Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Avenida Carapinima - Um símbolo do Benfica II



"...Outro motivo de atração da rua era a proximidade do Chateau da Santa, palavra vinda da influência francesa, bem nítida naquela época, como eram chamados os cabarés de luxo. No Chateau da Santa,  moravam e trabalhavam lindíssimas mulheres, vindas de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e de outros Estados, dava uma fugida no final da noite para ver o vai e vem dos carros importados no local. Eu era então um rapazote, tinha mais ou menos uns dez anos, estou falando dos meados dos anos 50. Estou falando de tempos em que as galinhas passavam até de um quintal para o outro... tempos singelos onde os moradores se integravam. Estava também a Carapinima próxima ao REU, Residência dos Estudantes Universitários, onde tanques enormes eram destinados à criação de peixes. Numa época em que ninguém falava da preservação do meio ambiente, os peixes eram intocáveis, as árvores eram protegidas e nas escolas todas  as crianças plantavam uma no Dia da Árvore.
Mas, para ser sincero, do ponto de vista da preservação dos pássaros, muitos passarinhos eram capturados, como rolinhas, galos de campina e até pássaros grandes, todos vendidos na feira do bairro da Gentilândia. Havia ainda o que chamo ágora, uma esquina da Rua Carapinima, a ágora Carapiniana fazendo esquina com a Rua Francisco Pinto. Ali tudo se discutia, todos os assuntos, e se planejavam alguns namoros. Este ponto tinha um efeito de reunir os jovens da rua. Era um território neutro para os debates das lideranças radicais ou não. Era também um ponto onde se discutia a vida privada, onde se procurava descobrir segredos da vida alheia, enfim, um ponto estratégico de interação entre jovens e adultos que vinham de outras ruas como a Dom Jerônimo, Joaquim Feijó, Valderi Uchoa, João Gentil e Francisco Pintoformando um elo entre os rapazes dos bairros próximos. Esses encontros, marcados por tantas histórias, funcionava em frente a Bodega do Seu Chiquinho. Era um ponto bem sortido sobre uma alta calçada, implicando na subida  de alguns degraus que serviam de assento, principalmente para aqueles que haviam  bebido alguma coisa e estavam tontos ou ligeiramente ébrios. Gente de todos os níveis ali se reunia. 


José Brasil, um dos fundadores do Clube Nacional, agremiação dos Correios e Telégrafos, estava sempre por ali fungando e tomando rapé. E foi um dos descobridores de  craques do nosso futebol, como Pacoti, um grande artilheiro do Vasco da Gama...
Só havia dispersão dos encontros em dias de muita chuva... Os assuntos principais, além da política, futebol e mexericos, eram música e cinema, os temas preferidos. 
As chanchadas da Atlântida eram imitadas e alguns pretendiam copiar Oscarito e Grande Otelo.
Quanto aos filmes de Hollywood, os épicos religiosos de Cecil B. de Mille com os “Dez
Mandamentos” e “Cleópatra”. Outro diretor consagrado era o mestre do suspense, Alfred
Hitchcock: “O Sexto Sentido” e “Os Pássaros”. Também havia os  interessados em música clássica e gostavam de se destacar pela sua cultura. Adotavam um linguajar excêntrico e enchiam-se de vaidades para falar de Mozart, Strauss, Beethoven, List e Tchaikovski. Alguns cantavam imitando Mario Lanza. Ali aprendi que Lanza foi o maior tenor popular depois do italiano Caruso, consagrado como o maior cantor de ópera de todos os tempos. 


Havia ainda gente fascinada por carros. Discutia-se a qualidade de marcas, mecânica e o efeito da maresia sobre os veículos. Em Fortaleza já existia  a FORMASA, revendedora da linha FORD. A sensação do final da década de 60 foi o Ford Gálaxie 500, belo e imponente. 

Lançamento do Ford Gálaxie 500 - Acervo Guilherme da Costa Gomes

Este exemplar, o primeiro modelo de Gálaxie a chegar a Fortaleza, foi recuperado pela família do empresário Gerardo Matos, proprietário da dita revendedora, e é uma relíquia para exposições. O Gálaxie começou a ser fabricado no Brasil na década de 60, tinha bancos inteiros, ar condicionado e direção hidráulica. 

Naquela esquina cada um se sentia importante, um tipo de dono do mundo... Às vezes os transeuntes, mesmo os mais respeitáveis, não escapavam as sátiras.
Contudo, os frequentadores da esquina tinham o mérito de exaltar as pessoas do bairro. Era o caso do Sr. Moisés Laerte Pinto que eu já mencionei, e que por conta de sua atividade
religiosa kardesista, excluía a ideia de ambição comercial e o Professor Antonio Viana Filho, professor, poeta e poliglota e um dos homens mais cultos que eu já conheci. Este homem não recebeu o reconhecimento do mundo intelectual  e da mídia, pois mereceria assento na Academia Cearense de Letras
Outro assunto  também cogitado era falar de Artes. Havia unanimidade com relação a obra do cearense Antonio Bandeira, celebridade da pintura internacional que quando vinha de Paris visitava sempre a sua irmã Julia, que morava em frente a minha casa. Dizia-se que ele era o único pintor brasileiro a viver do produto de seu trabalho. Além de se comentar da sua finura e paciência no trato. Em 1960 o seu sobrinho Dandão, nosso amigo Francisco Ivan, mais tarde, uma vítima do latrocínio em nossa Capital, hospedou-se com um amigo na casa do tio na Rua República do Peru, em CopacabanaDepois de muitos goles, chegaram ao apartamento do pintor onde encontraram muitas telas armadas destinadas à inauguração de um órgão do governo em Brasília. Bisnagas à mão, desfiguraram toda a obra do pintor. Mesmo assim, Bandeira manteve alojado o sobrinho em atenção à irmã, mas dispensou seu amigo. Podemos desse episódio concluir sobre o caráter generoso do grande Bandeira. Infelizmente ainda não mereceu do povo brasileiro o reconhecimento pelo seu inegável talento artístico, e sequer seu nome foi indicado na relação de Cearense do Século XX pelos nossos próprios conterrâneos...


“Ao longe despontava um minúsculo ponto de luz, que se ampliava lentamente. Antes de atingir a parte curvilínea da via férrea, o possante farol alumiava a rua. Deslizando imponente e mítica, sobre duas paralelas de aço, a Maria Fumaça dividia os bairros do Benfica e Porangabuçu. O barulho cadenciado e sinfônico opunha-se ao silêncio. Um terremoto prazeroso. O apito ecoava. A cortina fumígena deixava o gostoso cheiro da lenha queimada. Foram-se seus tempos gloriosos. Ficaram as saudades. A velha “Maria” não mais viaja pachorrenta pelos trilhos, mas viaja pelos caminhos da alma sobre os
dormentes do coração, das lembranças, talvez mais reais que a própria realidade.”


Quando olho a Avenida de  hoje em que a pacata Rua Carapinima se transformou, vejo o desaparecimento da maioria das casas de então, tudo imposto em nome da modernidade nas obras do inacabado metrô de Fortaleza. Não tive a intenção de produzir um documentário, contudo, reconheço que ele deveria existir com a finalidade de preservação da história urbana da cidade. Gosto de escrever explorando idéias e sentimentos. Nas minhas lembranças tudo é tão claro como se fossem visões, mas sou consciente que só posso chegar até o redescobrimento de valores e belezas da vida, aparentemente perdidos no tempo. Espero que alguém possa escrever sobre a Rua Carapinima, até mesmo um romance nos moldes de Os Meninos da Rua Paulo” do  escritor húngaro Francisco Molnár. Este livro que eu li rapazinho, tomado por empréstimo da Biblioteca Circulante do Colégio Sete de Setembro na Avenida do Imperador, onde também estudei,  é a saga da meninada dos arrabaldes de Budapeste, em 1889, portanto, no final do século XIX. Esses meninos lutaram firmemente por um terreno, mas nas palavras do autor “ganharam a guerra, mas perderam a terra, porque ali devia subir um arranha-céu”. Gosto do registro do cotidiano, parte integrante da história humana. Gosto de preservar as tradições e os valores do passado, independente de que os fatos tenham contornos diversos e um maior  ou menor grau de importância. Retratar o cotidiano é dizer como se comportam os habitantes das cidades. É tratar das múltiplas formas de comunicação humana, dos rumos e linguagens, neste caso, do meu tempo. Identificar a rua é também revê-la, revisitá-la... A identificação da área é somente uma parte da dinâmica de retorno à realidade. Esta dinâmica reforça,  na forma e no conteúdo, a fusão entre o tempo passado e o tempo presente. Ver uma parte da  rua com a morte decretada pelo ritmo da expansão urbana, é verificar a força dos interesses por um sistema de transporte moderno, contudo, não desapareceu o universo em transformação, aparentemente soterrados, pois persevera nos seus habitantes a importância do humanismo bebido nos nossos lares e escolas e presente na formação de cada um de nós. Não desapareceu o denominador comum, o reviver em torno da Igreja dos Remédios e da Universidade que tanto modificaria o bairro do Benfica.


Igreja e Universidade nortearam as aspirações dos bons pais em relação ao futuro dos seus
filhos. Neste momento, a rua parece um monte de areia e pó, mas examinada pelos olhos
nostálgicos da memória dos que ali moraram ficam evidentes os fundamentos que a tornaram um traço de união de muitas famílias, ligadas tanto geográfica como afetivamente. Cheguei à conclusão que não interessam os rumos truncados, desfeitos e desviados da vida dos moradores da Carapinima. Nenhum desses fatos pode anular a importância do acontecido no próprio ato de fazer e refazer continuamente a ação humana, complementando o curso de uma História maior. 
Extinguiram-se as serenatas e  as canções de amor passaram a ser objeto de contratos. Onde foi parar o romantismo? Também se cantava na igreja em homenagem aos noivos e em louvação ao Senhor... Essas atividades não passam, hoje, de mais um meio de vida, de sobrevivência.

O silêncio do  passado...

As pilhérias dirigidas a alguns personagens que por ali passavam não tinham a intenção de ofender. Alguns apelidos dados eram até bem pertinentes e, às vezes, incorporados pelo próprio personagem faziam com que tudo parecesse uma piada. O Ivan, impecável nas suas
vestimentas, recebeu o apelido de Ivan Cabeção e nunca se aborreceu com isso. De fato tinha a cabeça grande...  Claro que em alguns casos as pessoas não aceitavam o apelido. Era o caso do Sr. José Rocha, chamado de Jacaré. Ao vê-lo a turma gritava: “joga o 15 na víspora ou no bingo porque hoje vai dar Jacaré”, e o tempo fechava... De qualquer forma, aquele espaço físico testemunhou relações sociais hoje dispersas, mas mantidas então mesmo com a
influência de padrões culturais diferentes. A esquina era  o próprio show, substituindo o
computador e a influência da TV. Aliás, falando-se em show, alguns tinham uma bela voz e
cantavam no melhor estilo romântico de Pat Boone, canções como April Love, BernardineJambalaya. Interpretava ainda canções de Elvis Presley (It’s Now or Never, Love me Tender), Nat King Cole (Unforgettable, Monalisa), Neil Sedaka (Oh Carol, Bad Girl) e dos Beatles (Twist and Shout, Help). Naquela esquina eram marcados muitos encontros entre os amigos para juntos irem às diversas festas de casamentos, aniversários e batizados. Claro que só iam os convidados. Marcadas pela animação essas festas aconteciam no contexto familiar, em alguns casos com festa dançante na sala da frente, e uma boa música na radiola. Mais fáceis de frequentar, eram as festas de bairros, como as quermesses e as festas juninas. No caso das quermesses, figura obrigatória era o irradiador, o que hoje chamamos locutor. O interessante aí eram os recados que ele dava antes de colocar as mensagens sonoras oferecidas por moças e rapazes. Dependendo da situação amorosa  escolhia-se a música para esse tipo de comunicação. Nelson Gonçalves era quase sempre o cantor escolhido e as músicas preferidas eram: Boneca de Trapo, Fica Comigo Esta Noite e A Volta do Boêmio. Também Altemar Dutra fazia muito sucesso com Que Queres Tu de Mim, Contigo Aprendi e Brigas. Quando a moça ou o rapaz não queria se identificar, usavam-se as iniciais O.X., ou seja, Ontoim Xofer ou então se usava chamar a atenção de alguém das iniciais 13-12-4 – correspondente à quantidade de letras do nome da pessoa para quem a música  era destinada. O alto-falante gritava e aumentava a pretensão de conquistas e, ao mesmo tempo, proporcionava o retorno de amores perdidos e o reatamento dos amores interrompidos.


Em geral eram instalados tanto nos postes como nos galhos de árvores e eram usados não só nas quermesses, mas nos comícios eleitorais. Tentou-se mesmo colocar altofalante nas festas do Sábado de Aleluia quando do animado julgamento do Judas. Dois estudantes de Direito, Expedito e Afonso Nunes de Sena, este mais tarde juiz, exercitavam-se na oratória. Ao julgamento do Judas, seguiam-se festas no bairro, principalmente na casa de
Dona Julia Bandeira e em todas as casas da redondeza havia várias iguarias, como também acontecia nas festas que homenageavam Santo Antonio, São João e São Pedro. Aliás, a Semana Santa era celebrada com rigor. Na Semana Santa as imagens eram cobertas, tal como hoje com tecido roxo. A Páscoa era sacrossanta. Os pais, em sua maioria mandavam os filhos confessar-se na igreja e o jejum e abstinência não podiam ser violados. As rádios tocavam músicas sacras e a visitação ao Horto da Igreja dos Remédios, reproduzia as cenas da Paixão de Cristo. Fazia-se a Via Sacra recordando-se a Paixão de Cristo. Nesta época de pesar não se jogavam peladas na rua e nem havia reuniões na “ágora”. Farra mesmo era o dia de Sábado de Aleluia, quando se queimava o Judas não sem antes se fazer à leitura do seu testamento. A festa do Afonso se realizava num terreno baldio ao lado de sua casa e na leitura do testamento já se sabia que alguns iriam ser atingidos  pela rima popular e iriam figurar no rol dos herdeiros. Mesmo com a vigilância dos pais, sempre se podia provar às escondidas um pouco de vinho ou então um pouco de sangria, que era o vinho com água e açúcar.


Já havia advertências sobre o perigo do uso dos balões, contudo eles não eram rigorosamente proibidos até porque não eram tão modernos como os de hoje. Por força dos ventos, os balões vinham da Gentilândia e passavam pelos céus da Carapinima. Com o céu estrelado era um espetáculo maravilhoso, ainda porque cortar papel  de seda colorido e pedaços de bambu para armar os balões era um acontecimento na vida da meninada, tal qual fazer as bandeirolas para enfeitar os terreiros onde se dançava a quadrilha. Por conta dos ensaios anteriores das quadrilhas, muitas vezes os flertes já se faziam namoros. Em volta da fogueira a festa era armada. Eram montadas com pedaços de madeiras nas coxias da calçada, e nelas eram assados milhos e batatas doces. Também se levava muito a sério a escolha de padrinhos e madrinhas de fogueira e pelo tempo afora os afilhados tomavam a benção aos
padrinhos. De fato era uma beleza ver a rua toda iluminada com fogueiras e com as roupas
típicas e alegres com estampas coloridas. Nessas festas evitava-se o uso de bebidas alcoólicas.
Serviam-se sucos, refrigerantes e aluá de abacaxi, resultado da imersão das cascas num pote
de barro com água pura por cerca de três dias. Depois de coado podia ser adoçado com açúcar
ou rapadura. Em torno da fogueira, cadeiras na calçada, a conversa fluía sem fim... Comia-se
canjica de milho verde, totalmente diferente da servida no Sul do Brasil, o pé-de-moleque tipo de bolo de massa de mandioca com ovos, manteiga, castanha e açúcar preto, ficando com uma cor escura. Daí o seu nome. Às vezes acontecia um pequeno acidente com os fogos de
artifícios mas eram usados foguetes, traques, estrelinhas e os rabos-de-saia, pois não tinham
direção certa e soltavam fagulhas. As músicas que animavam festas e conversas eram por toda a cidade de Fortaleza os baiões, xotes e xaxados inspirados em temas do sertão e quase  sempre cantados por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

Com essa história da minha rua e do bairro onde ela se inseria como núcleo polarizador associado às peculiaridades da Fortaleza de então procuro contribuir para a reconstituição dos costumes, linguagens e fatos da época. Tempo em que o retrato da namorada guardado na carteira de notas tinha escrito o tradicional “não me esqueça”. Estou ciente de que muitas coisas não se pode restaurar, mas o meu propósito ao falar da Rua Carapinima é falar dos tempos de uma cidade mais segura e de um tempo compartido e dividido entre a casa e a rua. O interessante é que nessa rua, nesse bairro conviviam pessoas de vários níveis intelectuais. Ali viveram a escritora Marta Brasil, autora de livros didáticos, a Professora de Canto Dona Guilhermina, o Dr. Antonio Ferreira Antero, um dos engenheiros fiscais da obra do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o famoso farmacêutico José Arthur de Carvalho e Dona Almerinda, fundadora do Colégio Santa Cecília, mais tarde entregue as Damas da Instrução Cristã. Isto sem falar do  meu pai Luiz Aragão, contador, professor e autodidata em botânica, além do famoso filósofo Antonio Viana, o famoso fotógrafo Fernando Leitão e o erudito ecologista Guimarães Duque, um dos maiores estudiosos das xerófilas em todo o mundo. Tinha também o Dr. Carlos Ribeiro, proprietário de grande parte dos terrenos do bairro, avô do atual senador e ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati, e que era simples, caridoso e generoso. Era um dos tipos mais querido do bairro, chegando a distribuir frutas de seu sítio com os moradores da rua, havia também a Dona Estelaprofessora que educou muita gente no bairro, irmã de um jornalista, o Sr. Murilo que escrevia para o jornal “O Nordeste”. Não posso esquecer o também jornalista, deputado e presidente do Conselho de Finanças do Município, Antonio de Pádua Campos, que morava num bairro que se confundia com o Benfica, que era a Gentilândia. Bastava atravessar a Avenida Visconde do Cauípe que já estava na Gentilândia. O estudioso de piscicultura Rui Simões de Meneses e sua mulher Mariana, uma grande bióloga. O poeta e professor Antonio Damásio da Cunha e o professor Moreira Campos, da Academia Cearense de Letras e Conferencista na Universidade de Colônia, na Alemanha, sua obra daria um livro. O professor de desenho e trabalhos manuais Jaime Alberto da Silva, pai da folclorista Elzenir Colares. É uma lista inumerável falar de tantas pessoas que tiveram sucesso profissional e moraram naquela rua e naquele bairro.


Paulo Maria de Aragão
(Advogado e professor universitário)

Continua...

Parte I
Crédito: Carapinima: A história de uma rua -Regina Stela Ferreira Moreira 
(Formada em jornalismo pela Faculdade Celso Lisboa (Rio de Janeiro)


sábado, 20 de outubro de 2012

Avenida Carapinima - Um símbolo do Benfica



Avenida Carapinima é a continuação da Tristão Gonçalves

A Avenida Carapinima é a continuação da Avenida Tristão Gonçalves. Antigamente, os trilhos que saiam da Estação da Estrada de Ferro de Baturité para a zona sul do estado tinham curso pela atual Av. Tristão Gonçalves, que era conhecida como Trilho de Ferro, que também se chamou Av. 14 de Março, Da Lagoinha e N° 8. Em 1917, os trilhos foram retirados daquela avenida e foram para o local onde ainda hoje estão só atingindo a Av. Carapinima na altura do início da Av. José Bastos. O início exato da Av. Carapinima fica no cruzamento com a rua Domingos Olímpio e prossegue até desaparecer ao lado do trilho que vai em direção à Parangaba, depois da Bela Vista. Constitui avenida apenas entre as ruas Domingos Olímpio e Padre Fco. Pinto. O restante ficou prejudicado pela aproximação dos trilhos e do muro da RFFSA.


Avenida Carapinima - Arquivo Nirez

O nome foi adotado por Feliciano José da Silva, militante da Confederação do Equador (movimento revolucionário, de caráter emancipacionista e republicano ocorrido no Nordeste do Brasil que representou a principal reação contra a política centralizadora do governo de D. Pedro I). Movidas pelo nacionalismo, famílias que aderiam à iniciativa adotavam nomes mais “abrasileirados”. Condenado à morte por sua participação militar na Confederação do Equador, Carapinima foi fuzilado no antigo Campo da Pólvora, atual Passeio Público.


Avenida Carapinima - Foto de Jairo Silas

Quero ressaltar que essas reminiscências, todas essas lembranças aqui relatadas, integram a realidade dos chamados “Anos Dourados”. Anos que vivi na Rua Carapinima que, a propósito, bem mereceria  o homenageado, Feliciano José da Silva Carapinima, que lhe deu o nome, um Cordel que celebrasse a sua bravura na épica Confederação do Equador, em 1824, que tanto desejou a implantação da República no Brasil
O belo Passeio Público, vivendo hoje um momento de recuperação, foi tinto do seu sangue assim como de outros mártires, como Azevedo Bolão, Padre Mororó, Pessoa Anta e Feliciano José Ibiapina. A propósito Carapinima era alferes oficial da tropa de linha. Nasceu em Minas Gerais e era Secretário do Governo de Francisco Alberto Rubim, Governador do Ceará Colonial.




A Rua Carapinima de hoje já não é a mesma. Principia pelo fato de que longe estão de 
fazer parte do mundo em que hoje vivo, as aventuras ali ocorridas. Quanta felicidade em mim havia por ter visto um ninho no jardim da Professora Dido Facó, maravilha da arquitetura do rouxinol, que só foi descoberto pelo piá de seus filhotes sem plumas. A Carapinima de então tinha casas com jardins de belas flores, volteando entre elas abelhas e borboletas sob o sol dos nossos quentes verões. Era uma rua tal como  hoje integrada no bairro do Benfica onde os leilões, as novenas de maio, as quermesses instaladas na rua adjacente, a Rua Padre Francisco Pinto, no trecho entre a Igreja dos Remédios e o Dispensário dos Pobres até hoje existentes, eram as grandes atrações. O Dispensário era  uma instituição filantrópica mantida pela Congregação das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, voltada para à assistência aos pobres e aos idosos, além de promover a educação para as pessoas carentes. Ali ainda vivem pessoas que conheci, dobradas pelos anos  e que talvez lembrem com enlevo o tempo que passou, mas não ofuscou as imagens. A minha  memória refaz, com nitidez, as figuras refesteladas nas cadeiras de balanço e espreguiçadeiras para animadas conversas em que de tudo se falava: futebol, festas, discos voadores, notícias da política e se externava o receio 
pelos rumos da economia brasileira numa frase única: “dessa vez o Brasil cai no buraco!” .



Originalmente, o bairro do Benfica abrigava  os segmentos mais expressivos da sociedade 
fortalezense que morava em bangalôs e palacetes. O bairro era muito visitado e nele estava o Hipódromo do Prado onde se dava a prática do hipismo, isto desde 1920, sendo que hoje este hipódromo e campo de futebol é a sede da Escola Industrial do Ceará. No Benfica estavam os clubes Maguari, de onde saiu a Miss Ceará e  depois Miss Brasil Emília Correia Lima em 1955; o Gentilândia, Nacional, Ferroviário  e Fortaleza, esses últimos, agremiações futebolísticas, decerto, a escolha do local de construção do nosso Estádio Presidente Vargas deveu-se à proximidade dos clubes mencionados. Muitos diretores e torcedores do Cearáoutro clube de futebol, frequentavam o Benfica, embora o Ceará ficasse em Porangabuçubairro vizinho. 



Mas, a importância do Benfica  refletia-se também no elevado número de escolas públicas e particulares. Àquela época as escolas públicas eram mais bem conceituadas e um exemplo disso era o Grupo Escolar Rodolpho Theóphilo, grande autor de Libertação do Ceará; Queda da Oligarquia Acioly, onde é contada a saga da sua luta pioneira contra a cólera e o tifo no estado. 


O Grupo Escolar Rodolfo Teófilo

O colégio religioso mais conceituado era o Santa Cecília, de freiras vindas de Garanhuns, em Pernambuco, e Damas da Instrução Cristã. Outro colégio religioso, o de Nossa Senhora das Graças, foi precedido pelo Colégio Americano, onde estudei quando criança. 

A Rua Carapinima, modernamente elevada à categoria de Avenida, nascia na confluência da Avenida do Imperador com a Avenida Tristão Gonçalves, perfazendo cerca de 
três quilômetros. Aproximadamente duzentos metros do seu curso margeavam a linha férrea, terminando na Rua Padre Cícero, no mencionado bairro de Porangabuçu, a poucos metros do campo de futebol do Ceará. A Carapinima, então uma bela rua, transformou-se, hoje, numa via de tráfego intenso com seu antigo cenário quase todo destruído. Na verdade, ultrapassando o seu espaço físico, a Rua Carapinima concentrava em sua órbita as ruas e bairros adjacentes, como Gentilândia, Granja e o mesmo Porangabuçu. Morei numa rua que era de fato um símbolo do Benfica.



...tudo permanece bem vivo em minhas lembranças... chegamos hoje a tal ponto em 
que já é difícil recordar como era antigamente. Saudades vivemos dos anos de 1960 e lá bem no fundo indagamos se a velha cultura humanística terá de fato ido pelos ares... A Rua Carapinima tinha mesmo era um quê de interior e encarnou uma época de amor e fortes relacionamentos humanos. Uma das razões  é que a Igreja dos Remédios assentada 
solenemente em 08.12.1878, nasceu de um sonho do português João Antonio de Amaraldevoto de Nossa Senhora. Ele faleceu sem realizar seu sonho e foi a sua esposa Maria Correia do Amaral quem o concretizou, cumprindo a sua promessa. A conclusão da obra foi feita com a ajuda de José Gentil Alves de Carvalho com a primeira missa rezada em 1910. Sei tudo isto porque fui coroinha da igreja e a sua imagem de Nossa Senhora dos Remédios, é uma das mais belas do Brasil. Esta igreja tinha na época um efeito aglutinador. As missas e as novenas, bem como os leilões, eram acontecimentos  sociais no bairro, pois  bem, os fundos da edificação davam justamente para a Rua Carapinima, funcionando, na prática, como uma passagem alternativa para os que não desejavam vir pela Rua Francisco Pinto. Muitas pessoas passavam pela Rua Carapinima, tornando-a uma espécie de corredor para dirigir-se aos bairros e ruas circunvizinhas. 



A rua era também o caminho para o Colégio Capistrano de Abreu e o Colégio Sete de Setembro, na Rua do Imperador. Era praxe as famílias do bairro estarem integradas aos movimentos sociais de evangelização da paróquia. 

Numa época em que não existiam supermercados, muitos iam  ao estabelecimento de Sr. Moisés, pessoa bondosa e muito querida no bairro. Ele instituiu no bairro a venda por caderneta onde as pessoas pagavam por mês, na base da confiança. Tudo isso passava pela Carapinima. Ainda pela passagem mencionada da Igreja dos Remédios, andavam moças e rapazes que iam se encontrar no patamar da igreja, bem ao lado da “Capelinha de Santa Liduína”, em frente à Gruta de Lourdes”... posso lhe assegurar que muitos namoros e casamentos começaram ali. 
Também bem próxima era a famosa Farmácia Arthur de Carvalho, que era a única do bairro e muito boa. Até hoje se usa as Ghottas Arthur de Carvalho, criadas pelo seu proprietário. Era ali que os meninos recebiam os primeiros socorros por conta de brigas e pedradas. Todos tomávamos, apesar do medo, injeções. 

Ah! E havia ainda a velha Maria Fumaça que atraia a criançada toda, arrastando-se como uma cobra nos velhos trilhos, soltando fumaça preta e como que cantando uma música que repetíamos aos gritos: “café com pão, bolacha não...  piúúúú”. Hoje, a velha Maria Fumaça, foi substituída pela máquina a diesel e o seu atraente apito deu lugar a uma estridente e incômoda buzina, deixando em nós a saudade de sua passagem pela nossa rua."


Paulo Maria de Aragão
(Advogado e professor universitário)

Continua...
Crédito: Carapinima: A história de uma rua -Regina Stela Ferreira Moreira 
(Formada em jornalismo pela Faculdade Celso Lisboa (Rio de Janeiro)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Pelas Praças da cidade - Parte II


Praça José de Alencar em 1910 - Arquivo Nirez

Limitada pelas ruas Guilherme Rocha, 24 de maio, Liberato Barroso e General Sampaio. O homenageado é José Martiniano de Alencar, neto de Bárbara de Alencar, heroína da Revolução de 1817.


Praça José de Alencar em 1929

 José Martiniano de Alencar (mais conhecido como José de Alencar), nasceu no Ceará no dia primeiro de maio de 1829. Vai morar em São Paulo e se matricula em 1846 na Faculdade de Direito onde começou a se dedicar às letras. Formado em Direito, em 1850 começa a escrever para o Correio Mercantil. Resolve se dedicar ao Jornalismo e se torna um crítico extraordinário. Sarmiento (2006, p. 36) afirma que seus romances começam a ser publicados “em 1857 o escritor inicia no “Diário do Rio” onde é publicado o seu primeiro romance: Guarani. A repercussão do romance foi internacional, o maestro Carlos Gomez, na Itália, escreveu a famosa ópera: O Guarani”


Praça José de Alencar com a Igreja do Patrocínio e o Prédio da Fênix Caixeiral. O prédio da Fênix foi demolido e no lugar foi construído o CEMJA

De 1861 a 1877, José de Alencar é eleito deputado pelo Ceará. Escreveu vários livros, romances, peças de teatro, etc. e morreu em 1877. Antes de 1870 a praça era conhecida como Praça do Patrocínio pelo fato de está em frente à Igreja Nossa Senhora do Patrocínio. A partir deste ano, apesar do povo continuar se referindo a praça pelo nome antigo, passou a se chamar Marquês de Herval. Em 1896 foi lançada no centro da praça a pedra fundamental que seria hoje o Teatro José de Alencar. Contudo, por inúmeras razões, o projeto não foi concretizado. Apenas em 1904, no Governo de Nogueira Acióli, a construção do teatro é oficialmente autorizada. Sua inauguração deu-se em 17 de Junho de 1910. Em 1929, por razão da comemoração dos cem anos de José de Alencar, a praça passou a ser chamada pelo nome do romancista. Nesta época, foi inaugurado o conjunto escultórico no centro da praça. 


Prédio localizado na Praça José de Alencar, rua 24 de Maio esquina com Guilherme Rocha, hoje faz parte do "beco da Poeira". Na parte de baixo desse prédio funcionou um curso de datilografia, em frente estava localizado a famosa Fênix Caixeiral, foto tirada próximo a igreja do Patrocínio - Arquivo Nirez

A praça ficou conhecida desde 1938, por praça José de Alencar pela estátua do romancista e pelo teatro, permanecendo até os dias de hoje. O Monumento é a estátua de José de Alencar que foi inaugurada em primeiro de maio de 1929. José de Alencar foi consequência de um concurso público elaborado para todo o Brasil em 17 de setembro de 1928 no Liceu de Artes e Ofícios no Rio de Janeiro, saindo como vencedor o escultor paulista Humberto Bartholomeu Cozzo. A comissão julgadora foi composta por José Mariano Filho, Gustavo Barroso, Ronald de Carvalho, Nogueira Silva e Gilberto Câmara.


Praça José de Alencar em 1981 - Foto Gentil Barreira

No memorial descritivo ele justifica seu projeto no binômio simplicidade e originalidade. Justifica preferir a posição de José de Alencar sentada por achá-la mais adequada a um homem que agiu mais com o cérebro que com ações; sentado, interrompe suas anotações para concentrar seu pensamento numa visão que só ele vê ao longe.


Praça Marquês do Herval - Arquivo Nirez

O monumento é feito de granito branco de Itaquera e pesa sessenta quilos. Os baixos relevos foram inspirados nos romances de Iracema e o Guarani. De estilo Art Déco” a obra de Cozzo é uma das mais apreciadas da cidade de Fortaleza.






"Foto feita no dia 24 de maio de 1900. Ali foi inaugurada, nesta data citada, a estátua do general Antônio de Sampaio, ferido mortalmente no dia 24 de maio de 1866 na Batalha de Tuiuti. Foi dado então o nome da Rua General Sampaio, da Rua 24 de Maio e inaugurada a estátua. Ao fundo vemos a Fábrica Proença. Achamos que a data deve ser esta pela movimentação e pelo acúmulo de gente e bandeiras em redor da estátua.
O 24 de maio da rua é a data da Batalha de Tuiuti onde o general Sampaio foi baleado mortalmente sagrando-se herói nacional. Não tem nada a ver com libertação dos escravos. A grande festa que houve no dia 24 de maio de 1900 foi na Praça Castro Carreira. Esta foto está na direção da Rua Castro e Silva e vê-se ao fundo a Fábrica Proença, local hoje ocupado por um shopping. Os galpões da estrada de ferro ficam à direta da foto, ficou fora da objetiva." Nirez

No início, em 1830, a praça era chamada de Campo D'Amélia, já em 1882 foi chamada de Senador Carreira, em 1890 de Vila Férrea e a partir de 1932 de Castro Carreira, mais conhecida como Praça da Estação. Na praça era o lugar onde as pessoas praticavam esportes como cavalhada e torneios hípicos da argolinha e onde as tropas coloniais e, posteriormente, as imperiais davam treinamento as suas milícias. Com a construção da Estrada de ferro de Baturité, em 1871, as pessoas passaram a chamá-la de praça da estação e a inauguração foi em 1900. Limitada pelas ruas General Sampaio, 24 de maio, Dr. João Moreira e Castro e Silva


Estátua de General Sampaio na Praça da Estação - Arquivo Nirez

O homenageado é o Dr. Liberato de Castro Carreira destacado no cenário político nacional por sua inteligência e cultura, Dr.Castro nasceu em 1820 em Aracati – CE e morreu em 1903 no Rio de Janeiro. Foi médico, senador e financista. Foi homenageado como médico da pobreza em Fortaleza, em 1845; médico consultante do Hospital Militar, em 1847 e em 1880 foi eleito com a maioria dos votos para Senador. O Monumento é a estátua de General Sampaio antes localizada na parte central da praça, a estátua do General Sampaio feita em granito cearense era fundida em bronze sobre um pedestal. Foi inaugurada em 1900, data do nascimento do patrono da Infantaria. Hoje, não é mais observada neste lugar, pois mudou-se para a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção (Quartel General).


Foto de 1909



Continua...

Parte I
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Crédito: O Centro Histórico de Fortaleza e seu patrimônio cultural arquitetônico

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pelas Praças da cidade - Parte I




Praça do Ferreira ainda com o sobrado do comendador Machado, demolido em 1927 para a construção do hotel Excelsior - Arquivo Nirez


A ideia da praça surgiu com uma reforma no plano da cidade.
Em dezembro de 1842, uma lei da Assembléia Provincial autoriza uma reforma do plano da cidade, eliminando dela a rua do Cotovelo a fim de ficar ali uma praça que se denominará Praça Pedro II. Boticário Ferreira foi eleito presidente da Câmara no ano seguinte, posto que ocupou até falecer em 1859.


O Jardim 7 de Setembro - Arquivo Nirez

A praça sofreu várias reformas sendo que a mais importante foi a construção do Jardim Sete de Setembro em 1902 na época em que os intelectuais da Padaria Espiritual se reuniam nos quiosques chamados: Escritório dos Bondes, Café do Comércio, Café Iracema, Café elegante e Café Java. Em 1914 a iluminação da praça é feita, bem como uma outra reforma. Em 1920, são demolidos os quiosques e o coreto, considerado o coração cívico da cidade na época. Em 1949 se construiu o Abrigo Central onde se encontravam boxes de vendas de discos, tabacarias, selos, bilhetes lotéricos, livrarias, café e até ponto de
ônibus. Apesar de ter se tornado um dos lugares mais movimentados da cidade, foi demolido em 1968 juntamente com a Coluna da Hora. A praça teve várias nomenclaturas destacando-se: Feira Nova: lugar onde se realizavam as feiras semanais, deslocando o centro da cidade da Praça da Sé, para o novo logradouro; Largo das Trincheiras: não se sabe bem se foi por uma batalha entre holandeses e portugueses, ou por causa do nome de um Senador que vivia ali e se apelidava de trincheiras; Pedro II: em 1859, em homenagem ao Imperador; do Ferreira: em 1871, após a morte do Boticário Ferreira, com memória aos relevantes serviços que prestou a cidade; Municipal: este nome durou somente seis meses, retomando ao seu nome anterior. Além dessas denominações oficiais também era popularmente conhecida por “da municipalidade”, por estar defronte do prédio da Intendência Municipal.


O Cajueiro da Mentira

É limitada pelas ruas Major Facundo, Floriano Peixoto, Dr. Pedro Borges e Travessa Pará e seu homenageado é Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira). O Boticário Ferreira nasceu em Niterói em 1801, teve muita influência política em Fortaleza, ganhou licença para montar botica e se estabeleceu. Deu impulso a grandes obras na cidade como, por exemplo, a Santa Casa de Misericórdia. Demoliu o Beco do Cotovelo construindo ali a praça que levaria seu nome. O monumento é a Coluna da Hora, considerada o ícone mais significativo da cidade de Fortaleza, a coluna da hora continuou com sua importância mesmo depois da sua demolição em 1968. O relógio de origem americana fabricado por Seth Thomas Clek Co de Nova Iorque tem quatro faces e está localizado no ápice da coluna situada no meio da praça. A coluna da hora juntamente com seu relógio é construída em 1932 com a demolição do cloreto. Contudo, só é inaugurada no início de 1934 com projeto do engenheiro José Gonçalves da Justa em estilo “Art-Déco”. Tinha cerca de 13 metros de altura. Em 1968 a coluna da hora é demolida juntamente com o Abrigo Central. Em conjunto com a reforma da praça, em 1991, fizeram uma nova coluna da hora projetada pelos arquitetos Fausto NiloCosta Junior e Delberg Ponce de Leon permanecendo até hoje.


Praça do Ferreira em 1934 


Lindo Passeio Público do Álbum Vista do Ceará 1908

Considerada uma das primeiras praças de Fortaleza e situada ao lado da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, era chamada de Largo da Fortaleza, no século XVIII. Além dessa, são observadas várias outras nomenclaturas:
Largo do Paiol: como o próprio nome indica, pela existência de um paiol de pólvora, que ficava no ângulo atual da Santa Casa de Misericórdia, do lado do mar; Largo do Hospital da Caridade: em homenagem à atual Santa Casa de Misericórdia cuja criação começa em 1847; da Misericórdia: em homenagem à atual Casa de Misericórdia, instalada em 1861; dos Mártires:1879 “Em memória dos beneméritos cidadãos que ali foram sacrificados pela causa da liberdade”; Campo ou Largo da Pólvora: nome popular, local destinado ao sacrifício de criminosos, foi erguido um patíbulo para punir condenados de crimes comuns. Destruído em 1831 por um grupo de patriotas.

Passeio Público em 1960 - Foto da Exposição Viva Fortaleza

E, por fim, em 1850, passa a ser chamada Passeio Público por ser considerado o local preferido pela sociedade cearense da época para passeios matutinos e vespertinos. Apesar da praça ter sido arborizada em 1864 e já representar um local tradicional de encontros, apenas em Julho de 1881 é que a praça é inaugurada. O passeio foi dividido em três planos sócio econômicos como mostra Sarmiento (2006, p. 56) “A gente de maior nível econômico ficava na Avenida Caio Prado, a classe média frequentava a Carapinima e a mais pobre a Mororó. Em 1932 suas grades circundantes foram retiradas. Alguns heróis cearenses que participaram da Confederação do Equador foram mortos no passeio público, dentre eles estão: Tenente Coronel Feliciano José da Silva Carapinima, Tenente de Milícias Luís Inácio de Azevedo Bolão, Padre Mororó,Tenente Coronel Francisco Ibiapina, João de Andrade Pessoa Anta e Tristão Gonçalves de Alencar Araripe

Monumentos de Barão de Studart, Dr. José Frota, Dr. Moura Brasil e Delmiro Gouveia - Fotos de Leuda Reinaldo

Fica limitada pelas ruas Barão do Rio Branco, Dr. João Moreira e Floriano Peixoto. Os monumentos são os bustos de Barão de Studart, Dr. Moura Brasil, Dr.José Frota, Delmiro Gouveia.

Continua...



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Crédito: O Centro Histórico de Fortaleza e seu patrimônio cultural arquitetônico

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