Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Hospital São Vicente
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Parangaba - O povoado mais antigo do Ceará


Mapa Siará-1629 de Albernaz com destaque para a aldeia dos índios (Parangaba)

Parangaba é um bairro e sede de distrito de Fortaleza. Já foi município do Ceará, mas o tempo avançou, a população aumentou e a tecnologia no transporte fez de Parangaba uma parte permanente da cidade de Fortaleza, ou seja, um distrito, e posteriormente um bairro. 

Parangaba é administrado pela SER IV (Secretaria Executiva Regional - órgão municipal). No bairro localiza-se a Lagoa da Parangaba, uma lagoa que faz parte da baía do rio Maranguapinho e que é a segunda maior lagoa da cidade.

Estrada Fortaleza-Parangaba
Atual Avenida João Pessoa. Na foto de 1929, já temos o pavimento de concreto, feito na época do então presidente Washington Luiz. (Marcos Almeida)

A Parangaba era uma antiga aldeia indígena que foi catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada a condição de vila em 1759 com o nome de Arronches. Foi incorporada a Fortaleza pela lei nº 2 de 13 de maio de 1835 e depois foi restaurado município pela lei nº 2097 de 25 de novembro em 1885 com o nome de Porangaba e finalmente foi incorporado a Fortaleza pela lei nº 1913 de 31 de outubro 1921.
No século XVIII, o antigo Arronches destaca-se como ponto intermediário no transporte de gado, com a estrada do Barro Vermelho-Parangaba, estrada que ligava o Barro Vermelho (Antônio Bezerra) - Parangaba; e a Estrada da Paranjana, estrada que ligava Messejana a Parangaba.

Parangaba, chegada da Maria Fumaça na antiga estação de Arronches-Emílio Moitas

Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité, uma estação de trem é instalada em 1873, a Estação de Arronches, e Parangaba estava ligada com a Capital. Em 1941, a malha ferroviária de Parangaba é expandida com direção ao Mucuripe e em 1944 o nome da estação é alterada para Parangaba. Esta estação é nos dias de hoje parte do metrô de Fortaleza.
Durante o último período como município chegou a ter sua própria linha de bonde entre os anos de 1894 e 1918.
O bairro é ainda um ponto de referência, com escolas (públicas e particulares), ginásios, hospitais (públicos e particulares), mercado municipal do bairro, supermercados, cartório. Na área de transporte faz uma importante conexão entre diversos pontos da cidade, com uma estação de trem (que está sendo transformada numa estação do metrô de Fortaleza) e um terminal de ônibus.

Antiga estação de Arronches - Emílio Moitas

Estação em 2006. Foto Emilio Moitas

Estação de Parangaba

Linha-tronco - km 9,109 (1960)
Inauguração: 30.11.1873
Uso atual: fechada
Data de construção do prédio atual: 1941

Histórico da Linha: A linha-tronco, ou linha Sul, da Rede de Viação Cearense surgiu com a linha da Estrada de Ferro de Baturité, aberta em seu primeiro trecho em 1872 à partir de Fortaleza e prolongada nos anos seguintes. Quando a ferrovia estava na atual Acopiara, em 1909, a linha foi juntada com a E. F. de Sobral para se criar a Rede de Viação Cearense, imediatamente arrendada à South American Railway. Em 1915, a RVC passa à administração federal. A linha chega ao seu ponto máximo em 1926, atingindo a cidade do Crato, no sul do Ceará. Em 1957 passa a ser uma das subsidiárias formadoras da RFFSA e em 1975 é absorvida operacionalmente por esta. Em 1996 é arrendada juntamente com a malha ferroviária do Nordeste à Cia Ferroviária do Nordeste (RFN). Trens de passageiros percorreram a linha Sul supostamente até os anos 1980.


A Estação: A estação foi aberta com o nome de Arronches, em 1873. Na época, era município, que acabou sendo anexado a Fortaleza nos anos 1920. Em janeiro de 1944 teve o nome alterado para Parangaba, por determinação do CNG - Conselho Nacional de Geografia. Era este o nome de antiquíssimo aldeamento jesuítico, ali próximo. Dali sai desde 1941 o ramal para o Mucuripe. Atualmente serve como estação de trens metropolitanos. A estação, segundo o historiador Alexandre Gomes, ainda é a mesma aberta em 1873, tendo sido reformada em 1927, e portanto deve ser tombada. Porém, outra versão afirma que a estação reformada em 1927 foi derrubada em 1939 em consequência da colocação do ramal para Mucuripe. Somente em 1941 ficou pronta a nova estação, 50 m adiante da anterior. O Metrofor, que está construindo o metrô em Fortaleza próximo ao leito da ferrovia original pensava diferente: queria demolir a estação para fazer um viaduto. Existiu por um tempo uma briga judicial para impedir que isso acontecesse. Ela fica no entorno da Praça da Matriz, na Rua Dom Pedro II, no bairro do mesmo nome. Ela não é utilizada pelo Metrofor, que construiu outra estação mas manteve até hoje o velho prédio ali. O prédio da velha estação foi tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal em 2007, depois de várias ameaças de demolição.

Parangaba, a memória Cabocla - Instituto Amanaiara-Emílio Moitas

Parangaba - Instituto Amanaiara

O Instituto Amanaiara foi fundado oficialmente aos 14 de janeiro de 2004. Partiu de um grupo de pessoas que participavam da organização dos festejos da Coroa do Bom Jesus dos Aflitos, desde o ano de 2001. Mais precisamente, de pessoas ligadas às lutas da Grande Parangaba e engajadas na pesquisa acadêmica sobre história e cultura desta comunidade e da tradição da Festa dos Caboclos.
Antes da formação do Instituto os que hoje são membros efetivos já realizavam pesquisas sobre esse festejo devido ao seu valor histórico que remonta ao período colonial cearense (1603 aproximadamente) e à sua importância para a cultura local. Quem em Parangaba nunca ouviu falar dos "Caboclos da Coroa".
Finalmente, tendo formalizado o grupo como Instituto Amanaiara, estabelecemos algumas parcerias importantes com o grupo Mira Ira do CEFET-CE (Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará), a CCF (Comissão Cearense de Folclore), a FUNCET (Fundação de Cultura, Esporte e Turismo da Prefeitura de Fortaleza), a SECULT-CE (Secretaria de Cultura do Estado do Ceará), e diversos grupos artísticos populares que nos ajudaram na organização e realização das festas em Parangaba no período de dezembro de 2002, 2003 e 2004.
Através de outros apoios conseguimos também realizar várias atividades que tinham em vista a propiciação de atividades culturais para a população local. Realizamos atividades em comemoração ao Dia do Meio-Ambiente, Dia do Folclore, Dia do Idoso, e ainda o I Cine-Clube, a I Mostra de Quadrilhas, o Seminário Vozes da Tradição e a inauguração do Memorial Porangaba por ocasião da abertura dos festejos em setembro de 2004.
Neste momento estamos tentando a articulação com outras formas de patrocínio para darmos o passo seguinte rumo a atividades de longo prazo que possa concretizar e selar definitivamente a existência do Instituto dentro de Parangaba como um meio facilitador entre o povo e sua riqueza cultural.
A atual coordenação que tomou posse no segundo semestre de 2005 é composta por Kelson Moreira como coordenador geral, Lourdes Macena como secretária e José Wagner Sampaio como tesoureiro. São ainda sócios efetivos Maria Rodrigues Barbosa, Tânia Saraiva Leão, Elândia Oliveira Sousa, Raquel da Silva Bento e Flávio Lima da Silva.
Emílio Moitas


Paróquia de Bom Jesus dos Aflitos - Parangaba - Foto de Edimar Bento


Foto de Cláudio Lima


A Lagoa da Parangaba é a maior lagoa em volume de água de Fortaleza. A lagoa dá nome ao bairro e em sua vizinhança está vários equipamentos públicos e empresas. O terminal de ônibus urbano da Lagoa e O Ginásio da Parangaba tem vista para a lagoa. A Lagoa também é conhecida pela feira que se realiza todos os domingos em área urbanizada na margem da mesma - a Feira dos pássaros.


Praça dos Caboclinhos, Lagoa de Parangaba-Claudio Lima

Com aproximadamente 36 hectares, é freqüentada desde pescadores a coopistas. A lagoa da Parangaba faz parte da bacia hidrográfica do Rio Ceará.


Lagoa - Paulo Targino Moreira


Lagoa de Parangaba-Claudio Lima

Praça dos Caboclos em Parangaba-Claudio Lima


Lugar de Beleza e mistérios da antiga "VILA NOVA DE ARRONCHES NO CEARÁ

Porangaba, Vila Nova de Arronches, Parangaba. Três nomes, um só lugar. Lugar de Beleza, segundo o poeta. O que hoje é um dos muitos bairros que compõem a grande cidade de Fortaleza (capital do Ceará estado do Nordeste Brasileiro), é também signo do desdobramento histórico cearense, pois encerra nas suas tradições e memórias o passado que remonta aos tempos da colonização lusitana em 1603. Parangaba - (Tupi Guarani significa - beleza, formosura...), situada nas margens da lagoa do mesmo nome, foi um dos mais antigos povoados do Ceará, o chamado aldeamento indígena de Porangaba, que os jesuítas fundaram no séc. XVI. A vila foi criada em 26 de Maio de 1758 e inaugurada em 25 de Outubro de 1759, passando a chamar-se Arronches (Vila Nova de Arronches). Durante o império foi município, com Intendente e Câmara, ao longo de 112 anos divididos em dois períodos: de 1759 a 1835 e de 1885 a 1921. Anexada à Fortaleza, integra um dos seus mais importantes distritos. Na sua área domina o verde, com os seculares mangueirais, o clima nostálgico, a lagoa paisagística e alguns prédios históricos como o edifício da antiga Prefeitura Distrital, Casas Paroquiais e a centenária casa da Família Pedra, pioneira na indústria da panificação. É ainda na área da Parangaba que se situa o mais antigo cemitério da cidade de Fortaleza. Foi nestas terras cearenses que os padres da Companhia de Jesus em 1607 deram início ao trabalho de evangelização das populações indígenas. Contam que, no decorrer de grande seca no sertão o Padre Francisco Pinto, homem místico a quem os nativos chamavam Pai Pina, ou Amanaiara, o "senhor das Chuvas", ajoelhando-se, acenou ao céu e fez uma oração pedindo chuva. A sua oração foi atendida e ele passou a ser muito querido entre os nativos. Ao que parece ele teria utilizado o símbolo de uma coroa de espinhos para levar a mensagem evangélica aos indígenas destas terras. Saía em procissão de aldeia em aldeia, falando do Cristo, o Bom Jesus dos Aflitos e convidando a todos para as celebrações do nascimento de Jesus. Em 1608, um grupo de indígenas chamados Tucurujus, inimigos dos portugueses, mataram o Padre Francisco Pinto na Serra da Ibiapaba. Os seus restos mortais foram sepultados pelo padre Luiz Figueira, no sopé daquela serra. Mais tarde quando em 1612 houve uma grande estiagem, os Potiguaras não tiveram receio de trazer para a sua aldeia os ossos do Pai Pina que seriam como um amuleto contra a seca. Também neste mesmo ano veio para o Ceará Martins Soares Moreno que aqui permaneceu até 1631. Dizem que durante a sua passagem por estas terras, viveu aqui pacificamente com os índios e fez profunda amizade com um de nome Jacaúna. Depois de longo período sem catequese, apenas em 1694 chegam os padres Manuel Pedroso JúniorAscenso Gago para retomar o trabalho das missões. Em 14 de Setembro de 1758 por Ordem Régia decretada em Lisboa, o Marquês de Pombal, decretou a extinção da Companhia de Jesus, acabando os jesuítas da extinta companhia responsáveis pela missão da Porangaba, por serem expulsos para Pernambuco, com destino às masmorras de Portugal, sendo a sua aldeia transformada em vila. Em 1758 guiada pelo padre Antônio Coelho Cabral, a Missão do Bom Jesus da Porangaba é transferida para o local atual e passa a chamar-se Vila Nova de Arronches, sob invocação de N. Sra. das Maravilhas, em homenagem à antiga vila de Arronches existente em Portugal. Nome lusitano que manteve até 1 de Janeiro de 1944, quando em conformidade com o Decreto-Lei nº. 1114 de 30 de Dezembro de 1943, voltou a adotar o antigo nome do aldeamento fundado pelo saudoso Pai Pina, nome ligeiramente alterado de Porangaba para Parangaba. A devoção destes povos ao Bom Jesus dos Aflitos vinha de longe e sempre foi muito forte. Por isso ainda em 1759, fora ordenado que a jovem vila de Arronches tivesse por padroeiro, em lugar de N. Sra. das Maravilhas o Bom Jesus. É neste mesmo lugar que ainda hoje se celebra com pompa e regozijo a Festa da chegada dos Caboclos, ou da Coroa do Bom Jesus dos Aflitos na igreja do Bom Jesus dos Aflitos, existente na Praça dos Caboclos da Parangaba. 

Segundo a tradição local, dizem que a Coroa do Bom Jesus, foi oferta do Rei de Portugal, quando da construção da igreja. Situada a poucos quilômetros de paradisíacas praias a antiga Vila Nova de Arronches (Parangaba), é hoje um importante e central bairro da capital cearense. É nele que encontramos uma importante e histórica estação ferroviária e um terminal de interligação dos transportes coletivos, agregando uma grande quantidade de linhas, que nos levam a diversos lugares de Fortaleza. Partindo de Parangaba, facilmente se chega a diferentes pontos turísticos fortalezenses, como o Centro Cultural Dragão do Mar, Mercado CentralPonte Metálica, praias e outros lugares de interesse. No futuro seria interessante assistir-se ao estreitar de relações entre ambas as comunidades da Arronches portuguesa e da atual Parangaba brasileira.
Emílio Moitas


Referências Históricas:

Bar Avião e Asilo são ícones

De um lado, o Bar Avião, que o exotismo de sua construção era referência da Parangaba antiga. De um outro, o Asilo de Parangaba, hoje denominado Hospital São Vicente.

Ambos os equipamentos são considerados ícones do bairro. O Bar Avião padeceu do desleixo ao longo do tempo. No lugar do bar, funciona uma borracharia, e a antiga construção de cimento de um avião bimotor se encontra degradada, há tempos sem reparos.

Já o hospital mantém, ainda, viva sua missão de receber pacientes com problemas psíquicos. O psiquiatra Anchieta Maciel afirma que a unidade hospitalar era, no século XIX até meados do século XX, a única que atendia a pobres e desvalidos, apesar das limitações médicas e terapêuticas da época. No entanto, conseguiu acompanhar a modernidade, adotando o que há de mais apropriado para o tratamento das doenças da mente.

No meio de ambos os símbolos do bairro, havia a linha férrea, que teve, na Parangaba, a segunda estação, depois de Fortaleza. O pesquisador Nirez conta que surgiu no momento em que se concebeu a ligação da linha férrea até Baturité. Depois, foi expandida até o Crato, com um ramal que dava acesso ao estado da Paraíba.

Antiga Câmara Municipal de Parangaba- Claudio Lima

Aristocracia

No entorno da lagoa, residia também o Barão de Aratanha, detentor de diversas terras na área central, inclusive onde hoje está o Santuário do Sagrado Coração de Jesus. A construção do templo foi uma iniciativa do poderoso aristocrata.

Missão dos Jesuítas

O bairro era a antiga aldeia indígena catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada à condição de vila no anos de 1759, com o nome de Arroches. Foi incorporada à Fortaleza pela lei nº 2, de 13 de maio de 1835; depois foi restaurado município pela lei nº 2.097, de 25 de novembro em 1885, com o nome de Porangaba; e finalmente foi incorporado à Fortaleza pela lei nº 1.913, de 31 de outubro 1921. No século XVIII, o antigo Arroches se destacava como ponto intermediário no transporte de gado, com a Estrada do Barro Vermelho-Parangaba, estrada que ligava o Barro Vermelho (Antônio Bezerra) à Parangaba; e a Estrada da Paranjana, que ligava Messejana à Parangaba. Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité, uma estação de trem é instalada em 1873, e Parangaba estava ligada com a Capital. Durante o último período como município, chegou a ter sua própria linha de bonde, entre os anos de 1894 e 1918. Em 1941, a malha ferroviária de Parangaba foi expandida com direção ao Mucuripe, e, em 1944, o nome da estação foi alterada para Parangaba. Essa estação, nos dias de hoje, faz parte do Metrô de Fortaleza. Uma estação elevada está sendo construída pelo Metrofor


Casinha antiga, provavelmente da época que Parangaba ainda se chamava Vila Nova de Arronches

Depoimento de Nirez:

Para o memorialista Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, a independência do bairro é resultado de sua transformação ao longo da história. No princípio, era uma aldeia indígena. Depois, foi elevada à condição de vila. Chegou a ser distrito de Fortaleza. Até que, em 1921, virou um bairro da Capital.

Os nomes do lugar também foram se modificando com o passar do tempo. Chegou a se chamar Arroches (inclusive, o primeiro nome da Avenida João Pessoa era Estrada do Arroches, homenagem a uma localidade portuguesa), depois Porangaba e, por fim, Parangaba.

Nirez lembra que são diversos os pontos em comum com Messejana. Ambos mantiveram o status de distrito, e existe, ainda, uma semelhança física. As igrejas matrizes mantêm o mesmo posicionamento, assim como suas principais praças e os corredores de acesso.


Fonte: Site Estações Ferroviárias, Wikipédia, Diário do Nordeste e pesquisas na internet

sábado, 21 de agosto de 2010

A Pequeno Grande e os órfãos


Foto do Livro Royal Briar, a Fortaleza dos anos 40

A Igreja do Pequeno Grande fica na Praça Figueiras de Melo.
Pedra fundamental: 27 de novembro de 1896
Data de Inauguração: 21 de novembro de 1903
Estilo: Neogótico
Autor: Isaac Correia do Amaral e Robert Gow Bleasby
Rua: Santos Dumont

Centro Histórico: A história da Chamada Igreja do Pequeno Grande se inicia em 5 de agosto de 1856, quando a Lei 759 criava em Fortaleza a primeira casa de educação e recolhimento de meninos órfão, em 1866 extinguiu-se aquela casa pioneira e foi criado o Colégio das órfãs, sob a orientação das irmãs de São Vicente de Paulo e já com o nome de Imaculada Conceição. A primeira Superiora foi a Irmã Margaret Baset, que faleceu em 1887, no seu lugar ficou a irmã Gaynè, em cuja administração foi construída a Capela do Pequeno Grande, ou Capela da Imaculada Concepção em 1903. A Igreja do pequeno Grande se insere em um esplêndido conjunto arquitetônico, formado pelo Colégio da Imaculada Conceição, ocupando um quarteirão frente à Praça Figueiras de Melo onde se encontra a Escola Normal, Escola Justiniano de Serpa e a Escola Jesus , Maria e José que se encontra na lateral oeste. A Historia da Igreja do pequeno Grande esta intimamente ligada à historia do Colégio da Imaculada Conceição.

A pedra fundamental foi lançada em 1896, pelo Pe. Chevalier, como capelão do Colégio. As obras sofreram paralisação um ano depois, sendo reiniciadas em 1898, até sua conclusão em 1903. Com doações das próprias irmãs e de diversas instituições arranjaram recursos para as obras. A estrutura metálica foi trazida da Bélgica, e a montagem esteve a cargo do mestre de obras Deodado Leite da Silva. A planta da igreja consta de nave única, com pórticos de perfiles metálicos em forma de H que formam sua estrutura de coberta, o telhado com inclinação acentuada, formando um angulo obtuso bastante fechado dando um teto pontiagudo, pouco comum em nossa arquitetura. No abside se apresentam os perfis como médios pórticos formando um polígono.

Postal antigo

Aparece outro elemento metálico que são os cabos de aço cuja função é evitar os empuxo da estrutura no sentido horizontal. Nas paredes laterais as rosáceas lobuladas que também servem de elementos estruturais e porque não decorativos. As Paredes de tijolos não tem função estrutural, já que a estrutura esta concentrada nas colunas e pórticos de ferro.

Revista do Instituto do Ceará - Liberal de Castro - Arquitetura de Ferro no Ceará:

Do ponto de vista cronológico, provavelmente a primeira obra de arquitetura do ferro do Ceará foi a nova capela do Colégio da imaculada Conceição, mais conhecida por Igreja do pequeno Grande, iniciada em 1896, seria pelo menos contemporânea da construção do Mercado da Carne, apesar de ter obras prolongadas por vários anos, pois foi inaugurada somente em 1903. A Igreja do Pequeno Grande vinha substituir a pequena e antiga capela do Colégio, ainda hoje de pé. A Igreja tem vão único, sendo contornada exteriormente por paredes de alvenaria de tijolos sem função estrutural. Conforme os padrões neogóticos adotados no país, possui torre axial única. A coberta, íngreme, é revestida com telhas planas de ardósia, material cuja imitação entrou em moda nos avarandados de muitas casas fortalezenses na época. O respaldo das paredes exteriores é pontuado com pináculos e os vãos nelas inseridos aparecem coroados por tímpanos ogivais, cegos e argamassados, na ocasião, já comuns na cidade. Todos esses vãos estão preenchidos por vitrais exibindo efígies de santos correlacionados com a irmandade, principalmente na abside, cujos paneis de contorno se desdobram em planos amplos. No interior da igreja, figuram excelentes obras de marcenaria (Retângulo e púlpito) Trabalhadas com motivos neogóticos em pinho de Riga. No forro, que acompanha a inclinação das abas de coberta, aparecem pinturas devotas. Há um grande número de imagens de terracota, todas executadas por Heaulne Busine, da cidade de Lille, na França. Há referencias de que a estrutura da Igreja teria procedência belga e o autor do projeto seria Isaac Correia de Amaral , cearense de Guaramiranga educado na Alemanha e amador de arquitetura, Amaral foi responsável por outros projetos fortalezenses do período, tais como a Igreja dos Remédios, no Benfica, hoje com interiores alterados, e o de um teatro inconcluso e posteriormente demolido no meio da Praça Masquês de Herval (Praça José de Alencar).

