Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Bairro Joaquim Távora
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cine Atapu - Cinemar


Arquivo Ary Bezerra Leite


Inaugura-se em Fortaleza, no dia 11 de março de 1950, o Cine Atapu, da Empresa Cinematográfica do Ceará - Cinemar, de Amadeu Gomes Barros Leal (Amadeu Barros Leal*), na esquina da Avenida Visconde do Rio Branco nº 3725, com a Avenida 13 de Maio, trazendo a película francesa Monsieur Vicent, a mesma que inaugurou o Cine Jangada.


O Cine Atapu foi um dos mais apreciados cinemas de bairro de Fortaleza, no final dos anos 50 e década de 60. O nome Atapu logo caiu no gosto do fortalezense. Assim, sugiram em seu entorno o Posto Atapu, a Farmácia Atapu, a Borracharia Atapu, a Padaria Atapu. O Chaveiro Atapu e a Panificadora/Mercadinho Atapu permanecem em pleno funcionamento. A área tornou-se referência, chamada carinhosamente de Atapu. Ainda hoje existe empresa de transporte coletivo urbano que conserva exposta, na indicação do itinerário, a citação Atapu.


Amadeu Barros Leal - Arquivo Ary Bezerra Leite

O Cine Atapu integrava a Empresa Cinematográfica Brasileira – Cinemar, cujo escritório ficava na rua Pedro Pereira, 166, altos. Concorria com a Empresa Luiz Severiano Ribeiro (que posteriormente adquiriu todas as suas salas. A Cinemar foi fundada pelo advogado Amadeu Barros Leal, que homenageou os jangadeiros batizando as cinco salas de seus cinemas com nomes ligados ao mar: Cine Jangada (rua Floriano Peixoto, virou estacionamento); Cine Araçanga (cacete para matar peixes) ficava na Barão do Rio Branco, depois Cine Art que hoje é um estacionamento do Hospital IJF - Instituto José Frota); Cine Tuaçu (pedra que serve de âncora às jangadas), ficava na Praça José de Alencar; Cine Samburá (cesto feito de cipó ou taquara usado pelos pescadores para colocar peixes), era na rua Major Facundo, deu lugar ao Cine Fortaleza e atualmente é uma livraria; e Cine Atapu (búzio que serve de trombeta aos jangadeiros para chamar os companheiros ou fregueses à praia). Que a Unimed Fortaleza evidencie o nome do saudoso cinema, pois o seu Hospital também está na área do Atapu que desbravou o local.

O prédio do antigo Cine Atapu, escondido por tapumes e uma placa da Unimed 

Quem passa pelo cruzamento da Avenida Visconde do Rio Branco com a Avenida Pontes Vieira visualiza um imóvel com inscrições nas paredes informando ser o mesmo de propriedade da Unimed. Desde que as li, planejei escrever sobre o assunto, pois, como Cidadão Honorário de Fortaleza, atento à memória de nossa Capital, e confiante na sensibilidade dos dirigentes da Unimed Fortaleza, e ainda na condição de veterano usuário do daquele conceituado Plano de Saúde, permito-me sugerir que não deixem escapar a possibilidade de resgatar a tradicional denominação daquela região da cidade. Desconheço a destinação que a Unimed dará ao referido espaço. Contudo, seja qual for o destino utilitário do imóvel, seria de muito bom grado trazer o nome de Atapu. Representaria, pelo ângulo da preservação, um oportuno presente que a Unimed daria à cidade, possibilitando inclusive conhecimento histórico aos moradores mais jovens. Por exemplo: Unidade Unimed Atapu, Laboratório Unimed Atapu, Depósito Unimed Atapu, etc... Seria uma homenagem justíssima posto que, originariamente, no local funcionou e marcou época o Cine Atapu. O que restou da sua estrutura permanece na mesma esquina - na Visconde do Rio Branco no 3731: Calçada elevada, degraus, e altas paredes. Mesmo sem o telhado, distingue-se ainda o formato da sala de projeção que outrora tantas alegrias trouxe para a juventude do Joaquim Távora e adjacências. Lá também era o término da linha de bonde do Bairro e Quilômetro Zero da BR – 116, entrada da cidade. O atual Parque Rio Branco, que fundou em 2007 o Cine Clube Atapu - nome que sugeri ao jornalista Aldemir Costa, do Movimento Pró-Parque, um sítio cortado por três riachos, e no local do atual Bradesco da Borges de Melo tinha uma vacaria, em meio a grande areal...

