Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Escola Cidade da Criança
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



Mostrando postagens com marcador Escola Cidade da Criança. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Escola Cidade da Criança. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Cidade da Criança - A Praça Que Veio do Sertão



Uma Fortaleza menina...


"Uma pequena cidade de 35 mil habitantes, lá nos tempos distantes da metade do século XIX, que crescia às margens de um riacho. Sem infraestrutura, com um comércio em torno de uma praça de areia e de duas igrejas. Assim era Fortaleza por volta de 1850, com o córrego do Pajeú descendo do “Oiteiro” (Outeiro-Aldeota) com suas curvas, a Praça Municipal (do Ferreira) e as Igrejas do Rosário e de São José (). Muita criação animal para alimentar o povo, praticamente sem fiscalização, mas para tal precisava de água doce, que não fosse do corrente que passava límpido nos quintais das casinhas, por isso a necessidade de uma lagoa “mais distante”. No final da Rua do Cajueiro, atual General Bizerril, pelo lado sul da cidade de então, havia currais e chiqueiros onde os animais se alojavam, debaixo de cajueiros, antes do abatimento, e ali mesmo o seu comércio, em meio ao matagal. Uma dessas árvores era tão majestosa que emprestava o nome à rua. Sob ela trabalhava o marchante Fagundes, que morava ao seu lado. Conta-se que, passando por ali, a cavalo, o capitão-mor Luiz da Motta Feo e Torres, caiu seu chapéu, e exigiu que Fagundes o entregasse. O açougueiro sequer o respondeu. Como vingança, o governador tentou por duas vezes derrubar o cajueiro, traído pela solidariedade recebida pelo outro. Colegas de corte e demais comerciantes se armaram para defender a árvore. E assim o cajueiro manteve-se imponente. 

Certa vez, ocorreu que, como animal tem sentimento, um garrote tratou de fugir na noite que antecedia à sua morte, embrenhando-se na mata. Somente muitas horas depois foi recapturado, o que lhe valeu, pelo menos, o nome do logradouro: Lagoa do Garrote. Nascia o "bairro" Alagoa do Garrote



Lagoa do Garrote - A Rainha do Nosso Parque 

O crescimento populacional de Fortaleza associava-se mais às secas, que levavam para a sua periferia os flagelados, povo sem instrução, letras e noção de destino, mas disposto a trabalhar para garantir um pouco de sustento. Todos careciam do líquido precioso, ainda que sem tratamento específico, daí a necessidade de criação de poços para o consumo, como chafarizes, servindo como alternativa às ausências e competitividade frente à excelência da Cacimba do Povo, de Jacarecanga, a do Beco do Cacimbão (que ainda se encontra na Praça do Ferreira) e o da bica, ambos no lado velho da cidade, prestativos para todas as necessidades. Foi quando, em 1848, providenciaram um cacimbão no Largo do Palácio (da Luz), isso bem depois do Açude do Garrote, construído por José Martiniano de Alencar quando presidente da província (1834 - 1837). Segundo Artur Eduardo Benevides, que foi Príncipe dos Poetas, a cidade contava com um rio tributário desaparecido por conta dos aterros. Nascia na Praça Clóvis Beviláqua, cortava as ruas a partir da Senador Pompeu até desembocar no Garrote. Já a outra vazão vinha do velho Marajaik (Pajeú) a partir do Outeiro (Aldeota). Porém, já naquele ano a nossa lagoa, usada também para banhos do povo, muitas vezes sem roupas, já não era tão acolhida, estando suja e imprópria ao consumo humano. O presidente Fausto Augusto de Aguiar fez a solicitação de construção de um cacimbão no Garrote, então “de água pantanosa”, a qual abastecia a cidade, e outro no Campo da Pólvora (Praça dos Mártires) por 88$280 réis. Os jornais liberais, de oposição, não perdoavam, fazendo cobranças, como lemos em O Cearense de 20 abril 1848: 
“Lamentamos que continue a população desta cidade a servir-se da lagoa pantanosa do Garrote, e se não tenham podido ainda realizar as ordens do presidente sobre o melhoramento das cacimbas. A lagoa que bebe o povo não é objeto de pouca monta, como alguém pensa, as febres gástricas estão continuando, e podem ser atribuídas à má qualidade da água. Portanto, é mister cuidar seriamente disso”. 
Providenciou-se 60$000 réis a Luiz de França Tavares para os cinco serventes que construíram as duas cacimbas no Garrote.


