Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Rabos de burro
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terça-feira, 5 de maio de 2015

Ivan Paiva - Um famigerado Rabo de Burro


Na Fortaleza dos anos 50 e 60, nada aterrorizava mais do que os famosos Rabos de Burro, delinquentes que hoje em dia seriam conhecidos por "filhinhos de papai", devido a boa condição financeira que tinham. Um desses rabos de burro, ganhou fama pela facilidade com que escapava da cadeia e pela dificuldade em ser capturado. 

Ivan Paiva era um nome a se temer!!!


Rua onde Ivan morava em Parangaba.

Foto ao lado: Parangaba, estação central.


"A história da violência contra as crianças, as pedofilias vem de longe... O mais famoso da época chamava-se Ivan Paiva. Todo mundo tinha medo do Ivan. O nome dele era segredado para não aumentar o terror que as adolescentes e crianças tinham dele. As aventuras do Ivan, eram relatadas como estupros, jovens abandonadas nos matagais. Ele, andava livremente pela cidade. Certa vez, ele chegou de lambreta trazendo uma garota, não na garupa, mas, sim, numa espécie de canoa acoplada, anexada ao lado da lambreta. Era o lançamento do ano. A moça vinha de calça ban-lon, colada no corpo e a avó foi logo retirando as netas e colocando-as para dentro de casa, murmurando que aquele era o Ivan , o rabo-de-burro feroz!"

(Trecho de texto publicado no Blog Maria Egla)

Ivan Paiva era caso de policia e estava constantemente nas manchetes dos jornais:


Esquina das ruas Senador Pompeu com Guilherme Rocha, local de um dos ataques de Ivan Paiva.















Causos na Fortaleza das antigas...

Ainda adolescente*, ao retornar de São Paulo, em 1983, o poeta Mário Gomes conheceu um grupo de playboys, que o povo chamava de «rabos de burro», porque tinham o cabelão grande que escorria pelas costas. Fez muitas farras com o grupo, liderado pelo famoso Ivan Paiva, um marginal da classe alta. Durante as farras, costumavam roubar carros e passar a noite circulando com o automóvel, bebendo uísque, fumando e conversando. 

Os jovens que compunham o bando, entre os quais o Djafre, o Elmo e o Émerson, para citar apenas os principais, o convenceram a praticar algumas travessuras desse tipo. Com eles, de vez em quando, roubava um carro, passava num posto de gasolina, enchia o tanque e se mandava sem pagar. Depois, os vagabundos passavam numa mercearia, pegavam pacotes de cigarro, garrafas de uísque e outras coisas. O comerciante, feliz, botava tudo em caixas. Então, Djafre dizia: "olhe, vou pegar o dinheiro no carro." E aí... pé no acelerador... Ao clarear o dia, abandonavam o carro em alguma rua. Na noite seguinte, repetiam a mesma façanha...



Imagem meramente ilustrativa

Mário se lembra do dia em que, com os companheiros «rabos de burro », tirou uma rural da garagem de uma casa, no centro de Fortaleza. Luis César batia o record pela rapidez com que fazia ligação direta. Mas naquela noite, depois de empurrarem a rural até o meio da rua, quando Luis estava fazendo a ligação, Elmo avisou: "Vem vindo a PM!" Mário, embora estreante na arte de roubar rurais, não hesitou e falou: "Seu guarda, dá uma mãozinha aqui". Os PMs empurraram a rural e a turma de malandros se mandou, dando risadas. Quando amanheceu o dia, colocaram a rural dentro da garagem da casa de onde a haviam tirado.


"Certa vez, numa matéria de jornal, Ivan contou que assim ficou conhecido, somente porque andava de lambreta a mais de mil, trajava um blusão de negro couro e promovia "inocentes" arruaças por onde passava.
Quando era preso, Ivan Paiva tinha o costume de posar para as fotos. Numa das vezes, foi castigado pelo barbeiro da cadeia com um corte de cabelo que destruiu seu topete."


Ouvi dizer que o temível rabo de burro hoje está de cadeira de rodas... 

"Leila Nobre, ele é vivo e já velho em uma cadeira de rodas. Conheci muito, foi vizinho de minha avó na Parangaba. Subia na caixa d'água atrás da igreja e desafiava a policia. Sabem, o Ivan Paiva hoje seria um marginal pouco perigoso, hoje a maldade é muito maior." 


* Na verdade, o poeta já estava com 36 anos, pois nasceu em 1947.


Leia Também:
Os Rabos de Burro
Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos - O "Grafite"

Fonte: José Leite Netto (Blog: http://poetamariogomes.blogspot.com.br), Portal da História do Ceará (Gildácio Sá) e pesquisas diversas



sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os rabos de burro



O primeiro grupo de motociclistas a ficar famoso no Ceará era formado por um mais bem comportado grupo de dissidentes dos famigerados ‘Rabo de Burro’ que eram desordeiros (filhinhos de papai) que andavam de carro na Fortaleza dos Anos 40’ e infernizavam a vida de mocinhas inocentes da antiga Escola Normal.

Postal Escola Normal

Na Década de 50, no Pós-Guerra alguns fortalezenses herdaram equipamentos de guerra que não seriam mais usados pelos americanos quando da época da base militar que estava instalada onde é hoje a Base Aérea de Fortaleza. O lugar era chamado de Post Comand que, mais tarde, virou nome de um bairro em Fortaleza chamado PICI. Na realidade Pici é a forma fonética de falar, em inglês, as letras ‘P’ e ‘C’.

Clique para ampliar

No meio dessa sobra de materiais tinham algumas ‘Harley’ e uns Jipes. Muitos garotos pegaram essas motos em precário estado de conservação e as recuperaram e, junto com as lambretas, nascia o primeiro grupo de motociclistas do Ceará, que também foi apelidado de Rabos de Burro, mesmo não sendo arruaceiros e nem infernizarem as mocinhas decentes. Na realidade o nome nem era esse. Em vez de rabo usavam um nome mais pejorativo, formado por duas letras, as quais não ouso redigir aqui.

O abrigo lotado

Eles se encontravam no antigo Abrigo Central, que ficava onde hoje se está a Praça do Ferreira. Na realidade podemos também afirmar que o Abrigo Central teria sido o primeiro shopping center do Ceará.
Segundo a jornalista e historiadora, Roberta Maia, dar um “pulinho” no Abrigo Central era quase sagrado para muitas pessoas que viveram em Fortaleza até o final da década de 1960. Relembrar o “Velho Abrigo”, construído na administração do prefeito Acrísio Moreira da Rocha, em 1949, para ser um ponto de ônibus, não é muito esforço para quem passou ali muitos momentos da juventude.


Ir àquele espaço incrustado na Praça do Ferreira era essencial para finalizar bem o dia, depois da jornada de trabalho. O Abrigo Central era o ponto de encontro. Se você queria encontrar um amigo, você podia ficar ali à espera que aquele amigo tinha que passar. Mas, além disso, podia ainda namorar e concorrer aos sorteios de carro que aconteciam ali.

Abrigo à noite

O Abrigo tinha ainda casas de merenda, loja de discos, loja de selos, tabacarias, cafés, confeitaria, engraxates. Para seu Mário Cidrack Filho, 62, que, ainda criança, trabalhava com seu pai na confeitaria que levava o sobrenome da família, o Abrigo “era a referência”. Ele explica que “lá dentro do Abrigo tinha de tudo”.
Lá também era possível encontrar outras delícias da culinária, como as vitaminas, sucos e sanduíches. Abacatadas, sucos de cajá, graviola, tamarindo, eram pedidos durante todo o dia nas várias casas de merenda (lanchonetes, para os paulistas). Mas, para o acompanhamento nada melhor que um “cai-duro” ou um “espera-me no céu”. Pois é, tinha até a famosa bananada do ‘Pedão da Bananada!’

Pedão da bananada em frente ao Abrigo

O Abrigo Central acabou, foi destruído para dar lugar a Praça do Ferreira onde fica a Coluna da Hora e anos depois os garotos viraram pais e avôs, mas nunca deixaram a paixão pelas motos. 


Texto maravilhoso de Luis Sucupira do site:http://motonlinersbrazil.wordpress.com

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: