Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : rua Castro e Silva
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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sábado, 11 de abril de 2015

Especial Fortaleza 289 anos - Os homenageados nas ruas da cidade


Baseado numa matéria do Tribuna do Ceará (VEJA AQUI), resolvi mergulhar fundo e descobrir quem são alguns homenageados em ruas da nossa capital!

Em 17 de janeiro de 1818, a Câmara pagou ao procurador Bernardo José Teixeira, para que este colocasse placas com os nomes das ruas de Fortaleza.


Coronel de engenheiros, naturalista João da Silva Feijó (Naturalista Feijó), era nascido na Vila de Guaratiba, Rio de Janeiro em 1760. Estudou detalhadamente os recursos naturais do Ceará, deixando várias memórias a respeito e uma carta topográfica do Ceará. Em 09 de março de 1824, morre, na Capital do Império, aos 64 anos de idade.


Coronel Pedro José da Costa Barrosera cearense de Aracati onde nascera a 07/10/1779 e também poeta. Foi presidente da Província do Ceará, tenente, ministro e senador, além de deputado às Cortes de LisboaMorreu em 20 de outubro de 1839, aos 60 anos de idade, no Rio de Janeiro.


Senador Manuel do Nascimento Castro e Silva, era cearense de Aracati, nascido a 25/12/1788. Filho do capitão-mor José de Castro e Silva e de Joana Maria Bezerra de Meneses, sendo, portanto, irmão de João Facundo, José de Castro e Silva e de Vicente Ferreira de Castro e Silva. Foi batizado na igreja matriz de Aracati pelo padre José Joaquim Nunes da Costa Carvalho, sendo padrinhos o governador João Batista de Azevedo Coutinho de Montauri e sua esposa Francisca de Sousa Coutinho por procuração apresentada pelo mestre-de-campo Pedro José da Costa Barros e Francisca Xavier da Natividade, irmã do médico João Damasceno Ferreira. Foi deputado geral, Ministro do Império e presidiu o Rio Grande do Norte. Hoje é nome de rua que nasce na Catedral Metropolitana e termina no Cemitério de São João Batista, antiga Rua das Flores. Morreu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1846, aos 57 anos de idade.




Alexandre Baraúna Mossoró, era soldado da 5ª Companhia do 3º Batalhão de Infantaria do Exército BrasileiroMorreu em luta no Uruguai, na Tomada de Paissandu, em 02 de janeiro de 1865. Era cearense nascido às margens do Rio Mossoró, quando este era a divisória entre o Ceará e o Rio Grande do Norte.



Brigadeiro Francisco Xavier Torres (Brigadeiro Torres), era natural de Fortaleza onde nascera em 1803. Morreu no Rio de Janeiro em 25 de março de 1873, aos 70 anos de idade.



José Lourenço de Castro Silva nasceu em Aracati em 3 de agosto de 1808. Foi o primeiro médico deputado estadual do Ceará. O sobrado do Dr. José Lourenço, onde viveu a maior parte de sua vida em Fortaleza, foi tombado em 2007 como patrimônio do Ceará sendo o primeiro prédio de três pavimentos da capital.
O Dr. José Lourenço faleceu em Fortaleza, em 13 de agosto de 1874.




Joaquim Antônio Alves Ribeiro, era cearense de Icó, nascido em 09/01/1830.
Era um dos dezessete filhos de Manuel Alves Ribeiro e de Alexandrina Mendes Ribeiro. Formado em medicina pela Universidade de Harvard, em 1853, sustentou teses perante a Faculdade de Medicina da Bahia, vindo exercer sua profissão na província natal.
Era médico do Hospital de Caridade de Fortaleza, cirurgião da Guarda Nacional, cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa (2 de dezembro de 1858) e de Cristo (12 de outubro de 1867), sócio correspondente da Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro, da Sociedade Médica de Massachusetts, da Sociedade de História Natural de Frankfurt, da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
A esse médico se deve o primeiro museu que o Ceará viu. Após sua morte as diversas coleções passaram por doação ao governo do Estado, que as confiou à Biblioteca Pública, e mais tarde foram removidas para a Escola Normal.
Foi casado com sua prima, Adelaide Smith de Vasconcelos, filha de José Smith de Vasconcelos e de Francisca Mendes da Cruz Guimarães, primeiros barões de Vasconcelos.

Morreu em Fortaleza, em 02 de maio de 1875, aos 45 anos de idade.
Exerceu sua profissão na Santa Casa de Misericórdia.



Senador Tomás Pompeu de Sousa Brasil (Senador Pompeu), cearense de Santa Quitéria onde nascera a 06/06/1818.
Era filho do capitão de milícias Tomás d'Aquino de Sousa e de Jeracina Isabel de Sousa. Estudou na Faculdade de Direito do Recife e no Seminário de Olinda. Foi um dos fundadores (1845) e seu primeiro diretor (1845-1849) do Liceu do Ceará, onde era professor de Geografia e História. Paralelamente no período em que começaram as suas atividades do Liceu, também entrou para a política partidária no Partido Liberal, tornando-se primeiro suplente nas eleições para a Assembléia Geral, tendo-se efetivado com a morte de Costa Barros, sendo então Deputado Geral (1845-1848). 

Como jornalista, participou ativamente no jornal Cearense, ligado ao Partido Liberal, e com a morte de Miguel Fernandes Vieira, então líder dos liberais no Ceará, foi indicado para senador do Império (1864), exercendo este mandato até o final de sua vida (1864-1877). Herdou também a liderança do Partido Liberal no Ceará, cargo que permaneceu no estado até a sua morte (01/10/1877), em Fortaleza, aos 59 anos. Publicou várias obras sobre história e geografia, foi membro de diversas sociedades científicas, como do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado quando ele tinha 20 anos, da Sociedade de Geografia de Paris e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco. Foi pai de Tomás Pompeu de Sousa Brasil e de Maria Teresa de Sousa, esposa de Antônio Pinto Nogueira Accioli, que herdou seu legado político. Localizado na mesorregião dos Sertões Cearenses, centro do Estado, o antigo Arraial do Codiá, tornou-se município (1901) e passou a se chamar Senador Pompeu, em sua homenagem. Patrono da Cadeira nº 36 da Academia Cearense de Letras - ACL.




Raimundo Antônio da Rocha Lima, crítico literário nascido em Maranguape (CE), em 1855. Foi criado pela mãe, pela avó e uma tia, em uma casa na rua da Misericórdia (atual rua Dr. João Moreira), de frente ao Passeio Público. Na residência também funcionava uma escola para meninas, na qual Rocha Lima iniciou seus estudos, tendo a tia como preceptora e professora. Estudou depois no Atheneu e no Liceu do Ceará. Adolescente ainda, fundou com amigos a associação Fênix Estudantal (1870), de cunho lítero-filosófico. Em 1871, foi para o Recife (PE), a fim de cursar direito, mas teve de retornar a Fortaleza no mesmo ano, devido a problemas de saúde. Ajudou a fundar a Academia Francesa do Ceará (1873), agremiação dedicada à historiografia e crítica literária, e a Escola Popular (1874), direcionada ao ensino gratuito de operários e desvalidos, que oferecia aulas de língua nacional, aritmética, geografia, história, francês e primeiras letras. Colaborou de forma ativa no jornal maçom "Fraternidade", que circulava às terças-feiras em Fortaleza. Faleceu em 28 de julho de 1878, com apenas 23 anos, em Maranguape, vítima de beribéri. 
Seu livro Crítica e Literatura, publicado post mortem, é considerado uma obra-prima que o fez entrar no hall dos grandes nomes da crítica literária brasileira. Patrono da cadeira nº. 30 da Academia Cearense de Letras. Rua que atravessa os bairros Centro, Joaquim Távora, Aldeota e Dionísio Torres.



Bernardo Duarte Brandão, primeiro e único Barão do Crato. Nasceu em Icó, a 15 de julho de 1832. Filho de Bernardo Duarte Brandão, formou-se em Direito, em 1854. Foi deputado provincial em duas legislaturas, além de vice-presidente da província do Ceará, depois deputado geral entre 1864 e 1870 (12ª e 13ª legislaturas).
Agraciado barão em 14 de setembro de 1866, também era oficial da Imperial Ordem da Rosa.
Faleceu em 19 de junho de 
1880, aos 47 anos de idade, em Paris.



Nasceu em Pernambuco em 1824. Bacharelou-se na Academia de Olinda, em 1849. Como Juiz Municipal de Ouricurí colocou em prática o decreto do Governo Imperial que anistiava os revoltosos da Revolução Praieira.

Recebeu as veneras de Cristo e da Rosa. Foi Chefe de Polícia do Rio Grande do Norte. Depois de cinco anos como juiz da comarca de Escada, em Pernambuco, foi nomeado Desembargador da Relação do Distrito de Fortaleza por decreto de 28 de julho de 1875 e empossado a 1º de outubro.

Exerceu as funções públicas de: Procurador da Coroa Soberania e Fazenda Nacional; Presidente da Província de Alagoas; Presidente da Província do Ceará até novembro de 1877. A 15 de dezembro de 1877 foi nomeado Presidente da Relação de Fortaleza e por outra Resolução Imperial, de 30 de janeiro de 1878 teve o título de Conselheiro. Como benemérito da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza foi vice-provedor.
Faleceu com 56 anos de idade em Fortaleza a 5 de agosto de 1880 no exercício de Presidente da Relação de Fortaleza.




Coronel José Nunes de Melo, ex-comandante da Polícia Militar do Ceará - PMC. E ex-deputado estadual. Comandou o 1º Batalhão de Voluntários na Guerra do Paraguai. Nascera em Fortaleza em 08/06/1823. É hoje nome de rua no Rodolfo Teófilo e Bela Vista.
Faleceu em 24 de fevereiro de 1882.

Leia também:

Parte II
Parte III
Créditos: Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Portal da História do Ceará, Wikipédia, Ruas Biográficas e http://www.tjce.jus.br/



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Enterros na Fortaleza antiga - Os Gatos Pingados



Na Fortaleza antiga, os enterros eram verdadeiras procissões, que se estendiam, algumas vezes, por mais de um dos nossos quarteirões.

Abria o préstito uma cruz negra de cuja peanha pendia uma saia, que era um pano de veludo preto com franjas douradas, afetando a forma desta peça de vestuário.
As irmandades marchavam em longas filas, solene e silenciosamente. Precedido pelo cura da , vinha o féretro, levado por quatro empregados da misericórdia, vestidos de preto, com cartolas de oleado reluzente, casacas e calças debruadas.
O caixão repousava sobre duas travessas cujas pontas descansavam sobre largas correias, que os condutores traziam a tiracolo.
Eram estes os Gatos Pingados, pobres homens ridicularizados, que aliás, prestavam um grande e penível serviço a mortos e vivos, pois não lhe custava pequeno esforço percorrer dois ou mais quilômetros em marcha lenta, carregando peso, vestidos como iam e sob um sol de fogo.

Pelos anos de 1880, cobria-se o féretro com largo pano preto com franja e cruz douradas ao centro, pendendo de cada canto um cordão com borlas, nos quais seguravam as pessoas mais chegadas ao morto, assim a modo de quem, realmente, o conduzisse ao Dormitório.

Vestidos de rigoroso luto, parentes e amigos acompanhavam, descobertos; e se as posses ou a posição social do morto o permitiam, uma banda de música acompanhava o funeral, o qual, ao aproximar-se da , era recebido com sinais dobrados ou singelos, conforme as circunstâncias. 
Até a Catedral, todos iam descobertos; mas daí para o Cemitério, todos se cobriam, porque já estava encomendado o corpo.
Era, em verdade, um sacrifício ir um homem, da matriz ao Cemitério, vestido de preto, sol das quatro horas pela frente, sobre um péssimo calçamento.
Após o percurso de 1300 metros, que portanto se estende a rua das Flores, ali se chegava esbaforido, mas de tal caminhada ninguém se queixava, dados os sentimentos que a todos animavam.



Cemitério São João Batista na década de 30 - Arquivo do Blog

Antônio Bezerra dizia que a rua das Flores deveria ter um nome que lembrasse o batismo e a sepultura ou o Alfa e o Ômega da vida. 

A sociedade fria e cruel, exigia das família enlutadas as mais ruidosas mostras de dor à saída dos enterros, e, mais de uma vez, nesses momentos angustiosos, espíritos fracos desgovernaram, fizeram exclamações inconvenientes ou deixaram vir a lume segredos de família.
Já se vai compreendendo que tais gritarias são mais uma convenção do que a expressão dum verdadeiro sentir; e é por isto que se tem visto aqui mais de uma família despedir-se do seu morto, guardando o silêncio que fala, que exprime melhor que toda palavra a grandeza e a nobreza da verdadeira dor.


As visitas de pêsames eram uma tortura, especialmente para as viúvas que, em exposição nas suas salas, tinham que repetir, miudamente, aos visitantes, as peripécias da doença e sofrimentos últimos do seu morto. 
Felizmente, este torturante costume, este sacrifício das viúvas, vai caindo em desuso. 

Naquele tempo, os enterros eram solenes e a pé. A frente do cortejo, a cruz alçada e o padre paramentado. O caixão do falecido era carregado por amigos, parentes ou pelos “gatos pingados”( homens contratados para levar o defunto ao cemitério). Vestiam-se com casacas compridas e negras, uma fita amarela a tiracolo, calças com listas vermelhas, cartolas altas de oleado, de abas enroladas.
O esquife era equilibrado sobre duas tábuas, em cujas pontas haviam aldravas seguras pelas mãos enluvadas dos Gatos-Pingados, e transportado num ritmo cadenciado, subindo e descendo, num caminhar lento e silencioso.

Somente homens, todos de preto, acompanhavam o féretro. Como já dito, se o defunto era pessoa importante, o cortejo terminava com uma banda de música tocando peças fúnebres.

Durante um mês, a família só saía de casa para assistir as missas, de sétimo e trigésimo dia. Só escrevia cartas tarjadas de preto e usava luto fechado: os homens, camisa e terno pretos, as mulheres vestido comprido totalmente negro, a cabeça coberta por um véu. Os viúvos usavam luto fechado pelo resto da vida.


Na Fortaleza antiga, quando o morto não tinha muito prestígio ou não era bem quisto, poucas pessoas seguiam o cortejo, e algumas vezes, apenas os quatro "gatos pingados", assim quem morava nos arredores do Cemitério de São João Batista, corria para assistir o enterro e comentar depois.

Até hoje ouvimos a expressão "gatos pingados".
-"Não deu quase ninguém, só alguns gatos pingados!"


Fontes: Fortaleza Velha de João Nogueira, Otacílio de Azevedo (Fortaleza Descalça) e História Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a cidade amada de Mozart Soriano Aderaldo.


sábado, 23 de novembro de 2013

San Pedro Hotel


Ele foi durante muito tempo o hotel mais luxuoso de Fortaleza 

Arquivo O Povo

No dia 29 de maio de 1959, era inaugurado o San Pedro Hotel, da Imobiliária Pedro Lazar, de Pedro José Lazar (Pedro Lazar), localizado na Rua Castro e Silva nºs 71/91, esquina com a Rua Floriano Peixoto.

"A dois passos do Forte Nossa Senhora da Assunção, quase em frente ao Centro de Artesanato da Emcetur, ao lado do Mercado Central e da Catedral em construção, próximo ao Teatro José de Alencar e no corredor de todas as praias metropolitanas.
O hotel mais procurado por quem quer ficar perto de tudo"
, diz o folder da inauguração.

Possui uma área de 6.086 metros quadrados, 11 pavimentos, contando com o térreo, sobreloja e o restaurante, 78 quartos, elevadores movidos por luz própria a óleo diesel, salão de beleza e sala de reuniões.

Arquivo Nirez

Ícone da hotelaria de Fortaleza até os anos 90, o San Pedro era um dos endereços mais procurados na época. Artistas, personalidades, jogadores de futebol e políticos, nele encontraram conforto e hospedagem; a cozinha era uma das melhores da cidade; na boate, festas concorridas eram animadas por músicos de renome.
O entorno do prédio, valorizavam ainda mais o hotel, como por exemplo, o belíssimo Passeio Público, a Catedral Metropolitana, o suntuoso prédio da Santa Casa e a belíssima Estação João Felipe
Na década de 80 o glamour do conceituado hotel perdia forças mediante a decadência do Centro conduzindo o San Pedro à sua desativação em 1990, cedendo lugar à Secretaria da Indústria e Comércio, que lá funcionou até o ano de 1999. Depois, o prédio foi reformado para abrigar o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e AgronomiaCREA.

Cartão Postal da inauguração do San Pedro Hotel

A reestruturação do edifício custou mais de R$ 1 milhão e estendendo-se por quatro anos para ser concluída. Um dos objetivos do CREA é colaborar com o Programa de Revitalização do Centro. O edifício abandonado e esquecido, mas que marcou a história do Centro, teve sua compra efetivada em 2003 por R$ 660 mil. A reforma começou no ano seguinte e consumiu mais de R$ 1 milhão. 
São 11 andares que abrigarão, além do CREA - Ce, outras entidades das categoria, um museu e um centro cultural. Segundo o Jornal O Povo de 18 de março de 2008. 

 Fotos tiradas da Praça da Sé, no sentido poente da rua Castro e Silva. O prédio branco ao fundo é o San Pedro Hotel, hoje ocupado pelo Crea. Acervo da foto antiga: Carlos Juacaba


"Antigamente a rua Castro e Silva tinha o nome de Rua das Flores. Era lá que os jovens se reuniam para dançar e se divertir. As calçadas eram movimentadas, fosse dia, fosse noite. Mas quando o Hotel San Pedro foi desativado, a rua ficou praticamente esquecida. Depois que inventaram os shoppings, isso aqui foi esquecido. Mas tão querendo trazer algumas coisas de volta. Vai ser difícil, mas se funcionar vai ser maravilhoso. "


(Glauber Holanda, aposentado, em entrevista ao Jornal O Povo 
de 15 de novembro de 2007). 

San Pedro Hotel em 2006 - Foto Gerson Linhares

Fatos Históricos

  • 13 de dezembro de 1973 - No quarto nº 820 do San Pedro Hotel, na Rua Castro e Silva nº 81, esquina com a Rua Floriano Peixoto, a cearense Vera Lúcia da Silva, mata com 40 facadas e três tiros a bailarina mineira Juçara Costa Abreu, sua amante. O fato aconteceu por volta do meio-dia. No local, os policiais encontraram Vera dopada ao lado de sua vítima. "Maconha, bebida e muita bala", foi o que respondeu a assassina ao ser questionada sobre o que estava acontecendo. As duas haviam se conhecido no Rio de Janeiro e, mesmo sendo Vera casada, tiveram um caso que durou quatro meses.


Foto de 2006 - Gerson Linhares


  • 11 de abril de 2003 - O Edifício São Pedro, prédio onde funcionou o San Pedro Hotel, no Centro de Fortaleza, fechado há três anos, é leiloado pela Imobiliária Lazar, proprietária do edifício. O leilão acontece no Othon Palace Hotel. O administrador do San Pedro, Pedro José Lazar Neto, diz que um dos possíveis compradores, deve transformá-lo em condomínio residencial. Os elevadores estão parados e as instalações elétrica e hidráulica precisam de reparos, assim como quartos e corredores. O San Pedro Hotel fora inaugurado em 29/05/1959, fechou as portas em 1990 passando a ser ocupado pela Secretaria de Indústria e Comércio do Ceará que lá ficou até 1999, ficando abandonado até o leilão. O edifício do antigo San Pedro Hotel, com 11 andares, tornou-se um dos endereços mais chiques e concorridos da cidade. Nos apartamentos refrigerados do San Pedro, repousaram beldades, artistas de rádio, jogadores de times famosos, turistas do Brasil e do mundo. Seu restaurante era o que havia de mais fino e a comida, delícia para poucos endinheirados. 
Crea inaugura sede em prédio histórico


Os primeiros andares do antigo San Pedro Hotel ficaram lotados para a inauguração da nova sede do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Ceará (Crea-CE). O prédio, localizado na esquina das ruas Floriano Peixoto e Castro e Silva, no Centro histórico, passou por uma grande reforma para abrigar a entidade.

"Esperamos que a proximidade do Crea com a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, a antiga Cadeia Pública, a Santa Casa de Misericórdia, a Praça do Ferreira, o Theatro José de Alencar, entre outros, faça com que os profissionais do sistema conheçam e usufruam destes patrimônios", declarou José Maria Freire, presidente interino do Crea, durante a solenidade oficial de inauguração.

Foto de 2009 - Gerson Linhares

Os 11 andares do edifício vão abrigar, além do Crea, outras entidades das categorias representadas pelo Crea, um museu e um centro cultural. Segundo Freire, uma central de serviços será inaugurada no local com atendimento da Coelce, Cagece, Prefeitura de Fortaleza e Corpo de Bombeiros, com o objetivo de facilitar o acesso às necessidades do trabalho dos associados.


Jornal O Povo de 18/03/2008



Fontes: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Roteiro para um turismo histórico e cultural - 2005 de Miguel Ângelo de Azevedo, Portal do Ceará, Dissertação de Cisne Sales de Freitas, Jornal O Povo e Jornal Diário do Nordeste.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Cine Luz - 1931 - Parte II


Assim foi noticiada a inauguração do novo Cine Luz, no periódico “Gazeta de Noticias” (23/02/39) :

INAUGURA-SE HOJE O CINE-LUZ
A PELÍCULA "TRÊS PEQUENAS DO BARULHO"
FOI A ESCOLHIDA PARA ESSA INSTALAÇÃO

Conforme noticiamos em edições anteriores, a Empreza Severiano Ribeiro fará inaugurar hoje mais um cinema sonoro, o Cine Luz, para cujo aparelhamento não mediu esforços, dotando Fortaleza com mais uma excelente casa de diversões cinematográficas.

È o antigo salão existente com aquela denominação à Praça Castro Carreira, canto da rua General Sampaio, o qual adaptado às projeções sonoras passou por remodelação geral, internamente tornando-se de aspecto agradabilissimo.


A antiga Praça Castro Carreira - Arquivo Nirez

A maquinaria sonora é das mais modernas, foi confeccionada pela marca nacional Cinetom que se vem tornando conhecida em todo o pais pela excelencia de seus aparelhos, por isso mesmo contando com grande numero de instalações congêneres em todo o território brasileiro.

Ontem à noite houve uma experiência dos ótimos aparelhos do Cine-Luz e hoje, às 19 horas, com a inauguração do novo salão, o nosso público terá de verificar que improficuos não foram os esforços da Empreza Ribeiro, oferecendo à nossa capital um esplendido cinema que irá servir os habitantes das imediações onde se encontra o mesmo instalado.



Consoante os cartazes da dita emprêza será passado, na tela inaugural do Cine Luz, o grandioso filme de Deanna Durbin, “Três Pequenas do Barulho”, tão aplaudido nas suas apresentações anteriores.

Os preços do aludido cinema serão populares, sendo cobrados os ingressos, nos dias úteis, à razão de 1$600 e nos dias de domingo, 2$200, quando entrarão programas especiais.

(Grafia da Época)

Nessa fase, vivenciei uma única visita ao velho cinema, quando em vesperal superlotada, graças à dupla Laurel e Hardy, imortalizada no Brasil como “o gordo e o magro”, era exibida a agradável versão cômica da opereta “Fra Diavolo” (Fra Diavolo; Metro Goldwyn Mayer, 1933, 90 minutos, direção de Hal Roach e Charles Rogers, opereta de Auber, argumento de Jeanie McPherson, direção musical de Le Roy Shield, fotografia de Art Lloyd e Hap Depew, com Stan Laurel, Oliver Hardy, Dennis King, Thelma Todd e James Finlayson).



O Cine Luz teve um novo período de existência, de doze anos, após a sua nova sonorização, transformando-se inevitàvelmente em cinema popular, com público simples que podia assumir o custo de seus ingressos de baixo preço. Foi finalmente desativado por volta de 1951.

Ary Bezerra Leite


Parte I



Fonte:  Livro Fortaleza e a Era do Cinema de Ary Bezerra Leite


domingo, 28 de julho de 2013

Cine Luz - 1931


O Cine Luz fundado em 1931, na Praça Castro Carreira - Ary Bezerra Leite

O mais popular de nossos cinemas, frequentado por pessoas simples e humildes, provavelmente tenha sido o Cine Luz, principalmente nos seus últimos anos de funcionamento. A razão dessa frequência nitidamente popular, advinha de sua localização na Praça Castro Carreira ou Praça da Estação, na esquina das ruas General Sampaio com Castro e Silva, no lado oposto da Estação Central dos trens da Rede de Viação Cearense.

Marciano Lopes, no seu livroRoyal Briar, comenta essa característica do Cine Luz, na década de 40, em contraste com outro cinema da mesma rua - o Rex: "Também na General Sampaio, ficava o Cine Luz, contudo na esquina da Praça da Estação. Nivelava-se, socialmente, ao Majestic, e era preferido pelos moradores do Arraial Moura Brasil, do “Curral” e das "Cinzas”, devido à proximidade com aqueles aglomerados humanos."

Quando de sua inauguração, entretanto, o Cine Luz propunha-se a ser um cinema destinado a um público do melhor nível social, tendo como destaque ter sido o primeiro dos pequenos cinemas que surgiram já sonorizados, ainda no período do processo Vitaphone.

O Cine Luz era localizado à rua General Sampaio, 526, esquina com rua Castro e Silva, e tinha outro acesso pela Praça Castro Carreira, 85. Foi inaugurado pela Empresa Cine Luz Ltda., de Bernardino Proença Filho e José Bezerra Rocha, no dia 28 de março de 1931, com o filme, distribuído pelo Programa Matarazzo, "Dama Escarlate (The Scarlet Lady; Columbia Pictures Corp., 1928, 7 rolos, direção de Alan Crosland, produção de Harry Cohn, argumento de Bess Meredithedição de Frank Atkinson, com Lya de Putti (Ao lado), Don Alvarado e Wamer Oland).

O surgimento do Cine Luz foi acolhido pela imprensa, tendo aGazeta de Noticias” (27.03.31) publicado:

CINE LUZ - SUA INAUGURAÇÃO AMANHÃ

Conforme anunciamos há dias, acaba de ser instalado mais um cinema nesta capital.

Trata-se do Cine Luz, de propriedade da  Empreza Cine Luz Ltda.", constituída pelos Srs. Bernardino Proença Filho e José Bezerra da Rocha.

O Cine Luz funcionará no prédio da antigaFábrica Proença, à rua General Sampaio nº48, esquina com a Praça Castro Carreira, e se acha confortavelmente instalado, de acordo com os requisitos indispensáveis a um cinema moderno. O salão de projeções é amplo e arejado e está muito bem mobiliado, de maneira a satisfazer as exigências do público em matéria de conforto.

A Fábrica Proença (em destaque) na Praça Castro Carreira - Nirez

A Empreza Cine Luz possue instalações de Electrola e Alto-falantes dynamicos da "Radio Corporation Company, de New York, para a synchronização motivada de todos os films a exhibir.

A inauguração do Cine-Luz, realizar-se-á amanhã, sábado, com um lindo programa escolhido a capricho e em duas sessões: às 18 1/2 e às 20 1/2.

Nessas sessões será focalizada a excelente pelicula "A Dama Escarlate", do Programa Matarazzo, com os queridos artistas Lya de Putty, Don Alvarado e Wamer Oland.

Completará o programa, um jornal noticioso.
É de se esperar, pois, que a inauguração do Cine-Luz constitua um acontecimento social com a afluencia numerosa dos elementos mais distinctos da sociedade cearense.

(Grafia da Época)

A respeito do novo cinema, o periódico católicoO Nordeste (28.03.31) dedica a seguinte nota:

MAIS UM CINEMA EM FORTALEZA

Inaugura-se, hoje, às 18:30, à rua General Sampaio nº48, esquina com a praça Castro Carreira (prédio da antiga "Fábrica Proença") mais um cinema em Fortaleza.
Trata-se do "Cine Luz”, de propriedade da “Empreza Cine Luz Ltda."constituida pelos Srs. Bernardino Proença Filho e José Bezerra da Rocha.

Essa nova casa de diversões se apresenta com instalações modernas e confortáveis, dispondo de electrolas e alto falantes dynamioos, da “Radio Corporation Company", de Nova York, para a syncronização motivada dos seus filmes.
O ato inaugural constará da fita “A Dama Escarlate”, em duas sessões, uma às 18:30 horas e outra às 20 horas.

Durante toda a Semana Santa o "Cine-Luz” exhibirá o primoroso film sacro "A Vida de Christo" colorida, com syncronização movida, última cópia da "Pathé Fréres", de Paris, recebida, directa e exclusivamente pela “Empreza Cine Luz Ltda”.

(Grafia da Época)

Os proprietários do Cine Luz, nesse primeiro ano de existência, tudo fizeram para assegurar um nível comparável aos melhores cinemas da Empresa Ribeiroconsiderando-se inferior apenas ao Cine Moderno, como atesta uma notícia do Correio do Ceará" (08.06.31):

A EMPREZA CINE LUZ OS NOVOS FILMS A SEREM EXHIBIDOS

O Cine Luz, da Empreza Cine Luz Ltda., de propriedade exclusiva dos Srs Bernardino Proença Filho e José Bezerra da Rocha, cavalheiros conceituadíssimos em nosso meio social, vem se estabelecer, no intuito de melhor servir aos seus numerosos frequentadores, várias soirées onde se exhibem as melhores cintas que se projectam nesta capital.

Às terças feiras funccionam as soirées d'art; às quintas e aos sabbados realizam-se as sessões populares com films appropriados e a preços accessiveis à bolsa de todos; aos domingos têm lugar as sessões Chics onde se apresentam films escolhidos.

Com esta organização os Srs Bernardino Proença Filho e José Bezerra da Rocha que já dotaram a nossa capital com excellente salão de projecção, o mais moderno de quantos existem e só inferior ao Moderno, procuraram servir ao nosso povo, correspondendo aos anseios de progresso que o caracteriza e justa é a preferencia que lhes tem dispensada.

(Grafia da Época)

O cinema com seus 800 lugares, divididos entre cadeiras e geral, conseguiu algum sucesso de público. Seu primeiro aniversário foi comemorado com brindes para os frequentadores. O Correio do Ceará" (28.03.32), noticia:

O 1°ANNIVERSÁRIO DO CINE LUZ

Hoje transcorre o primeiro anniversário do conceituado centro de diversões da Praça Castro Carreira, Cine Luz.

Em sua missão de agradar o número avultado de habitués deste aprazível cinema, a empresa organizou um atrahente programma, comemorando o feliz acontecimento.

Será levada a scena a revista burleta em 3 actos, Ultimo dia de Carnaval"Entre as senhoras e senhoritas que comparecerem a alegre noitada de hoje, serão sorteados trez brindes, no valor de 145$000.
Até o geral fará hoje a "sua independência”.

A conceituada Empreza de Cigarros Iracema Ltda.", distribuirá nelle grande numero de brindes.
E, para completar a atração da noite de hoje os preços das entradas serão minimos, contentando a todos.
As cadeiras a 2$200 e a geral a $500.
E, terminando, felicitamos a Empreza do Cine Luz, que tão bem tem sabido contentar a nosso ultra-exigente publico.

(Grafia da Época)

A tentativa de fazer um cinema ou um circuito Independente em Fortaleza, a partir do Cine Luz, com lançamentos próprios, também se frustou. Incorporado ao Grupo Severiano Ribeiro, em 1933, no que pese a existência de Investimentos para remodelação do prédio, assumiu gradualmente o status de “poeira", cinema para público menos exigente. Com uma geral na frente, próxima à tela, de bancos corridos, separada da área de cadeiras por uma grade. 
A noticia da reforma do prédio aparece no “Correio do Ceará” (27.06.33):

O "CINE LUZ" PASSA POR COMPLETA REFORMA

O velho e antigo casarão da Praça Castro Carreira, antiga Fábrica Proença, onde se aloja atualmente o popular salão de projecõees Cine-Luz, passa por completa reforma, adaptando-se a uma apreciável casa de diversões como as exigências do público que o frequenta está a pedir.

A Fábrica Proença (em destaque) na Praça Castro Carreira - Assis Lima

Assim é que, a “Empreza Ribeiro”proprietária desse salão e locataria do alludido predio, fal-o passar por uma pintura geral, transforma o seu velho piso, remodela-o enfim de modo a tornar esse centro de diversões procurado pela população amante do cinema, que lhe fica
nas imediações.

Cena do filme Três Pequenas do Barulho de 1936

A popular casa de exibição prosseguiu em sua programação de filmes mudos, até desaparecer em agosto de 1936. Não definitivamente. A 23 de fevereiro de 1939 é reinaugurado, agora equipado com projetores sonoros, exibindo na sessão inaugural a película Três Pequenas do Barulho (Three Smart Girls; Univesal Pictures Corp., 1936, 86 minutos, direção de Henry Koster, produção de Joseph Pastemak, argumento e cenário de Adele Comandini, edição de Ted Kentmúsica de Charles Previn, canções de Kus Kahn, Walterdusmann e Bronislau Kaperfotografia de Joseph Valentine, com Deanna Durbin, Barbara Reed, Binnie Bames, RayMilland, Nan Grey, Alice BradyCharles Winninger, Mischa Auer, Ernest Cossart e Hobart Ca vanaugh).

(Grafia da Época)


Continua...


Fonte:  Livro Fortaleza e a Era do Cinema de Ary Bezerra Leite

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