Foto do Jornal O Estado - Acervo Lucas 

Mesmo diante dos perigos de contaminação, por décadas as feiras de porco, carneiro, peru e hortaliças se estabeleceram no local. Mas diante das denúncias de infestação de doenças causadas pela poluição da lagoa, no início de 1861 o Dr. Joaquim Antônio Alves Ribeiro foi contratado pela província, constatando que nas águas verdes claras e fedorentas existiam matérias estranhas “levadas pelos ventos”, e pelo microscópio verificou-se quantidade enorme de corpúsculos vivos e mortos que povoavam aquele ambiente. Temperatura elevada de 25°C. O jornal O Cearense recomendou à municipalidade “a remoção de mananciais, rasgando o sangradouro até o nível fundo, jogando cal vivo e enxugando para matar as espécies de animais microscópicos que ali se desenvolveram”. Em maio de 1861, parecer do Dr. Ribeiro assim respondeu à pergunta do presidente da província, Manuel Antônio Pinto Duarte de Azevedo: “As águas estagnadas do açude do “Pageú” podem prejudicar o estado sanitário da capital incontestavelmente. O estado atualmente arruinado das suas águas é prejudicial à salubridade pública. Os exames cuidadosamente feitos indicam que convém fazer nesta conjuntura para não privar o publico da utilidade que o açude presta, e torná-lo de maneira que suas águas estagnadas não sejam prejudicadas por meio de suas emanações à salubridade pública. Aproveito a oportunidade para também dizer o meu pensamento relativamente à existência da Lagoa do Garrote porque as suas águas se acham ainda e piores condições do que as do açude, e como tenho estudado ambas localidades, julgo mui conveniente unir a este parecer as minhas ideias relativas ao estado atual, visto que as águas estagnadas da dita lagoa também influem sobre a salubridade pública, e por isto também precisam de remédio”. 


Cidade da Criança em 1935 (Foto M. Guilherme). Acervo Lucas

8 de julho de 1862. Ofício da Câmara ao Exmo Presidente: “A Lagoa do Garrote está sendo hoje lugar de despejo de imundícies, de sorte que a água exala um fétido extraordinário, que não pode deixar de resultar em grande mal para esta cidade na quadra presente. Portanto, pede esta câmara a V. Exc. para que tomando este negócio em consideração, dê suas providências para que seja desinfetado aquele lugar, aterrando-se ou esgotando-se a dita lagoa”. Conclui-se que tanto o Pajeú como a Lagoa do Garrote estavam contaminadas, estando as suas águas não recomendadas para o consumo. Porém, nada de respostas das autoridades. Em 1 de agosto de 1865 foi regulamentado o serviço de limpeza do centro histórico, aos cuidados do fiscal Joaquim de Macedo Maciel, estando aquele logradouro agendado para as sextas feiras. Naquela época, do seu lado sul, existia um terreno mais valorizado que o da lagoa, onde se erguia a Capela de Nossa Senhora das Dores, para a qual a Assembleia Provincial aprovou a doação de 1:000$000 (um conto de réis), inaugurada dois anos após. Na Praça da Liberdade, exatamente no mesmo local em que surgiu, em 25 de março de 1886, a Igreja do Coração de Jesus


Foto ao lado: Gov. Liberato Barroso, pref Cassimiro Montenegro e Dr. João Guilherme Studart, entre outros. (O Malho, 1915) - Acervo Lucas 

José Júlio de Albuquerque Barros, presidente da província, mandou arborizar a praça, assim como a Figueira de Melo, a Boulevard Duque de Caxias e a Conde D’Eu em 1880, ano em que , naquele largo, construiu-se um prédio para guardar equipamentos militares aos cuidados do alferes Berlamino Accioly de Vasconcelos.

Parque da Liberdade pelas Mãos de Trabalhadores Famintos 


O paulista Caio Prado assumiu o governo cearense (1888 - 1889) decidido a valorizar a Lagoa do Garrote, tornando-a um centro de lazer para os fortalezenses. 

Foto ao lado - Imagem aérea de 1938 de J. A. Vieira. Acervo Lucas 

Em termos financeiros deveria se preocupar com os fornecedores e com algumas desapropriações, afinal mão de obra barata não faltava. Tratava-se de mais uma época de seca, a nona apenas naquele século de um total de onze. Não foi tão cruel quanto a de 1877 - 1881, o que não impediu uma nova “invasão” da capital por retirantes, seja a pé, seja sobre animais ou nos vagões da Estrada de Ferro Baturité (EFB). Muitos, infelizmente, não chegaram ao destino. Numa atitude mais política que humana, os políticos governistas indicaram cem desses flagelados para dar início aos serviços. O crítico O Cearense protestou, pedindo mais trabalhadores em obras públicas tendo em vista a gravidade social, com pessoas morrendo de fome, em detrimento dos enormes gastos. Caio Prado duplicou esse número, porém, em julho de 1889, atrasou os pagamentos de modo que em agosto um operário morreu por falta de alimentação. Os liberais encamparam, então, uma série de denúncias contra o presidente. Passaram a chamar a obra de Largo dos Escândalos


Veio o período republicano e tomou posse o primeiro governante da era, o tenente-coronel Luís Antônio Ferraz, ao qual os liberais esperavam em vão se aliar. 

Foto ao lado - Cartão Aba Film (1937). Acervo Lucas

Coronel Ferraz acabou inaugurando o Parque da Liberdade, outrora Lagoa do Garrote, que a partir de 16 de abril projetou-se como Largo da Liberdade, no dia 13 de maio de 1890. Homenageava a data de libertação dos escravos no Brasil (1888). O responsável pelas obras foi o engenheiro militar Dr. Romualdo de Barros, diretor de Obras de Socorro de Fortaleza. Às 9 horas, ao som da banda do Corpo de Segurança Pública, o inédito parque, um magnífico lugar voltado para diversões decorado com bandeiras, com balanços e trapézios, foi entregue diante de uma multidão. À tardinha, das 17 horas às 19 horas, novamente a banda de música, agora para dançantes. Na ocasião, o industrial José Borges Gurjão presenteou o complexo com um canindé e uma arara para a coleção de aves ali existentes, como um pavão de bela linhagem, dando origem ao único zoológico da cidade. Já o Comendador Francisco Coelho foi um dos indenizados por ceder terreno para a extensão do parque, que só seria concluído em 1902, com a construção do muro. Iniciava-se uma reurbanização do Centro, ao mesmo tempo em que em julho era inaugurado ao lado da lagoa o Café Cascata
Obras de ajustes continuaram, como retiradas de casebres, e mais uma vez trabalhadores sofrendo com atrasos salariais.


1890: o primeiro café. Acervo Lucas 

As Bandas nas Praças 

Fortaleza contava com dois belos espaços para entretenimentos: a Praça dos Mártires e a Praça da Liberdade. Em 31 ago 1890, no Largo da Liberdade, a banda de música do Corpo de Segurança Pública tocou as seguintes peças: 

I - Marcha: Progresso da República. 
II - Dobrados. 
III - Fantasia da Ópera Trovador. 
IV - Sinfonia da Ópera O Guarani. 
V - Aliser, a Grande Valsa. 
VI - Valsa Gato Preto. 
VII - Variação da Ópera Sonâmbula, no clarinete. 
VIII - Polka. 

Da mesma forma o 11° Batalhão de Infantaria, que, presente em outras ocasiões, brindou com “Valsa da Esperança”, “Valsa Paula Castro”, “Ermelinda Polka” e “Fantasia Moisés”. 

O Povo Coçando a Cabeça 


Foto ao lado - Parque da Independência (Verdes Mares, 1932). Acervo Lucas 

No dia 31 de outubro de 1890, a Secretaria do Conselho de Intendência Municipal publicou polêmica resolução com mudanças radicais, como nomes de praças, entre as quais a Dr. José Júlio no lugar da Praça da Liberdade (Coração de Jesus). José Júlio Albuquerque, sobralense, antigo interventor federal. A Praça do Mercado, antiga Carolina (atual Waldemar Falcão) passou a José de Alencar; Marquez do Herval a do Patrocínio (atual José de Alencar), e a gloriosa Praça do Ferreira no lugar de Praça Municipal, outrora Pedro II, entre outras. 


Foto ao lado - Festa da criançada em 1939 (Unitário). Acervo Lucas 

Mas o interessante foi a alternativa encontrada para driblar as constantes alterações nos nomes dos logradouros. Conforme o Artigo 1°: “Fica suprimida a denominação existente das ruas da cidade e substituída por numeração pela forma assim denominada: da Rua Formosa (Br. Do Rio Branco) para o nascente todas as ruas serão ímpares, e para o poente pares”

Desse modo, a Rua Formosa passou a se chamar N° 1, a Major Facundo N° 3 e a Rua da Boa Vista (Floriano Peixoto) N° 5, assim como a Senador Pompeu N° 2 e General Sampaio/Visconde de Cahuype (Av. da Universidade) N° 4. Não vingou por muito tempo. 

Parque da Independência 


Foto ao lado: A fachada com o índio. Arquivo Nirez

Durante o governo de Justiniano de Serpa e do intendente (prefeito) Ildefonso Albano, em 1922, lembrando o centenário da independência, o Parque da Liberdade passou a se chamar Parque da Independência. Na ocasião, foi fixada na entrada, sobre o portão, a imagem do índio se libertando, quebrando a corrente. 
1934. O interventor federal Carneiro de Mendonça fez o projeto da Cidade da Criança, tendo o seu sucessor, Meneses Pimentel, professor de carreira, dotado verbas que a viabilizaram, sendo a sua instalação em 1936. Assim, no dia 26 de maio de 1937, o intendente Raymundo de Alencar Araripe e o interventor Meneses Pimentel, durante as comemorações pelos dois anos das suas administrações, inauguraram a Cidade da Criança, ainda que oficialmente permanecesse Parque da Independência pelo conjunto. 


Aulas de balé na escolinha Alba Frota. (O Estado, 1949). Acervo Lucas

Como novidades quatro modernas construções, abrigando uma inovadora escola para crianças de 3 a 13 anos, iniciando com 150 alunos. Num pavilhão remodelado surgiram a biblioteca e a cantina, enquanto em outro os banheiros com chuvisco. No terceiro pavilhão ficou o Jardim de Infância, onde se ensinava canto, balé, penetrando no desenvolvimento das artes. Ao lado deles os parques de diversões com balanços e deslizadores. Lembrando também as inovações charmosas, como a Gruta dos Amores e a Gruta do Cupido. Aos cuidados da diretora Zilda Martins Rodrigues, educadora renomada e escritora, esposa de José Martins Rodrigues, político e jornalista, fundador do jornal O Estado. As professoras, como Isaura Araújo, Francisca Pedreira, Erzila Mendonça, Elizabeth Osório e Diva Moura, no entanto, já reclamavam do pequeno espaço dos prédios e de carências de materiais. 
No ano seguinte, Raymundo de Alencar Araripe criou, segundo o Decreto 367 de 28 de janeiro, o Serviço de Educação Infantil, à frente o secretário Hugo Catunda, outra diretora, Alba Frota e de sua auxiliar Ailza Ferreira Costa, fortalecendo o ensino pedagógico com orientação sociológica e elevando a idade dos alunos até 15 anos. No Parque de Brinquedos, no complexo do Parque Recreio, foram adicionados olas, gangorras e deslizadores, alem de serviço de vigilância a cargo de três mulheres. Em 1939 já contava com 409 alunos e expandia os jardins, dispondo de sala de projeções, ao passo que em 1940 foi inaugurado o restaurante. 

A Volta do Parque da Liberdade 


Restaurador Augusto Cezar Telles Marinho (Tribuna do Ceará, 1977). Acervo Lucas 

Em 1948, entretanto, a Lei 84, publicada em 22 de outubro, durante a gestão municipal de Acrísio Moreira da Rocha, restaurou-se a denominação Parque da Liberdade, desaparecendo Parque da Independência. Uma medida que nunca neutralizou o apego popular, permanecendo até hoje o costume popular à Cidade da Criança. Numa realização aplaudida durante administração do prefeito Evandro Ayres de Moura, em 1977, ocorreu a restauração das imagens da Cidade da Criança comandada pelo escultor Augusto Cezar Telles Marinho. Diante dos sacrifícios, como subir uma escada de onze metros cedida pelo Corpo de Bombeiros, o artista honrou o seu talento, dando à imagem do índio a sua característica de origem, que embora verde foi decidido pelo restaurador mudar para marrom. Assim o fez com o cupido, feito de mármore, com o arco e as asas; a criança Inocência, a mãe e o casal de crianças, fundidas em bronze, nas suas cores naturais, vindas de Milão, Itália


1938 com a velha Igreja do Coração de Jesus (Foto M. Guilherme). Acervo Lucas

Após a desativação da escola, funcionou no local a Fundação da Criança e da Família Cidadã (FUNCI), ligada à prefeitura. Atualmente em obras de drenagem, com muro ao chão, serve de apoio aos serviços no entorno do Centro, como a Guarda Municipal. Aguardamos maior valorização daquele símbolo de Fortaleza, que ostenta, numa área de 26.717 metros quadrados, o carinho e a paixão do cearense, das vítimas das secas aos mais abastados. Carece, e urge, de exploração e de direitos voltados à sociedade, em particular àquela que lhe empresta o nome, a criança."
                                                                                                           J. Lucas Jr 
(Escritor, professor e bancário)


Fontes: Jornais O Cearense, O Estado e Tribuna do Ceará.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cidade da Criança - Escola Alba Frota


A Escola Alba Frota foi a primeira iniciativa de educação infantil do Estado do Ceará. Criada em 1938 sob o nome Cidade da Criança, localizava-se no antigo Parque da 
Independência, no centro da cidade de Fortaleza, e tinha como objetivo oferecer educação às crianças de 3 a 6 anos.
Em 1996, mudou-se para a Praça da Câmara dos Lojistas (Parque Pajeú).

Prédio da escolinha

Este estabelecimento está subordinado administrativamente à Secretaria Municipal de Educação e Assistência Social (SEDAS), órgão da Prefeitura Municipal de Fortaleza, e à Secretaria Regional II, instância administrativa da Prefeitura. Oferece apenas educação infantil, funcionando em dois turnos: manhã e tarde.


Desfile da escolinha Alba Frota, no Parque das Crianças. Na foto, o jornalista PC Norões e a prima Elaine -Arquivo do Blog do Laprovitera


Os alunos são oriundos de diferentes bairros da cidade, mesmo distantes da escola. Segundo relatos de mãe e da diretora, os pais preferem trazer os filhos para uma instituição que consideram de qualidade porque as crianças aprendem a ler rapidamente. A escola aceita, inclusive, crianças com Necessidades Educacionais Especiais.


Escolinha Alba Frota, no Parque das Crianças em 1938 - Assis Lima



Arquivo Nirez

Com relação à parte administrativa, a escola segue uma legislação interna e a orientação da 
Secretaria Regional II e da SEDAS. Tem autonomia para desenvolver ações de arrecadação de recursos financeiros, podendo empregá-los de acordo com a real necessidade do momento. Do ponto de vista jurídico, quando a escola tem alguma dúvida quanto à tomada de decisão, consulta a Assessoria Jurídica da própria Regional. 
A escola goza de maior autonomia no campo pedagógico, porque é a única que oferece educação infantil, no bairro onde se localiza. Pela sua especificidade, ela tem autonomia de adaptar o conteúdo sugerido pela Secretaria Regional ou pela SEDAS, inclusive podendo acrescentar outros conteúdos. Os professores, portanto, possuem  autonomia para desenvolver o processo ensino aprendizagem. 


Quadrinha das crianças no Parque da Liberdade - Blanchard Girão


A maior parte dos não-docentes da Escola Alba Frota está constituída por mulheres.
Elas ocupam os cargos de maior hierarquia na escola: direção, supervisão e orientação, secretaria  e biblioteca. Os homens apresentam formação de nível médio e ocupam cargos de serviços gerais e outros.

Fazendo parte da história da educação cearense, a Escola Alba Frota destaca-se como uma escola pública de educação infantil que, reconhecidamente, oferece um ensino de qualidade.


A militante do PSOL Noélia Brito (à dir.) ao lado de sua irmã Norminha nos áureos tempos da Escolinha Alba Frota - Como a fardinha era bonita!


"Foi nessa tradicional escola da Prefeitura de Fortaleza que eu aprendi a ler e a escrever. Foi lá que cursei o que, na minha época chamavam de Jardim I, Jardim II e Alfabetização, quando fui apresentada à "Cartilha da Talita" e depois eu me formei "Doutora do ABC", com direito a diplominha e tudo...
...Que lugar maravilhoso existiu ali um dia nos meus tempos de criança, quando, durante o recreio podíamos, inclusive, passear em meio a plantas, obras de arte e num zoológico e isso tudo numa escola municipal..."  
Noélia Brito (Militante do PSOL )





Alunos da Escolinha Alba Frota em 1961/62 - Acervo Sônia Lúcia Machado


No dia 28 de janeiro de 1938, foi criada, dentro do Parque da Independência, a Cidade da Criança, escola de ensino pré-primário sob direção da professora Zilda Martins Rodrigues.
Instalou-se no dia 26 de maio.



Cidade da Criança em 1968. Acervo William Beuttenmuller
Hoje tem o nome de Escola Infantil Alba Frota e está no Parque Pajeú. 

O povo confunde as denominações, misturando o parque e a escola, chamando-o, erradamente de "Parque das Crianças". 


O fundador da escolinha Cidade da Criança, foi o Dr. Raimundo Alencar Araripe, que foi Prefeito de Fortaleza no período de 1936 a 1945.
Preocupado com a problemática educacional, o Dr. Raimundo Alencar Araripe criou o Serviço de Educação Infantil, baseado no Decreto/Lei nº 367, de 28/01/1938, com a seguinte organização didática:

Ensino pré-primário, jardim de infância de 3 a 6 anos, turno da manhã.
Parque de recreio para criança de 7 a 14 anos, no turno da tarde, com atividades variadas.




 

Raimundo de Alencar Araripe, Getúlio Vargas e a professora Zilda Martins Rodrigues no Parque da Independência, onde funcionava a Cidade da Criança.

Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez


Getúlio Vargas entre o interventor Menezes Pimentel e a professora Alba Frota. A esquerda, de paletó branco, está o prefeito Raimundo de Alencar Araripe. Ano 1940
Em 10 de outubro de 1967, de acordo com o Decreto/Lei nº 2962, surge uma nova denominação: Escola Alba Frota, por sugestão da escritora cearense Raquel de Queiroz.

Sala de aula da então Cidade da Criança (CC). Acervo pessoal de Shirley Cruz

Aluninho Nonato Pontes da
escolinha Alba Frota em foto de 1953.
Ao fundo vemos o Teatro José de Alencar.
Acervo Ana Lídia
A EMEIF Alba Frota atualmente realiza atendimento às crianças na faixa etária de 3 a 6 anos de idade, busca cumprir duas funções indispensáveis: o cuidar e o educar, complementando a ação da família e da comunidade. Lembramos que cuidar aqui não se relaciona somente em cuidados com a higiene física, mas também ao importante papel na disseminação de informações que levem família e sociedade a melhor compreender e atender à criança pequena.
Sendo assim, a EMEIF Alba Frota considera a infância como um período de suma importância para o desenvolvimento infantil sendo prioridade para este período, a interação da criança com crianças da mesma idade, de idades diferentes, com adultos, com outras crianças e o meio em geral.




Acervo pessoal Jackson Marley

Fachada da Escola no Parque Pajeú - Fique de Olho


A professora Alba Frota

Alba de Mesquita Frota nasceu em 17 de setembro de 1906, no Sítio Maraponga, em Parangaba, filha de Otávio Menescal da Frota e Maria de Mesquita Frota.

Estudou, desde o curso primário, no Colégio Imaculada Conceição, de onde saiu professora em 27 de novembro de 1925, fazendo parte da primeira turma de diplomadas, depois da equiparação daquele educandário à Escola Normal pedro II, do Rio de Janeiro.

Foi professora da Cidade da Criança e mais tarde nomeada diretora em substituição à D. Zilda Martins Rodrigues.


Blog da Escola


Dedicou-se, então, exclusivamente e com maior amor àquela escola que hoje tem seu nome.

Alba Frota foi professora, jornalista, cronista, poetisa, secretária executiva da UFC, Membro da Casa Juvenal Galeno, e figura de relevo da intelectualidade cearense. 


Biblioteca da Escolinha Alba Frota (recém inaugurada) - Fique de Olho



Arquivo Blog Fique de Olho


Em 18 de julho de 1967, morre em desastre aeronáutico, em Fortaleza, juntamente com o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, que na véspera tinha vindo ao nosso Estado pela primeira vez depois que havia deixado a Presidência da República. O ex-presidente, que fora de trólei a Quixadá, retornava de avião, quando ocorre o choque deste com um avião da FAB antes de sua aterrissagem nesta capital.
Perecem também os companheiros de viagem, o irmão do marechal Castelo Branco, Cândido, o major Manuel Nepomuceno de Assis e o piloto Celso Tinoco, que sobrevive por algumas horas após o acidente.
Escapa o filho do piloto Emílio Celso, que é hospitalizado.