Concluo agradecendo as informações prestadas pelo cineasta e publicitário José Carlos Moreira de Oliveira, sobrinho do Dr. Amadeu Barros Leal

Paulo Tadeu
Jornalista

*Amadeu Barros Leal

Não se sabe ao certo qual a motivação inicial que fez o advogado Amadeu Barros Leal ingressar com determinação na seara cinematográfica, mas não há dúvidas que a partir de março de 1948 ele começa a desenvolver um sonho, decisivo e marcante em sua vida. Ele mesmo confirma essa firme disposição: “Idealizamos e, ato contínuo, lançamo-nos em campo, na batalha árdua de instalar em Fortaleza um circuito exibidor cinematográfico”. Desafio aceito e vencido sob a simpática acolhida do povo cearense.
Amadeu Barros Leal nasceu em Quixeramobim, no dia 13 de março de 1914, sendo seus pais o farmacêutico Afro Pimentel de Barros Leal e Maria Gomes de Barros Leal. Vindo para a capital cearense, aqui cumpriu seus estudos, iniciando-se como aluno do Liceu do Ceará, em 1931, e obtendo o diploma de grau superior pela Faculdade de Direito do Ceará, em 1942. Esta conquista coroou sua disposição para a luta, pois, ao longo desses anos, no período de 1934 a 1942, obtinha recursos para custear seus estudos como carteiro dos Correios e Telégrafos do Ceará.
No exercício de sua carreira jurídica, encontrava tempo para marcar presença como jornalista, alternando-se ainda na direção de negócios como a Ceará Mineral Industrial Ltda., firma exploradora de minérios da qual foi diretor gerente, e incursões políticas como militante do Partido Social Progressista, que indicou seu nome à Câmara Municipal de Fortaleza.
A paixão pela imprensa tinha se manifestado em sua terra natal, garoto ainda, quando produzia jornais manuscritos, e o seu lado combativo também já se revelava nos títulos: A Tesoura, A Navalha e O Bisturi. Aluno do Liceu foi responsável, na companhia de Alaor Albuquerque, Mardônio Botelho e Elissade Bacelar e outros, pelos jornais A Greve e A Luta. Tudo isso resulta na militância no jornal O Estado, quando responde pela coluna diária De Olhos Abertos. Esse histórico de luta prepara a estrutura de um corajoso empresário de cinema.
Seu idealismo transpassa muitos segmentos da vida cearense até alcançar a edificação da Companhia Cinematográfica do Ceará S.A.CINEMAR -, cuja materialização ocorre em 1950 com a abertura dos cinemas Jangada e Atapu, comandada de um pequeno escritório à rua Pedro Pereira, 166, altos. Seguem-se episódios de persistente luta para ampliar seu circuito de cinemas e mantê-los sobrevivendo em mercado até então monopolizado. Infelizmente, o magnífico empreendimento desapareceu após 12 anos de sobrevida, deixando-lhe a mais profunda mágoa. Certa vez Barros Leal confessou porque vendeu a sua metade na empresa, passo fatal para a sua liquidação: “A CINEMAR representava tudo para mim. Pena é que eu tenha tido a burrice de ser bairrista e feito negócios com quem não merecia fazê-lo. Deixei de associar-me com o Lívio Bruni, grande exibidor no Rio e que desejava penetrar aqui, reformando os cinemas e dotando-se de ar-condicionado e outras melhores e modernas condições. Entretanto, o meu ex-sócio queria a destruição da CINEMAR, o seu desaparecimento. Conseguiu o seu criminoso intento, embora não tenha podido alijar o seu nome da lembrança do cearense...”
Amadeu Barros Leal faleceu em Fortaleza, em 10 de novembro de 1978**, cumprindo a sua última missão, ao redigir um libelo contra o cigarro.

Em reconhecimento ao idealismo de Amadeu Barros Leal, a Fundação Demócrito Rocha, sob a presidência de Albaniza Dummar, instituiu, em 1985, o Prêmio Samburá. O troféu foi conferido pela primeira vez aos participantes do I Festival de Fortaleza do Cinema Brasileiro: a uma personalidade destacada no cinema nacional, ao melhor longa e ao melhor curta metragem.
Nas palavras de agradecimento, proferidas pelo filho Vladimir Barros Leal, traça-se o perfil do empreendedor e a dimensão de sua contribuição à cultura e lazer na capital cearense: 

“Durante muitos anos o cearense, particularmente o fortalezense, deveu a Amadeu Barros Leal a sua Cinemar, com uma cadeia de casas de espetáculos espalhadas pela cidade, numa época em que o cinema era a grande opção de lazer, quase a única.
Enfrentando tempestades que só a um valente jangadeiro é dado vencer, arrastando em sua trajetória poderosos ventos contrários e ondas gigantescas, Amadeu Barros Leal soube se impor e foi em frente e seus contemporâneos são testemunhas de sua vitoriosa aventura.
Inovador, projetou em sua telas memoráveis festivais do cinema europeu. Competitivo, adaptou às suas telas o Cinemascope e garantiu a exclusividade da Metro Goldwyn Mayer, brindando o seu público com majestosas películas, tais como: “Quo Vadis”, “Ben Hur”, “E o vento levou”, entre muitas outras.


Audaz, exibiu em suas telas filmes considerados atentatórios à falsa religiosidade e moral da época - década de 50 - como por exemplo: “Lutero”, “O Direito de Nascer”, “Veneno Lento”, um deles proibido pelas autoridades, e garantida a sua exibição na Justiça, através de Mandado de Segurança, assim mesmo em sessões separadas para homens e mulheres, que a posição ‘despudorada’ de uma mulher a ter um filho provocava vexames aos olhos mais puros.
Criativo, lançou a ideia da realização de um filme sobre a vida de Padre Cícero, chegando a convocar produtores, diretores e artistas para a consecução do projeto, só não o realizando devido a dificuldades econômicas, intransponíveis e à insensibilidade e indiferença daqueles que podiam tê-lo ajudado neste seu mais acalentado sonho.
Se os homens públicos da terra que tanto amou não lhe renderam a homenagem, digna de sua dimensão, o Prêmio Samburá vale como uma consagração da sua obra, fazendo-lhe justiça, numa prova de que o cearense sabe ser grato aos homens que realizaram verdadeiramente alguma coisa em seu benefício. Se meu pai fosse vivo, não conteria a emoção. Na certa estaria se sentindo profundamente gratificado com o reconhecimento público à gigantesca luta que empreendeu em prol da Cinematografia no Ceará.”


**10/Novembro/1978-Morre, em Fortaleza, às 14h, na Casa de Saúde São Raimundo, o advogado, jornalista e empresário Amadeu Gomes de Barros Leal (Amadeu Barros Leal), fundador e presidente da empresa cinematográfica Cinemar, cearense de Quixeramobim nascido em 13/03/1914.
Foi sepultado no Cemitério de São João Batista.



Crédito: Jornal O Estado/Memória do Cinema/Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de 
Miguel Ângelo de Azevedo

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Bairro Joaquim Távora


Antigo Parque Americano na Rua Padre Valdevino

Grupo Escolar Joaquim Távora na Rua Visconde do Rio Branco 

O bairro Joaquim Távora tem limites definidos. São quatro avenidas bem conhecidas: Pontes Vieira, Barão de Studart, Padre Valdevino e Visconde do Rio Branco.

Uma das características do Joaquim Távora é ser um bairro predominantemente residencial. Muitas casas, poucos prédios. Tem também pequenos mercadinhos e grandes referências. O mercado do Joaquim Távora, é uma delas, fica na Avenida Pontes Vieira e existe há mais de 60 anos.


Foto do Arquivo Jangadeiro Online

No mercado do Joaquim Távora o movimento acontece bem cedinho, quando os moradores da redondeza vão até o mercado em busca de frutas, verduras e legumes. Lá tem ainda plantas medicinais, redes e até presentes. O mercado, assim como o Parque Rio Branco, são os locais mais conhecidos do bairro . Os dois ficam na avenida Pontes Vieira, um dos limites do bairro que leva o nome do engenheiro e militar Joaquim do Nascimento Fernandes Távora¹.

Parque Rio Branco -  Foto de Zemakila

No Parque Rio Branco, se encontra beleza e problemas também. São sete hectares de muito verde bem pertinho de uma das avenidas mais movimentadas de Fortaleza.

Trilha do Canal
Trilha do Canal - Foto de  Claudio Lima

De acordo com os moradores, a principal área verde do bairro, ainda precisa de reforço policial. Sem um policiamento fixo no local, ainda tem muita gente que não frequenta o parque porque tem medo.

Parque Barão do Rio Branco
Foto de  Claudio Lima

De acordo com a coordenadora do movimento Pró-Parque, apenas uma dupla de policiais de vez em quando aparece no local.

Segundo o organizadores do movimento Pró-Parque, os guardas que atuavam no parque foram transferidos para outro ponto da cidade.

A Guarda Municipal de Fortaleza disse que realiza a segurança no local com quatro guardas que abrem e fecham o parque das cinco da manhã as dez da noite. Ainda durante o dia, a moto patrulha, com quatro homens, realiza a ronda dentro do parque, monitorando e observando o movimento por lá.



¹Joaquim do Nascimento Fernandes Távora nasceu em Jaguaribe, no ano de 1881. Seu irmão Juarez Távora participou dos movimentos rebeldes da década de 20 e teve destacada participação na vida política nacional após a Revolução de 1930.


Militar e engenheiro civil, Joaquim Távora freqüentou a Escola Militar de Porto Alegre. Em 1922, comandava o 17º Batalhão de Caçadores, sediado em Corumbá (MT), quando liderou a rebelião nesse estado, em solidariedade ao levante deflagrado no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, contra o governo de Artur Bernardes, dando início ao ciclo de levantes tenentistas daquela década. Preso nessa ocasião, foi libertado em fevereiro do ano seguinte através de habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Militar (STM) a todos os implicados no movimento de 1922.

Em fins de 1923, após desertar do Exército, aderiu a uma nova conspiração contra o governo federal, articulada sob o comando do general Isidoro Dias Lopes. Viajou, então, pelos estados de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais em busca de apoio ao movimento. Na capital paulista estabeleceu contato com o major Miguel Costa, da Força Pública estadual. Após sucessivos adiamentos, o levante foi iniciado na cidade de São Paulo em 5 de julho de 1924, data escolhida em homenagem ao levante do Forte de Copacabana. Joaquim Távora, ocupando posição de destaque na rebelião, foi o responsável pela prisão do general Abílio de Noronha, comandante da 2ª Região Militar. A capital paulista caiu sob o controle dos rebeldes por três semanas e o presidente do estado, Carlos de Campos, abandonou a cidade. Em seguida, Joaquim Távora foi ferido quando comandava um ataque ao 5º Batalhão de Polícia.

Morreu dias depois, em consequência dos ferimentos, em São Paulo. 




Fonte: CETV, Wikipédia
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