1922 o ano do primeiro Centenário da Independência do Brasil.







Propaganda de venda de material usado nas comemorações de carnaval em 1922.


  •  20 de fevereiro de 1928 - Grande incêndio em pleno carnaval destrói completamente três casas comerciais na Rua Floriano Peixoto, na Praça do Ferreira, as lojas A Capital, de Braga & Irmão, Estiva & Miudezas, de J. Leopoldino da Silva e Casa Germânia, de José Cabral Ribeiro



  •  17/02/1931 - Tiroteio na Praça do Ferreira em razão de desinteligências entre soldados do Exército e da Guarda Cívica. Ninguém foi ferido mas o pânico foi enorme e as bancas que vendiam artigos de Carnaval sofreram vultosos prejuízos. 



  •  Fevereiro de 1932 - Terça-feira de Carnaval. Este ano não houve festejos carnavalescos nas ruas, para isso concorrendo grandemente a seca que assola o Estado. Quanto aos clubes, tomaram luto, em razão do inopinado falecimento do Dr. Meton de Alencar.



  •  26 a 28 de fevereiro de 1933 - Acontece o carnaval em Fortaleza com certas restrições dadas as condições em virtude da seca do ano anterior. 



  •  28/02/1933 - Domingo de Carnaval, chegam do Rio o Ministro José Américo e o Interventor Carneiro de Mendonça, que, à noite, visitam os Clubes ‘Iracema’ e ‘Ideal’.


Os Gregos No Líbano - Arquivo Nirez


  •  12 de fevereiro de 1934 - Assume, em pleno carnaval, a Interventoria Federal do Ceará, em caráter definitivo, o Desembargador Olívio Dorneles Câmara (Olívio Câmara), em substituição ao capitão Roberto Carneiro de Mendonça, do qual era substituto eventual, tendo assumido o cargo por várias vezes.



  •  21 de janeiro de 1935 - Fundado o bloco carnavalesco Prova de Fogo, pelos sargentos do Exército, Otacílio Anselmo, Carlos Alenquer e Luís Freitas e os comerciários Alderi Pereira e Edson Viana Maranhão (Edson Maranhão).



  •  03 de março de 1935 - Estréia no carnaval cearense o bloco Prova de Fogo, ainda hoje existente. 



  •  03 de março de 1935 - Coroação do Rei Momo do Clube Iracema, Sua Majestade Ponce de Leon, 1º e Único, em baile carnavalesco nas dependências do clube, denominado "Uma Noite no Inferno", sob o som do hino "Tabajara", de Euclides da Silva Novo e Caetano Vasconcelos de Acioli (Caetano Acioli). 



  •  05/03/1935 - Terça-feira de carnaval. À noite, na Praça do Ferreira, verifica-se forte fuzilaria, de que resultaram as mortes do sargento da Guarda Cívica Raimundo Correia Lima, do guarda Eldair Correia Lima e do inspetor de veículos Marcos Ribeiro Magalhães. Varias outras pessoas saíram feridas. O crime é atribuído a uma vingança exercida contra o sargento Correia Lima, responsabilizado por um assassínio em Maranguape.

Diário do Ceará de 31/01/1922


  •  Janeiro de 1936 - Alguns foliões que estiveram em Recife trazem uma novidade para o carnaval de Fortaleza, fundam o Maracatu Ás de Ouro, sob a direção de Raimundo Feitosa. No desfile daquele ano, o bloco foi premiado Campeão do Carnaval.



  •  06/02/1936 - Uma Nota Oficial da Chefatura de Polícia adverte que serão adotadas severas medidas de repressão contra os que, este ano, pretenderem perturbar a ordem, durante o tríduo carnavalesco.



  •  19/02/1939 - Domingo de Carnaval. O ‘Ideal’ realiza uma matinée infantil, e, à noite, a animação foi das ‘crianças grandes’, no ‘Iracema’.


  •  20/02/1939 - O ‘Country’ e o ‘Clube dos Diários’ efetuam animadas festas carnavalescas. 


  •  05/02/1940 - Segunda-feira de Carnaval. Os jornais registram a grande animação dos bailes que se estão realizando no ‘Sétimo Céu’, como é chamado o terraço do ‘Excelsior Hotel’. 


  •  23/02/1941 - Primeiro dia de carnaval, irrompe grande incêndio, no depósito do Cock Bar, na Travessa Pará, atingindo o Mictório Público e o Posto Pará. Os três prédios pertenciam à Prefeitura Municipal de Fortaleza. O Cock Bar ficava na Rua Guilherme Rocha, Praça do Ferreira. 


  •  15/02/1942 - Sai, pela primeira vez, no desfile carnavalesco, o bloco Escola de Samba Lauro Maia, iniciativa do ator teatral e humorista José Pereira de Andrade Júnior (Canelinha), que a fundou e dirigiu. O nome era uma homenagem ao compositor e amigo Lauro Maia Teles. A escola desfilou cantando e executando os sambas Minha Escola de Samba, de Luiz Assunção, e Cara de Judeu, de Lauro Maia.


  •  07 a 09 de março de 1943 - O carnaval foi desanimadíssimo, em virtude do momento internacional por causa da guerra. No Domingo de Carnaval, na Praça do Ferreira, os universitários cearenses realizam ardoroso comício anti-nazista.


Carnavalesco em 1962 - Arquivo Nirez


  •  11 a 13 de fevereiro de 1945 - O carnaval passa quase que despercebido, sendo o mais fraco já acontecido, em virtude da guerra.


  •  03 a 05 de março de 1946 - O período momino deste ano, por ser o primeiro após o término da Segunda Guerra Mundial, foi chamado de O Carnaval da Vitória, sendo animadíssimo, após três carnavais quase inexistentes. Desfila pela primeira vez em Fortaleza a Escola de Samba Luís Assunção, antes denominada Escola de Samba Lauro Maia. No domingo de carnaval, conforme acentuou a imprensa, o corso esteve bastante animado, não obstante sua má localização. Foi multo aplaudido o bloco Intitulado ‘Cordão dos Puxa-Sacos’.


  •  15/01/1948 - Fundada nesta Capital a Associação dos Cronistas Carnavalescos de Fortaleza, cuja primeira diretoria é eleita no dia seguinte, trazendo na presidência o jornalista Manuel Felizardo Mendes Montalverne (Felizardo Montalverne), do jornal O Estado. Hoje chama-se Associação dos Cronistas Sociais e Carnavalescos do Ceará.



Bloco Turma do Camarão - Arquivo Nirez

  •  06/02/1949 -  Funda-se, em Fortaleza, o bloco Turma do Camarão pelos carnavalescos Geraldo Gadelha, Francisco Soares, Abmael de Souza, Antônio Neves, Pedro Soares e José Maria da Silva. Em 1966 mudou o nome para Escola de Samba Império Ideal, influenciado pelo documento oficial da Prefeitura Municipal de Fortaleza - PMF que retirou as premiações para blocos tradicionais e impôs a mudança.


  •  19/02/1950 - Primeiro dia de carnaval, surge um grupo carnavalesco oriundo de Messejana, Bloco dos Carpinteiros, liderado por José Tomé de Oliveira.


  •  20/02/1952 - Festa pré-carnavalesca oficial com presença da Banda de Música do 23º Batalhão de Caçadores - 23ºBC e da Banda de Música da Polícia Militar do Ceará - PMC, doze blocos carnavalescos e, em palanque armado junto à Coluna da Hora, o prefeito Paulo Cabral de Araújo discursa fazendo entrega da chave simbólica da cidade ao Rei Momo Luisão I e Único.
    Em agradecimento falou o jornalista Daniel Carneiro Job, o "Profeta da Cova", secretário real de sua majestade.
    Do local seguiram para o Palácio da Luz onde os esperava o governador Raul Barbosa e o comandante da 10ª Região Militar, general Edgardino de Azevedo Pita e o Secretário de Polícia e Segurança Pública coronel Aldenor Maia. Da sacada do Palácio novos discursos foram proferidos.
Em agradecimento falou o jornalista Daniel Carneiro Job, o "Profeta da Cova", secretário real de sua majestade.
Do local seguiram para o Palácio da Luz onde os esperava o governador Raul Barbosa e o comandante da 10ª Região Militar, general Edgardino de Azevedo Pita e o Secretário de Polícia e Segurança Pública coronel Aldenor Maia. Da sacada do Palácio novos discursos foram proferidos.


O Cordão das Coca-Colas - Arquivo Nirez


  •  17/02/1953 - O concurso promovido pela Rádio Iracema para escolha dos melhores no carnaval elegeu campeão do carnaval: Maracatu Ás de Espadas (Taça Prefeitura Municipal); Melhor Baliza: o Sr. Jari Cavalcante, da Escola de Samba Luís Assunção (Taça o Estado); Melhor Estandarte: Maracatu Estrela Brilhante (Taça Folha do Povo); Melhor Ritmo: Maracatu Estrela Brilhante (Taça Gazeta de Notícias); Fantasia Mais Original: As Baianas (Taça O Povo); Bloco Mais Original: Escola de Samba Chico Alves, ex-Prova de Fogo, (Taça Rádio Iracema); e o Melhor Conjunto: Cordão das Coca-Colas (Taça Náutico Atlético Cearense); o melhor estandarte: Maracatu Estrela Brilhante (Taça Sport Club Maguari); e a Taça Tradição, ofertada pela Prefeitura, coube ao bloco: As Baianas.


Lauro Maia e o Cordão das Coca-Colas em 1947 - Acervo Luciano Hortêncio


  •  20 a 22 de fevereiro de 1955 - Acontecem os festejos carnavalescos na Cidade. O bloco campeão do carnaval de rua naquele ano foi o Maracatu Ás de Espadas.



Escola de Samba Luiz Assunção em 1950 - Arquivo Nirez


  •  13 de fevereiro de 1958 - Carmeliza Serpa, representante do Iate Clube, é eleita Rainha do Carnaval Cearense - 1958. 


  •  20/01/1960 - Fundado o bloco carnavalesco Maracatu Ás de Paus, sob a presidência de Antônio Barbosa da Silva. Em 1964 muda a diretoria e também o nome, para Maracatu Rei de Paus.


  •  02/03/1962 - São distribuídas, pela manhã, nas redações de jornais, fotos da Rainha do Carnaval, Eliane Pessoa ao lado do Rei Momo Irapuan Lima.
    Os festejos carnavalescos ocorrem normalmente nos clubes e nas ruas. Surgem mais dois blocos carnavalesco em Fortaleza, a Escola de Samba Ceará Moderno, embrião da Ispaia Brasa, e o cordão Meninas da Lua, sob a presidência de Francisco de Aquino, fundado em 30 de janeiro.
    Ainda em 1962, no dia 05 de março, ocorre um conflito na festa carnavalesca do Country Club, dissolvida a tiros, segundo declarações de seu diretor major Bandeira de Melo, por elementos da Polícia e do Juizado de Menores.
Os festejos carnavalescos ocorrem normalmente nos clubes e nas ruas. Surgem mais dois blocos carnavalesco em Fortaleza, a Escola de Samba Ceará Moderno, embrião da Ispaia Brasa, e o cordão Meninas da Lua, sob a presidência de Francisco de Aquino, fundado em 30 de janeiro.
Ainda em 1962, no dia 05 de março, ocorre um conflito na festa carnavalesca do Country Club, dissolvida a tiros, segundo declarações de seu diretor major Bandeira de Melo, por elementos da Polícia e do Juizado de Menores.
Em 28 de setembro daquele ano, morre, em Fortaleza, aos 62 anos de idade, Luís Cândido da Costa Filho, antigo Rei Momo do Carnaval Cearense, o Luisão I e Único. Era cearense de Fortaleza nascido em 27/11/1899.


O Rei Momo Irapuã Lima


  •  09 a 11 de fevereiro de 1964 - O carnaval ocorre trazendo mais um bloco carnavalesco quando os componentes da extinta Escola de Samba Ceará Moderno resolvem fundar a Escola de Samba Alencarina.


  •  1967 - Em casa da Rua Dona Leopoldina nº 176, Aldeota, é fundada a Escola de Samba Leopoldina Show, fazendo seu primeiro desfile no carnaval do ano seguinte.



  •  28/01/1967 - Fundado mais um bloco carnavalesco em Fortaleza, a Escola de Samba Batuque do Morro, sob a presidência de Mário Vito, que logo renunciou e assumiu José Durval Marinho. Em 1974 mudou o nome para Escola de Samba Unidos da Vila


  •  17/02/1968 - Sábado magro, acontece o I Carnaval da Saudade, no Náutico Atlético Cearense, com o tema "De Zé Pereira a Zé Keti", com roteiro musical elaborado pelo pesquisador Christiano Câmara.



  •  08/02/1969 - Coroados o Rei Momo Javeh I e Único e a Rainha do Carnaval Sandra Mara

  • 16 a 18 de fevereiro de 1969 - Festas carnavalescas nos clubes e desfiles nas ruas da Cidade. O carnaval deste ano trouxe um novo bloco, a Escola de Samba Os Formigões, liderada por Manuel Batista dos Santos e seu filho Francisco Leonardo do Nascimento, que eram apelidados Formigões, desde que moravam em Messejana


  •  07/09/1970 - Mais um bloco surge no cenário carnavalesco de Fortaleza, a Escola de Samba Corte do Samba, fundada na Avenida Pontes Vieira nº 735 por José Gomes Feitosa "Neris", ex-integrante do Maracatu Ás de Ouro. Faria sua primeira apresentação no desfile carnavalesco de 1971. 
Em 01 de novembro de 1970, Francisco Eduardo da Silva e Luís Nogueira, que faziam parte de um time de futebol, denominado Endiabrados F. C., resolveram fundar um bloco carnavalesco com o mesmo nome, surgindo a Escola de Samba Endiabrados Show.

Bloco Alfaiates Veteranos - Arquivo Nirez


  •  02/01/1971 - Funda-se em Fortaleza o cordão carnavalesco As Bruxas, tendo à frente Ednardo de Araújo BrasilEm 21 de fevereiro daquele ano, morre, às 18h, domingo de carnaval, aos 81 anos de idade, vítima de ataque cardíaco, José Limaverde Sobrinho, locutor e produtor que liderou o programa "Coisas que o tempo levou" desde 1937, na velha PRE-9. Pai de Narcélio Limaverde e de Paulo Limaverde. Nascera em Bom Jesus de Quixelou, Iguatu, em 08/05/1899 É hoje nome de avenida na Barra do Ceará.


  •  01/02/1972 - A manequim Virgínia Carvalho, funcionária do Romcy, é eleita Rainha do Carnaval de 1972 pela União dos Clubes SuburbanosEm 26 de fevereiro daquele ano, uma Comissão constituída por Maria Mirtes Lopes Campos (Mirtes Campos), Egberto de Paula Rodrigues, Gutemberg Braun, Francisco Félix, Justino Bastos, Stênio Azevedo e Edson Maranhão escolhe, pela sexta vez consecutiva Javeh I e Único, Rei Momo do Carnaval Cearense de 1972. Vários nomes figuraram, porém ao final optaram em manter o antigo. Ciro Saraiva, Kardo Ali Khan, Fenando Mendes Brasil, Ulisses Silva e Cirênio Cordeiro foram alguns nomes ventilados.


  •  04 a 06 de março de 1973 - Ocorrem as festas carnavalescas nas ruas e nos clubes. Neste ano o desfile oficial deu-se na recém inaugurada Avenida AguanambiEm 16 de setembro daquele ano, O bloco Maracatu Az de Espadas, campeão três vezes do Carnaval de Fortaleza é dissolvido em virtude de dificuldades financeiras. Endividado e abandonado pela maioria dos seus associados, não teve a sua diretoria outra alternativa.


Bloco Os Enviados de Alá - Arquivo Nirez


  •  11/02/1974 - O carnaval em Fortaleza, tem novo Rei Momo, quando é eleito, em festa no Clube de Regatas da Barra do Ceará, Raimundo Narcílio Andrade, substituindo Javeh I e Único. 
Em 24 a 26 de fevereiro do mesmo ano, o carnaval neste ano é realizado com desfile oficial mais uma vez na Avenida Aguanambi, com mais de três mil foliões, onde 18 blocos desfilaram, com abertura feita pela Charanga do Gumercindo com mais de 100 participantes. Surge um bloco curioso e bastante criativo, os Enviados de Alá, cantando em ritmo de samba a marchinha "Alá-lá-ô", de Antônio Nássara e Haroldo Lobo, e a partir do ano seguinte filia-se à Federação dos Blocos Carnavalescos do Ceará.


  •  24/01/1975 - São escolhidos pela Comissão Organizadora do Carnaval de Fortaleza, o Rei Momo, que será o radialista Bezerra de Menezes (Bezerrão I), de 115 quilos e a Rainha do Carnaval, Suzana Maria Brás, representante do Secai. Bezerra de Menezes substitui a Narcílio de Andrade, que renunciou. O Rei Momo integra a equipe esportiva da Rádio dragão do Mar e é funcionário da ECT.


  •  04/02/1977 - Sem a participação da Crônica Carnavalesca, realiza-se no Clube Romeu Martins, eleição para escolha da Rainha do Carnaval de 1977, sendo eleita a manequim Heloísa Helena, soteropolitana vinda da Bahia exclusivamente para a eleição.
No dia 12, no Náutico Atlético Cearense - NAC, na festa Carnaval da Saudade, o Rei Momo Francisco José Torres de Sá e Benevides (Titico I e Único) é coroado juntamente com a Rainha do Carnaval de 1977, Heloísa Helena, recebendo das mãos do prefeito em exercício Manuel Sandoval Fernandes Bastos (Sandoval Bastos), a chave da Cidade.
No dia 22, último dia do carnaval, em pleno desfile, cai um poste onde estava apoiada a arquibancada, na esquina da Avenida Duque de Caxias com Rua Floriano Peixoto, matando duas crianças, Eliane Vasconcelos e Antônio Carlos, deixando alguns feridos.


  •  11/09/1984 - Caso inédito no Ceará, casam-se Jadir Jucá e Nutreia Hollidea Garcia, Rei e Rainha do carnaval cearense de 1984. 


  •  1985 - Inicia-se o desfile carnavalesco em Fortaleza, totalmente desfigurado em virtude de regulamento oficial da Prefeitura. Apesar da desfiguração, um bloco resistiu, ainda guardando as características cearenses, conservando nossa tradição, o "Prova de Fogo". O carnaval foi nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro de 1985.


  •  24/02/1987 - Morre, aos 62 anos de idade, no Hospital de Ceará-Mirim, RN, Javeh Arcoverde Alves, Rei Momo do carnaval cearense durante oito anos, de 1967 a 1974. Era paraibano de Araruana do Norte.


  •  29/01/1988 - Eleito o Rei Momo-88 do carnaval cearense, Paulo Sérgio Luz e Rainha do Carnaval-88, a candidata do Vila-União Atlético Clube, Jaqueline de Morais. Paulo Sérgio foi o primeiro Rei Momo negro.


  •  25 a 27 de fevereiro de 1990 - O carnaval ocorre, trazendo um novo bloco nos desfiles de rua, o Maracatu Nação Verdes Mares, dirigido por Luís Veras Barbosa, o Luís de Xangô.


  •  16/02/1999 - Plena terça-feira de carnaval, na Avenida Domingos Olímpio, morre, após ser entrevistado por uma emissora de rádio, o cantor Luís Bernardo Filho (Nosinho Silva), cognominado "o malabarista do ritmo", aos 63 anos de idade, que atuou por muitos anos na PRE-9. Nascera em Fortaleza, a 04/07/1935.


  •  06/02/2005 - Inicia-se o desfile carnavalesco com o tema "Fortaleza Bela é Prova de Fogo", homenagem ao bloco que fará um desfile comemorativo de 70 anos de fundação, na Avenida Domingos Olímpio.
    Desfilarão 8 (oito) maracatus: Vozes d'África, Nação Iracema, Rei Zumbi, Nação Baobab, Rei de Paus, Az de Ouro, Kizumba e Nação Fortaleza; as escolas de samba: Imperadores da Parquelândia, Imperadores da Bela Vista, Ideal, Unidos do Acaracuzinho e Corte no Samba; os blocos: Garotos do Parque, Garotos do Benfica, Fuxico do Mexe-Mexe, Unidos da Vila e Prova de Fogo.
Desfilarão 8 (oito) maracatus: Vozes d'África, Nação Iracema, Rei Zumbi, Nação Baobab, Rei de Paus, Az de Ouro, Kizumba e Nação Fortaleza; as escolas de samba: Imperadores da Parquelândia, Imperadores da Bela Vista, Ideal, Unidos do Acaracuzinho e Corte no Samba; os blocos: Garotos do Parque, Garotos do Benfica, Fuxico do Mexe-Mexe, Unidos da Vila e Prova de Fogo.


 Foto Site Famalia



  •  2006 - É criado o Sanatório Geral (bloco de carnaval da Gentilândia - Benfica). Além da boa qualidade musical, o Sanatório passou a ser o bloco da irreverência, marcado pelas fantasias, pelo cantar próprio e pela sátira alegre. Em 2009 o colorido intensificou-se com o 1º Concurso de Fantasias e a chegada de novos elementos visuais como a Lagarta de Fogo e o Boneco Antoin Vivente em alusão a Antônio Conselheiro. A partir de ensaios foram priorizadas as canções autorais.



Bloco Luxo da Aldeia - Foto Site Famalia

  •  O bloco Luxo da Aldeia, sai desde 2007 nos pré-carnavais de Fortaleza, busca homenagear a cultura musical de nossa terra executando canções carnavalescas de compositores e músicos cearenses de nascimento ou de coração.O nome é inspirado na música Terral, do compositor Ednardo, que tem os versos: eu sou a nata do lixo / eu sou do luxo da aldeia / eu sou do Ceará.
    O bloco toca músicas carnavalescas de todas as épocas, trazendo à tona músicas antigas, reforçando músicas já consagradas e estimulando a produção de novas composições.
O bloco toca músicas carnavalescas de todas as épocas, trazendo à tona músicas antigas, reforçando músicas já consagradas e estimulando a produção de novas composições.


Bloco Num Ispaia senão Ienche - Foto Site Famalia

  • Nas proximidades do largo do Mincharia, situa-se o bar da Mocinha, cuja proprietária foi homenageada pela prefeitura no ano de 2009, a qual transformou o recinto em pólo carnavalesco, distribuindo máscaras com o rosto de sua proprietária. Cotidianamente, o bar da Mocinha é denominado pagode da Mocinha, em razão das rodas de samba promovidas por fregueses, que se dizem aficionados pelo ritmo. Quando chega o pré-carnaval, o bar é ocupado pelo bloco Num Ispaia se não Enche, dirigido por Dilson Pinheiro, conhecido em Fortaleza por ser um dos criadores do famoso bloco Quem é de Bem fica, em 1990, no bairro do Benfica.


Crédito: Nirez, Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Diário do Nordeste, Portal da História do Ceará e Revistas do Instituto do Ceará


domingo, 10 de fevereiro de 2013

O Carnaval no centro da cidade


Preparação para o Corso na Avenida Dom Manuel na década de 60. Carlos Juaçaba

A rua é larga e a calçada é pra lá de larga. A gente vê árvore, vê os pássaros... O vento faz a árvore chorar. E algum chuvisco que vinha de atrevido, não nos pegava porque as árvores protegiam. O Carnaval é Duque de Caxias, se mudar o Carnaval daquele trecho acabou.*

No trecho destacado da entrevista, percebemos o modo como o compositor Luiz Assunção liga os festejos carnavalescos ao Centro da cidade de Fortalezaressaltando aquele espaço como locus imprescindível para a permanência ativa do carnaval. A Av. Duque de Caxias, uma das artérias mais importantes do Centro de Fortaleza, serviu como passarela para o Carnaval durante muito tempo. Os desfiles tinham a sua concentração muitas vezes no Passeio Público, percorriam algumas ruas do centro até chegarem nas arquibancadas montadas na Avenida Duque de Caxias. 


A Avenida Duque de Caxias - Arquivo Nirez

O Carnaval se insere nas práticas culturais da cidade como um fenômeno essencialmente urbano. No caso de Fortaleza  foi o  centro da cidade, desde o século XIX, onde se brincou o Carnaval de rua. Ao buscar uma compreensão das festas carnavalescas ocorridas no Ceará, no período, percebo uma série de disputas em torno dos lugares de festejos tradicionais. Por muitas vezes esses locais foram sendo modificados. A partir da década de 1990 os desfiles foram levados para a Domingos Olímpio. Hoje esse é o local oficial dos desfiles de Blocos, Maracatus e Escolas de Samba em Fortaleza.


Foto da Exposição Luiz Assunção - Samba de Carnaval

Desde o início do século XX os modos de habitar, as atividades de comércio e lazer sofrem significativos processos de modernização,  ocorrendo assim um processo cada vez maior de descentralização.  Em diferentes temporalidades, a Prefeitura de Fortaleza interfere,  na realização do carnaval, construindo significados modernizantes na festa. De outro lado os blocos, cordões, maracatus e os próprios foliões tentam se adequar a essas novas configurações das festas. As ruas, novas avenidas, praças e vias, com  as suas  mudanças, exerciam influências sobre a configuração dos folguedos ocorridos no período.


Foto da Exposição Luiz Assunção - Samba de Carnaval

Nas diversas leituras feitas sobre o Carnaval de Fortaleza, percebo que o Centro da Cidade foi o palco principal daquela festa durante muitos anos. Mesmo com o crescimento do Carnaval dos Clubes, que foi recorrente durante as décadas de 30, 40 e 50, as ruas do centro continuaram sendo palco para os festejos. Na cidade, desde o início do século XX os folguedos eram festejado nas ruas e nos clubes. As tensões em torno dos festejos podem ser percebidas nas críticas da imprensa local, colocado em segundo plano pelos jornais, o chamado “carnaval de rua” acontecia no Centro de Fortaleza com uma significativa participação da população.
Ao observarmos o centro de Fortaleza hoje, vemos que em alguns poucos casos ele se enquadra no Calendário Festivo da cidade. Poucas são as manifestações culturais festivas que tem esse espaço da cidade como local principal**.  Diferente do que era observado durante grande parte do século XX quando as ruas centrais, juntamente com suas praças eram os locais onde se festejavam as festas carnavalescas.



Diversos trabalhos de historiadores, sociólogos e antropólogos nos mostram um panorama diferente em relação à existência de um carnaval em Fortaleza ao longo do Século XX. Carlos Henrique Moura Barbosa em seu trabalho de pesquisa mostra uma cidade bastante envolvida com os festejos carnavalescos nas décadas de 1920 e 1930. 
Festas que ocorriam nas ruas e nos clubes da cidade. Em seu trabalho o autor traça um 
perfil dos sujeitos que praticavam os festejos carnavalescos na cidade e destaca o centro 
de Fortaleza, na década de 1920, como um dos principais locais de festejo:

"A Praça do Ferreira, durante os dias de carnaval, era o ponto de concentração dos mais diferentes foliões. Essa praça, nas horas dedicadas a Momo, constituía-se em um espaço onde os brincantes iam para ver e para ser vistos. Ao atentar para esse logradouro, enxergam-se os diferentes carnavais presentes nos diferentes espaços da cidade e, também, as interações que ocorriam na praça entre os mais diferentes sujeitos."(BARBOSA, 2011, p. 46)

Concentração na Praça do Ferreira, todos esperando o Corso carnavalesco.

Durante o todo o século XX ocorrem diversas modificações e transformações nos modos de se brincar o carnaval de Rua em Fortaleza. No período analisado pelo pesquisador Carlos Henrique (A decadência de Momo ou outros carnavais?), e ainda em algumas décadas depois, o período momino,  era festejado nas ruas e praças do centro da cidade. Nesse momento trabalhado pelo autor, já se percebe a presença de uma população menos favorecida no carnaval, o que foi se intensificando durante os as décadas seguintes.
Além do patrimônio material, as ruas são constituídas por um conjunto patrimonial imaterial que com suas passeatas, feiras, festas e carnavais formam  a identidade de uma cidade. E é através do estudo dessas festas que se pode entender o patrimônio cultural como um espaço de memória. Dessa forma é necessária atenção aos modos de diversão coletiva e como os fortalezenses  buscam novas formas de lazer e sociabilidade, organizando assim  o seu carnaval. É necessária também atenção às modificações ocorridas nos locais dos desfiles organizados pela Prefeitura Municipal
Ao fim dos anos 60 o carnaval organizado pela prefeitura estava sendo realizados quase 
todos os anos na Avenida Duque de Caxias, no centro da cidade. 

Praça do Ferreira em 2010: o "Concentra mais não sai" é um dos mais tradicionais blocos de Fortaleza - Arquivo Diário do Nordeste

O carnaval era vivenciado no centro da cidade. O itinerário que os Blocos, Escolas de Samba, Ranchos e Maracatus faziam, tendo a Praça do Ferreira como o seu ponto de saída e de chegada, mostram o centro povoado com os festejos. Essa forma do desfile, com o corso alternando o seu percurso entre ruas largas, ruas estreitas e praças nos dão uma impressão de uma proximidade maior da população, permitindo uma maior interação e contato com as agremiações que desfilavam. 

Folia em frente a Coluna da Hora - 2011
Arquivo Diário do Nordeste

Atentamos agora para um novo momento, principalmente o início da década de 1970, em que o espaço do carnaval fortalezense vem sendo experimentado por diversos sujeitos. Os brincantes dos folguedos fazem parte dos mais diversos extratos sociais, que mesmo sem serem bem vistos ocupavam os espaços, buscando o seu lugar no meio das brincadeiras do carnaval. Em algumas oportunidades os jornais mostravam preocupação com as mudanças e como os foliões iriam ter acesso aos festejos. Como em 1975, quando a Tribuna do Ceará traz o seguinte texto:
"Mais longínqua ainda a época em que as vias públicas eram ornamentadas a capricho..., a Praça do Ferreira era o coração da folia, qual sempre foi o da cidade.  Sem nos atermos a maiores indagações, poderíamos lembrar, inclusive, que o afastamento dos locais dos desfiles, que dantes eram nas ruas centrais, cooperou efetivamente para amortecer o ímpeto de muita gente. 
Dificilmente um habitante de Antônio Bezerra, por exemplo, se entusiasma com a perspectiva de atravessar a cidade lado a lado para ir brincar hoje, na Aguanambi
Dir-se-á que o fato não é relevante. Entretanto não deixa de ter sua importância. Mesmo nestes tempos difíceis, uma coisa é alguém ir assistir a um corso na Senador Pompeu ou na Duque de Caxias e outra é deslocar-se para pontos distantes, obrigado a tomar mais de um ônibus numa cidade precariamente servida como a nossa." (Coluna Coisas do Carnaval, publicada em 12 de fevereiro de 1975).

O Bloco Matou a Pau...ta! é formado por jornalistas cearenses - 2011
Arquivo Diário do Nordeste

Em 1976, tem destaque nos jornais a proibição do Presidente da Federação dos Blocos quanto a saída nas ruas da Charanga do Gumercindo(Notícia publicada em 13 de fevereiro de 1976. De acordo com o jornal essa charanga saía há mais de 10 anos no carnaval de Fortaleza, e tinha por característica não possuir filiação com nenhum bloco, escola de samba ou maracatu)Segundo o jornal o Presidente alegou que “os componentes da charanga costumavam brigar com os demais componentes de blocos carnavalescos, além de criarem confusões com foliões dos chamados bloco dos sujos”

Na foto, a Charanga do Gumercindo fazendo festa no PV. Na foto, integrantes com instrumentos musicais. Bem ao centro, de chapéu e bigode, Gumercindo Gondim recebe o abraço do sorridente Jaime. (Acervo de Elcias Ferreira).

A retirada dessa “Charanga do Gumercindo” dos desfiles, mostra a forma como eram as disputas em  torno dos locais de desfile. Esse espaço destinado às Escolas de Samba, Maracatus, Cordões e Ranchos recebia também os sujos, que não estavam ligados a nenhuma agremiação. Para as autoridades o papel da população era somente o de assistir aos desfiles. A Charanga transitava nesse espaço destinado ao desfile, também sem estar ligada a nenhuma agremiação, convidando a população para a avenida.  Para Silva (2008, p. 29) “a incorporação dos segmentos populares implicou para as elites pensar esses campos culturais, a partir de uma única dimensão”. O modo pensado pelas elites era o de submeter os folguedos populares aos seus valores, buscando a aceitação de um modelo único de carnaval. Para Silva (2008, p. 30) esse processo ocorre em cidades como São Paulo, se completando na década de 1960.

Festa comumente alçada a símbolo nacional, o carnaval desperta as mais variadas lembranças e sentimentos. As memórias sobre a festa carnavalesca são tão múltiplas quanto as suas formas de ser festejada. O Carnaval Brasileiro está longe de ter uma unidade em sua forma e concepção. Nas diversas regiões, estados ou cidades brasileiras encontramos diferentes formas de se festejar o período momino. Assim encontramos nos festejos os mais diversos espectadores, brincantes, foliões e trabalhadores. Atualmente, para muitos moradores a cidade de Fortaleza o que caracteriza o Carnaval são os desfiles de maracatus na Avenida Domingos Olímpio, fazendo parecer que na cidade não há carnaval de rua. 

Maracatu Az de Ouro em desfile de 1950 - Arquivo Nirez

Outro discurso corrente é que o carnaval, em nosso estado, acontece somente nas cidades do interior, principalmente nas praias. Identificamos também a ideia de que Fortaleza, no carnaval, é um ótimo local para o descanso, atraindo assim pessoas que não gostam de muita folia.

O carnaval passa por momentos de nascimentos e renascimentos. Em alguns momentos ele parece mais forte e em outros parece nem existir. O que determina essa ideia que se tem sobre os festejos são as batalhas pela memória que se travam na sociedade. A manipulação desse processo de lembrar e esquecer, será determinante na luta pelo poder sobre a festa.(FERREIRA, 2005, pág 298).

Bloco Zombando da Lua - Arquivo Nirez

Assim, é pertinente interpretar o que significava para os brincantes do carnaval estar participando dessa festa no século XX. Estamos em contato com uma Fortaleza que está se modernizando,  e o centro, aos poucos, vai deixando de ser seu principal local de moradia. O carnaval precisa ser entendido como espaço de lazer e como uma prática de sociabilidade dessa população. Sujeitos que tinham no período momino também uma forma de se mostrar nas ruas e buscar nesses locais sua forma de festejar, articulando temporalidades e espacialidades. Buscando assim o seu lugar no carnaval e na cidade que se modifica. 

*O trecho foi retirado de uma entrevista cedida à Rádio Universitária FM, feita no ano de 1982, para o Programa Coisas Nossas. Nela, Luiz Assunção fala, além de outros assuntos, de suas impressões sobre o carnaval de Fortaleza daquele ano (1982). Luiz Assunção, além de trabalhar em Rádios da Cidade, como a Ceará Rádio Clube, foi compositor de vários sambas, marchas, valsas e baiões. Além disso, tem um papel importante no Carnaval Cearense. Foi componente da Escola de Samba Lauro Maia, que desfilava nos carnavais da Cidade. Em 1945 emprestou o seu nome para a Escola de Samba Lauro Maia, que nesse ano passa a se chamar Luiz Assunção. Com essa denominação a Escola de Samba veio a ser campeã do Carnaval nos anos de 1946 a 1949.




**Blocos de pré-carnaval ainda conseguem levar grande público à Praça do Ferreira, por exemplo o Concentra Mas não sai” que consegue um público de vinte mil pessoas.






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O Carnaval no centro da cidade: Mudanças e Permanências no local da festa em Fortaleza.
Tiago Cavalcante Porto

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