Quinze dias após o acidente, a escritora Raquel de Queiroz escreveu uma crônica, expressando toda sua dor pela perda da grande amiga:


Raquel e Alba
Acervo Rachel de Queiroz/IMS
ALBINHA 

Nesta grande desgraça, para o Brasil e para os seus amigos, que foi a morte do presidente Castelo Branco, sofri uma dor a mais, uma dor bem funda: entre os passageiros do fatal avião estava Alba Frota, a amiga de infância, de mocidade e já agora de velhice, a companheira de colégio desde o primeiro ao último normal, a colaboradora, a presença querida e fiel: só uma palavra pode dizer o que Alba foi para mim: a irmã.

Alma mais gentil jamais Deus pôs neste mundo. Tinha o instinto da amizade, o dom precioso da lealdade e da fidelidade. Nunca faltou a um amigo, aliás, creio que nunca faltou a ninguém - amigo, conhecido ou até inimigo. Inimigo não dela, mas de algum de nós, que ela cultivava escondido da gente, até que o transformava em amigo também.

Ah, Albinha, que posso dizer a você, nesta hora? Mas sei que lhe devo este testemunho, o que faço ainda chorando. Mas você estranharia a falta de palavras escritas de jornal, comemorando a partida. Quantas vezes não me advertiu - "Você está devendo uma crônica a fulano que morreu" - até me telegrafava, exigindo. Sem ser ela própria uma escritora, tinha por toda expressão literária uma devoção quase religiosa. Eu lhe dizia brincando que papel impresso era para ela como palha benta - e era verdade. Mormente papel impresso com texto de um dos seus inúmeros amigos escritores. E sem ser uma criadora, como disse, fez mais pelas letras e pelas artes de que muita gente de nome celebrado. O apoio que dava aos artistas pobres, obscuros, na fase difícil do assalto à fama. Quanto pintor que hoje tem nome, não lhe deve os primeiros estímulos, as palavras de confiança, a apresentação a um patrono, a venda de um quadro em hora de aperto. Quanto escritor ou poeta, em crise de desânimo, não voltou mais otimista à sua tarefa, depois de uma boa conversa, de um cafezinho, de uma discussão com a "Albinha".

A velha casa da Aldeota, que os amigos chamavam brincando a "Mansão da donzela", era um refúgio para muita alma perdida, para muito coração atormentado. Era um pequeno museu - paredes, armários, vitrinas e prateleiras transbordando de quadros, esculturas, santos, peças folclóricas, objetos antigos, bricabraque, que acumulara ao longo da vida - presentes de artistas amigos, lembranças de viagem. Que era outra paixão dela, viajar. Hoje não sei se terei coragem de entrar mais naquela casa, ver tudo aquilo tão marcado por ela - e o papelório, o meu papelório todo, de que ela se fizera depositária, e colecionava e defendia com feroz cuidado!

Quando chegou aqui em casa, no grupo de amigos, foi uma alegria, uma surpresa. De longe, antes de descer do carro, já gritava coisas atrapalhadas, enquanto a gente corria para a abraçar. Passou a última noite de vida - inaugurando um quarto novo onde não dormira ninguém. Eu vim acomodá-la, dei-lhe cigarro e cinzeiro, ajeitei a luz, exigi que pusesse um cobertor, ameaçando-a com o frio da madrugada.

Acordei ouvindo a sua voz na sala - madrugadora e alvoroçada, como era sempre quando tinha que viajar. Enquanto lhe servia o café ainda insisti em que não fosse de avião, seguisse para Fortaleza no trole motor, que voltava vazio. Ela riu, disse que não, que no avião chegaria mais depressa.

Chegou mais depressa, sim, Albinha. Chegou mais depressa no céu, em que você acreditava com fé humilde. Afinal, lá mesmo é que é o seu lugar.


Fonte: Correio do Ceará


Arquivo Blog Fique de Olho



Crédito: Blog da Escola, Fique de Olho, Levantamento do custo-aluno-ano em escolas de educação básica que oferecem condições para oferta de um ensino de qualidade - UECE, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez, Revista do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) - 1986 e 2010

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: