Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Das antigas - O carnaval da chiquita bacana



Até o  Theatro José de Alencar já caiu na folia!


No Brasil, quando se fala em Carnaval, lembra-se logo de três Estados: Rio, Bahia e Pernambuco. Mesmo sem ter esta tradição carnavalesca e incorporado a festa de outras regiões, o Ceará também tem sua história de folia. Sobretudo nas décadas de 30, 40 e 50, Fortaleza foi palco de desfiles de blocos e corsos de automóveis, além de bailes sofisticados em clubes da capital.

Turma do Círculo Militar no Carnaval do Náutico em 1972 - Foto Rodrigo Gurgel
Arquivo Totonho Laprovitera

     De acordo com o memorialista Nirez, na década de 30, o ponto principal de festejos era a Praça do Ferreira. Em 1935, foi criado o mais antigo bloco de Fortaleza: o “Prova de Fogo”. Nos anos 40, surgiram os bailes noturnos na avenida Senador Pompeu. O Theatro José de Alencar também abriu as portas para os foliões durante uns cinco anos. Mas a rapaziada acabava quebrando muitas cadeiras e, por conta disso, toda a alegria acabou suspensa naquele local.

     Depois, a concentração passou para o Passeio Público, percorrendo as ruas Major Facundo e Senador Pompeu, uma das mais festejadas nos anos 50. Como era uma rua residencial, os proprietários das casas colocavam as cadeiras nas calçadas para apreciar o espetáculo. O resto das pessoas se aglomeravam em pé, jogando confetes, serpentinas e lança-perfume.

Baile de Carnaval do Ideal Clube na década de 30/40 - Acervo Marcelo Bonavides de Castro

     Era bem comum os homens se vestirem de mulher e caírem na folia, como no “Cordão das Coca-Colas”, que fazia referência às cearenses que se encantaram com os americanos presentes no Estado, na época da II Guerra. O bloco dos sujos também ficou marcante. Na opinião do memorialista Marciano Lopes, era “uma democracia”. Todos se misturavam e dançavam juntos.

     O jornalista José Augusto Lopes aponta que a rapaziada ficava ansiosa para ver o “caminhão das prostitutas”, lá das “Pensões Alegres”. Aquelas mulheres da vida, mas de alto nível, desfilavam com fantasias bem ornamentadas. Brincadeiras de mau-gosto com elas? Que nada. As jovens eram aplaudidas. Havia muito respeito, destaca o jornalista. No corso de automóveis, os carnavalescos também esbanjavam luxo nas fantasias.

     Naquela alegria toda, também era oportuno fazer referências aos políticos da época. Mas tudo de forma bem sutil, sem agredir a moral de ninguém. Até existia uma portaria policial, proibindo sátiras aos políticos e ao clero. Mas os foliões sabiam brincar com o tema, chegando a tirar risos mesmo do presidente Getúlio Vargas, segundo aponta Marciano Lopes.

Inocência dos antigos carnavais - Livro Ah, Fortaleza!

     José Augusto lembra de um episódio engraçado. O governador do Ceará na época, Faustino Albuquerque de Souza, batizou uma vaca, de seu sítio em Pacatuba, com o nome de “Chiquita Bacana”, a famosa canção interpretada por Emilinha Borba. Um dia, ele tirou uma foto de pijama ao lado de sua vaca.

     Como era um adversário político da Rádio Iracema, acrescenta Nirez, a rádio fez uma paródia da música, na voz de Zé Lisboa. José Augusto Lopes conta que os foliões se vestiam de pijama ou colocavam uma máscara de vaca na cabeça e cantavam: “Chiquita Bacana / lá de Pacatuba/ dá leite para o Faustino e que leite cutuba (...) / Presidencialista/ foi o seu destino/ bezerro não encosta / quem manda é o Faustino”...

     “Havia uma sátira aos preconceitos”, afirma o jornalista, que também lembra dos foliões fantasiados com um barrigão e uma faixa: “Amar foi minha ruína”, título de um filme da época.No livro “A Subversão Pelo Riso: O Carnaval Carioca da Belle Époque ao Tempo de Vargas”, a escritora Rachel Soihet fez toda uma pesquisa sobre a festa mais popular do Brasil. A tese central do livro é justamente a resistência das manifestações carnavalescas às investidas da classe dominante em domesticá-las.

Concentração na Praça do Ferreira, todos esperando o Corso carnavalesco.

     Cheios de entusiasmo e irreverência, os blocos desfilavam pelas ruas, aplaudidos pela população festeira. A Rádio Clube e a Rádio Iracema, as únicas do Estado na época, conforme aponta Nirez, colocavam palanques para julgarem os blocos. O mais aplaudido pelo povo era o vitorioso.

     Quando a concentração carnavalesca passou para a avenida Aguanambi, em 1963, começou o declínio da festa em Fortaleza, de acordo com José Augusto Lopes. Na tentativa de sistematizar muito os blocos e transformá-los em escolas de samba parecidas com as do Rio de Janeiro, o carnaval na capital foi definhando.

     “Na época, eu escrevia no jornal, advertindo o que iria acontecer. Mas ninguém me considerou. O resultado é que o carnaval cearense acabou”, diz Nirez. “Organizaram demais e tirou a espontaneidade”, acrescenta Marciano Lopes.

Carnaval da Saudade do Náutico Atlético Cearense em 1970
Arquivo João Otávio Lobo Neto

     O mesmo pesquisador destaca que um dos motivos da fuga para o interior era o alto custo das festas nos clubes. Como muita gente não tinha condições financeiras de acompanhar os bailes, então, partiam para outras cidades do Estado. Aproveitando o fato, as prefeituras locais começaram a investir nas festas carnavalescas.

     Marciano Lopes também ressalta que o Ceará nunca teve uma tradição de Carnaval. “O que houve foi um arremedo de carnaval”, diz. Isso porque não há no Estado uma presença da cultura negra, como existe no Rio, na Bahia e em Pernambuco. “O cearense não tem ginga, não tem o espírito do folião que veio da cultura negra. O cearense é mais frio, mais mecânico. Fui duas vezes a este carnaval fora de época. São semblantes tristes. Não há vibração. Estão ali porque é um modismo”, afirma o memorialista. José Augusto Lopes acredita que o último carnaval do Brasil ainda é o de Pernambuco. Já os dois memorialistas acham que não existe mais nenhum. “A Bahia desvirtuou o carnaval de todo o Nordeste. O Carnaval foi um círculo que acabou”, destaca Marciano Lopes.


Reportagem de Helena Vasconcelos (Diário do Nordeste)

Bloco Prova de Fogo - 78 anos de história


Cadê Joana, que não vem com a sopa? 
E Mariana, que não traz a minha roupa? 
Não posso mais esperar, estou aflito 
Onde está o meu apito? O meu apito? 
Já é hora do prova de fogo sair 
Até já vieram me chamar 
E eu ainda estou nessa agonia logo no primeiro dia 
Será que eu vou faltar 
Joana, Mariana, eu tenho que a batucada marcar  

Bati Na Porta (Lauro Maia) 

Prova de Fogo - O único bloco de Fortaleza que se conservou tradicional - Nirez

Assim como outras cidades, Fortaleza conheceu o carnaval dos entrudos, das batalhas de confete e serpentina, dos bailes em clubes elegantes, dos desfiles de carros luxuosos e das apresentações de manifestações populares nas ruas, como os blocos de Carnaval, de pré-carnaval e os maracatus.

Bloco Prova de Fogo em 1942 - Arquivo Josi Ladislau

O primeiro bloco a surgir no carnaval fortalezense foi o Prova de Fogo, em 1935. 
Há 78 anos, o bloco participa do carnaval de rua da capital cearense.

Em 21 de janeiro de 1935, é fundado o bloco carnavalesco Prova de Fogo, pelos sargentos do Exército, Otacílio Anselmo*, Carlos Alenquer e Luís Freitas e os comerciários Alderi Pereira e Edson Viana Maranhão (Edson Maranhão).

Em 03 de março do mesmo ano, o bloco faz sua estréia no carnaval cearense. O Prova de Fogo ainda hoje abrilhanta a avenida do carnaval de Fortaleza.


Sr. Waldemar, componente do Bloco Prova de Fogo - 1942
Arquivo Josi Ladislau

O samba "Bati na Porta”, de Lauro Maia em parceria com Humberto Teixeira, foi o hino de guerra do Prova de Fogo no carnaval de 1942:

Bati na porta que cansei

Chamei, chamei, chamei

Ninguém, ninguém me respondeu

E eu fiquei com cara de judeu 

(Qual é, ô meu?)

Voltei, voltei e fiquei contrariado

Tomei, tomei o caminho errado

Agora ando bebendo demais

Independente disso eu sou um bom rapaz.

O bloco Prova de Fogo, é um dos mais tradicionais do Carnaval de rua de Fortaleza.

O Carnaval de 06 de fevereiro de 2005, inicia-se o desfile carnavalesco com o tema "Fortaleza Bela é Prova de Fogo", homenagem ao bloco que faria um desfile comemorativo de 70 anos de fundação, na Avenida Domingos Olímpio.

Desfilaram 8 (oito) maracatus: Vozes d'África, Nação Iracema, Rei Zumbi, Nação Baobab, Rei de Paus, Az de Ouro, Kizumba e Nação Fortaleza
As escolas de samba: Imperadores da Parquelândia, Imperadores da Bela Vista, Ideal, Unidos do Acaracuzinho e Corte no Samba
E os blocos: Garotos do Parque, Garotos do Benfica, Fuxico do Mexe-Mexe, Unidos da Vila e o grande homenageado da noite: Prova de Fogo.




Arquivo Nirez

Em 09 de fevereiro, saiu o resultado do desfile: A agremiação Maracatu Rei de Paus é bicampeã do Carnaval 2005, na categoria Maracatu, com nota 10 em todos os quesitos de avaliação.
A vice-campeã é o Maracatu Vozes d´África.
Em terceiro lugar ficou o Maracatu Az de Ouro.
Da categoria blocos e cordões, As Bruxas conquistam a primeira colocação, seguida do bloco Garotos do Benfica.
O bloco Prova de Fogo que estava completando 70 anos de fundação, e foi considerado "hors-concours".
Na categoria escola de samba, a Escola de Samba Unidos do Acaracuzinho é octacampeã e a Escola de Samba Império Ideal é a vice-campeã.

Arquivo Nirez

No Carnaval de 2007, o bloco provou que a tradição faz a diferença. Último a entrar na Domingos Olímpio, nas primeiras horas de terça-feira, a resposta do público veio de imediato, aplaudindo o cortejo de pé. Com mais de 400 integrantes, o bloco mostrou que estava se renovando a cada ano.
Na época, o passista Francisco de Paula, então com 67 anos, contava que já desfilou em maracatus e, há 7, estava no Prova de Fogo. “Essa tradição não pode acabar”. O baliza Edilberto Queiroz, então com 58 anos, há mais de 30 fazia evoluções à frente do bloco. Ele prometeu lutar pela continuidade do bloco, fundado em 1935.

A comissão de frente, era formada por crianças como Lucas, 6 anos, e, Nícolas  2 anos, filhos de um dos integrantes da diretoria do bloco, Elenilton Lima de Sousa, é sinal de que o bloco terá vida longa.

Curiosidade

Você sabia que existe uma Escola de Samba paulista chamada Prova de Fogo em homenagem ao bloco cearense?




Foto grcesprovadefogo

Tudo começou em um piquenique organizado por Celso e Cristina de Lima em Interlagos, no dia 21 de abril de 1974, reunindo jogadores e torcedores do Santista Futebol Clube. A ideia para a formação da escola de samba partiu de Akimilson de Oliveira Câmara, o Ceará, que sugeriu o nome 'Prova de Fogo', 
uma homenagem ao bloco cearense. A partir daí, aconteceram algumas reuniões na casa de Dona Valdevina, na Vila Mangalot, Pirituba. Dois meses depois do piquenique foi plantada a primeira semente do samba em Pirituba, com a fundação do Grêmio Recreativo escola de Samba Prova de Fogo em 16 de junho de 1974. Ceará foi eleito o primeiro presidente da escola de samba.

Foto Renato Cipriano

Em 1975 a escola apresentou-se pela primeira vez no Grupo Pleiteante. O belo desfile na Rua 12 de Outubro, na Lapa, rendeu à agremiação o título de campeã e uma vaga no Grupo 3. Após a apresentação de 1980, com um enredo sobre histórias de caboclos, a escola passou a integrar o Grupo 2. Ao longo da sua história, a Prova de Fogo apresentou enredos marcantes, como Caboclo, Meninos de Rua, Circo, Magia Cigana, entre outros.



*Otacílio Anselmo e Silva – Escritor e antigo componente da banda de música do 23º BC - Exército) foi o fundador do 1º Bloco de Carnaval da cidade de Fortaleza. O Prova de Fogo, bloco este de tamanha tradição no Carnaval cearense até hoje. O nome do bloco “Prova de Fogo” é citado na música 'Bati Na Porta', de Lauro Maia, gravada pelo grupo musical Quatro Ases & um Coringa, pela Odeon.

Antônio Marrocos


Leila Nobre


Fontes: Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, http://www.provadefogo.com.br, Diário do Nordeste, Nirez

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O Carnaval no centro da cidade


Preparação para o Corso na Avenida Dom Manuel na década de 60. Carlos Juaçaba

A rua é larga e a calçada é pra lá de larga. A gente vê árvore, vê os pássaros... O vento faz a árvore chorar. E algum chuvisco que vinha de atrevido, não nos pegava porque as árvores protegiam. O Carnaval é Duque de Caxias, se mudar o Carnaval daquele trecho acabou.*

No trecho destacado da entrevista, percebemos o modo como o compositor Luiz Assunção liga os festejos carnavalescos ao Centro da cidade de Fortalezaressaltando aquele espaço como locus imprescindível para a permanência ativa do carnaval. A Av. Duque de Caxias, uma das artérias mais importantes do Centro de Fortaleza, serviu como passarela para o Carnaval durante muito tempo. Os desfiles tinham a sua concentração muitas vezes no Passeio Público, percorriam algumas ruas do centro até chegarem nas arquibancadas montadas na Avenida Duque de Caxias. 


A Avenida Duque de Caxias - Arquivo Nirez

O Carnaval se insere nas práticas culturais da cidade como um fenômeno essencialmente urbano. No caso de Fortaleza  foi o  centro da cidade, desde o século XIX, onde se brincou o Carnaval de rua. Ao buscar uma compreensão das festas carnavalescas ocorridas no Ceará, no período, percebo uma série de disputas em torno dos lugares de festejos tradicionais. Por muitas vezes esses locais foram sendo modificados. A partir da década de 1990 os desfiles foram levados para a Domingos Olímpio. Hoje esse é o local oficial dos desfiles de Blocos, Maracatus e Escolas de Samba em Fortaleza.


Foto da Exposição Luiz Assunção - Samba de Carnaval

Desde o início do século XX os modos de habitar, as atividades de comércio e lazer sofrem significativos processos de modernização,  ocorrendo assim um processo cada vez maior de descentralização.  Em diferentes temporalidades, a Prefeitura de Fortaleza interfere,  na realização do carnaval, construindo significados modernizantes na festa. De outro lado os blocos, cordões, maracatus e os próprios foliões tentam se adequar a essas novas configurações das festas. As ruas, novas avenidas, praças e vias, com  as suas  mudanças, exerciam influências sobre a configuração dos folguedos ocorridos no período.


Foto da Exposição Luiz Assunção - Samba de Carnaval

Nas diversas leituras feitas sobre o Carnaval de Fortaleza, percebo que o Centro da Cidade foi o palco principal daquela festa durante muitos anos. Mesmo com o crescimento do Carnaval dos Clubes, que foi recorrente durante as décadas de 30, 40 e 50, as ruas do centro continuaram sendo palco para os festejos. Na cidade, desde o início do século XX os folguedos eram festejado nas ruas e nos clubes. As tensões em torno dos festejos podem ser percebidas nas críticas da imprensa local, colocado em segundo plano pelos jornais, o chamado “carnaval de rua” acontecia no Centro de Fortaleza com uma significativa participação da população.
Ao observarmos o centro de Fortaleza hoje, vemos que em alguns poucos casos ele se enquadra no Calendário Festivo da cidade. Poucas são as manifestações culturais festivas que tem esse espaço da cidade como local principal**.  Diferente do que era observado durante grande parte do século XX quando as ruas centrais, juntamente com suas praças eram os locais onde se festejavam as festas carnavalescas.



Diversos trabalhos de historiadores, sociólogos e antropólogos nos mostram um panorama diferente em relação à existência de um carnaval em Fortaleza ao longo do Século XX. Carlos Henrique Moura Barbosa em seu trabalho de pesquisa mostra uma cidade bastante envolvida com os festejos carnavalescos nas décadas de 1920 e 1930. 
Festas que ocorriam nas ruas e nos clubes da cidade. Em seu trabalho o autor traça um 
perfil dos sujeitos que praticavam os festejos carnavalescos na cidade e destaca o centro 
de Fortaleza, na década de 1920, como um dos principais locais de festejo:

"A Praça do Ferreira, durante os dias de carnaval, era o ponto de concentração dos mais diferentes foliões. Essa praça, nas horas dedicadas a Momo, constituía-se em um espaço onde os brincantes iam para ver e para ser vistos. Ao atentar para esse logradouro, enxergam-se os diferentes carnavais presentes nos diferentes espaços da cidade e, também, as interações que ocorriam na praça entre os mais diferentes sujeitos."(BARBOSA, 2011, p. 46)

Concentração na Praça do Ferreira, todos esperando o Corso carnavalesco.

Durante o todo o século XX ocorrem diversas modificações e transformações nos modos de se brincar o carnaval de Rua em Fortaleza. No período analisado pelo pesquisador Carlos Henrique (A decadência de Momo ou outros carnavais?), e ainda em algumas décadas depois, o período momino,  era festejado nas ruas e praças do centro da cidade. Nesse momento trabalhado pelo autor, já se percebe a presença de uma população menos favorecida no carnaval, o que foi se intensificando durante os as décadas seguintes.
Além do patrimônio material, as ruas são constituídas por um conjunto patrimonial imaterial que com suas passeatas, feiras, festas e carnavais formam  a identidade de uma cidade. E é através do estudo dessas festas que se pode entender o patrimônio cultural como um espaço de memória. Dessa forma é necessária atenção aos modos de diversão coletiva e como os fortalezenses  buscam novas formas de lazer e sociabilidade, organizando assim  o seu carnaval. É necessária também atenção às modificações ocorridas nos locais dos desfiles organizados pela Prefeitura Municipal
Ao fim dos anos 60 o carnaval organizado pela prefeitura estava sendo realizados quase 
todos os anos na Avenida Duque de Caxias, no centro da cidade. 

Praça do Ferreira em 2010: o "Concentra mais não sai" é um dos mais tradicionais blocos de Fortaleza - Arquivo Diário do Nordeste

O carnaval era vivenciado no centro da cidade. O itinerário que os Blocos, Escolas de Samba, Ranchos e Maracatus faziam, tendo a Praça do Ferreira como o seu ponto de saída e de chegada, mostram o centro povoado com os festejos. Essa forma do desfile, com o corso alternando o seu percurso entre ruas largas, ruas estreitas e praças nos dão uma impressão de uma proximidade maior da população, permitindo uma maior interação e contato com as agremiações que desfilavam. 

Folia em frente a Coluna da Hora - 2011
Arquivo Diário do Nordeste

Atentamos agora para um novo momento, principalmente o início da década de 1970, em que o espaço do carnaval fortalezense vem sendo experimentado por diversos sujeitos. Os brincantes dos folguedos fazem parte dos mais diversos extratos sociais, que mesmo sem serem bem vistos ocupavam os espaços, buscando o seu lugar no meio das brincadeiras do carnaval. Em algumas oportunidades os jornais mostravam preocupação com as mudanças e como os foliões iriam ter acesso aos festejos. Como em 1975, quando a Tribuna do Ceará traz o seguinte texto:
"Mais longínqua ainda a época em que as vias públicas eram ornamentadas a capricho..., a Praça do Ferreira era o coração da folia, qual sempre foi o da cidade.  Sem nos atermos a maiores indagações, poderíamos lembrar, inclusive, que o afastamento dos locais dos desfiles, que dantes eram nas ruas centrais, cooperou efetivamente para amortecer o ímpeto de muita gente. 
Dificilmente um habitante de Antônio Bezerra, por exemplo, se entusiasma com a perspectiva de atravessar a cidade lado a lado para ir brincar hoje, na Aguanambi
Dir-se-á que o fato não é relevante. Entretanto não deixa de ter sua importância. Mesmo nestes tempos difíceis, uma coisa é alguém ir assistir a um corso na Senador Pompeu ou na Duque de Caxias e outra é deslocar-se para pontos distantes, obrigado a tomar mais de um ônibus numa cidade precariamente servida como a nossa." (Coluna Coisas do Carnaval, publicada em 12 de fevereiro de 1975).

O Bloco Matou a Pau...ta! é formado por jornalistas cearenses - 2011
Arquivo Diário do Nordeste

Em 1976, tem destaque nos jornais a proibição do Presidente da Federação dos Blocos quanto a saída nas ruas da Charanga do Gumercindo(Notícia publicada em 13 de fevereiro de 1976. De acordo com o jornal essa charanga saía há mais de 10 anos no carnaval de Fortaleza, e tinha por característica não possuir filiação com nenhum bloco, escola de samba ou maracatu)Segundo o jornal o Presidente alegou que “os componentes da charanga costumavam brigar com os demais componentes de blocos carnavalescos, além de criarem confusões com foliões dos chamados bloco dos sujos”

Na foto, a Charanga do Gumercindo fazendo festa no PV. Na foto, integrantes com instrumentos musicais. Bem ao centro, de chapéu e bigode, Gumercindo Gondim recebe o abraço do sorridente Jaime. (Acervo de Elcias Ferreira).

A retirada dessa “Charanga do Gumercindo” dos desfiles, mostra a forma como eram as disputas em  torno dos locais de desfile. Esse espaço destinado às Escolas de Samba, Maracatus, Cordões e Ranchos recebia também os sujos, que não estavam ligados a nenhuma agremiação. Para as autoridades o papel da população era somente o de assistir aos desfiles. A Charanga transitava nesse espaço destinado ao desfile, também sem estar ligada a nenhuma agremiação, convidando a população para a avenida.  Para Silva (2008, p. 29) “a incorporação dos segmentos populares implicou para as elites pensar esses campos culturais, a partir de uma única dimensão”. O modo pensado pelas elites era o de submeter os folguedos populares aos seus valores, buscando a aceitação de um modelo único de carnaval. Para Silva (2008, p. 30) esse processo ocorre em cidades como São Paulo, se completando na década de 1960.

Festa comumente alçada a símbolo nacional, o carnaval desperta as mais variadas lembranças e sentimentos. As memórias sobre a festa carnavalesca são tão múltiplas quanto as suas formas de ser festejada. O Carnaval Brasileiro está longe de ter uma unidade em sua forma e concepção. Nas diversas regiões, estados ou cidades brasileiras encontramos diferentes formas de se festejar o período momino. Assim encontramos nos festejos os mais diversos espectadores, brincantes, foliões e trabalhadores. Atualmente, para muitos moradores a cidade de Fortaleza o que caracteriza o Carnaval são os desfiles de maracatus na Avenida Domingos Olímpio, fazendo parecer que na cidade não há carnaval de rua. 

Maracatu Az de Ouro em desfile de 1950 - Arquivo Nirez

Outro discurso corrente é que o carnaval, em nosso estado, acontece somente nas cidades do interior, principalmente nas praias. Identificamos também a ideia de que Fortaleza, no carnaval, é um ótimo local para o descanso, atraindo assim pessoas que não gostam de muita folia.

O carnaval passa por momentos de nascimentos e renascimentos. Em alguns momentos ele parece mais forte e em outros parece nem existir. O que determina essa ideia que se tem sobre os festejos são as batalhas pela memória que se travam na sociedade. A manipulação desse processo de lembrar e esquecer, será determinante na luta pelo poder sobre a festa.(FERREIRA, 2005, pág 298).

Bloco Zombando da Lua - Arquivo Nirez

Assim, é pertinente interpretar o que significava para os brincantes do carnaval estar participando dessa festa no século XX. Estamos em contato com uma Fortaleza que está se modernizando,  e o centro, aos poucos, vai deixando de ser seu principal local de moradia. O carnaval precisa ser entendido como espaço de lazer e como uma prática de sociabilidade dessa população. Sujeitos que tinham no período momino também uma forma de se mostrar nas ruas e buscar nesses locais sua forma de festejar, articulando temporalidades e espacialidades. Buscando assim o seu lugar no carnaval e na cidade que se modifica. 

*O trecho foi retirado de uma entrevista cedida à Rádio Universitária FM, feita no ano de 1982, para o Programa Coisas Nossas. Nela, Luiz Assunção fala, além de outros assuntos, de suas impressões sobre o carnaval de Fortaleza daquele ano (1982). Luiz Assunção, além de trabalhar em Rádios da Cidade, como a Ceará Rádio Clube, foi compositor de vários sambas, marchas, valsas e baiões. Além disso, tem um papel importante no Carnaval Cearense. Foi componente da Escola de Samba Lauro Maia, que desfilava nos carnavais da Cidade. Em 1945 emprestou o seu nome para a Escola de Samba Lauro Maia, que nesse ano passa a se chamar Luiz Assunção. Com essa denominação a Escola de Samba veio a ser campeã do Carnaval nos anos de 1946 a 1949.




**Blocos de pré-carnaval ainda conseguem levar grande público à Praça do Ferreira, por exemplo o Concentra Mas não sai” que consegue um público de vinte mil pessoas.






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O Carnaval no centro da cidade: Mudanças e Permanências no local da festa em Fortaleza.
Tiago Cavalcante Porto

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Náutico e o Carnaval da Saudade - 46 Anos


O Carnaval da Saudade é o grande presente do Náutico Atlético Cearense ao folião alencarino e todos que visitam Fortaleza no Reinado de Momo*. É a alegria maior da cidade. A folia saudável. O (re) encontro de gerações. A segurança garantida e a animação da inconfundível orquestra carnavalesca “Brasas 6”.

Sucesso absoluto do IV Baile da Saudade - Arquivo Ivan Gondim

IV Baile da Saudade - Arquivo Ivan Gondim

"Idealizado por mim com a valiosa colaboração do companheiro de Diretoria Hariberto Xavier Onofre, o Carnaval da Saudade foi realizado pela primeira vez em 17 de fevereiro de 1968. Grande sucesso que, no decorrer dos anos, ganhou a aceitação da sociedade cearense, embora seja uma primazia da família “alviverde”.

Uma festa realmente surpreendente, sob todos os aspectos, considerando-se o grande número de sócios participantes, a preservação cultural do cancioneiro popular, a beleza da decoração e, finalmente, o desempenho da orquestra executando um roteiro musical de grande animação, contagiando todas as idades.

... Sinto-me feliz e realizado, certo de que nossa ideia e o nosso trabalho dedicados desinteressadamente ao Náutico... desde a saudosa Praia Formosa, não foi em vão, continua válido e prosperando."

Palavras de Helano Studart Montenegro – Criador do Carnaval da Saudade

I Carnaval da Saudade - 1968

"Quando o nosso querido e ilustre sócio, Helano Studart Montenegro, idealizou, planejou e juntamente com a diretoria de 1968 realizaram em 17 de fevereiro o primeiro Carnaval da Saudade, a grandiosidade do evento foi definido pelo próprio idealizador, como: “Uma festa realmente surpreendente, sob todos os aspectos, considerando-se o grande número de sócios participantes, a preservação cultural do cancioneiro popular”... Acrescento que a aprovação e participação dos eventos subsequentes extrapolaram aos nautiquinos contaminando a sociedade cearense e inclusive com a participação de foliões de outros estados"  João Otávio Lobo Neto

Em 17 de fevereiro de 1968, sábado magro, acontece o I Carnaval da Saudade, no Náutico Atlético Cearense, com o tema "De Zé Pereira a Zé Keti", com roteiro musical elaborado pelo pesquisador Christiano Câmara.

É hora de juntar a turma, combinar a fantasia, separar o confete e serpetina, fazer um bloco e se preparar para a diversão que toma conta dos salões do Náutico Atlético Cearense. Com a ideia de preservar os antigos carnavais, o clube realiza hoje o seu tradicional Carnaval da Saudade.

II Carnaval da Saudade - 1969
Arquivo João Otávio Lobo Neto

Capa do roteiro de músicas - Arquivo João Otávio Lobo Neto

“É uma festa animada, com amigos fazendo blocos, levando estandartes, num clima de brincadeira saudável e familiar”, garante Joaquim Guedes Neto.

O Carnaval da Saudade, que já faz parte da história da cidade, teve sua primeira edição em 1968, conquistou a sociedade cearense, que passou a se reunir no Náutico para uma espécie de Abertura Oficial do Carnaval a cada ano. 

Capa do livreto do III Carnaval da Saudade: Nirez
Arquivo João Otávio Lobo Neto

Carnaval da Saudade de 1970 - Arquivo João Otávio Lobo Neto

Cheio de tradição e história, o Carnaval da Saudade vem mantendo a proposta de relembrar o som e o clima dos antigos carnavais. Por isso o repertório é formado por marchinhas, frevo, samba, marcha-rancho e outros ritmos que marcaram os salões. 

Capa do roteiro de músicas do IV Carnaval da Saudade - 1971
Arquivo Diário do Nordeste

E quando se fala em tradição, é tradição mesmo. Ideias que foram dando certo ao longo dos anos, foram virando marcas registradas da festa. Uma das mais conhecidas é um livrinho que é distribuído a todos os foliões contendo a ordem e as letras de todas as canções que vão ser tocadas na noite.

Arquivo Diário do Nordeste

Arquivo Diário do Nordeste

Alguns desses livrinhos. Carnaval da saudade de 1976-1979
 Arquivo João Otávio Lobo Neto

"Sempre tem um bebo pedindo pra tocar alguma música. Com o livrinho, ele já sabe quando vai tocar a que ele quer”, explica Ary Araripe (ex-presidente do clube)
Outra marca é que a banda começa com o Zé Pereira (considerada uma das primeiras canções carnavalescas do Brasil) e encerra com Está Chegando a Hora (Rubens Campos).

Animado Carnaval da saudade do Náutico - Arquivo João Otávio Lobo Neto

O maestro Zé Maria, da Orquestra Brasas Seis, é músico autodidata e lapidou seu conhecimento no curso de Música da Universidade Estadual do Ceará, o tecladista de 70 anos está há 13 no Baile da Saudade e não pensa em largar sua banda. “Cansa, mas nós... já estamos acostumados. Nosso descanso é na hora das músicas mais lentas”.

Brasas Seis - acervo Keit Luna

Cansaço, inclusive, é uma palavra que também não faz parte do dicionário dos foliões do Náutico. O advogado Adriano Garcia, por exemplo, tem 80 anos e frequenta a festa desde sua primeira edição. “A animação é a mesma nesses anos todos. Hoje, vou com meus filhos netos e bisnetos”. Ele ainda conta que, antigamente, fazia parte da brincadeira deixar o baile já de manhã cedo para ir tomar banho de mar com fantasia e tudo. Embora essa parte não tenha resistido ao tempo e às mudanças da Beira Mar, hoje ele espera o dia amanhecer para aproveitar a carneirada oferecida pelo Náutico para os brincantes mais resistentes.

Carnaval da Saudade de 2005

"A marcha Zé Pereira de 1870, apresentada pelo sapateiro português da Rua São José ao também ruidoso número francês do antigo Alcazar, Francisco Correia Vasques arranjou uma cena cômica que intitulou de Zé Pereira Carnavalesco e montou-a então pela Companhia Jacinto Heller. Era um pequeno ato com a pretensão única de comicidade, sem qualquer outro destaque que não o de apresentar a melodia excitante para a qual o cômico brasileiro escrevera uns versos que, no ano seguinte com a designação de "poesia" seria incluída com o titulo de Viva o Zé Pereira na coletânea Lira de Apolo, como consta da publicação da Biblioteca Nacional - Rio Musical - crônica de uma cidade (1965)" João Otávio Lobo Neto

XL Carnaval da saudade - 2007
Acervo Clóvis Acário Maciel

O Carnaval da Saudade, foi o legado mais importante que restou dos grandiosos bailes que aconteciam no clube antigamente. A tradicional Festa das Crianças, que possui mais de 50 anos, também é oriunda dos primeiros bailes carnavalescos. 

Em 12 de fevereiro de 1977, na festa Carnaval da Saudade, o Rei Momo Francisco José Torres de Sá e Benevides (Titico I e Único) é coroado juntamente com a Rainha do Carnaval de 1977, Heloísa Helena, recebendo das mãos do prefeito em exercício Manuel Sandoval Fernandes Bastos (Sandoval Bastos), a chave da Cidade.

No Carnaval da Saudade de 14 de fevereiro de 2004, são coroados o Rei Momo e a Rainha do Carnaval para 2004, Renato Fagundes Diógens Viana e Amanda Lopes Veloso.

XLI Carnaval da Saudade - 2008
Arquivo Diário do Nordeste

Chegando à sua 46ª edição, o Carnaval da Saudade do Náutico é um dos eventos mais tradicionais do Carnaval de Fortaleza. Com eleição de Rei Momo e Rainha do Carnaval e o repertório tradicional dos grandes bailes, a festa atrai pessoas de todas as idades, sempre no sábado magro, ou seja, um dia antes do Carnaval.

Luizianne Lins curtindo o carnaval da saudade do Náutico - João Otávio Lobo Neto

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A festa foi idealizada em 1968 pelo sócio do Clube, Helano Studart Montenegro, que junto à diretoria realizou em 17 de fevereiro, o primeiro carnaval.

Apaixonado por carnaval desde a infância, Helano Montenegro, na década de 1960 já sentia falta de antigos carnavais. Até que sugeriu ao então presidente do clube, Ary Araripe, que promovesse um carnaval da saudade. "A festa cresceu ano a ano, deixando a casa sempre lotada. É a expressão mais significativa de que o nosso trabalho continua sendo reconhecido", destaca Araripe.

Carnaval do Náutico na década de 50. Nessa época, ainda não existia o Carnaval da Saudade. Arquivo Blanchard Girão

Os dois fazem questão de destacar o papel do colecionador e historiador Cristiano Câmara nessa história de sucesso. Por vários anos, era ele quem escolhia o repertório e o repassava para as bandas. "Cristiano tinha um acervo muito rico", lembra Montenegro, que também idealizou o primeiro folheto, com as letras de músicas, outra marca registrada do evento.

“O Carnaval da Saudade iniciou com a finalidade de preservar os antigos carnavais, e até hoje só tocamos músicas antigas, marchas ranchos, samba enredo, As Pastorinhas, Mamãe eu quero. Nós estamos no ápice do nosso carnaval." 
A festa comporta cerca de 5.000 pessoas e contempla dois setores (um mais perto do palco) Setor A e o outro um pouco mais longe, Setor B.
A maioria dos foliões usa fantasias, faz blocos, cria as próprias roupas. “Eles se preparam mesmo para a festa". 
São cerca de 800 mesas espalhadas pelo grande salão e a orquestra Brasa Seis animando à noite. Cada mesa recebe um livreto com as canções que vão embalar o Carnaval da Saudade. “É uma festa belíssima em que toda a sociedade cearense se encontra. E assim, há anos que não temos confusão nem briga, as pessoas vão com espírito de carnaval mesmo. Tem jovens de 25 até senhores de 90 anos. Os mais antigos vão para reviver antigos carnavais, os mais novos vão para conhecer o carnaval antigo”, garante Joaquim Guedes Neto.

Carnaval da Saudade - João Otávio Lobo Neto 

Carnaval da Saudade - João Otávio Lobo Neto

*Antes o Rei Momo e os Cronistas Carnavalescos apresentavam-se nos clubes e no Corso acompanhados de casais fantasiados de “Romeu e Julieta”, “Sansão e Dalila”, “Tristão e Isolda”, variando a cada ano.

O primeiro Rei Momo de Fortaleza, Ponce de Leon, e a primeira crônica carnavalesca. Publicada no jornal Tribuna do Ceará, de 19/01/1978. Acervo Fernando Antº Lima Cruz

Remota a década de 40 a indicação do Rei Momo do Carnaval do Ceará: Ponce de Leon, que foi deposto por haver sido flagrado comprando pão, em pleno Carnaval, na Padaria Palmeira, ato difamante para um Monarca da Folia... Foi substituído por Luizão I e Único (Maguari). Dispensava corneta real, e apresentava-se no Corso e clubes com o jargão: “Eu cheguei, cachorrão!” Célebre, ganhou concurso de “Melhor Rei Momo do Brasil”, no Rio de Janeiro.

Côrte do Rei Momo Luizão - Arquivo Nirez

Vários monarcas foram oriundos do rádio ou jornal: Cirão I e Único (Ciro Saraiva – Correio do Ceará; Fernando Mendes (O estado); Irapuan Lima (Rádio Iracema); Jadir Jucá (Rádio Dragão do Mar - por sinal casou com a Rainha, a modelo Lucráia Garcia); Bezerrão (“Rádio Dragão do Mar”). Este foi deposto em Sobral, por não esperar pela Rainha, trocá-la por uma “mulher de cabaré” e com ela ingressar na festa do tradicional Derbi Clube Sobralense. Um escândalo para a sociedade. Foi substituído na Segunda-Feira Gorda por Catunda Pinho (Catundão I e Único - Rádio Verdes Mares). Jurandir Mitoso (PRE – 9), magérrimo, foi Príncipe Regente por falta de um “rei gordo”...
Também foram reis: Marcelo (Clube de Regatas Barra do Ceará), Paulão I e Único (filho do deputado Paulo BenevidesPresidente da Assembléia Legislativa); Javeh (alfaiate da sociedade). Uns ficaram tão populares que se elegeram vereador à Câmara Municipal de Fortaleza: Narcílio Andrade e Martins Nogueira.
De tudo isto, o mais importante é que ainda hoje permanece a magia dos Monarcas da Folia, e o Náutico, com o Carnaval da Saudade, faz parte desta história!


Fontes: O Povo, O Estado do Ceará, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e Diário do Nordeste

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