Postal antigo

Amaral em outros projetos e neste, fez parceria com o já mencionado engenheiro escocês Robert Gow Blasby, radicado no Ceará desde o último decênio do século XIX, provável encarregado de definir os elementos construtivos dos projetos. A estrutura de Ferro foi montada com o auxilio do mestre de obras Deodato Leite da Silva. O templo é dedicado à Nossa Senhora do Carmo, e foi inaugurada com a Benção dos beneditinos, foi toda decorada com peças francesas. O altar, o piso, as imagens tudo veio da França, marcando a influência européia em Fortaleza. Em 1996 a Igreja passa pela primeira vez por uma grande reforma, teto piso e pintura, respeitando sempre o estilo original, a eletricidade também foi reformada. Os sinos da Igreja são de 1903 e vieram da França, são três sinos, sendo o primeiro com o som Mi , pesando 100 quilos, o segundo com som de Fa e 85 quilos, e o terceiro com som de Sol e 72 quilos. Os sinos em 1983 foram adaptados para tocar computadorizados e tocaram apenas o que chama-se de festa, ou seja, repicam.



Fonte: Ofipro

terça-feira, 27 de julho de 2010

Hospital São Vicente: A evolução da psiquiatria no bairro da Parangaba


Arquivo Nirez

"Época do Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, conhecido como Asilo de Parangaba, sofrimento de mentes e corações. O tenebroso hospício, construção secular com paredes de quase meio metro de largura, deprimia a quem ali entrasse. Gritos lancinantes, risadas histéricas, choros copiosos e palavrórios agitados extremavam o horror.
Uma ala de celas gradeadas, pisos imundos de tijolo de barro, em penumbra e com extenso corredor, completava o máximo da degradação, impossível de imaginar por quem não a conheceu. Naqueles vãos, verdadeiros farrapos humanos, alguns com pulsos e tornozelos atados por cintas de couro, inertes ou agitados, deitavam-se no piso, depois de tratamento com choques elétricos. Era o espaço dos classificados como loucos bravos.
Na lateral dessa área, isolado, via-se um pátio de verdes mangueiras, cajueiros e palmeiras imperiais. Local sombreado, ventilado, com calçadas e bancos de cimento. Seria ambiente agradabilíssimo, não fosse o sofrimento das pessoas ali confinadas. Umas vagando, atabalhoadamente, sem objetivo. Outras, paradas em pé, sentadas nos bancos ou no chão, falando, gritando, chorando, rindo ou emudecidas. Algumas mais, com olhar de espanto ou de tristeza, em busca do nada no infinito. Ou, quem sabe, talvez da razão de suas desgraçadas vidas, perdidas na própria mente ou nas daqueles buscadores de suas curas ou alívios. Sofreguidão menor havia para eles, chamados loucos mansos, livres de impulsos energéticos. Semelhantes a autômatos ou zumbis, chegavam a ser levados, por um enfermeiro, para assistir missa na Capela do Asilo, igrejinha existente na esquina das avenidas João Pessoa e Carneiro de Mendonça, defronte ao antigo Bar Avião. Ao trafegar por ali, vivifico as tristes imagens assistidas durante as ações sociais encetadas, nos anos sessenta, pelo humanitário coronel João Olímpio Filho e um grupo de voluntários. E pergunto-me: onde e como são tratados os indigentes de hoje padecentes da trágica enfermidade? Existirá ainda o hediondo choque elétrico como terapêutica? "
Geraldo Duarte
(advogado, administrador e dicionarista)

Tudo teve início no dia 1º de março de 1886 quando o vice – provedor da Santa Casa de Misericórdia, o comendador Severiano Ribeiro da Cunha inaugurou o Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo, o chamado “Asilo dos Alienados”. Logo após, Dr. Meton da França Alencar, nomeado o primeiro médico da instituição foi quem lutou ao lado das irmãs de caridade filhas de São Vicente para o hospital funcionar. Já no final dos anos 60, o provedor Miguel Gurgel do Amaral reformou totalmente o prédio, destruindo as celas e construindo enfermarias.
Desde então começava um novo tempo. O pontapé inicial era dado com a contratação de médicos, enfermeiros e assistentes sociais.
Na gestão do Coronel Lívio França, mudanças nos campos técnico e administrativo foram implementadas. Logo após, entre os anos 1997 – 2000, durante a administração do provedor General Torres de Melo, o Hospital São Vicente de Paulo iniciou uma nova revitalização intensificada. Hoje, 124 anos depois, o que antes era chamado de “Asilo dos Alienados” se transforma em Hospital São Vicente de Paulo. Tudo graças a união de 11 Psiquiatras, três Psicólogos, três Terapeutas Ocupacionais, três Assistentes Sociais e um Clínico Geral.
Também fazem parte da equipe uma Nutricionista e um Farmacêutico. Além de seis Enfermeiros e 36 Auxiliares de Enfermagem. Todos esses profissionais aliados a perseverança do Coronel Francisco José de Andrade Bomfim, atual Diretor Administrativo do hospital, fazem a mudança do conceito de psiquiatria na Parangaba.

O São Vicente de Paulo é composto por 140 leitos, divididos em 40 femininos e 80 masculinos.
Na instituição, os pacientes desfrutam de seis refeições diárias, tratamento clínico com diversos
profissionais ligados a área da saúde, brincadeiras e palestras. Além disso, eles participam também de exposições e diversas atividades, tendo suas obras expostas nas alas do hospital. “São pequenos gestos que nos movimentam”, declara Coronel Bomfim, falando de uma carta de agradecimento da família de uma ex-interna.

O São Vicente de Paulo faz parte de um grupo onde estão inclusos a Santa Casa, o Cemitério São João Batista e a Funerária de Fortaleza. Para o hospital, o futuro apresenta-se com boas perspectivas, pois aos 124 anos, renova e adequa-se mais uma vez às novas regras de modernos tratamentos interdisciplinares à portadores de transtornos mentais. Afinal, o São Vicente de Paulo, segue o que diz a lei 10.216 de 06 de abril de 2001: “o respeito, a cidadania e individualidade do paciente, visam a sua reinserção na comunidade e na família”.
Com o objetivo de proporcionar à sociedade mais opções de atendimento às demandas dos serviços de saúde, foi feito o aproveitamento do enorme potencial da área construída existente no hospital. Tudo se transformou no Centro de Tratamento Integrado Elisa Diogo Rodrigues (CTI Parangaba). São consultórios, clínicas e ambulatórios que oferecem à comunidade serviços médicos, complementares da área médica e dentários a preços populares.

Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, no Ceará do Século XIX:

Segundo o atual Diretor do Hospital São Vicente de Paulo, Coronel Bonfim, em conversa informal realizada em 2005, o hospital passou por uma de suas maiores reformas estruturais durante o Regime Militar, com a perspectiva de ampliar e melhorar o atendimento ao paciente com sofrimento mental.
Tal reforma pode ter ocasionado, por sua vez, a destruição de documentos essenciais para reconstrução da historicidade do Hospital, no advento de sua inauguração e nas décadas posteriores, prejudicando na preservação de sua memória. Os prontuários, por exemplo, uma grande ferramenta para compreensão do perfil e do tipo de atendimento dado aos pacientes que
ingressavam no Hospital foram completamente destruídos. A ausência deste registro de memória se, por um lado dificulta a reconstrução de dada época, por outro, poderia ser problematizada a partir de sua própria destruição. Coincidência ou não, os Hospitais Psiquiátricos durante a década
de 1960 foram alvos de profundas críticas e denúncias de segmentos sociais em geral e médicos, especificamente, conhecido como a Reforma Anti-manicomial. Esta poderia ser uma das muitas hipóteses que justifica a ausência de documentos internos do Hospital.
Historiograficamente, tal situação provoca uma profunda lacuna na investigação porque dificulta a compreensão de quem eram os homens e mulheres considerados alienados no Ceará no Século XIX. Contudo, a prática historiográfica ensina que o exercício de garimpagem dos variados materiais documentais é realizado nas entrelinhas e nos cruzamentos de informações.
Este artigo propõe-se a reconstruir uma parte da História da Loucura no Ceará deste período através da inauguração do primeiro hospital voltado para a alienação, o Asilo de Alienado São Vicente de Paulo, como forma de responder às questões preliminares como: quem eram os indivíduos considerados alienados e quais interesses e relações de poder estiveram inserido o asilo de alienado.
Construído em 1886, o Asilo de Alienado São Vicente de Paulo atendeu a uma ampla demanda correspondente a toda a Província do Ceará. Localizado no distrito de Porangaba inicialmente denominado de Arronches, ele representava um lugar estratégico, pois o distrito representava uma ponte entre Fortaleza e o Sertão. A questão da espacialidade da construção do asilo torna-se uma problemática importante a ser destacada para analisarmos as redes de relações sociais da época.
Fortaleza, como capital da Província, concentrou desde sua colonização vários centros de poder, como o pelourinho, a cadeia pública, a câmara municipal. Todos eles estavam situados em um mesmo espaço, que corresponde o atual centro da cidade no raio de abrangência que compreende desde o cemitério São João Batista até aproximadamente a Praça Coração de Jesus e circunvizinhanças. Esta área é considerada pela historiografia o coração da cidade não só pelo sentido político-administrativo, mas pelas práticas cotidianas, tendo em vista a sociabilidade intensa de lazer e comércio exercida pela circulação de indivíduos de várias condições sociais. O que não significa dizer, entretanto, que aqueles de menor ou quase nenhuma situação financeira, fossem tolerados. Em períodos críticos vivenciados pela seca, eles representavam incômodo às elites, como ocorreu na seca de 1877-79.
A construção do Asilo de Alienados estava situada em outra perspectiva espacial. Localizada a 7 km e 200 metros ao sudoeste de Fortaleza, Arronches na década de 1870 ainda conservava traços culturais de uma aldeia indígena e era considerada distante de sede da Província. Através de narrativas de contemporâneos como a crônica de Antônio Bezerra e a poesia de Juvenal
Galeno, a localidade era destacada por seu ambiente agradável e bucólico destacando-se, neste cenário, a Lagoa de Parangaba.


Ainda na primeira metade da década de 1870, há registros sobre a necessidade da criação de um asilo para alienados. Em 1874, o Visconde de Cauhipe, pessoa de grande reputação entre seus pares, tendo exercido as funções como Tenente Coronel e Vice-Provedor da Santa Casa de Misericórdia, demonstrou interesse em construir um espaço destinado aos loucos depois de ter contemplado, errante e perseguida, andrajosa e faminta, uma pobre louca nas ruas desta cidade.
Para Guilherme Studart, o asilo de alienados foi produto de sua criação.
Surgia assim a ideia de construção de um local para abrigar loucos para a província o qual não era algo inovador ou extemporâneo à realidade nacional, tendo em vista que o primeiro asilo com tal finalidade já tinha se efetivado ainda na década de 1850, quando da construção do Hospital D. Pedro II. Ao contrário, se considerarmos que o asilo no Ceará apresentou uma grande distância
temporal, datada em sua inauguração de mais de 30 anos após a instalação do primeiro em território brasileiro, perceberemos um atraso na sua concretização. Antes da construção do Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, os loucos ficavam espalhados em outros espaços. Via de regra, em Fortaleza, quando não estavam vagando a esmo pelas ruas da cidade, estavam concentrados na Cadeia Pública ou na Santa Casa de Misericórdia. Desta forma, o perfil essencial do alienado no Ceará em fins de Século XIX era o indigente e o criminoso.
As fontes trabalhadas, sobretudo a dos jornais, cumprem em parte a função dos prontuários inexistentes que retratamos anteriormente, principalmente no que se refere ao público internado no asilo de alienados. Nesse sentido, O Libertador e O Cearense noticiaram pequenas notas em que demonstravam serem os indigentes e as pessoas em geral das classes menos favorecidas
que foram o público alvo do Asilo. A questão da alienação enquanto tema abordado nas fontes apresenta-se de maneira pontual e descontínua. Ela aparece diluída nos episódios cotidianos da cidade e da província, não se constituindo em um material volumoso ou permanente. Mesmo em épocas de flagelo em que a sociedade presenciou casos de situações limites podendo ser nomeada de alienação, a documentação ainda é residual. Contudo, foi através dos episódios da seca de 1877-79 a partir de seus efeitos de grande caos social que, não só o asilo tornou-se uma necessidade, como outras instituições com o mesmo perfil.

É bastante significativo observar que meses antes da inauguração do Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, não havia ainda sido contratado um médico alienista para dirigir o Asilo. Também é significativo analisar que o médico que cumpriu a função de diretor foi um clínico geral, não tendo uma formação ou especialização em Psiquiatria. Estes indícios permitem-nos analisar que os espaços de disputa de poderes observados por uma historiografia mais geral não se fazia presente da mesma forma no Ceará. Entretanto, não queremos afirmar que não houvesse um cenário de poderes no que se refere à tutelagem do louco no Ceará. Ele havia, mas estava situado em outra direção.
O Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, desde sua inauguração até hoje, estava sob a administração direta da Santa Casa de Misericórdia. E com tal vinculação, ele atendeu a outras demandas e interesses sociais. Uma instituição com finalidade médica, como um Hospital Psiquiátrico, veiculada à outra instituição religiosa não era uma prática rara no Brasil. Ao contrário, o próprio Hospital de Alienados Dom Pedro I, no momento de sua inauguração e durante anos, pertenceu à Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Entretanto, internamente, houve durante os últimos anos do fim do Império conflitos entre
dois segmentos: os médicos e as irmãs superioras, responsáveis pela administração nos quais os médicos reivindicavam a separação do Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Em um deles, o clima de tensão tornou-se mais evidente em 1882, quando o médico Nuno de Andrade foi demitido da direção do serviço sanitário do Hospício de Pedro II, por criticar o poder e as funções exercidas pelas irmãs de caridade, propondo ao hospital uma nova regulamentação. (ENGELS, 2001, p. 241).
No Ceará, não apenas não há registro de conflitos ou indisposições entre os poderes médicos e religiosos, como a Igreja Católica – através das Irmandades – possuía maior poder que a própria figura do médico. Numa perspectiva de identificarmos quais sujeitos ou agentes tornavam-se peças chaves quanto às responsabilidades pelo Asilo de Alienados São Vicente de Paulo poderíamos destacar a figura do Vice-Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza.
Foi o Capitão Manoel Francisco da Silva Albano, então Vice-Provedor, que em 1875, doou um terreno na estrada Empreitada de Arronches para a construção do edifício do Asilo de Alienados São Vicente de Paulo e que esteve na comissão cujo objetivo era examinar o andamento dos serviços de construção do asilo. Foi também o Vice-Provedor da Santa Casa de Misericórdia o responsável pelo ingresso de uma mulher considerada alienada naquela instituição. E no Relatório da Santa Casa, ele situou o vínculo estreito desempenhado pelos setores da igreja e da medicina na condução administrativa do Asilo São Vicente de Paulo quando fez menção à atuação das Congregações de São Vicente de Paulo que estavam inseridas no mesmo cenário filantrópico ocupado pelo asilo de alienados.
O Asilo de Alienados São Vicente de Paulo possuía uma ligação fundamentalmente dependente da ação exercida pela Religião Católica no Ceará, não somente porque sua administração esteve ligada à Santa Casa de Misericórdia como porque fez parte de um conjunto de práticas
assistencialistas e caritativas condizentes com as realizadas pelas Congregações ou Conferências Vicentinas, que surgiram na Província. Em Fortaleza, a primeira Conferência Vicentina datou de 1882. Mas, a cada ano o Barão de Studart noticiava (1896) a instauração de dezenas em todo o Ceará.
Confrarias e Irmandades foram estratégias utilizadas pela igreja e pelas elites políticas e religiosas da sociedade com o interesse de promover assistência e caridade aos pobres. Eduardo Campos, na obra 'As Irmandades Religiosas do Ceará Provincial', faz uma distinção entre as duas apontando que, enquanto as Irmandades preocupavam-se com questões relacionadas à construção de cemitério e/ou melhoramento de igrejas, as Confrarias atendiam mais a uma demanda de assistência aos menos favorecidos (CAMPOS, 1980, p.82).
As Conferências surgiram em grande medida no Ceará no momento em que Império e Igreja Católica enfrentavam a Questão Religiosa. Guilherme Studart, médico e católico atuante, foi um dos grandes responsáveis por seus surgimento e manutenção.
Numa perspectiva de contribuir para o fortalecimento de um ambiente católico e filantrópico do Ceará, o Barão de Studart atuou ativamente na fundação de dezenas de Congregações de São Vicente de Paulo, inclusive presidindo o Conselho Central da Sociedade Vicentina, no longo período correspondente entre 1889 a 1931. Um dos objetivos das Congregações Vicentinas foi a divulgação do ensino do catolicismo, auxiliando as vocações religiosas na província cearense. Nesse sentido, fundaram-se instituições como escolas primárias e bibliotecas e instituições de saúde. Mas, instituições voltadas para a saúde também foram um foco das Confrarias como podemos inserir o Asilo São Vicente de Paulo, freqüentemente nomeadas de obras pias.
Barão de Studart tornou-se uma figura emblemática na relação entre religião e medicina, conciliando suas atividades médicas e cristãs. Então estudante da Faculdade de Medicina na Bahia, em fins dos anos 1870, Guilherme de Studart participou da criação de uma sociedade vicentina em Salvador. Finalizando seus estudos e voltando para o Ceará, empenhou-se na
fundação de dezenas de Congregações Vicentinas (AMARAL, 2002, p. 22).

Além da fundação das Sociedades Vicentinas, o Barão de Studart criou e presidiu o Círculo Católico de Fortaleza. (BARREIRA, 1956; PAIVA, 1956; AMARAL, 2002).
Como médico, presidiu a Ordem Médica Brasileira na Seção Ceará, em 1902. Antes disso, em fins dos anos 1870, após receber o título de doutor, Studart voltou a Fortaleza e exerceu a função de médico durante a seca de 1877-79, atuando contra os quadros alarmantes da epidemia de varíola. Com o término da seca, esteve presente no ato de solenidade de inauguração e foi um dos colaboradores do asilo para alienados.

Asilo de Parangaba, hoje denominado Hospital São Vicente

O hospital mantém ainda viva sua missão de receber pacientes com problemas psíquicos. O psiquiatra Anchieta Maciel afirma que a unidade hospitalar era, no século XIX até meados do século XX, a única que atendia a pobres e desvalidos, apesar das limitações médicas e terapêuticas da época. No entanto, conseguiu acompanhar a modernidade, adotando o que há de mais apropriado para o tratamento das doenças da mente.
1886 é o ano de fundação do Hospital São Vicente, antigo Asilo de Parangaba. A instituição é mantida pela Irmandade Beneficente da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza.

Um pouco sobre o bairro Parangaba:

Missão dos Jesuítas

O bairro era a antiga aldeia indígena catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada à condição de vila no anos de 1759, com o nome de Arroches. Foi incorporada à Fortaleza pela lei nº 2, de 13 de maio de 1835; depois foi restaurado município pela lei nº 2.097, de 25 de novembro em 1885, com o nome de Porangaba; e finalmente foi incorporado à Fortaleza pela lei nº 1.913, de 31 de outubro 1921. No século XVIII, o antigo Arroches se destacava como ponto intermediário no transporte de gado, com a Estrada do Barro Vermelho-Parangaba, estrada que ligava o Barro Vermelho (Antônio Bezerra) à Parangaba; e a Estrada da Paranjana, que ligava Messejana à Parangaba. Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité, uma estação de trem é instalada em 1873, e Parangaba estava ligada com a Capital. Durante o último período como município, chegou a ter sua própria linha de bonde, entre os anos de 1894 e 1918. Em 1941, a malha ferroviária de Parangaba foi expandida com direção ao Mucuripe, e, em 1944, o nome da estação foi alterada para Parangaba. Essa estação, nos dias de hoje, faz parte do Metrô de Fortaleza. Uma estação elevada está sendo construída pelo Metrofor.

Benefícios e desvantagens do lugar para os seus moradores:

"É um privilégio morar em Parangaba, embora tenha sido negligenciado pelo poder público, como é o caso da limpeza"
Aurélio Alves
41 ANOS
Compositor

"Aqui, contamos com quase tudo, mas a insegurança nos causa medo e inibe as pessoas na procura por espaços públicos"
Jeová Pedra
80 ANOS
Aposentado

"Os assaltos têm sido constantes, inclusive na igreja. Por isso, chegamos a mudar horários de algumas missas"
Teresinha de Jesus Lopes
50 ANOS
Secretária


Créditos: Informativo do 17º Juizado Especial de Justiça - Ano III Nº 7 - Março de 2005, Cláudia Freitas de Oliveira (Doutorada em História pela Universidade Federal de Pernambuco e membro do Instituto Praservare) , Carlos Alberto Cunha Miranda (Professor da Universidade Federal de Pernambuco) e Diário do Nordeste
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