Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Balalaika
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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domingo, 29 de janeiro de 2017

8 Anos - Fortaleza Nobre e saudosista



No dia 29 de janeiro de 2009, nascia o Fortaleza Nobre!
A ideia de criar o site aconteceu sem pretensão nenhuma, foi somente para arquivar as fotos que eu sempre gostei de colecionar da Fortaleza antiga. Sempre tive curiosidade de saber mais da minha cidade, daquela Fortaleza que eu só conhecia através dos relatos do meu saudoso pai e dos livros de história. Minha maior curiosidade era descobrir os nomes atuais das ruas, aqueles nomes tão simples e charmosos descritos por Adolfo Caminha no seu 'A Normalista'. Aqueles caminhos narrados por Marciano, Nirez, Mozart, Rdo Girão, Rogaciano, Zenilo, Gustavo...


Nesses 8 anos, muitas pessoas, também apaixonadas pela cidade de antigamente, passaram a acompanhar e a sugerir postagens, foram me incentivando a pesquisar mais e mais e aos poucos, vamos resgatando a Fortaleza realmente Nobre! 

Vamos relembrar algumas dessas postagens?

Bondes em Fortaleza


Bonde de tração animal - Fortaleza - 1900. Em 25 de abril de 1880 é inaugurado o serviço de transporte de passageiros por bondes em Fortaleza, no Ceará. A empresa que explorava o serviço era a Cia. Ferro-Carril do Ceará. A frota constava de 25 bondes de 5 bancos cada, e funcionavam de 6 da manhã às 9 horas da noite. A foto é do início do século XX.

Um viajante inglês registrou a existência de bondes em Fortaleza na década de 1870, mas outras fontes afirmam que a primeira linha de bondes puxados por cavalos, entre a estação ferroviária e o centro de Fortaleza, foi inaugurada pela Companhia Ferro-Carril do Ceará (FCC) em 25/4/1880, usando bitola de 1.400 mm a mesma usada pela Trilhos Urbanos na linha de bondes a vapor em Recife. A Ferro Carril da Parangaba abriu uma linha para o lado Sul da cidade em 18/10/1894 e a Ferro Carril do Outeiro (FCO) iniciou sua linha no lado Leste de Fortaleza em 24/4/1896.

Náutico Atlético Cearense


Em 09 de junho de 1929, às 10 hs, é inaugurado o Náutico Atlético Cearense, na Praia Formosa, ou Praia do Marégrapho, em terreno de Manuel Borges Teles (Manuelito Borges) sendo, no mesmo dia eleita sua primeira diretoria, que tinha na presidência Pedro Coelho de Araújo, seguido de Júlio Coelho de Araújo (vice-presidente), Ademísio Barreto Vieira de Castro (primeiro secretário), Fernando Fernandes de Melo, Raul Farias de Carvalho (tesoureiro), Wandemberg Gondim Colares, Wilson Secundino do Amaral (Wilson Amaral), José Pompeu de Arruda, Renato Serra, Tomé Coelho de Araújo e José Brasil.
Em 1944 é comprado o terreno da nova sede na Praia do Meireles e em 11 de janeiro de 1948, dá-se o lançamento da pedra fundamental.

3º  Shopping Center Um

Tasso cortando a fita inaugural do Shopping Center Um.Correio do Ceará de 1974. Acervo Lucas Júnior 

Em 06 de novembro de 1974, surge o primeiro shopping center de Fortaleza, o Center Um, na Avenida Santos Dumont nº 3130; São 7 mil e 500 metros quadrados de área coberta, abrigando estabelecimentos comerciais das mais diferentes categorias e estacionamento privativo com 450 vagas, empreendimento do empresário Tasso Ribeiro Jereissati (Tasso Jereissati). Liberalidade com relação ao modo de trajar é uma das características do Center Um, onde existe, ainda, a terminante proibição de gorjetas.
Além de um supermercado Jumbo, 45 lojas servindo das mais variadas maneiras.
Havia o Shopping-Center Aldeota, mas na verdade tratava-se de um conjunto de lojas em aberto, sem nenhuma segurança ou privacidade.

 4º  Ed. São Pedro - Antigo Iracema Plaza Hotel

 Hall de entrada e fachada do Iracema Palace Hotel 

Pertencente à família Philomeno Gomes, o edifício São Pedro também chamado de “Copacabana Palace” da capital cearense. O edifício de arquitetura inspirada nos hotéis luxuosos de Miami Beach, nos Estados Unidos, foi construído em 1951 para ser o primeiro prédio da orla. Com formato de navio, foi idealizado para desenvolver atividades de hotel, condomínio residencial e comercial em meio às casas e o areal da Praia de Iracema.
Só no hotel são mais de 100 apartamentos com salões de convenções, estar, coffee shop e barbearia. São 12 mil metros de área construída, apartamentos com 200 metros quadrados. Vê-se da janela uma das imagens mais bonitas de Fortaleza: a Praia de Iracema.


Um herói chamado João Nogueira Jucá 

 Acervo Luciano Hortêncio

Quando o estudante João Nogueira Jucá morreu, no dia 11 de agosto de 1959, faltavam três meses para completar 18 anos. Ele era um jovem calado, de um coração imenso, humano. Por isso, a família e os amigos não estranharam a atitude que tomou ao entrar no prédio em chamas para salvar doentes que estavam internados na Casa de Saúde César Cals, hoje, Hospital Geral César Cals (HGCC). Apesar da gravidade do seu quadro, em nenhum momento se arrependeu do que fez. "Ele dizia que seu corpo queimava como brasa".
O Major do corpo de bombeiros, José de Melo Neto, observa que João Nogueira Jucá tinha dentro de si um espírito militar e vestiu-se desse espírito para ajudar quem precisava.




Praça da Parangaba com o Prédio da antiga Intendência e a Lagoa-Assis Lima

A Parangaba era uma antiga aldeia indígena que foi catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada a condição de vila em 1759 com o nome de Arronches. Foi incorporada a Fortaleza pela lei nº 2 de 13 de maio de 1835 e depois foi restaurado município pela lei nº 2097 de 25 de novembro em 1885 com o nome de Porangaba e finalmente foi incorporado a Fortaleza pela lei nº 1913 de 31 de outubro 1921.
Porangaba, Vila Nova de Arronches, Parangaba. Três nomes, um só lugar. Lugar de Beleza, segundo o poeta. O que hoje é um dos muitos bairros que compõem a grande cidade de Fortaleza (capital do Ceará estado do Nordeste Brasileiro), é também signo do desdobramento histórico cearense, pois encerra nas suas tradições e memórias o passado que remonta aos tempos da colonização lusitana em 1603.

Fortaleza em suas ruas, avenidas, travessas...




"Esta foto data de 1951 e mostra a esquina da Rua Major Facundo com a Rua São Paulo que abrigava uma loja de tecidos pertencente ao Sr. José Meireles. Ficava diagonal com a Casa Victor dos Irmãos Pinto, depois Cimaipinto. Aquele prédio que fica no fundo é o Sobrado Mole, que foi sede da UDN.

O prédio de detrás era um antigo sobrado que nesta época estava sendo usado por várias lojas e escritórios. Parece-me que hoja aí está a Casablanca.

A sombra é do Edifício América, onde funcionou a Cimaipinto. o espaço entre o fim do sobrado e o sobrado mole que se encontra no final, é a praça que fica em frente ao Museu do Ceará. Não foi eberta nenhuma rua. Vejam a perspectiva que a linha da calçada segue exatamente a do sobrado mole." Nirez


Avenida Beira-Mar



Em 10 de janeiro de 1939, Raimundo Araripe, prefeito de Fortaleza, baixa decreto adendo ao Plano Diretor da Cidade, p
roibindo as construções, reconstruções, modificações, reformas de prédios ou quaisquer obras na faixa litorânea de Fortaleza, nas faces norte e nas faixas compreendidas entre elas e o oceano, das ruas e trechos: Rua dos Tabajaras, compreendido o seu prolongamento, a partir do Poço da Draga; Avenida Getúlio Vargas (hoje Avenida Beira-Mar) até a povoação do Mucuripe, inclusive; trecho da faixa oceânica, partindo do Poço da Draga, em direção ocidental, seguindo pelo perfilamento do Arraial Moura Brasil, que faz frente para o mar.
No dia 11 de agosto de 1962, são iniciadas as obras de construção da Avenida Beira-Mar na administração Manuel Cordeiro Neto.

A Beira-mar de Fortaleza foi rasgada só em 1963, porém, ela sempre existiu antes dessa data. As famosas e lendárias praias de Iracema e Mucuripe já despertavam o interesse dos fortalezenses antes de 1963

"Grafite", cujo verdadeiro nome é Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, industrial, de 25 anos, morreu de maneira violenta, ontem de madrugada, quando de "pega" de motos na Avenida Presidente Kennedy. Eram 3h30min quando se deu o acidente. Sua moto, de 1000 cilindradas, quase arrancou um poste de iluminação pública. Ele ficou completamente mutilado.

A denominada "Volta da Jurema", era o palco de "Grafite". Ali, quase todas a madrugadas, o jovem dava um verdadeiro show, usando a alta velocidade e pondo sua vida em risco a todo instante, não somente em automóveis, como em sua possante moto. Ontem, foi seu último "pega" com o amigo Aristides. Os veículos colidiram.
 

10º O famoso cabaré da Leila

 
Já nos finais dos anos 60, e por toda a década de 70 o melhor cabaré de Fortaleza era a CASA DA LEILA, na Maraponga. Suas mulheres eram altas, elegantes, muitas, louras naturais de olhos claros. Vinham do sul do país, de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul. Tudo gente fina, educada, algumas se diziam universitárias e comentavam coisa de política, música popular e variedades culturais. Dentre elas havia uma mulata, alta, belíssima, chamada Mércia, que mostrava uma carteira de estudante em Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse tempo havia um vendedor ambulante de livros, o Curió, que assegurava ter vendido várias coleções e enciclopédias às meninas da Leila. Umas intelectuais? (...)


11º Pici e a segunda Guerra Mundial



Existem controvérsias que persistem até hoje com relação à origem do nome “Pici”. Segundo o memorialista Nirez, há uma versão fantasiosa que diz que a origem do nome seria a abreviatura da expressão Post Command – PC, em relação à base norte-americana da II Guerra Mundial –, sendo que as letras “p” e “c”, em inglês, são pronunciadas, respectivamente, como “pi” e “ci”. O pesquisador nega essa versão ao lembrar que a expressão correta seria Command Post presumidamente, Posto de Comando, parte do jargão militar norte-americano (CP e não PC). Nirez também nos lembra que o lugar já tinha esse nome desde o século XIX, quando um centenário sítio pertencente ao agrimensor Antônio Braga (Por ter se apaixonado pelo romance O Guarani de José de Alencar, aglutinou o nome de seus principais personagens, Pery e Cecy, batizando-o de ‘Sítio Pecy’.

12º A origem da Praia de Iracema - De 1920 até os dias atuais



O surgimento do bairro Praia de Iracema, antes denominado Porto das Jangadas, Praia do Peixe ou Grauçá, está associado à “descoberta” do banho de mar como medida terapêutica e também como contemplação e lazer por parte da elite econômica da cidade nos anos de 1920. Esta elite intensificou a sua inserção na praia, com a construção de casas alpendradas ou do tipo bangalôs, de frente para o mar, fenômeno que “obrigou” os pescadores a mudarem-se para outras praias.
A primeira manifestação pública que permite antever o futuro nome do bairro ocorre em 1924, quando a cronista social Adília de Albuquerque Morais lançou a ideia de que se construísse um monumento à heroína do romancista José de Alencar, a ser erigido na orla marítima.


13º Corta Bunda - Os maníacos que aterrorizaram o José Walter


Em meados dos anos 80, o conjunto habitacional Prefeito José Walter foi tomado pelo medo do ataque de um maníaco que cortava a bunda das mulheres.
Quando um homem armado com uma lâmina começou a invadir as casas do Zé Walter para traçar uma linha de sangue nas nádegas femininas, o resto da cidade não pôde mais ignorar aquele pedaço de Fortaleza. Entre 1985 e 1987 , os crimes do Corta-Bundas ocupavam espaço frequente nos jornais da Capital. 


Em 1985, um maniaco psicopata começou a atacar mulheres (adultas e crianças), ele não matava, não roubava e nem abusava sexualmente das suas vitimas, apenas fazia um corte profundo com navalha, estilete ou bisturi na região das nádegas.  

14º O caso BALALAIKA


Às 6 horas e 45 minutos da manhã do dia 04 de agosto de 1942, Fortaleza assistia perplexa a um impressionante desastre aéreo. O jovem desportista, aluno do curso de pilotagem, Edgildo Giordano (mais conhecido por Balalaika), de apenas dezesseis anos de idade, pilotava o avião Visconde de Taunay, um "Pipper Cub" pertencente ao Aero Clube do Ceará, quando o avião caiu no quarteirão entre a Avenida Santos Dumont, Rua Costa Barros, Avenida Dom Luís (Hoje Avenida Dom Manuel) e Rua 25 de Março.

O avião de Balalaika fazia evoluções sobre a Avenida Santos Dumont, quando sobrevoava as casas residenciais de nº 187 e 189, quando caiu em "piquet", entre os dois quintais, ficando completamente espatifado. Surgiram lendas em torno do acontecido, entre elas a de que Balalaika teria brigado com a namorada e suicidou-se jogando o aparelho que pilotava no quintal de sua amada, na Avenida Dom Manuel.


15º Excelsior Hotel - 85 Anos


Em 31 de dezembro de 1931, há exatos 85 anos, surgia em Fortaleza o primeiro arranha-céu da cidade, inspirado em um edifício de Milão na Itália. Utilizava na sua estrutura, alvenaria* de tijolos e trilhos** de trem.
De estilo eclético, teve toda a sua decoração interna aos cuidados de Pierina Rossi, que utilizou materiais importados da Europa.
Só para se ter uma ideia, as paredes do prédio chegam a 80 centímetro de largura. Um gigante de sete andares!


Em comemoração, visitei o hotel e fiz várias fotos, uma verdadeira viagem no tempo:

Excelsior em detalhes
Excelsior em detalhes - Parte II
Excelsior em detalhes - Parte III

* Leia: A queda de uma lenda.

** De acordo com o pesquisador e ex-ferroviário, Assis Lima, os trilhos usados não foram de trens. As ferragens para a construção do prédio vieram da Polônia, juntamente com uma encomenda para a estrada de ferro de Baturité, que à época já era denominada RVC. A encomenda chegou em 1929. Fonte: Relatório da RVC de 1929, criminosamente destruído em 1998 por ser entregue às intempéries de prédio com telhado comprometido. As chuvas de 98 levou os insensíveis dirigentes da ferrovia a colocarem "papéis velhos" no lixo.¬¬

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O caso Balalaika - Fortaleza 1942



Às 6 horas e 45 minutos da manhã do dia 04 de agosto de 1942, Fortaleza assistia perplexa a um impressionante  desastre aéreo. O jovem desportista, aluno do curso de pilotagem, Edgildo Giordano (mais conhecido por Balalaika), de apenas dezesseis anos de idade, pilotava o avião Visconde de Taunay, um "Pipper Cub" pertencente ao Aero Clube do Ceará¹, quando o avião caiu no quarteirão entre a Avenida Santos Dumont, Rua Costa Barros, Avenida Dom Luís (Hoje Avenida Dom Manuel) e Rua 25 de Março

O avião de Balalaika fazia evoluções sobre a Avenida Santos Dumont, quando sobrevoava as casas residenciais de nº 187 e 189, quando caiu em "piquet", entre os dois quintais, ficando completamente espatifado. Surgiram lendas em torno do acontecido, entre elas a de que Balalaika teria brigado com a namorada e suicidou-se jogando o aparelho que pilotava no quintal de sua amada, na Avenida Dom Manuel

Jornal O Povo de 04 de agosto de 1942

Segundo noticiou o jornal O Povo daquele mesmo dia, Balalaika (foto ao lado) teve morte imediata no próprio local do desastre, para onde acorreram numerosos populares.
Assim que tiveram ciência do terrível desastre, compareceram ao local um carro da Assistência Municipal e quatro do Corpo de Bombeiros, um dos quais removeu o corpo. No local, algumas autoridades estavam presentes: Dr. Rui de Almeida Monte, Secretário de polícia e Segurança Pública , Dr. Pompeu Gomes de Matos, Delegado de Investigação e Capturas, Dr. Fran Martins, diretor do DEIP e várias outras.

O sepultamento ocorreu no mesmo dia, às 16 horas e 30 minutos saindo o féretro da sede do Aero Clube do Ceará, à rua Sena Madureira, 865

O avião sinistrado foi doado em 1941 ao Aero Clube pela Sul-América Capitalização.
Balalaika era aluno do Aero Clube desde o dia 1º de junho de 1941, tendo iniciado o seu curso de piloto civil a 29 de abril de 1942. Ele tinha pouco mais de oito horas de vôo "solo", o que não recomendava afastar-se da área de exercício, em torno do próprio campo de aviação.  

Aero Clube 

 Colégio São João onde estudava Adgildo. Acervo Tania Maria Sousa

Edgildo Giordano era filho adotivo do Sr. Joaquim de Lima, residente à Avenida Dom Manuel, 447. Era aluno do segundo ano do ginásio no Colégio São João e esportista muito conhecido na cidade, tendo conquistado o segundo lugar na Prova Heróica² dos cinco mil metros a nado, desde o Mucuripe até o Viaduto Moreira da Rocha (Ponte Metálica).
Balalaika era amazonense³, residindo em Fortaleza há vários anos.

Ao lado, uma foto do livro Trilhas da Saudade

Em 25 de outubro de 1942, o Aero Clube do Ceará fez Romaria à sepultura de Edgildo Giordano. Na mesma ocasião, visitaram também a de outros aviadores, como a do Tenente Roma, do Dr. José Pestana e Farias Primo. No seu discurso, o Dr. João Calmon lembrou também os nomes de Chico Távora e Fausto Amarante.  

A rua 25 de março - Arquivo Nirez 

Uma das casas que teve seu quintal atingido pelo avião de Balalaika, foi este sobrado da foto. O castelo (sobrado) ficava na Dom Manuel, entre a Avenida Santos Dumont e a Rua Costa Barros, no chamado lado da sombra. 

O acidente narrado por uma testemunha ocular:  

 
 Trecho do livro Trilhas da saudade de Mundinha Negreiros de Andrade. 
Agradecimento ao amigo Maia Filho pela gentileza!

"Naquele dia e hora, eu estava de saída para o Colégio Cearense, quando fui surpreendido pelo vôo rasante do Balalaika, que terminou de encontro ao muro de um quintal, da 25 de Março, quase com a Av. Santos Dumont e que, por ironia, confrontava com a sua residência. Ele era um jovem da melhor aparência, exímio nadador, tendo-se classificado em segundo lugar, na última Prova Heróica. Lembro-me de o ter visto, pela última vez, quando de seus exercícios físicos, em plena Praia de Iracema, em uma noite enluarada. Naquela época recuada, era comum a frequência de muitas pessoas, à praia mais linda de Fortaleza.
O seu cognome - Balalaika - deve-se à trilha sonora do filme do mesmo nome, cuja interpretação artística era de Nelson Eddy, coadjuvado pela atriz Ilona Massey, na inauguração do Cine Diogo, no dia 7 de setembro de 1940. Era comum ouvi-lo cantando aquela canção...

Assim, a vida de Balalaika ou Edgildo Giordano, como queiram, foi tão fugaz quanto sói acontecer a um meteoro: uma estrela cadente de grande brilho, mas de curta duração."


Irmes Gottlieb
(Diário do Nordeste - 05 de junho de 2004) 

Cartaz do programa de inauguração do Cine Diogo com o filme Balalaika - Arquivo Nirez

Escola Normal


"O que ocorreu na verdade, foi o que em aeronáutica chama-se "stall" (estol) em baixa altitude. Balalaika sobrevoava a Escola Normal e chegou a acenar para as alunas que faziam ginástica no pátio da escola. Era pouco mais de sete da manhã. O estol (ou perda de sustentação) ocorre quando há uma elevação excessiva do ângulo de ataque da asa, o que faz com que a aeronave perca sustentação e consequentemente, altitude. Quando em altitude suficiente é perfeitamente recuperável. No caso, o Piper estava quase em voo rasante. As chances de recuperação eram mínimas. O corpo ficou totalmente carbonizado. Um triste acidente!" 




Annita Giordano

Pouco se sabe sobre Edgildo Giordano de Araújo (Balalaika) e muito menos, sobre sua família adotiva, mas em conversa com a prima e com o sobrinho biológico, descobri algumas coisas que podem ser de ajuda para que a gente consiga encontrar algumas respostas!


Casamento de Annita e José Vitor.


Annita Giordano e José Vitor de Araújo 'Bezerra' (alguns dizem que o sobrenome Bezerra, foi acrescentado por ele ao seu nome original), eram pais biológicos de Edgildo.
Numa viagem para Fortaleza (teria fugido do marido?), não sei se grávida ou se Edgildo já era um recém nascido, Annita decide não mais retornar ao Acre, onde lá deixou o filho mais velho Edmar Giordano de Araújo (foto ao lado) e  o marido José Vitor. Na ausência da mãe, Edmar foi criado pela avó.

Na capital cearense, ela conhece Joaquim de Lima, então Interventor do Ipu.* Mesmo casados, eles se envolvem e Joaquim assume a criança.

Em conversa com sua irmã Lídia, Annita contava que Joaquim se afeiçoou ao menino e que Balaika era muito apegado ao pai adotivo. Joaquim era um homem de posses e deu estudos e uma boa vida ao filho.


No Acre, a família ficou sabendo que Annita estava vivendo com um homem muito rico, que era prefeito.
Sua mãe ainda lhe visitou algumas vezes em Fortaleza!

*Joaquim de Oliveira Lima governou o Ipu de outubro de 1930 a abril de 1935.
Em 1929 houve eleições para prefeito. Apresentaram-se dois candidatos. O vencedor, porém, em função da chamada “Revolução de 1930” não assumiu o poder. Com o movimento de outubro de 1930, os Estados passaram a ser governados por interventores. Estes, por sua vez, indicavam, nos municípios, os governantes, também chamado de interventores. Joaquim Lima foi o indicado para governar o município de Ipu.
Faleceu vítima de ataque cardíaco no dia 16 de agosto de 1967.

 Leia a biografia de Joaquim de Oliveira Lima no Blog do professor Francisco Melo

Annita em Fortaleza em 1931

Os anos passaram...

Certo dia, o
Gran Circus Americano Buffalo Bill passa por Fortaleza e Annita conhece o acrobata do globo da Morte. Apaixonada por Augusto Stevanovich (o acrobata), Annita resolveu fugir com o circo, deixando o filho Edgildo com o Sr. Joaquim, que já o amava como filho e que de certo cuidaria muito bem do menino. Deve ter pesado também a dificuldade que seria para uma criança viver sem rumo, de cidade em cidade.



A última notícia que se tem de Annita, é uma carta escrita por ela, datada de 1938, escrita em Milão, endereçada para sua mãe. Ao final da carta, ela assinava:  ANITA GIORDANO STEVANOVICH (Foi através dessa carta que chegou-se ao GRAN CIRCUS AMERICANO,  pertencente aos STEVANOVICH).
 

De acordo com o neto Edgildo Sobrinho, se ainda estiver viva, Annita tem hoje por volta de 114 anos


 Gran Circus Americano Buffalo Bill

Sobre a carta

" O conteúdo era de saudades e lamentações e ela citava um apelido, DILO.  Eu imaginava ser um erro de grafia, que ela queria dizer DIDO (que poderia ser o apelido familiar de Balalaika - Dido é o meu apelido familiar). 
Era DILO mesmo, que segundo levantou minha prima, tratava-se de AUGUSTO STEVANOVICH, um acrobata do globo da Morte, do Gran Circus Americano Buffalo Bill, circo este que a vovó fugiu com ele, quando passou pelo Acre, apaixonada pelo acrobata. Na fuga ela levou o filho recém-nascido, Edgildo, deixando o outro mais velho, Edmar (meu pai) com o seu marido, José Vitor de Araújo Bezerra. Meu pai foi criado pela avó dele, Joaninha. Edgildo foi adotado por uma família de Fortaleza, que deveria ser abastada, visto o histórico dele: Campeão de natação, piloto aos dezesseis anos..." 


Edgildo Giordano de Araújo Sobrinho**

** Observação: Algumas informações diferem, mas é compreensível, Edgildo Sobrinho era muito pequeno quando tomou conhecimento de toda essa história.


O acrobata do globo da Morte:

DILO (AUGUSTO STEVANOVICH) faleceu em 1948, aos 38 anos. Foi sepultado no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro
Provavelmente, Annita estava no Brasil nessa época.
Dilo morreu no Rio quando negociava a vinda do circo ao Brasil (Nessa época, ele era diretor do circo).  

 Túmulo de Augusto Stevanovich. Detalhe para o Globo da morte.
 

Túmulo de Augusto Stevanovich
 
Edmar - O irmão

Edmar Giordano de Araújo, ficou com o pai no Acre, sendo criado pela avó.
Em homenagem ao irmão, batizou um de seus filhos com o nome de Edgildo Giordano.
Morreu em 1954, aos 32 anos, num acidente de carro no Acre.
Com a morte do marido, a viúva se muda com os seis filhos para Natal.



Edmar Giordano de Araújo



 ¹ O Aero clube do Ceará foi fundado com o nome de Aero Clube Cearense, no dia 07 de abril do ano de 1929, em nobre solenidade que contou com a presença do Governador do estado do Ceará. Logo depois de fundado, ficou por alguns anos sem nenhuma atividade, uma vez que naquela época, a aviação na América do Sul ainda vivia uma fase de quase nenhum progresso, especialmente no setor civil. No dia 02 de dezembro de 1937, praticamente fundava-se, pela segunda vez, em nossa Capital, uma sociedade que se destinava a incrementar, em nosso meio civil, a aviação de turismo a exemplo das grandes cidades do sul do país. Surgia o Aero Clube do Ceará. Nesta segunda tentativa, muitos entusiastas, representados por personalidades da escola de aviação militar, que foram na realidade os verdadeiros incentivadores da fundação do Aero Clube do Ceará, lançaram-se num movimento de real valor em favor do progresso da nossa aviação. Em cooperação com os militares, na realização dessa patriótica obra, destacaram-se civis que não pouparam esforços no sentido de ver realizado o sonho da mocidade cearense, que almejava asas para voar. Os primeiros passos da vida do Aero Clube do Ceará foram cheios de empecilhos, que aos poucos foram vencidos, e com apenas seis anos de atividade, já tinha “brevetado” cerca de 100 pilotos. Sua primeira sede ficava dentro da Base Aérea de Fortaleza, onde à época, operava o Centro de Formação de Pilotos de Caça da também, recém criada Força Aérea Brasileira (FAB). A Base Aérea permitiu ao Aero Clube do Ceará durante um longo período, a utilização de sua pista.

² A prova heróica dos 5 mil metros a nado, foi realizada em 02 de março de 1941.


³  "Edgildo consta como se fosse amazonense, creio que ele tenha nascido no Acre. A não ser que vovó tenha ido para Manaus, para ter o filho. Falo isso porque era comum mamãe falar que pai tinha nascido no Ceará e morreu no Acre. Edgildo tinha nascido no Acre e morreu no Ceará."


Edgildo Giordano de Araújo Sobrinho   




ATENÇÃO:

ESSA POSTAGEM, POR SE TRATAR DE POST INVESTIGATIVO, SERÁ EDITADO SEMPRE QUE HOUVER MAIORES INFORMAÇÕES!!!



Créditos: Jornal O Povo - Edição de 04 de agosto de 1942, Diário do Nordeste - Coluna Opinião (Irmes Gottlieb) de 05 de junho de 2004, Revista Instituto do Ceará-1962, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez), Livro "Trilhas da Saudade" de Mundinha Negreiros de Andrade e Site oficial do Aero Clube.

Agradecimentos: Glória Perez, Edgildo Giordano de Araújo Sobrinho, Maia Filho e Lucas Júnior.







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