Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Praça Portugal - O coração da Aldeota


Inauguração da Praça Portugal

Em 27 de maio de 1947, é inaugurada a Praça Portugal, na Aldeota, no cruzamento da Avenida Dom Luís com Avenida Desembargador Moreira. O engenheiro que executou a obra foi Helio Teixeira Maia.
A praça foi reinaugurada em 06 de abril de 1968, na administração do prefeito José Walter Barbosa Cavalcante.

Foto do livro Praça Portugal

A Praça Portugal ainda deserta-1969 - Arquivo Nirez

O formato circular é único e chama atenção pelo tamanho e simetria. Vista do alto, o círculo
se completa com as formas quadradas e retangulares do comércio e dos edifícios da região. A
Praça Portugal, como que assinalasse o coração do bairro Aldeota, é um diferencial na capital cearense. Como uma nave espacial dos filmes de ficção, está no centro de duas das maiores e mais movimentadas avenidas do bairro, Dom Luiz e Desembargador Moreira. Por isso, vive, literalmente, circulada por muitos veículos, durante o dia inteiro.

Maravilhoso painel Caravela de Portugal, feito de pastilhas do artista plástico José Eduardo Pamplona, que ficava no lago da Praça Portugal. Foto dos anos 80.

O verde da natureza é pouco. Algumas árvores compõem o cenário e no meio do tráfego de veículos, ainda é possível ouvir o cantar de poucos pássaros. O céu azul, com poucas nuvens brancas como algodão, dá um toque contrastante, em meio ao mar de prédios coloridos e de diversos tamanhos que circundam a praça.

Nem só a forma do espaço é curiosa. Apresenta ainda alguns pontos que, muitas vezes, são passados despercebidos. Em cada recanto do cruzamento das avenidas há uma banca de jornais e revistas e um ponto de táxi. Nesses canteiros também é possível encontrar a tradicional banquinha do Paratodos (também conhecido como jogo do Bicho), quiosque que vende tapioca e churrasquinho, uma agência do Bradesco, vendedores ambulantes, o Shopping Bambuy, com sapataria, boate e butique e, claro, o Shopping Aldeota.
Os shoppings, construídos em formato da letra “L”, seguem os cantos da praça. Se a Praça Portugal, os canteiros e o shoppings fossem peças de quebra-cabeça, estes se encaixariam perfeitamente. A vista do vigésimo andar da torre comercial do shopping Aldeota, no escritório da SecrelNet prova que, no meio de tantos prédios, o céu ainda toca o mar e pontos verdes ainda compõem a paisagem da cidade.
Lugar de encontro de muitas gerações, há 20 anos a praça era bem mais movimentada, tão quanto a atual Avenida Beira Mar. Todas as sextas-feiras era quase impossível estacionar os carros. Os jovens se encontravam principalmente na fonte (já desativada), na parte central.

O extinto Shopping Portugal era a principal atração. Em seu lugar há uma obra, a qual, futuramente, dará lugar a mais um edifício, dentre muitos outros que já existem ao redor do grande círculo. Ponto de saída para festas ou apenas para “jogar conversa fora”, jovens, que agora são pais, frequentaram a praça com planos de diversão, apenas.
Hoje, aos sábados, encontrar um espaço para sentar na grama verde da praça é quase impossível. Agora ela é frequentada por jovens das mais diferentes tribos, com ideologias opostas, mas que possuem o mesmo objetivo dos mais antigos: se divertir.
Pontas de cigarro completam o cenário de garrafas de cachaça, vodka e refrigerante. Os flashes das câmeras (digitais, é claro) surgem a cada minuto, iluminando a noite de céu estrelado. A cor, independente do grupo, é a preta. Maquiagem, blusas, calças, meias, tênis All Star. Tudo preto.
O cenário da Aldeota começa a mudar às 18 horas. Meninos, meninas, rapazes e moças, que têm entre 14 e 19 anos, são os representantes oficiais de tribos como RPG , Emos e Otakus. A ida dos jovens à praça causa as mais diversas opiniões em comerciantes e moradores da região.


Segurança em primeiro lugar

De dentro do Shopping Aldeota, tudo parece estar nos conformes. Os seguranças, de ternos impecáveis e pontos de escuta nos ouvidos, rondam o local com o objetivo de manter a ordem e a segurança de lojistas e clientes.
Na parte administrativa, Lúcio Flávio Batista da Silva é o responsável pela brigada de incêndio. Em seu uniforme de bombeiro e nos coturnos, Lúcio, um simpático e calmo rapaz, apesar da profissão, alega que nunca houve qualquer caso em que foi preciso acionar os bombeiros, seja na parte interna do shopping ou na praça.
Ao contrário da situação física do shopping, a região da praça pega “fogo” aos sábados. Quando os jovens frequentadores da Praça Portugal entram no Aldeota, Leonardo de Melo, segurança do Shopping, dobra a sua atenção. A “baderna”, como o segurança diz, pode começar num simples piscar de olhos. A primeira impressão não é a que fica quando se faz referência aos frequentadores da praça. A maioria possui comportamento exemplar.
São raros os atos de vandalismo. Mesmo assim, com as “antenas” sempre ligadas, os seguranças se comunicam com freqüência quando vêem um “montinho preto” caminhando na parte interna do shopping. E o trabalho dos “homens-de-preto-com-gravatas” redobra.
Durante a semana o movimento do Aldeota é tranqüilo. Trabalhando como segurança do complexo de lojas há um ano, Leonardo nunca presenciou algo mais grave no local. A segurança do shopping está restrita à calçada. Alguns passos à diante é responsabilidade da nunca vista guarda municipal. A violência, tão presente em Fortaleza, nunca fez vítima na porta do shopping. Não há registro de assaltos. Mas, mesmo assim, todo o cuidado é pouco.
Não é difícil ver clientes pedindo aos seguranças que os acompanhem até os seus veículos. O medo é visível: ao atravessar a porta do Aldeota, as pessoas olham para os dois lados. A presença de mendigos faz com que elas andem mais rápido.

No centro da praça, monumento
presta homenagem aos portugueses

Antes de ir à praça ...

Parece um ritual. Eles se encontram no Mc Donald's, vão ao Pão de Açúcar e passam o resto da noite se divertindo. Seja bebendo, fumando, lanchando ou conversando: a noite é o cenário e o palco é a praça.
Antes de tudo, um papo no Mc Donald's. Quem passa na porta, pensa que está havendo uma promoção imperdível por causa do tumulto. Mas, olhando de perto, nada mais é do que grupos reunidos. Detalhe: sem qualquer bandeja da lanchonete à frente.
As mesas da parte externa são ocupadas e, com freqüência, a gerente Ana Cristina precisa pedir para que os jovens se retirem para dar espaço a algum cliente. O pedido é feito uma, duas, cinco, dez vezes para grupos diferentes em apenas um sábado. Felizmente, o stress não é tão grande. Os (pré-)adolescentes resmungam, mas não negam a solicitação.
Ana Cristina, funcionária da lanchonete do Aldeota há um ano, sempre viu a praça lotada. Mesmo assim, o consumo dos jovens no Mc Donald's é pequeno. Apesar disso, as vendas são boas. A localização da lanchonete, em frente à praça e em um bairro nobre, é um fator favorável.
Muita conversa. Muito cigarro. A fome e a sede começam a bater. A solução para esses problemas está no térreo do shopping. O supermercado Pão de Açúcar é a fonte. As bebidas alcoólicas (vendidas apenas aos maiores de 18 anos) são acompanhadas de refrigerante, salgadinhos tipo Cheetos e Ruffles e biscoitos doces. Antes de passar no caixa, durante as compras, os jovens “aprontam” um pouco, como disse o gerente (a loja não permite a divulgação do nome de seus funcionários).


Foto da Praça Portugal, publicada no Jornal O POVO, em 08/09/1995

Eles cantam, dançam e brincam nos corredores. Biscoitos são arremessados de um lado para o outro, as vozes ecoam. Parece que tudo é motivo de festa. Os clientes se sentem incomodados. Uma vez, confessa o gerente, jovens ainda quiseram andar de skate no supermercado, mas não resistiram quando foram “barrados” pelos seguranças. Mesmo assim, nenhuma confusão entre clientes, “arruaceiros”, administradores e seguranças. O preconceito ainda é grande. Tudo que é diferente incomoda. E o Pão de Açúcar não foge à regra. O gerente já recebeu inúmeras reclamações. Não só pela bagunça, mas também pelo jeito deles se vestirem e se maquiarem. “Estranhos” e “esquisitos” são adjetivos bastante usados.



Expectadores

Como em toda área movimentada, na Praça Portugal também há um local de apostas do Jogo do Bicho. O responsável pela banquinha de madeira com uma placa branca escrita “PARATODOS” com letras vermelhas é Leôncio Ferreira, que não sabe exatamente há quanto tempo trabalha no ramo.

Quatro pontos de táxi nos quatro cantos, da praça Portugal

Os clientes saem da rotatória, estacionam os carros próximos aos táxis, descem, fazem suas apostas e vão embora. Nada de jovens, gritaria, baderna ou qualquer outra coisa. Seu expediente é das 9 às 17 horas. Seu Leôncio vê, diariamente, centenas de carros passando à sua frente e algumas batidas, como ele mesmo diz, “bestas”. A praça só recebe visita de pássaros, garis e, no final do ano, decoradores para embelezar o período de festas natalinas.
Já no comércio da leitura a história é um pouco diferente. Os clientes, fiéis, visitam diariamente as bancas de Danilo de Almeida, dono, há menos de um ano, de duas das quatro bancas da praça.
As duas ficam em frente aos dois shoppings da praça e próximas aos pontos de táxis. A primeira, a mais antiga, na idade e na aparência, fica em frente ao Aldeota. A segunda, construída mais recentemente, está localizada no canteiro do Shopping Bambuy. O proprietário anterior ocupou os pontos por mais de 18 anos.
Assim, como na aparência e nos funcionários, as bancas se diferenciam também no quesito público, principalmente nos fins de semana. Os frequentadores da praça aos sábados visitam a banca próxima ao Aldeota. Danilo reclama e, com ar de chateação, diz que eles não são bons compradores.
A organização não é o forte desses adolescentes. Ao entrar na banca, sempre em grupo, mexem nas revistas e fazem uma “pequena bagunça”, como Danilo cita, a qual muitas vezes, é preciso ser interrompida pelos funcionários.
O local fica uma desordem quando eles saem. Os jovens maiores de idade consomem apenas cigarros, mas em grande quantidade. Maços e mais maços são vendidos por final de semana. As “mini-chaminés” ignoram os doces e a cultura que está presente no estabelecimento de dois metros quadrados. Os jornais só recebem atenção quando eles sabem que terá alguma informação que os interessa ou algo sobre eles.


Postal Praça Portugal

A outra banca, apelidada pelos jovens de “banca tecnológica”, recebe um público bem diferente. São pessoas mais adultas e moradores da região. Diariamente são vendidos livros, revistas e jornais para elas.
Apesar do pequeno espaço e da aparente desorganização, as bancas têm boas opções. Além dos serviços básicos de jornais e revistas, também é possível comprar refrigerantes, cigarros, balas, chocolates, salgadinhos como Fandangos, sorvete, picolé e livros.

“Canto ” Bambuy

O trabalho do taxista que fica no ponto da Praça Portugal é tranquilo. O carro muitas vezes vira casa e os bancos, camas. É comum encontrar um taxista cochilando, principalmente depois do almoço. Quando não, estão conversando ou falando ao celular. Os rádios estão sempre ligados, esperando algum chamado.
A paisagem e a calma da semana torna o trabalho menos estressante. Mesmo assim, é cansativo esperar que moradores da redondeza e turistas busquem seu serviço.
Aderaldo Soares de Morais Filho trabalha no ponto em frente ao Shopping Bambuy há dois anos, desde que se tornou taxista. Sobre os frequentadores da praça, nada a declarar. “Não são meus clientes”, ele diz. Mas na hora de descrever, seu Aderaldo é preciso: “Eles vêm a pé, todos vestidos de preto. Não ‘dou muito valor’ a eles”.
Mas, antes que receba algumas vaias ou críticas ele justifica sua opinião dizendo que seu pensamento seja este, talvez, por ser de outra geração.


A Praça nos anos 90

Tapioca, prato típico do Ceará
Há restaurantes, lanchonetes e quiosques especializados em qualquer lugar: nas estradas, nos shoppings, nas ruas, em colégios e supermercados.
E na Praça Portugal não poderia ser diferente. O quiosque de Maria José está na calçada do Shopping Bambuy, em frente à sapataria Meia Sola.
Dona Maria é uma das duas sócias do quiosque, no qual trabalha há um ano. O ponto existe desde a abertura do shopping. A clientela é a mais variada possível. Funcionários das lojas, moradores da cidade, turistas...
Os frequentadores dos sábados não incomodam nem interferem no trabalho de dona Maria. Mesmo assim, os funcionários do shopping não gostam deles. O motivo: banheiro. O banheiro do shopping é público. A bagunça e a sujeira que eles fazem incomodam. Mas esse é um problema mais fácil de resolver. O incômodo
maior são os mendigos. A presença dessas pessoas, para dona Maria, gera uma má visão do shopping e do seu comércio.


A Praça nos anos 90

É inevitável a aproximação deles, principalmente quando as pessoas estão comendo. A prefeitura não consegue resolver esse problema que incomoda não só a ela, mas a todos da praça. Sobra para os seguranças do shopping resolverem essa questão.
Mas não são apenas os mendigos que incomodam os comerciantes do Shopping Bambuy. Duas vendedoras da loja Moda.com, que pediram para não ser identificadas, dizem que a localização do shopping prejudica as vendas. As árvores escondem o letreiro da loja e não há estacionamento gratuito (o estacionamento do shopping é Zona Azul, no qual o cliente precisa pagar uma taxa para ocupar uma das poucas vagas existentes).
Alguns frequentadores estacionam no local, mas não sabem que o estacionamento é pago, passando por constrangimentos na hora de retirar o veículo. O movimento da loja é pequeno. A clientela é fiel e de classe média/alta.
As vendedoras acham que os frequentadores da praça não prejudicam as vendas, já que a loja encerra seu expediente antes da praça estar cheia. Até o momento, não receberam reclamações dos clientes.

Os “ocupantes” da praça

Jovens. Classe média/alta. Ambos os sexos. Alguns (poucos) assumem a bissexualidade ou a homossexualidade.
Muitos frequentam a Praça Portugal escondidos dos pais, por medo do que eles possam dizer.
Eles dizem que não se encaixam em nenhuma tribo, que estão lá “só para curtir”. Frequentam a praça há mais de três anos, quase todos os dias da semana, todos os sábados. São moradores da Aldeota. Não seguem estilos e se denominam “grupo restrito” ou “esquadrilha da fumaça”.
Durante a conversa, Caio, Jonatan, Michel, Felipe, Iuri e o outro Caio, tragam seus cigarros, quase sincronizadamente.A bebida ainda não está na roda porque é dia. Quase todos são maiores de idade. Drogas ilícitas não fazem parte dessa tribo, ao contrário de algumas outras, que eles dizem fumar maconha.
Quando a “esquadrilha da fumaça” não está na praça, seus integrantes gostam de jogar futebol e tentam andar de skate na beira mar ou na própria praça. Ao contrário do que se pensa, as tribos vivem “em paz”. Não há brigas. Cada uma respeita o espaço da outra. A tribo “da moda” são os Emos, com maior número de “integrantes”. Um ambiente diferente Este é o cenário da Praça Portugal. Uma praça que, além do movimento de pessoas, registra grande fluxo de veículos, a qualquer hora. O comércio está funcionando normalmente. E o movimento é maior no final de novembro, quando o Natal já está próximo. O trânsito
flui lentamente, pois é noite de sábado. Pessoas atravessam as ruas correndo, jovens se divertem na praça.


A Praça Portugal era rodeada por casas em 1969. Hoje é um reduto verde em meio ao paredão de prédios.

Uma explosão inicia uma seqüência de três outras. Os seguranças se preocupam. Os pedestres se assustam.
Todos procuram de onde vieram os sons. Ah, tudo bem! Nada de mais. Foram “só” alguns jovens que subiram na armação da árvore de Natal da praça e lançaram algumas bombinhas. Nada que a polícia, que apareceu logo em seguida, não resolva.
Assim são os jovens. Independente da tribo a qual pertencem, sempre surpreendem, sempre conseguem o que querem: chamar atenção.


Larissa Viegas


Últimas notícias - 09/03/2014:

Praça Portugal dará lugar a cruzamento






quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Jovita Feitosa - Bravura, Ousadia e Perseverança





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D
epois de muito relutar para ser incluída nas fileiras do Exército Nacional, o Dr. Franklin Dória (Barão de Loreto), então Governador do Piauí, permite o seu ingresso nas forças armadas, na patente de 1º Sargento. 


Tendo chegado ao Rio de Janeiro em 1865, logo foi desautorizada a participar das tropas, por ordem do Ministro da Guerra. 


Desiludida diante de sua não participação, como combatente, na Guerra do Paraguai, resolveu ficar na Corte, para depois de 2 anos, aos 19 anos de idade, suicidar-se, após um frustrado caso amoroso com um Engenheiro de nacionalidade britânica, chamado Guilherme Noot." 




"Jovita, como era chamada em casa, com disfarce de homem, se alista no exército para lutar na guerra do Paraguai. Seu disfarce foi descoberto, mesmo assim, foi incorporada aos voluntários, como primeiro sargento. Jovita tornou-se um importante instrumento de propaganda do governo, incentivando alistar e lutar pela Pátria.Nesse tempo, os voluntários eram pegos a laço e levados amarrados para a guerra. Jovita Feitosa nasceu no dia 08 de março de 1.848 no pequeno povoado de Brejo Seco, município de Tauá, em pleno sertão dos Inhamuns. Filha de Maximiano Bispo de Oliveira e de Maria Alves Feitosa. Ao perder a mãe, o pai resolve mandá-la para morar em Jaicós no Piauí.Foi em Jaicós que Jovita deu início aos estudos elementares e aprendeu música com o seu tio Rogério."


Patrona - Cadeira nº 13 da Academia Tauaense de letras


Jovita Alves Feitosa, nascida em Tauá (região dos Inhamuns), em março de 1848, filha de Maximiano Bispo de Oliveira e de Maria Alves Feitosa, se destacou pela bravura e destemor, preparando a luta contra o Paraguai.
Nesse tempo, com apenas dezesseis anos, órfã de mãe, residia com um tio em Jaicós, no Piauí, e participava vivamente do clamor criado com o patriótico movimento contra o invasor Francisco Solano Lopez, apossando-se do forte de Coimbra no ano de 1864, à margem do Rio Paraguai, facilmente conseguido por causa da precária situação em que se encontravam os brasileiros.
A expedição paraguaia avançava pelo sul de Mato Grosso, encaminhando-se para a colônia militar de Dourados. Vitoriosos, seguiram para a colônia de Miranda, depois Nioaque, encontrando poucos brasileiros e mal armados.
Pretendiam assim chegar até Corumbá, já tendo conseguido a interrupção das comunicações entre a capital da província e o Rio de Janeiro.


Por pouco tempo o sul de Mato Grosso tornou-se território paraguaio. López pretendia formar outra frente de guerra, atravessando a Argentina para atacar o Rio Grande do sul. O Presidente da nação vizinha negou a passagem das tropas por terras argentinas, o que ocasionou uma declaração de guerra, em março de 1865, com a invasão pelos paraguaios da província de Corrientes.
No Rio de janeiro as noticias das invasões causaram revolta, e o Imperador Pedro II estimulou o patriotismo entre os homens, com a frase: “ O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER“.


Jovita mobilizou a cidade e o campo para que fossem lutar pela pátria. Misturava-se com os soldados, desprezando todos os preconceitos da época. Atendendo ao apelo do Imperador, as mães ofereciam os filhos para a luta, as damas doavam suas jóias, e Jovita, como nada tinha a oferecer, arquitetou um plano: cortando os cabelos e usando um chapéu de couro, assim se disfarçou em soldado, indo-se apresentar em Teresina, onde se agrupavam os Voluntários da Pátria. E tinha apenas dezessete anos.




O plano foi descoberto. As formas femininas a denunciaram e mulheres curiosas descobriram que as orelhas eram furadas. Mesmo assim, foi aceita pelo exemplo de tão admirável lição de patriotismo, com a obrigação de usar um saiote sobre a farda.
Mulher valente, audaciosa, teve seu gesto admirado em todo o país. Exercendo função militar, esteve em São Luis, Paraíba e Recife, causando entusiasmo em todos. Era aplaudida, presenteada, cantada em versos e hinos. A nossa heroína estava então preparada para a viagem ao Rio de janeiro, em companhia de quatrocentos e sessenta soldados.
Um mês após a partida, chegava à capital brasileira sendo entusiasticamente ovacionada pela multidão que esperava curiosa a Companhia dos Voluntários, tendo entre eles a figura de uma mulher.
Os jornais noticiaram com destaque o fato; o povo aclamava-a com entusiasmo por onde ela passava e assim a admirável JOVITA viveu os mais intensos momentos de glória.
Passados alguns meses, o Ministro da Guerra, Visconde de Cairú, põe por terra a aspiração da jovem, negando-lhe permissão para a frente de combate. Dava-lhe apenas o direito de agregar-se ao Corpo de Mulheres que iria prestar serviços compatíveis com a natureza feminina, na guerra contra os vizinhos paraguaios.


Resolveu permanecer no Rio de Janeiro, decepcionada com o acontecido e fortemente amargurada, sentindo se desfazerem os seus sonhos de jovem patriota e de mulher guerreira que ela era.
Faleceu em outubro de 1867, aos dezenove anos, longe de sua terra e de sua família, merecedora de grandes elogios pelo valor moral de que era possuidora.
Ficou o seu exemplo digno da admiração de todos os brasileiros.
Carlos Gomes



Saiba mais:

  • Ela partiu de Jaicós onde foi morar após a morte de sua mãe, no Ceará - escondida do tio até Teresina, caminhando setenta léguas, para alistar-se no exército tão logo soube da notícia da guerra e da necessidade de novos combatentes.

  • Em Teresina, aos 17 anos, Jovita se disfarçou de homem: cortou o cabelo no estilo “alemão” ou “ militar”,  amarrou os seios, usou chapéu de couro e foi à procura da guarnição provincial. Conseguiu enganar os olhos dos policiais, porém, ao visitar o mercado público foi delatada por uma mulher que logo lhe reconheceu traços femininos com predominância da etnia indígena.

  • Ao ser levada para interrogatório policial, chorou copiosamente e manifestou o desejo de ir lutar nas trincheiras, com a mão no bacamarte. Não queria ser auxiliar de enfermeira, pois, se assim o desejasse poderia fazê-lo. Dizia querer vingar “a humilhação passada por seus compatriotas nas mãos dos desalmados paraguaios”. Foi aceita no efetivo do Estado, após o caso chamar a atenção de Franklin Dória, o Barão de Loreto, então presidente [o equivalente hoje a governador] da Província do Piauí, que lhe incluiu no Exército Nacional como segundo sargento.  Recebeu fardamento e embarcou com corpo de voluntário para Parnaíba.

  • Na capital imperial foi entrevistada numa das salas do quartel do campo de aclamação.  Um fluminense de 1865 vê nela um patriotismo exacerbado que foi acordado de seu estado letárgico “apresentou-se pobre e singela, tendo n’alma o sentimento generoso das mulheres espartanas, ajoelhou-se antes o altar da Pátria e ali prestou um juramento solene de amor e de dedicação eterna”. Recebeu várias homenagens.

Vida e morte

Jovita Feitosa teve uma vida relâmpago: nascida em Brejo Seco, região dos Inhamus, no sertão cearense, ela veio parar em Jaicós, aos 12 anos, após a morte da mãe. Em Jaicós ficou na casa do tio, Rogério Alves Feitosa.

Na sua ida de Teresina fixou-se no Rio de Janeiro onde teve sua história repercutida o que lhe rendeu homenagens e o amor relâmpago do engenheiro inglês Guilherme Noot, com quem passou a viver. Aos 19 anos se suicidou. Várias ruas e avenidas* no País ganharam seu nome como uma forma de homenagear a mulher independente e a luta de igualdade de direitos sociais entre os sexos.

O livro “Governo do Piauí”, editado pelo escritor A. Tito Filho, considera fato histórico o suicídio de Jovita Feitosa, merecendo o registro junto aos acontecimentos marcantes daquela época.

Carta (Grafia da época)

Secretaria de Negócios da Guerra
16 de Setembro de 1865

Ilmº Sr.
Não havendo disposição alguma nas Leis e Regulamentos militares que permitta a mulheres terem praça nos Corpos do exercito, nem nos da Guarda Nacional, ou de Voluntários da Pátria: não pode acompanhar o corpo sob o comando de V. S. com o qual veio da Província do Piauhy a voluntária Jovita Alves Feitosa na qualidade de praça do mesmo corpo, mas sim como qualquer outra mulher das que se admittem a prestar juncto aos corpos em campanha os serviços compatíveis com a natureza do seu sexo, serviços cuja importância podem tornar a referida voluntária tão digna de consideração, como de louvores o tem sido pelo seu patriótico offerecimento: o que declaro a V. S. para seu conhecimento e governo.

Deos guarde V. Sª 


Notícia de um jornal Ludovicense da época: 

Jovita em São Luiz

“ Com os oficiais que desembarcaram em São Luiz [MA] veio também a cidadã voluntária, que tendo sido objeto de maior curiosidade pública, desde que desembarcou. Na rampa do Palácio a multidão que ali se havia aglomerado a cercou por tal forma que mal a deixou caminhar. Houve, como estava anunciado, o espetáculo em honra da heroína. Ela ocupava o primeiro camarote da 1ª ordem, que a empresa lhe oferecera, e foi alvo da administração do extraordinário número de espectadores que enchiam o teatro.
Trajava farda e calças brancas, saiote encarnado, e trazia banda e insígnia de 1º sargento. Depois de uma poesia patriótica brilhantemente recitada pela Sra. Da. Manoela e do hino da guerra pelos artistas da Companhia, foi a jovem Jovita chamada à cena pelos expectadores e aí coberta de flores, saudade com grande entusiasmo e prolongados vivas a ela e a seus companheiros de armas. Então ofereceu-lhe a Sra. Da. Manoela uma coroa de flores e um crucifixo de ouro, pendente de um cordão do mesmo metal do valor de duzentos mil réis.

*Em Fortaleza, uma avenida também leva seu nome, é uma homenagem a essa mulher que bravamente estava a frente de seu tempo. A Avenida Jovita Feitosa passa por vários bairros, em uma ponta no Bairro do Parque Araxá, corta a Avenida José Bastos que se liga à Avenida 13 de Maio e passando pelos bairros de Parquelândia e Alagadiço, estando na outra ponta, a Avenida Humberto Monte, onde é um agrande acesso ao Campus do Picí, Antônio Bezerra e a Parangaba.
Glautom 

Fonte: Folha de Picos – Caderno especial sobre 171 anos de Jaicós, Blog da Academia Tauaense e Enciclopédia Nordeste

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Academia Cearense de Letras



Academia Cearense de Letras em 08/09/1922, no salão nobre do Clube Iracema, no 1º andar do Palacete Ceará - Arquivo Nirez

Foto com a  identificação - Nirez

A Academia Cearense de Letras é a mais antiga instituição do gênero no país, pois foi fundada a 15 de agosto de 1894. Tal resultou do idealismo de alguns intelectuais, entre outros, o anglo-cearense Barão de Studart, e Thomaz Pompeu de Souza Brasil, seu primeiro presidente, topônimo desta Casa. Inspirou-se na Academia de Ciências de Lisboa, surgindo no rasto da famosa Padaria Espiritual, de Fortaleza, cujo "forno" funcionou por 6 anos (1892-1898), alimentado por "padeiros" notáveis, entre eles Antônio Sales, autor do festejado romance Aves de Arribação. Destarte, este grêmio literário não poderia deixar de usufruir das vantagens da moderna tecnologia representada pela Internet. Ao contar a nossa longa história, convidamos para um passeio na nossa também longeva sede, o antigo Palácio da Luz, onde, por muito tempo, alojou-se o Governador do Estado do Ceará. 
Pedro Henrique Saraiva Leão
Presidente

Academia Cearense de Letras (ACL) é a entidade literária máxima do estado do Ceará. A ACL é a mais antiga das Academias de Letras existentes no Brasil, fundada em 15 de agosto de 1894, três anos antes da Academia Brasileira de Letras.

A História da ACL é dividida em três partes. A primeira tem início em 15 de agosto de 1894 quando foi fundada, e vai até 17 de julho de 1922, quando Justiniano de Serpa lhe promoveu a reconstituição. Esse primeiro período foi áureo para as letras cearenses, quando a inquietação de intelectuais já havia motivado a criação da Padaria espiritual, dois anos antes de sua fundação. O Ceará ocupava então importante papel dentro do movimento literário nacional, tendo se antecipado inclusive à criação da Academia Brasileira de Letras, fundada três anos depois da ACL, e à Semana de 22.



Foi fundada como Academia Cearense e a primeira revista foi publicada em 1896, com periodicidade anual até 1914. Seu primeiro presidente foi Tomás Pompeu de Sousa Brasil Filho. Iniciou as atividades com 27 membros.
A segunda fase tem início em 1922, quando Justiniano de Serpa, diante da situação em que se encontrava a instituição com somente oito membros ainda residentes em Fortaleza, reorganiza-a sob a nova denominação de "Academia Cearense de Letras". Neste novo formato, foram ampliadas as vagas, passando então para as atuais 40 cadeiras. Foi deste mesmo período a denominação dos patronos. No ano seguinte ao de sua reformulação, a morte de Justiniano de Serpa em 1 de agosto de 1923 fez a instituição ficar na penumbra até 1930.
Em 21 de maio de 1930 foi instalada a reunião de reorganização da instituição, agora em definitivo até os nossos dias, na casa de Walter Pompeu. Desde então sua revista passou a ser publicada ininterruptamente.
Anualmente, concede o Prêmio Osmundo Pontes e, desde 2005, os prêmios Antônio Martins Filho e Fran Martins, para jovens escritores. Sua atual sede fica no Palácio da Luz, a antiga sede do Governo do Ceará, um importante prédio que faz parte do conjunto arquitetônico da Praça dos Leões em Fortaleza.

Diretoria

  • Presidente - Pedro Henrique Saraiva Leão
  • 1º Vice-Presidente - José Maria de Barros Pinho
  • Secretário-Geral - Virgílio Maia
  • Secretário-Geral Adjunto - Horácio Dídimo
  • Diretora Cultural - Angela Gutiérrez
  • Diretor de Patrimônio - Sânzio de Azevedo
  • Diretora de Publicações - Noemi Elisa Aderaldo
  • Conselho Fiscal - Costa Matos, Dimas Macedo e José Dias de Macedo (representante da comunidade)

Patronos

  • 1 - Adolfo Caminha
  • 2 - Álvaro Martins
  • 3 - Antônio Augusto
  • 4 - Antônio Bezerra
  • 5 - Pápi Júnior
  • 6 - Antônio Pompeu
  • 7 - Clóvis Beviláqua
  • 8 - Domingos Olímpio
  • 9 - Fausto Barreto
  • 10 - Padre Mororó
  • 11 - Barão de Studart
  • 12 - Heráclito Graça
  • 13 - Jerônimo Tomé da Silva
  • 14 - João Brígido
  • 15 - Capistrano de Abreu
  • 16 - Franklin Távora
  • 17 - Joaquim Catunda
  • 18 - Moura Brasil
  • 19 - José Albano
  • 20 - Liberato Barroso
  • 21 - José de Alencar
  • 22 - Justiniano de Serpa
  • 23 - Juvenal Galeno
  • 24 - Lívio Barreto
  • 25 - Oliveira Paiva
  • 26 - Soares Bezerra
  • 27 - Soriano Albuquerque
  • 28 - Mário da Silveira
  • 29 - Paulino Nogueira
  • 30 - Rocha Lima
  • 31 - Farias Brito
  • 32 - Cônego Ulisses Pennaforte
  • 33 - Rodolfo Teófilo
  • 34 - Samuel Uchôa
  • 35 - Tomás Pompeu de Sousa Brasil (filho)
  • 36 - Tomás Pompeu de Sousa Brasil
  • 37 - Tomás Lopes
  • 38 - Tibúrcio Rodrigues
  • 39 - Araripe Júnior
  • 40 - Visconde de Sabóia

Membros atuais
  • 1 - Sânzio de Azevedo
  • 2 - Batista de Lima
  • 3 - Carlos Augusto Viana
  • 4 - José Murilo Martins
  • 5 - Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes
  • 6 - Virgílio Maia
  • 7 - Marly Vasconcelos
  • 8 - Horácio Dídimo
  • 9 - Genuíno Sales
  • 10 - Abelardo Fernando Montenegro


Posse de Abelardo Montenego - Crédito da foto: http://www.ceara.pro.br

Crédito da foto: http://www.ceara.pro.br

Crédito da foto: http://www.ceara.pro.br
  • 11 - Dimas Macedo
  • 12 - J. C. Alencar Araripe
  • 13 - Manfredo Ramos
  • 14 - Barros Pinho
  • 15 - Pe. Francisco Sadoc de Araújo
  • 16 - Beatriz Alcântara
  • 17 - Paulo Bonavides
  • 18 - Ângela Gutierrez
  • 19 - Juarez Leitão
  • 20 - Cid Sabóia de Carvalho
  • 21 - Regine Limaverde
  • 22 - Manuel Eduardo Pinheiro Campos
  • 23 - Luciano Maia
  • 24 - Pedro Paulo Montenegro
  • 25 - Pedro Henrique Saraiva Leão
  • 26 - Lúcio Alcântara
  • 27 - César Barros Leal
  • 28 - Giselda Medeiros
  • 29 - Costa Matos
  • 30 - Linhares Filho
  • 31 - Francisco Carvalho
  • 32 - Napoleão Nunes Maia Filho
  • 33 - Noemi Elisa Aderaldo
  • 34 - Vinicius Barros Leal
  • 35 - Alberto Oliveira
  • 36 - Carlos D'Alge
  • 37 - Teoberto Landim
  • 38 - F. S. Nascimento
  • 39 - Mauro Benevides
  • 40 - Artur Eduardo Benevides

As sedes da Academia

Jose de Alencar

Prédio à Rua do Major Facundo, n° 2, esquina da Misericórdia, onde funcionou o Hotel de France.
Sede na Fênix Caixeiral, cujo salão nobre, no segundo andar, realizou a Academia Cearense a sua primeira sessão, a 15 de agosto de 1894.
No local foi construído o atual edifício do Palace Hotel.

O Presidente

Pedro Henrique Saraiva Leão

Pedro Henrique Saraiva Leão nasceu na cidade de Fortaleza no dia 25 de maio de 1938.
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, fez cursos de especialização em São Paulo e Londres.
Foi médico do Hospital Geral de Fortaleza - INAMPS e é professor do Departamento de Cirurgia da UFC, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e de várias sociedades médicas nacionais e do exterior.
Fundou o Clube do Colostomizado do Brasil, o primeiro do País, em 1979.
Foi presidente nacional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES.
Recebeu, em 2006, o título de notório saber em Medicina pela UFC.
É poeta, com inúmeros poemas publicados em livros e revistas literárias. Obras poéticas: 12 poemas em Inglês, 1960; Ilha da canção, 1983; Concretemos,1983; Poeróticos, 1984; Meus eus, 1995; Trívia, 1996; e As plumas de João Cabral, 2002. É o editor da revista Literapia. Publicou trabalhos da especialidade em periódicos médicos, tendo sido redator do Ceará Médico e vice-redator da Revista de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
Livros científicos publicados (como autor e em colaboração): Auto-avaliação em Coloproctologia, 1980; Perguntas e respostas em Proctologia, 1980; Colostomias e colostomizados, 1981; Isto não se aprende na escola, 1982; Câncer nos cólons e no reto, hemorróidas: fatos e ficções, 1988; e Síndrome pós-colostomia, 1990.
Organizou várias coletâneas da SOBRAMES.
Honrarias: recebeu a Medalha Barca Pelon e o Troféu Sereia de Ouro.
Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 19 de setembro de 1986, sendo saudado pelo acadêmico Pedro Paulo Montenegro.
Substituiu o poeta Carlyle Martins na cadeira número 25, cujo patrono é o romancista Oliveira Paiva.


Fonte: Wikipédia e Site Oficial da Academia

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Clube de Regatas Barra do Ceará



Croqui do Clube de Regatas da Barra do Ceará. 
Projeto do Arquiteto Ivan Brito. Acervo Sérgio Roberto

O clube em construção.
Fonte Alberto de Souza
O Clube de Regatas em um tempo não tão pretérito foi um importante pólo de lazer de Fortaleza. Nos anos 50 e 60, Fortaleza ainda era uma cidade provinciana e acanhada, com poucos habitantes e poucas opções de divertimento. 

A moda na capital da Terra do Sol era participar de clubes que ofereciam diversas modalidades esportivas, tertúlias, concursos de beleza e eventos culturais em seus salões elegantes.

Obra de construção do Clube em 1959. Edificação projetada pelo arquiteto Ivan Brito, professor da Escola de Arquitetura da UFC. Acervo Sérgio Roberto

Vista aérea do clube em 1959. Foto: A. Capibaribe Neto

Foto de 1977- Foto Gentil Barreira

A existência dos clubes sociais se justificava porque nos fins dos anos 50, as casas das famílias, mesmos as mais ricas, não possuíam piscinas ou quadras esportivas. Em vista disso, as famílias mais abastadas frequentavam clubes, não apenas para ter acesso ao esporte e ao lazer, mas para garantir status.

O Clube na década de 70 - Acervo Alberto de souza

Os clubes mais importantes estavam localizados no entorno da Aldeota e do Meireles, como o Ideal, Náutico, Iate e, um pouco mais afastado do circuito tradicional havia o Clube de Regatas, na Barra do Ceará, encontro do Atlântico com o Rio Ceará.

O Clube de Regatas iniciou suas atividades no início da década 60. O clube era propriedade de Oswaldo Rizzato, em sociedade com o político Antony Costa.

Parte interna do prédio do Clube de Regatas

Fachada do prédio principal do clube

O lançamento foi marcado por diversas estratégias de marketing, como a publicação da planta do clube nos jornais para a venda de ações, feitas também no interior. Por esta razão, muitos dos sócios do clube não residiam na Capital.

O Clube na década de 70 - Acervo Alberto de souza

Ivan Bezerra foi o arquiteto que elaborou o projeto do arrojado clube, cujas instalações incluíam: piscina, salão nobre com um imenso lustre de cristal trazido de São Paulo e quadra de tênis. O clube não era, portanto, um empreendimento para as pessoas mais humildes da região. No início, o clube era frequentado por pessoas que vinham de outros bairros.

Clube de Regatas da Barra do Ceará nos anos de 1970

Os sócios do clube que moravam nas áreas nobres enfrentavam um percurso longo para chegar ao Regatas. O esforço valia a pena, sem dúvida.

O Clube na década de 70 - Acervo Alberto de souza

Desfile da Rainha do Colégio Júlia Jorge no clube.
Acervo Vandinha Feliz
Nos anos 60, muitas gerações de fortalezenses foram embaladas pelas tertúlias e festas realizadas no Clube de Regatas Barra do Ceará. Portentoso, o local recebia a classe média não só dos que residiam no seu entorno, mas pessoas vindas de todas as partes da Cidade ou até mesmo do Interior. Era a única opção em termos de clube social daquela área de Fortaleza.

Ali, muitos estudantes tiveram o sonho da conclusão do ensino de Segundo Grau consumado nos finais de ano, com grandes festas. 


Arquivo Pompeu Macário

O Clube de Regatas foi palco para shows de artistas de renome nacional, bailes de formatura e festas de confraternização. Outro atrativo interessante eram os bingos com prêmios que iam de automóveis a passagens aéreas.

Assim como muitos dos clubes sociais de Fortaleza, o Regatas começou a entrar em decadência no final dos anos 60. Os clubes passaram a competir com outras formas de lazer e foram perdendo importância.

E como ficou o Clube de Regatas e a população jovem da Barra do Ceará?

Na desigual sociedade fortalezense, os jovens das camadas mais ricas têm acesso a clubes e academias de esporte ou ginástica onde são iniciados em diversas atividades esportivas.

Na periferia não é assim e a juventude destas áreas está mais vulnerável aos riscos de uma cidade como Fortaleza, que apesar de importantes conquistas sociais, ainda apresenta muitas desigualdades.


Terreno do CUCA

A grande área com mais de 14 mil metros quadrados, localizada na Barra do Ceará, na maior Secretaria Executiva Regional de Fortaleza (SER I), insere-se em um meio urbano-paisagístico de extrema beleza e importância. Mas também vem acompanhada de graves problemáticas sócio-urbanas.

Configura-se em um quarteirão limitado ao Norte pela Avenida Radialista Leal Lima Verde e o Rio Ceará, ao Leste pela Avenida Presidente Castelo Branco, ao Sul pela Rua Vila Velha e à Oeste pela Rua Estevão de Campos. A ponte que dá continuidade à Avenida Presidente Castelo Branco faz ligação de Fortaleza a Caucaia, ajudando a compor a beleza cênica da região e potencializando o fluxo turístico para ambas as regiões.


A citada área, outrora dedicada às atividades de um clube recreativo (Clube de Regatas Barra do Ceará), atualmente encontra-se em estado de abandono. Sua utilização se dá em certos casos, quando jovens realizam partidas de futebol e brincadeiras coletivas diversas.

O terreno abriga atualmente, além de pequenas ruínas, uma grande edificação e uma piscina semi-olímpica (aterrada), sendo que estas serão aproveitadas por meio de sua reciclagem.

O terreno apresenta topografia com níveis definidos pela antiga configuração de uso e uma série de árvores adultas, que complementam e direcionam as premissas para o futuro projeto. Serão previstas, conforme decisões da coordenação do concurso, um total de 30 vagas para automóveis, sendo 02 para portadores de necessidades especiais, além de 02 vagas para ônibus de médio porte e espaço para guarda de motos e bicicletas.

Texto retirado do Projeto de José Otávio Sorato, Gustavo Braz Carneiro e Fábio Marcizio Gonçalves para a construção do primeiro Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza, o CUCA em 18 de março de 2006.



O prédio do antigo Clube de Regatas, outrora restrito, hoje é palco do Cuca Che Guevara, construído na gestão da prefeita Luizianne Lins. Um sonho coletivo, realizado por uma gestão democrática e popular. Um espaço de juventude com esporte, lazer, cultura, arte e ciência.

Por quase duas décadas, o local ficou abandonado, até que a Prefeitura resolveu construir o Centro Urbano de Cultura, Arte e Esporte (Cuca).

Em 2009, o equipamento, que recebeu o nome do médico e guerrilheiro Ernesto Guevara de la Senra (Che Guevara) e passou por reformas durante mais de um ano, foi inaugurado com uma festa que contou, inclusive, com a participação do presidente Lula.

Nos 14 mil m² de área, foram construídos ginásios, anfiteatros, pista de esportes radicais, piscina semiolímpica, campo de futebol, salas de aula e de dança, biblioteca e um cine-teatro com moderna estrutura de som e iluminação, com capacidade para 220 pessoas. "Isso aqui é tudo para nós, que não tínhamos o que fazer nas férias", conta o estudante Inácio Albuquerque Filho, que reside no bairro e frequenta o Cuca.

O Cuca Che Guevara foi inaugurado no dia 10 de setembro de 2009.


O Cuca Che Guevara vem para tentar mudar um pouco a realidade dos jovens de Fortaleza. Trata-se de uma ação efetiva das políticas públicas para a juventude. No Cuca, os jovens terão acesso livre à cultura, esporte, lazer e qualificação profissional em um espaço coletivo que contempla ginásio coberto, anfiteatro, pista de esportes radicais, piscina semi-olímpica, campo de futebol de areia, cine-teatro, salas de aula e laboratórios equipados para cursos de informática e artes visuais.

A Secretaria de Esporte e Lazer de Fortaleza é parceira do Cuca porque compreende o esporte e o lazer como direitos humanos, sociais e universais, direito de todos, instância de emancipação social e desenvolvimento humano.


Fonte: Diário do Nordeste e Blog do Prof. Evaldo

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