Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Bezerra de Menezes
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Zé Pinto da Sucata - Arte do lixo


Escultor. Iniciou-se nas artes plásticas somente aos cinquenta anos, em 1975 criando composição a partir de soldagem entre si de peças de sucata, resultando daí figuras humanas ou animais de grande singularidade. São palhaços, “Carlitos”, Cangaceiro, dançarinos Ferreiros, etc, enfim, uma variedade de tipos humanos de animais do diversos sempre representados de forma criativa e bem humorada. Com essas criações participou de várias mostras coletivas e individuais obtendo premiações nos XXVIII, XXXI, XXXIV e XXXV Salões Municipais de Abril (Fortaleza – CE 1978, 1981, 1984 e 1985) e no Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará (Fortaleza – CE 1979) várias esculturas de grandes dimensões permaneceram expostas na década de 80 e 90 em via pública, na Av. Bezerra de Menezes, defronte ao ateliê do Artista, em Fortaleza (CE) outras de suas obras compõe o acervo do Espaço Cultural do Banco do Nordeste, do Museu de Artes da UFC (MAUC) do Centro Cultural Oboé e de outros públicos e privados na capital cearense, entre os quais o da Sede da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Seção do Ceará.



Acervo Eliomar de Lima


"Não se pode aceitar que ele tenha falecido, de fato, em 2004, em Fortaleza, porque até hoje, quando se vê o Dom Quixote feito por ele, fica-se a imaginar, que o grande Zé Pinto continue pedalando sua bicicleta, em busca de moinhos de vento, para verificar, talvez, se há alguma sucata de aço e de sonho sobrando, que ele possa transformar em arte." 

Marcelo Gurgel

O Zé Pinto da sucata ( Matéria de 20/03/2012 - Jornal O Povo)

Francisco Magalhães Barbosa, o conhecido Zé Pinto, nasceu em Fortaleza, Ceará, em 28 de setembro de 1925. Era ele filho de Antônio de Freitas Barbosa e dona Maria Magalhães Barbosa. Escultor autodidata, com um DNA realmente fantástico, ao ponto de nunca ter frequentado uma escola especializada, casou-se com Maria Zenor Cassiano Barbosa, tendo com ela onze filhos, o que dá a impressão do quanto era realmente pródigo, tanto na feitura de gente, como de obras de arte.



 

Escultura Cangaceiro

Quando Zé Pinto entrou no mundo das artes plásticas, ele não era assim tão novo. Tinha mais de 50 anos, fato que não o impediu de ganhar a mídia, ao expor suas criações no canteiro da Avenida Bezerra de Menezes, na década de 1970.

 
Avenida Bezerra de Menezes - Arquivo Nirez

Por essa época, ele era apenas um marchand, encarregado de vender os trabalhos executados por seus filhos, os quais, desde muito cedo, já se dedicavam à elaboração de belas peças produzidas com diferentes materiais: cascas de coco, fio elétrico e couro. Eram quadros com paisagens variadas, que incluíam pescadores, rendeiras e jangadas. Os artefatos eram negociados por Zé Pinto em várias partes de Fortaleza, rendendo dinheiro enquanto viravam peças de decoração.

Já cinquentão, ao descobrir-se com o dom da arte, Zé Pinto deixou o emprego na Universidade Federal do Ceará, onde reparava motores, para se tornar um artista bastante popular, criando estranhos objetos através de sucatas de ferro.

A primeira peça que criou foi um galo, talvez até porque ele fosse um Pinto. Em seguida, vieram: Lampião, Maria Bonita, Padre Cícero, Dom Quixote, Chaplin, Bumba-meu-boi. Entre as suas inúmeras criações não faltavam trens, carros, cachorros, canhões e caracóis, além de outras que o faziam voltar ao tempo da infância, quando, menino ainda, produzia seus próprios brinquedos. Quem sabe não tenha sido aí que tomou a decisão de ser um escultor diferente dos que existiam, na cidade, escolhendo, por conta própria, a sucata como matéria-prima para suas esculturas.
 
Escultura Carlito - Acervo Marcellus Rocha

Dessa maneira, fez-se garimpador de ferro velho, transformando em arte alumínio amassado, pregos envergados e molas desformes. A tudo dava um sentido de movimento, visível nas obras plásticas, conjugando estética e estática. Para expor os seus trabalhos, Zé Pinto reinventou a galeria. Derrubou muros e socializou a arte em espaços ao ar livre. Isso se fez bem presente em 1975, quando expôs no canteiro central da avenida Bezerra de Menezes.

O sucesso chegou célere. Não a pé, nem de bicicleta, veículo preferido pelo escultor para ir de um lugar a outro, à cata de matéria bruta, para construir suas esculturas. A mídia encarregou-se disso. Inicialmente, as criações de Zé Pinto foram expostas nos museus, praças, prédios e ruas de Fortaleza, só após transpondo as divisas do Ceará e do Nordeste e as fronteiras do Brasil. O artista participou de algumas mostras e exposições pelo País, chegando a expor no exterior, deixando por onde passava, a marca da sua genialidade.

 

Escultura Padre Cícero

Hoje, a produção artística de Zé Pinto pode ser encontrada em museus de Portugal e do Vaticano, além de figurar em acervos particulares na França, na Holanda, e em cidades, como Frankfurt e Colônia, na Alemanha, e ainda em Nova York e New Hamphire, nos Estados Unidos.

Em 1996, ano da morte de sua esposa, o artista parou de produzir. Depois de três AVCs sofridos, em 1997 ele já não podia mais criar. Mais algum tempo e o Zé Pinto, com a idade de 79 anos, foi exercitar sua criatividade no céu. Não se pode aceitar que ele tenha falecido, de fato, em 2004, em Fortaleza, porque até hoje, quando se vê o Dom Quixote feito por ele, fica-se a imaginar, que o grande Zé Pinto continue pedalando sua bicicleta, em busca de moinhos de vento, para verificar, talvez, se há alguma sucata de aço e de sonho sobrando, que ele possa transformar em arte.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Zé Pinto completa 75 anos e espera voltar a trabalhar 
( Matéria de 03/10/2000 - Diário do Nordeste)

"Mesmo tendo sofrido dois AVCs, hoje em dia, Zé Pinto resiste com sessões de fisioterapia.

Ele ficou famoso por dar vida à sucata e seu trabalho virou marca registrada da cidade. No dia 28 de setembro, o escultor cearense Francisco Magalhães Barbosa, o “Zé Pinto” completou 75 anos de idade em casa, ao lado da família e dos amigos mais chegados. O apelido veio das roupas decoradas com pintos que a mãe costurava na infância. Quando descobriu a vocação artística, aos 50 anos, o apelido permaneceu. A exemplo de outros nomes consagrados da arte cearense, como o pintor Chico da Silva, Zé Pinto não enricou, mas acha que ganha o suficiente para sobreviver com a aposentadoria que recebe da UFC e o apoio da família. Ele não gosta de quem o veja como um esquecido. Muito pelo contrário, sente-se realizado por ter alcançado um sonho que começou na maturidade: espalhar sua arte pelo mundo.

Foram 22 anos de atividade artística e reconhecimento em países da Europa e nos Estados Unidos. Nesse locais, encontram-se inúmeras peças de sua autoria.

A atitude de Zé Pinto condiz com o seu espírito universal. Ao terminar uma obra, sua maior satisfação era entregá-la ao mundo, tanto que, hoje em dia, a família não dispõe de um acervo, guardando apenas quatro peças de sua autoria. As mais famosas delas talvez sejam a figura de Charles Chaplin, feita de peças automotivas e os cachorros confeccionados com máquinas de costura, que sempre recebem visitas de brasileiros e estrangeiros. Suas 22 últimas peças foram encomendadas pelo Governo do Estado, que presenteou autoridades do Mercosul.

Em Fortaleza, as esculturas de sucata de Zé Pinto podem ser vista em locais como a OAB e a locadora Putz Vídeo. A última, uma garoto soltando arraia, foi instalada na praça da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).

RESISTÊNCIA - Mesmo tendo sofrido dois AVCs, hoje em dia, Zé Pinto resiste com sessões de fisioterapia e adotou talheres como instrumentos que utiliza para exercitar a coordenação motora. A preocupação com as formas ainda é viva, revelando uma intenção bastante lúcida: continuar a trabalhar e superar as dificuldades.

Depois do abalo à saúde, a emoção vem fácil quando o artista recebe manifestações de apoio dos amigos. Para a família, antes de homenageá-lo, o mais importante é tratar de sua saúde.

A família também rejeita qualquer ideia de que o artista seja um esquecido, pois considera que o reconhecimento ocorre naturalmente.


Fatos Históricos

  • Em 09 de fevereiro de 1987, Francisco Magalhães Barbosa (Zé Pinto), é agraciado com a Medalha da Abolição. Juntamente com o artista plástico, foi premiado também o poeta popular Antônio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré) em solenidade presidida pelo governador Luís de Gonzaga Fonseca Mota (Gonzaga Mota), no salão nobre do Palácio da Abolição.

  • 30 de outubro de 2002, às 20h é aberto o 1º Salão Zé Pinto de Escultura na Galeria Antônio Bandeira, no Centro de Referência do Professor, na Rua Conde D'Eu nº 560, no Centro de Fortaleza, iniciativa da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo - Funcet.

  • 23 de outubro de 2003 - Abertura, às 19h30min, do 2º Salão Zé Pinto de Escultura, na Galeria Antônio Bandeira, na Rua Conde D'Eu nº 560, antigo Mercado Central, promoção da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo - Funcet. 


  • 16 de maio de 2004 - Morre, às 14h, em sua residência, no bairro São Gerardo, em Fortaleza, aos 78 anos de idade, em decorrência de problemas circulatórios - havia sofrido três Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e, desde 1996, deixou de produzir suas peças de arte - o artista plástico cearense Francisco Magalhães Barbosa, mais conhecido como Zé Pinto. No final da tarde, seu corpo é levado ao Cemitério Parque da Paz para ser velado. O enterro é no mesmo cemitério, às 10h do dia seguinte. Zé Pinto nascera a 29/09/1925. Conhecido como "Poeta da Sucata", Zé Pinto, através de sua arte, ressaltava a importância da reciclagem. As suas esculturas percorreram o mundo e podem ser encontradas nos Estados Unidos, Alemanha, França e Holanda. Em sua homenagem a Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza - Funcet criou o I Salão Zé Pinto em 2002.


Fontes: Jornal Diário do Nordeste, Jornal O povo, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e pesquisas diversas

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Otávio Bonfim dos velhos tempos...


Avenida Bezerra de Menezes - Arquivo Nirez

Na escala do tempo, quarenta e tantos anos já fazem uma boa diferença. Isso se verifica com as pessoas, principalmente, e também com os locais onde as coisas, outrora, acontecem.

Na década de sessenta, por exemplo, o bairro Otávio Bonfim, oficialmente Farias Brito, na zona oeste da capital, tinha um charme bem particular. Não era de classe alta. Também não estava na linha da pobreza.

O que mais o diferenciava de outros, existentes em Fortaleza, naqueles idos, era o clima de família que reinava ali, campeando entre as arvores centenárias que se erguiam na Praça com o nome oficial de Libertadores.

Em cada canto, era comum ver-se mulheres com uma banquinha de café, fazendo fogo ali mesmo e lavando os utensílios em alguidar de barro, deixando a água escorrer pelas coxias.

De vez em quando tinha uma espiga de milho cozida, uma tapioca de goma fresca, sem respeito às normas de higiene, é claro, mas tão gostosas que até se esquecia de alguns prováveis transtornos gastrointestinais.


Avenida Bezerra de Menezes - Arquivo Nirez

Os moradores de bairro tinham uma intimidade bem grande com aquela pracinha. Aposentados ficavam ali papeando, casais de namorados aproveitavam o bucolismo do local, para as costumeiras juras de amor, donas de casa levavam os filhos pequenos para andar de velocípede ou mesmo bicicleta, transeuntes iam e vinham despreocupados, ou com alguma preocupação, que isso já era frequente antes mesmo da virada da economia.

Não havia lugar mais apropriado que a pracinha, para ler os jornais do dia, inclusive a Tribuna do Ceará, de saudosa memória. Muita gente circulava por ali, justo porque lá era ponto de desembarque dos ônibus que vinham do interior, com entrada pelo Antônio Bezerra.

A praça e a Igreja de Nossa Senhora das Dores pareciam geminadas, sequer dando oportunidade de se pensar em uma, sem estar pensando na outra. Até se tinha a impressão de que a primeira era uma extensão da segunda, e vice-versa.


Belíssima vista da Igreja de Nossa Senhora das Dores tendo ao lado o Posto Carneiro & Gentil - Arquivo Nirez

Era só atravessar o passeio de pedra tosca, entre as ruas Justiniano de Serpa e Dom Jerônimo, e lá se estava em frente ao Santuário de Santo Antônio, parede e meia com a igreja.

Nos dias de terça-feira, acontecia a distribuição do pão dos pobres. Nem se falava do Lula, mas o bairro, ou melhor, os frades franciscanos do Otávio Bonfim, já engatavam movimentos sociais de combate à fome, com a ajuda dos paroquianos.

Uma grata recordação que vem daqueles tempos está ligada ao Cine Familiar, que ficava na lateral esquerda da igreja, fazendo quina com a Rua Dom Jerônimo. O Vavá era o grande artífice da 7 ª arte.


Posto Carneiro & Gentil - Situado na Avenida Bezerra de Menezes. O catavento da fotografia ficava no quintal da casa em que morava a família Gurgel Carlos, na rua Justiniano de Serpa, nº 53 - Arquivo Nirez

Era ele que cuidava da exibição das películas, já que sabia só tudo sobre como manejar os rolos na velha geringonça, fazendo hoje com que nos lembremos do Cinema Paradiso.

Tudo isso se foi na enxurrada do tempo, mas o que até agora não sai das retinas cansadas, nem dos ouvidos adormecidos, é a imagem do trem, meio sujo, vindo dos lados do Acarape, rodando e rangendo sobre os trilhos presos aos dormentes, que iam dar na Estação João Felipe. Poderia ser o inverso, se o destino mudasse para Maracanaú.

Nas manhãs de sábado, não tinha passeio melhor do que pegar os filhos menores, subir no trem, e, de joelhos, nas poltronas rasgadas, acompanhar, das janelinhas abertas, o desfile de casas, árvores, pessoas que, indiferentemente à observação, postavam-se à beira do caminho.

Arquivo Nirez

Não se sabia, àquelas alturas, o que era uma bala perdida. No entanto, vez por outra, um garoto mais afoito pegava sua baladeira e conseguia estraçalhar a vidraça ou alcançar a cabeça de um passageiro menos avisado. Quem morava nas imediações da linha férrea, junto à parada do trem, no Otávio Bonfim, costumava despertar com o som estrépito da máquina, anunciando sua chegada à estação.

Muitos dos moradores da área residiam em casas construídas pela RVC, no último quarteirão da Rua Domingos Olimpio e já na Av. José Bastos, indo para a Av. Bezerra de Menezes.

Na verdade, o ícone de maior destaque, naquele quadrilátero urbano, era a Igreja de Nossa Senhora das Dores, apinhada de fiéis, nas missas dominicais, e que, em tempo de festa, "mandava ver" com grandes atrações, incluindo, barracas, quermesses, lembrando antigos costumes das cidadezinhas do Interior.

Av. Bezerra de Menezes em 1982 

Aquele pedaço de Fortaleza foi sempre um reduto da Família Gurgel. Se não era parente, era amigo ou conhecido. Na Rua Justiniano de Serpa, morava D. Dulce Gurgel Valente, mãe do Fernando, dono da Mecesa, do Flávio, funcionário do Dnocs, da Adélia e da Fernanda.

Do outro lado da Bezerra de Menezes, já depois da linha do trem, ficava a Siqueira Gurgel. Era lá onde se fabricava o Sabonete Sigel, o óleo Pajeú, a gordura de coco Cariri e o famoso sabão Pavão.

Arquivo Nirez

Havia, na época, um jingle muito popular: "uma mão lava a outra com perfeição, e as duas lavam roupa com sabão pavão". O óleo de algodão Pajeú, produzido na Siqueira Gurgel, ficou na história, isso porque a lata trazia estampada a figura de uma negrinha de tranças, bem sapeca em seus modos. Os tempos mudaram, a Siqueira Gurgel foi vendida e a área pertence hoje a uma rede de Hipermercado.


Ninguém lembra mais que na confluência da José Bastos com Bezerra de Menezes havia a Farmácia da D. Rosélia, mãe dos Professores Benito e Lúcio Melo, servindo a toda a população do bairro, necessitada de remédios, curativos e injeções.

Otávio Bonfim - Acervo Marcelo Gurgel

A pracinha, mesmo depois de passar por sucessivas reformas, que lhe presentearam com canteiros, mudas de plantas, calçamento novo, perdeu um bocado do seu encanto. Ficou menos bucólica e mais suja.

A Sumov, então, deu lugar à Regional I, tornando-se um ninho de políticos ligados à gestão municipal. O que não mudou, foi a questão física do perímetro. Por um lado, caminha-se para o Beco dos Pintos, por outro, vai-se para o Cercado do Zé Padre.

Essa é uma versão de Fortaleza, em tempo real. Há marginalidade, há religiosidade, há urbanidade, tudo convivendo democraticamente, em que pese a violência instituída que está impondo aos moradores do bairro fechar suas portas, tão logo o sol descamba na linha do horizonte. Sinais dos tempos!

"Matadouro do Otávio Bonfim, que funcionava perto da estação de trem e onde hoje está o prédio da regional I, ao lado da pracinha. O Matadouro existiu até o ano de 1926. Fortaleza teve quatro matadouros. O primeiro matadouro foi no centro; o segundo, foi este do Otávio Bonfim, o terceiro foi o do Jardim América e o quarto era o Frifort, depois dele, não surgiu mais nenhum e hoje a população não sabe a origem da carne que consome." Nirez

Otávio Bonfim & Farias Brito
Muitas pessoas chamam o bairro de Otávio Bonfim, no código urbanístico da cidade tem, na verdade, o nome de Farias Brito. De igual forma, a praça que fica em frente à Igreja de Nossa Senhora das Dores, diferentemente do que imaginam os transeuntes, é denominada Praça dos Libertadores. Otávio Bonfim, assim conhecido o bairro Farias Brito, foi integrante do quadro de pessoal da antiga Rede de Viação Cearense, tendo sido por conta da sua condição de engenheiro, responsável por obras da RVC, que a sua figura ficou vinculada àquela área da cidade, dando nome, inclusive, à primeira estação do trem, após sua saída do terminal, no centro de Fortaleza, na direção norte-sul. O cine Familiar, vizinho à Igreja das Dores, por muitos anos, até o final da década de 1960, polarizou a atenção do moradores do bairro, que tinham ali um ponto de encontro para assistir filmes projetados, com o maior cuidado, pelo Vavá, um amante, como poucos, da sétima arte.

As pessoas confundem Praça das Dores com Praça do Otávio Bonfim. Na verdade, nem uma coisa nem outra. A praça é dos Libertadores e, se por acaso, tornou-se conhecida como Praça das Dores, o fato deveu-se à Igreja de Nossa Senhora das Dores, ali construída em 1932, e entregue aos frades franciscanos, muito dos quais alemães, empenhados em difundir a palavra de Cristo, entre os moradores da área, especialmente o grupo de jovens, fossem eles mais ou menos abonados.


 
Linda casa do bairro - Arquivo Nirez

A história do bairro, que de direito é Farias Brito, e de fato, é chamado de Otávio Bonfim, ganhou notoriedade por seu ecletismo, haja vista o registro de uma convivência pacífica entre quem, por exemplo, trabalhava, sol e chuva, no ferro velho, junto ao Mercado São Sebastião e quem, como o Sr. Jusako, cultivava flores, no Jardim Japonês. O catolicismo, por sua vez, convive em paz, com outras manifestações religiosas, haja vista a existência, no bairro, de muitos cultos evangélicos.

 
Arquivo Nirez

A renda 'per capita' dos moradores também é bastante variável. Há comerciantes, profissionais liberais, residindo na área, do mesmo modo que a marginalidade também dá suas caras ali, sendo os abusos coibidos pelo 3º Distrito Policial, instalado bem ao lado da linha do trem. O charme do bairro está na sua diversidade e, certamente, no clima de interior, que ainda circula por lá.




Créditos: Diário do Nordeste (Elsie Studart Gurgel/Marcelo Gurgel) e Arquivo Nirez

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Fortaleza em suas Ruas, Avenidas, Travessas...



 Essa foto é da época das cadeiras nas calçadas... Foto Assis de Lima

A tranquilidade dessa rua me encanta... Foto Assis de Lima

Um bondinho puxado a burro. Foto Assis de Lima



Av. Pessoa Anta


O fotógrafo está ao lado da Secretaria da Fazenda (Sefaz), olhando para a Avenida Pessoa Anta, tendo ao lado direito o início da Avenida Alberto Nepomuceno. Hoje em dia, do lado esquerdo há um posto de venda de combustíveis. Pelo aspecto da foto deve ser de aproximadamente 1920. Arquivo Nirez




Foto do mesmo ângulo da anterior. Essa feita em 2006 - Arquivo Nirez

Essa foto é muito interessante, é antes de onde hoje é o Centro Dragão do Mar, na Praia de Iracema. Esse prédio abrigou antigamente uma firma do Alfredo Salgado, depois foi uma repartição estadual, hoje é aquela rampa do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Arquivo Nirez



Rua Direita

Antiga Rua Direita, foto restaurada por Sidney Souto






Travessa São Francisco - Rua Perboyre e Silva


Esse é o quarteirão da antiga Travessa São Francisco, hoje Rua Perboyre e Silva, entre as ruas do Rosário e Coronel Bizerril, atual General Bizerril. Hoje essas construções são ocupadas por casas que vendem produtos de informática, CDs, DVDs, tinta para impressora, reabastecimento de cartuchos, etc. Arquivo Nirez





Av. Barão de Studart


Foto de 1973 da Av. Barão de Studart quase próximo ao Palácio da Abolição olhando para o Mucuripe. -Foto de Arnaldo Pinheiro






Foto da Av. Alberto Nepomuceno do início para o fim. Hoje o Mercado Central fica onde estão essas casas e árvores da esquerda. Do outro lado é o quartel.
A data exata é difícil determinar, mas foi tirada de um cartão postal editado em 1908. Arquivo Nirez




Av. Duque de Caxias

Essa é a Av. Duque de Caxias com General Sampaio.
Nesse local hoje se encontra o Edifício Jacy Avenida. A casa em frente foi o Instituto Brasil/Estados Unidos na década de 1940 e Grupo Escolar Presidente Vargas na década de 1950. Nirez


Mesmo ângulo em outra época - Arquivo Nirez




Avenida Aguanambi 

Foto de 1972 logo que a Avenida Aguanambi foi aberta. Vê-se o cruzamento com a Rua 13 de Maio. Arquivo Nirez

Avenida Aguanambi (aguanambi sm (tupi áua-nambi, por auará-nambi) Orelha de cão) no cruzamento com a Av. 13 de Maio, onde hoje tem um viaduto mal planejado. O viaduto deveria ter sido construído na Aguanambi e não na 13 de Maio. Teria prolongamento até unir-se com a BR-116, com uma "parna" para a Borges de Melo, de forma que seria desnecessária a rotatória, pois seria a Av. do Canal. Iria se unir diretamente à Visconde do Rio Branco e ruas perpendiculares. Ao longe o prédio da Escola de Polícia e a Base Aérea. Arquivo Nirez




Avenida Bezerra de Menezes

Foto da década de 1940 - Arquivo Nirez




O Beco dos Pocinhos


Este é beco dos Pocinhos visto da Rua Pedro Borges na direção do nascente vendo-se ao fundo a Igreja do Pequeno Grande.







Na Major Facundo iremos falar sobre essa belíssima casa. Ela ainda existe e embora abandonada está em boas condições. Fica na Rua Major Facundo já no bairro José Bonifácio. Foi construída e nela residiu o Sr. Anastácio Braga Barroso, que foi esposo da professora Edite Braga. Quando ele faleceu a casa foi alugada para o Sr. Heráclito de Castro e Silva, que fundara o Curso Comercial Carlos de Carvalho em 9/5/1935 que depois se chamou Escola de Comércio Carlos de Carvalho, conhecido por CCC. Em 1964 morreu o Sr. Heráclito de Castro e Silva, no dia 1º de janeiro. A casa fica logo depois da Rua Antônio Pompeu, uns 30 ou 40m, e tem fundos para a Rua Floriano Peixoto na Praça José Bonifácio, que foi muito tempo entrada do Colégio. Os trilhos são da linha José Bonifácio, a mais curta de Fortaleza, que terminava a cinco metros da Domingos Olímpio. Hoje esta casa pertence a D. Hebe Barroso, descendente de Anastácio Braga Barroso. Arquivo Nirez


Outro belo casarão também na Major Facundo.

Essa casa ficava - e acho que ainda fica - na Rua Major Facundo 53 a 65, no chamado lado do sol, foi construído em 1924. Funcionou aí um clube dos operários e depois o Centro dos Inquilinos e por fim começaram a se reunir aí a União Síria, que seria os primórdios do Clube Líbano Brasileiro, que depois foi para a Av. Santos Dumont e terminou na Tiburcio Cavalcante. Depois funcionou aí uma fundição e casa de ferragens da firma Thomas Pearce & Filho. Hoje não sei como está nem o que funciona lá.
as portas do térreo foram todas violentadas e as superiores estão repletas de cobogós. Nem parece a mesma casa. Nirez



Esta foto data de 1951 e mostra a esquina da Rua Major Facundo com a Rua São Paulo que abrigava uma loja de tecidos pertencente ao Sr. José Meireles. Ficava diagonal com a Casa Victor dos Irmãos Pinto, depois Cimaipinto. Aquele prédio que fica no fundo é o Sobrado Mole, que foi sede da UDN.
O prédio de detrás era um antigo sobrado que nesta época estava sendo usado por várias lojas e escritórios. Parece-me que hoja aí está a Casablanca.
A sombra é do Edifício América, onde funcionou a Cimaipinto. o espaço entre o fim do sobrado e o sobrado mole que se encontra no final, é a praça que fica em frente ao Museu do Ceará. Não foi eberta nenhuma rua. Vejam a perspectiva que a linha da calçada segue exatamente a do sobrado mole. Nirez



Av. 13 de maio

Esse é o cruzamento da Av. 13 de Maio com Av. da Universidade -Foto anterior a 1974. Arquivo Nirez





Cruzamento da Guilherme Rocha com General Bizerril- Nirez

A árvore é o oitizeiro famoso, derrubado em 1929 por ordem do então Prefeito Álvaro Weyne.
O prédio da esquerda era o Rotisserie hoje Caixa Econômica. O prédio a direita, no andar de cima, é atualmente o Restaurante L'escale. Na esquina desse prédio funcionou o famoso Café Globo, hoje é a financeira BV. O local onde está o carro estacionado ao lado do prédio, a direita, funcionou por muito tempo o famoso Posto Vitória onde operava com carros de luxo, principalmente o Chevrolet Belair. Os motoristas todos com paletó e gravata.
Pode- se ver também no cruzamento das ruas Guilherme Rocha com Floriano Peixoto uma parte da Intendência Municipal e mais adiante ainda na esquina com a Major Facundo o Café Art Noveau, muitos anos depois a Esquina do Pecado. Essa foto foi tirada da entrada do Palácio da Luz
José Vieira de Moura

Ao lado do Art Noveau o sobrado do Comendador Machado, onde funcionava o Café Riche no térreo, tendo este sobrado sido demolido para a construção do Excelsior Hotel. Foto provavelmente da década de 20, pois não se vê mais os Cafés da Praça do Ferreira, e há ainda a presença do Oitizeiro do Rosário, derrubado em 1929. 
Ricardo Batista



Esquina da Rua Floriano Peixoto com a Rua Guilherme Rocha, onde foi construído em 1914 o sobrado do Eduardo Pastor, onde por muitos anos esteve a loja Rosa dos Alpes, de Rubens Carvalho e depois o Café Globo, depois o Armazém Paissandu e hoje tem uma loja na esquina e em cima está o Restaurante L'escale.  Nirez



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