Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Alfredo Salgado
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Perseverança e Porvir - Movimento Abolicionista na Província do Ceará



"O sentimento de ser a última
nação de escravos humilhava
nossa altivez e emulação de país novo".
Joaquim Nabuco

25 de Março de 1884: quatro anos antes da Lei Áurea, a Província do Ceará abolia a escravidão em seu território, sendo imitada, a 10 de Julho, pelo Amazonas. O país seguiria esse exemplo.


Na Província do Ceará a partir de 1850 as ideologias escravistas começaram a ser
contestadas por um maior números de pessoas, dentre elas alguns parlamentares e
abolicionistas. As idéias abolicionistas começam a florescer nos centros urbanos, difundidas
por indivíduos pertencentes a camada média da sociedade: pequenos e médios comerciantes,
advogados, funcionários públicos, professores, enfim, a elite letrada. A modernização ajudou ao desenvolvimento das idéias abolicionistas. Com o progresso dos meios de comunicação –
telégrafo, estradas de ferro, navios a vapor e periódicos ficou mais fácil trocar informações, estimulando a formação da opinião pública.


As idéias abolicionistas ecoaram em todo o Império. A província do Ceará foi a primeira a libertar seus escravos, através da lei provincial, 25 de março de 1884, promulgada por Sátiro Dias, presidente da província na época. Importante papel tiveram as sociedade libertadoras e os abolicionistas na libertação dessa província.

O processo emancipacionista no Ceará, inicia-se de fato, na Segunda metade do século XIX, com uma série de propostas e medidas de parlamentares que visavam o fim gradual da escravidão e sem conflitos. A primeira proposta de emancipação dos cativos na província do Ceará vem com o projeto do deputado provincial Pedro Pereira da Silva Guimarães, que tentou por três vezes consecutivas ver suas propostas aceitas na câmara mas não conseguiu; Posteriormente em 28 de dezembro de 1868, é sancionada a resolução n.º 1.254 pelo presidente da província, Diogo Velho de Cavalcante Albuquerque que autorizava o executivo a custear a alforria de cem escravos nascituros.
A resolução alcançou mais do que pretendia, chegando a alforriar, ao todo, 112 escravos. Segundo Raimundo Girão tal medida contribuiu para o envolvimento de sociedades e associações diversas no envolvimento da causa abolicionista; Surgindo em 25 de maio de 1870 a primeira sociedade libertadora na província do Ceará – a de Baturité e, posteriormente, em 25 de junho do mesmo ano, a de Sobral, denominada Sociedade Libertadora Sobralense. Ambas Compostas, na sua grande maioria, por indivíduos pertencentes aos setores médio e alto da sociedade Cearense . Em 1879 surge a Sociedade Perseverança e Porvir, fundada por 10 sócios, que tinham como principal objetivo “tratar de negócios econômicos e comercias em proveito de seus fundadores, propunha-se, também, a alforriar escravos... ". Essa sociedade foi a progenitora da Sociedade Cearense Libertadora ( S.C.L), fundada um ano depois.

A diretoria provisória da S.C.L foi indicada pelo presidente da Perseverança, José Correia do Amaral, juntamente com os demais sócios diretores. Dos dez indivíduos que compunham a diretoria da Perseverança e Porvir, apenas um se fez presente , enquanto sócio diretor da Libertadora Cearense, José Correia do Amaral, ocupando o cargo de Vice-presidente.

Os sócios diretores da Perseverança e Porvir como os demais das libertadoras citadas, possuíam “ ... prestígio na cidade. Eram numerosas as pessoas de destaque que compareciam as suas reuniões festivas de natureza extraordinária, geralmente nos seus aniversários de fundação. "

Arquivo de Carlos Alberto Salgado

Seus primeiros sócios fundadores e diretores, foram homens ilustres.
Presidente: José Correia do Amaral, cearense, filho de portugueses. O pai era dono de uma casa de ferragens, a primeira do ramo a se instalar em Fortaleza.
Vice-presidente: José Teodorico de Castro, também cearense e comerciante.
Tesoureiro: Joaquim José de Oliveira Filho, livreiro e sócio do pai na Livraria Oliveira.
Secretário: Alfredo Salgado, formado em comércio na Inglaterra, era também intérprete junto ao comércio, cabendo-lhe os negócios realizados nos idiomas inglês, francês e alemão.
Os diretores da Sociedade: Antônio Cruz, comerciante, dono de uma casa de negócios e Barros da Silva, dono de uma casa comercial chamada "Bolsa do Comércio", ambas localizadas em Fortaleza.

Os líderes da causa negra - Arquivo Carlos Alberto Salgado

A princípio a Sociedade não tinha sede própria. Realizava as reuniões em muitos lugares. Somente à partir de 1880, passou a funcionar definitivamente no "Castelo da Rocha Negra", residência de José Correia do Amaral. A Associação era mantida através de contribuição espontânea de seus sócios, como também com uma determinada quantia vinda de cada transação comercial realizada pela Sociedade. Os diretores da Perseverança e Porvir foram responsáveis pelo planejamento e crianção da Sociedade Cearense Libertadora, instalada e inaugurada no dia 08 de Dezembro de 1880 no salão de honras da Assembléia Legislativa da Província.

Fundadores da Sociedade - Arquivo Carlos Alberto Salgado

Nesse dia foram alforriados alguns escravos. Três adultos e três crianças. Maria Correia do Amaral, mãe do presidente da Perseverança e Porvir, alforriou seu escravo Ricardo. O tenente Filipe de Araújo Sampaio, libertou sua escrava Joana. E os membros diretores da Perseverança e Porvir, deram as cartas de liberdade de Filomena com três filhos. Um dos sócios, Antônio Dias Martins, narrou os acontecimentos daquele dia:

"O resultado não poderia ser mais compensador, nem mais auspicioso para nós e para vós - a libertação de três adultos, sendo uma mãe com três filhos, uma mulher e um homem e, mais que tudo, a inscrição de 225 sócios. Se os nossos pequenos esforços produziram tão imenso resultado, vós que encetais a vida da Sociedade Cearense Libertadora, tão cheia de adesões sinceras, tão rica de esperanças e tão santa aspirações, com o vosso elevado conceito e dedicação de patriotas provados e cearenses distintos que sois e que estremeceis o querido torrão natal, vós, como dizíamos, tereis muito maior colheita nesta seara luxuriante que enriquece de patriotismo o coração do generoso e nobre povo cearense."

Um dos sócios da Perseverança, o senhor Antônio Bezerra, por ocasião da fundação da Sociedade Libertadora, declamou:

Moços! Uma grande ideia
Vos anima os corações,
O mais belo dos padrões!
Sim, que vos sobra energia
E tendes n'alma a magia
Que gera as revoluções;
Se a turba não vos entende
Dos moços é que depende
O destino das nações.

Avante, pois, que este século
É o século de grande ação,
Repugna à luz do progresso
A ideia da escravidão;
Bem firmes do vosso posto.

A Pátria de tantas glórias
Que viu-nos livre nascer,
Embora lh'embarque a marcha
Não pode escravos conter;
É tempo que a liberdade
Aos brados da mocidade
Erga os brios da nação,
Que igualados aos direitos
Batidos os preconceitos,
Seja o escravo um cidadão.

Terminada a sessão, os sócios da Sociedade Perseverança e Porvir escolheram a diretoria que iria compor a recém criada Sociedade Libertadora. João Cordeiro ficou como presidente; José Correia do Amaral como vice-presidente; Frederico Borges, 1º secretário; Antônio Bezerra de Menezes, 2º secretário; Advogados: Manuel Portugal e Justino Francisco Xavier; João Crisóstomo da Silva Jataí, tesoureiro; e como procuradores: José Caetano, João Carlos Jataí, João Batista Perdigão e Eugênio Marçal.

Esses indivíduos não eram originários das camadas mais pobres da população cearense, mas também não eram totalmente oriundos e porta vozes exclusivos dos interesses das classes dominantes. Por outro lado, é certo que sua composição social os situaria enquanto membros das camadas mais altas da sociedade. Sua atuação não pode ser explicada exclusivamente em termos de defesa de interesse de classes. Apesar de possuírem estreitos laços de parentescos, que os atavam à famílias proprietárias de terras, sua atuação se dava no contexto urbano. Logo entendemos que esses indivíduos em grande parte eram intelectuais que procuravam legitimar e respaldar cientificamente suas ações e posições em determinadas instituições do saber, como Academia Francesa, Academia Cearense de Letras e posteriormente Instituto Histórico Cearense.

Os membros das Libertadoras Cearenses, especificamente, Sociedade Cearense e Perseverança e Porvir, pertenciam ao meio urbano, faziam parte da elite letrada cujo Pressuposto supunha o engajamento nos ideais europeus.
Para esses abolicionistas, o fim da escravidão levaria o país ao desenvolvimento social, político e econômico.

Segundo Pedro Alberto de Oliveira A Perseverança e Porvir surgiu e desapareceu modesta. Seus associados tinham mais boa vontade do que dinheiro e poder. Não resta dúvida que tinham como principal objetivo auferir rendimentos monetários para seus associados, criada que foi em plena seca de 1877-1879, entretanto, desde seu início, ficou definido, como outra finalidade sua, a libertação de escravos...”. Contudo, mais adiante, no parágrafo seguinte, afirma “ Ao completar um ano de existência, já estava demonstrada a estabilidade e vigor da Perseverança e Porvir. O fim da seca vinha trazendo a província condições propícias ao retorno de suas atividades normais, o que trouxe benefícios aquela cooperativa. "

No dia da solenidade oferecida em homenagem à instalação da Libertadora Cearense, muitas pessoas de outras associações compareceram ao evento: indivíduos pertencentes à Sociedade Cavalheiros do Prazer, membros da Associação Democracia e Extermínio, Gabinete Cearense de Leitura, Sociedade Artística Beneficente Conservadora e aqueles pertencentes à Beneficente Portuguesa 2 de Fevereiro. Nesta ocasião grande parte dos que discursaram enfatizaram temas como progresso e civilização.
O público era bem distinto: bacharéis, intelectuais, estudantes, párocos, médicos, militares e algumas autoridade.

Diversas pessoas contribuíram com o que podiam, o ilustre Dr Picaço ofereceu em adesão à causa da emancipação o produto de benefício da récita da opereta Madame Angot na Munguba, de que é autor, e lhe foi oferecido pelo empresário do Teatro São José e cujo produto deverá ser aplicado à libertação de um escravo.
O francês Pedro Hipólito Girard, dono de um quiosque localizado no Passeio Público, ofereceu o produto da venda de uma noite à causa da liberdade:

"A diretoria da sociedade Cearense Libertadora, de acordo com a da Perseverança e Porvir, resolveu em sessão de 22 de dezembro para findo promover um bazar expositor de prendas para juntar no Passeio Público ao benefício offerecido pelo Sr. P. Hypolito Girard; sendo, de entre os sócios presentes à sessão, nomeada uma comissão composta dos Senhores Antônio Bezerra de Menezes, José Correa do Amaral, José Barros da Silva, José Theodorico de Castro."

A Loja Maçônica Fraternidade Cearense ofereceu 50$000 réis, o cônsul alemão César de La Camp ofereceu 20$000 réis. O periódico Libertador noticiou:

"Às seis horas da tarde do dia 31 de dezembro estava armada no centro do Passeio Público uma barraca[...] onde se achavam exposta todas as prendas colhidas.
Esta profusão de objetos dava uma vista esplendida pela projecção de bello effeito produzido pela iluminaçõe, apresentado cambiantes belissimas.
A illuminação principal foi devida ao illustre engenheiro M. Seddon Morgan, a quem daqui tributamos os nossos cordiaes agradecimentos.
[...]discursos, brindes e hurrahs foram proferidos inspirados na mais ardente idea- a liberdade, na mais perfeita cordialidade - a família, no mais excelso sentimento- o enthusiasmo.
Terminou-se as duas horas da manha(...)
No dia 1 e 2 continuou sempre animado e concorrido o leilão; não sendo possível, porém, concluir a venda de todos os objectos, adiou-se ainda para o dia 5 à noite.
No dia 5 as 5 horas da tarde começou o leilão das últimas prendas, terminando animado, as 9 da manhã..."

A diretoria da Sociedade Cearense Libertadora utilizou a atividade da imprensa enquanto instrumento de divulgação de seus anseios e ideais políticos, sociais e econômicos. Os meios de comunicação foram para esses indivíduos o principal instrumento de transmissão de seus ideais, possibilitando-lhes formar uma opinião pública conivente com seus interesses.

Em 28 de setembro de 1881 foi editado um número especial do O Libertador em comemoração ao aniversário da Perseverança e Porvir, outro no dia 08 de dezembro em comemoração à fundação da Sociedade Cearense Libertadora e mais um em comemoração ao aniversário da Sociedade Libertadora Cearense que fazia um ano de existência.

Até a década de 80 o movimento abolicionista na Província do Ceará sempre foi prudente. A cautela sempre se revelou nas táticas de luta, os abolicionistas sempre procuraram agir dentro da legalidade.

Estava marcado para o dia 27 de Janeiro de 1881 o embarque dos escravos no vapor Espírito Santo com destino ao Rio de Janeiro. Pedro Arthur juntamente com José do Amaral entraram em contato com o liberto José Luís Napoleão, chefe de capatazia no porto e pediram seu auxílio na intervenção do transporte dos escravos para o vapor.
No dia 26, Antônio Bezerra, Isac do Amaral e João Carlos Jataí saíram à noite com a função de aliciarem pessoas para acharem-se na Praia na hora do embarque dos cativos. Se devido algum imprevisto a greve dos jangadeiros não vingassem, essas pessoas causariam tumulto e os escravos fugiriam.
Raimundo Girão afirma que mais de mil e quinhentas pessoas estavam na praia e clamavam:

"No porto do Ceará não se embarca mais escravos!"

Porto antigo de Fortaleza - Arquivo IBGE

Os traficantes buscaram auxílio junto à polícia para tentarem embarcar a "mercadoria", mas de nada adiantou. Diz Girão:

"Apenas, muito cedo, haviam embarcado nove peças, porém dessas os libertadores, por meio legais, retiraram alguma, entre elas, do vapor Pará uma infeliz mãe 'seminua e quase morta de fome', com quatro filhas, despachadas do Maranhão para o Rio de Janeiro - todos desembarcados 'debaixo da bandeira brasileira, ao som da música e ao ribomar de foguetes".

Dragão do Mar

E mais uma vez, no dia 30, os jangadeiros se recusaram a embarcar 38 escravos no vapor Espírito Santo com destino às províncias do Sul do império. O poeta anônimo escreveu:

O nobre jangadeiro Nascimento
Que o povo batizou pelo Dragão,
Na praia foi o nosso salvamento,
Jamais se despertou um só irmão.
Era belo de ver, foi um portento.
Tinha o povo da praia pela mão,
Trancou com chave d'ouro o nosso porto,
De muito desgraçado foi conforto.

Em outro momento, Jataí, Bezerra e Isac ao saber que haviam escravos depositados num determinado estabelecimento, arquitetaram um plano, que seria tocar fogo numa casa ao lado do depósito para chamar a atenção das autoridades e com a distração dos policiais derem fuga aos escravos. Assim, "pela madrugada o incêndio começou. E, ao repicar dos sinos da e da igreja da Prainha, e ainda ao som das cornetas da polícia, o povo se aglomerou em torno. Arrombadas as portas, verificou-se, com maior decepção dos traficantes, constantemente apupados, que a mercadoria havia fugido".

A campanha abolicionista desencadeada na Província do Ceará pelas libertadoras cearenses, principalmente a Sociedade Libertadora Cearense e a Perseverança e Porvir foi um movimento que teve suas especificidades, onde grande parte dos indivíduos pertencentes a essas sociedades possuía a mesma convicção política, mas apresentava posturas e comportamentos bem distintos.

Buscou-se também demonstrar que os membros das libertadoras eram oriundos dos centros urbanos que acreditavam no fim da escravidão enquanto um meio que permitiria o desenvolvimento econômico, político e social do país.
Entendiam ainda que o estado deveria possuir o papel de intervir em questões que envolvessem o direito público.

"Mando, portanto a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se contém. O secretário de estado dos negócios da agricultura, commercio e obras publicas a faça imprimir, publicar e correr. Dada no palácio do Rio de Janeiro, aos vinte e oito de setembro de mil oitocentos e setenta e um, quinquagesimo da independencia do Imperio."

Em 28 de Setembro de 1871 foi decretada pela então regente Princesa Isabel a lei de número 2040, mais conhecida como Lei do Ventre Livre, em nome do Imperador do Brasil, D. Pedro II.

A lei do Ventre Livre permitiu ao escravo dar um grande salto frente ao direito de domínio tido pelos senhores até então, pois a legitimidade da propriedade senhorial foi colocada em xeque.

É possível considerar que a lei de 1871 permitiu aos escravos se apropriarem de alguns direitos, especialmente aqueles referentes à legalização do pecúlio, à permissão de compra de alforria e à proibição de separação das famílias.

Acta da Sessão Magna realizada pela Associação Perseverança e Porvir que celebrou a criação da Sociedade Cearense Libertadora

Aos vinte dias do mez de maio do anno civil de mil oitocentos e oitenta e oito, n'esta cidade de Fortaleza, capital da heroica província do Ceará, em um dos salões do Club Iracema, a uma hora da tarde, o cidadão José Correia do Amaral abrio a presente sessão magna.
Que esta democratica associação, progenitora dessa grande epopeia civica que opulentou a historia patria sob o nome libertadora cearense, solenemente reconhecida ao governo imperial, que fez da vontade nacional a ponte de apoio de seu governo de acção e reacção, vem prestas as suas homenagens de amor e de gratidão aos poderes constituidos que fizeram, pela vez primeira no segundo reinado, da opinião do paíz o mote de ordem para a nova evolução do progresso, da reorganização política e social do povo brazileiro.
A Perseverança e Porvir - que abrio diante da noite do seo paiz escravisado a primeira pagina da libertação do Ceará, que tomou, na fila dos mais fortes da vangarda, lugar perpetuo em todas as lutas d'esses imortais triunphadores, conquistando - posição que lhe assignala a rapida e gloriosa historia d'essa evolução humanitária, que foi começo d'essa grande reforma realisada entre flores e hymnos por honrra nossa e amor da humanidade; vem, agora, com o justo direito que lhe conferem os factos ainda palpitantes de amoção na memoria publica, em pleno dia da glória, diante da confraternização comun de todos os brazileiros, saudar a patria livre e engrandecida perante o congresso civico das nacionalidade.
E justo que aquelles liberrimos carbonarios, que começaram a lucta a evoluiram n'esta esplendida campanha, tendo por armas de combate a penna como espada, a opinião como artilharia o povo como exercito e a imprensa como campo aberto e vasto das vitorias proficuas; é justo, sim, que venham com essa assemblea fortalecida e livre congratular-se com o ponto final do triunfo completo da liberdade...

Perseverança e Porvir - Organizada para negócios economicos a sem fim comercial teve sempre em vista a repulsão do tráfico dos negros e d'essa ideia que faz cohesão natural com a data de sua constituição, veio a creação do peculio para escravos, a libertação por unidade a construção popular da Libertadora, a emacipação dos municipios, a redempção da Província, a abolição total da escravidão no Brasil.

Arquivo Carlos Alberto Salgado

Em 1888, a lei nº 3.353, conhecida por Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, regente do trono durante uma viagem de Dom Pedro II à Europa, concedia finalmente liberdade a todos os escravos.

A Princesa Isabel presente à missa - Arquivo Carlos Alberto Salgado

O povo festeja a abolição: missa campal, 17/05/1888 - Arquivo Carlos Alberto Salgado

Redação de 'O Paiz' - Arquivo Carlos Alberto Salgado


Fontes e créditos: Olhar para além das Efemérides: ser liberto no Ceará/ Caxile, Carlos Rafael Vieira, Revista Nosso Século - Abril Cultural, Carlos Alberto Salgado, Raimundo Girão, IBGE e pesquisas de internet

domingo, 5 de setembro de 2010

As três fases da Itapuca Villa e a luta em defesa dos escravos



Ao lado da casa ficava o escritório de Alfredo Salgado - Embaixo era a garagem. Arquivo de Carlos Alberto Salgado


Rico e de muito bom gosto, Alfredo Salgado desejou o melhor para construir em 1915, sua mansão, a Itapuca Villa, na Rua Guilherme Rocha. Todos os materiais vieram do exterior, inclusive as madeiras. 

Periodicamente ele viajava à Europa para contratar novos jardineiros (vide recorte ao lado de 1928).

A Itapuca Villa, era um dos orgulhos de Fortaleza.


Itapuca após reforma (*) - Arquivo Carlos Alberto Salgado
No caminho do Liceu, a imponência da Itapuca Villa, estilo de nobreza implantado numa ampla quadra ajardinada da Rua Guilherme Rocha.

A Itapuca, que o descaso administrativo municipal deixou arruinar, foi concebida nos moldes das mansões coloniais inglesas no Oriente, particularmente da Índia. Explica-se: a Itapuca era a residência de Alfredo Salgado, figura histórica do Ceará, com o nome ligado à luta abolicionista, e que fora educado na Inglaterra. Sabe-se hoje os motivos de ordem econômica que levaram o Império Britânico a pressionar o Império do Brasil a proibir o tráfico de escravos negros, estrangulando a economia açucareira e do café, inteiramente dependentes do braço servil.


Mas Alfredo Salgado era um idealista, ignorando as razões de política externa dos ingleses contra a escravatura. A luta abolicionista no Ceará tinha razões verdadeiramente humanitárias, culminando em 1884 - quatro anos antes da Lei Áurea - com a libertação dos negros cativos de nossa terra.

Pois a Itapuca, em sua beleza exótica e a exuberância de seus jardins, agasalhava esse típico "gentleman" nascido no semi-árido cearense e que gozava do respeito e da admiração dos seus conterrâneos.

No trajeto para o Liceu, de bonde, a visão da Itapuca Villa era obrigatória. Com certa frequência, tinha-se oportunidade de ver de perto o seu proprietário, vestido com a elegância de um nobre inglês, calças listradas, casaco escuro com um cravo na lapela. Já bastante idoso, mas erecto e firme, Alfredo Salgado ficava à espera do "Tramway" da Light, na parada fronteiriça à sua mansão. Respeitosamente recebido pelos estudantes, às vezes ganhava deles a deferência de uma vaga sentado quando o veículo estava superlotado. Tempos de fino trato, não obstante a costumeira algazarra da rapaziada liceísta.


O abandono e o descaso do poder público - Arquivo Carlos Alberto Salgado

A Itapuca Vila era o destaque maior na paisagem arquitetônica, mas todo o corredor constituído pela rua Guilherme Rocha até a Praça Fernandes Vieira (hoje Gustavo Barroso), avançando mais além pela Francisco Sá, apresentava um conjunto de luxuosas residências, quase todas em amplos terrenos e com dois pavimentos.

Itapuca Abandonada

A majestosidade entregue à demolição do tempo - Arquivo Carlos Alberto Salgado

A casa, toda de madeira, atualmente está em avançado estado de deterioração, as paredes rachadas e a escada que dá acesso ao pavimento superior totalmente em ruínas, com os degraus apodrecidos, tornando-se impossível chegar ao primeiro andar.

Arquivo Carlos Alberto Salgado (**)

Atualmente o térreo é ocupado por uma família humilde, que lá se instalou há mais de dez anos, não possuindo entretanto uma mínima infra-estrutura habitacional, pois, a casa não possui energia elétrica e o abastecimento de água é feito apenas por uma torneira localizada no jardim. Numa tentativa de se proteger de assaltos, todas as janelas e portas da mansão foram trancadas com tábuas e pregos, aumentando ainda mais o ar de abandono de uma residência que sem dúvida já foi uma das mais bonitas da cidade.

Ao contrário (Felizmente) da Itapuca Villa, a antiga residência de Senador Pompeu não perdeu sua imponência, sendo preservada e hoje abriga a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (***) - Arquivo Carlos Alberto Salgado


A demolição

Em dezembro de 1993, é demolida a tradicional casa construída por Alfredo Salgado, na Rua Guilherme Rocha, Itapuca Vila, de arquitetura inglesa.

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Depoimentos de Carlos Alberto Salgado Pettezzoni de Almeida:

(*)"Vivi na Itapuca com meu querido avô até os 11 anos. Lembro-me que eu, com 10 anos, meu avô me acordava para irmos à missa juntos, às 5 horas da manhã. Como eu o adorava...
Dentro de seu livro de missa, levava uma nota (dinheiro) como doação."


(**) "Esse era o quarto onde dormia."


(***) "Se não me falha a memória, meu pai a alugou antes de irmos para a casa de meu avô."

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Agradecimentos: Ao querido Carlos Alberto Salgado, neto do ilustre Alfredo Salgado, que gentilmente me cedeu todo o material necessário para essa postagens. Todos os créditos vão para ele.

sábado, 4 de setembro de 2010

Alfredo Salgado e sua residência aristocrática


Alfredo Salgado aos 85 anos - Foto de 1º de Setembro de 1940 - Arquivo Carlos Alberto Salgado

Reportagem de Marciano Lopes de 02 de Outubro de 1988
Itapuca Villa - Da Glória à decadência

Quem avança pela Rua Guilherme Rocha, no rumo da Jacarecanga, logo ao ultrapassar a Praça da Lagoinha, precisamente entre as Ruas Princesa Isabel e Thereza Christina, depara-se com uma grande mansão em estado decadente. E pela grandiosidade da construção, muita gente tem curiosidade de saber a quem pertencia aquela residência, porém, a maioria das pessoas, habituadas a passar todos os dias pelo local, já não repara no casarão, não demonstra interesse de saber quem o construiu, muito menos desde quando está desativado.

A mansão a que nos referimos é a Itapuca Villa, de Alfredo Salgado, que, ao tempo de sua construção, era o maior prédio da cidade, sendo vista de todos os ângulos da provinciana capital cearense, então carente de edifícios de maior porte.

Alfredo Salgado era uma figura notável da então sociedade de Fortaleza. Elegante no vestir e nas maneiras finas, estudou em escolas superiores da Europa e falava fluentemente o francês, o inglês e o alemão, línguas que naquela época, eram usadas tanto no trato social quanto no comercial, porquanto todas as transações de negócios eram efetuadas com a França, a Inglaterra e, principalmente, com a Alemanha.

Alfredo da Rocha Salgado, era filho do português Francisco Luiz Salgado que, aqui, chegou nos meados do século passado, montou casa comercial e casou com Virgínia da Rocha, que ficou viúva quando o seu marido contava apenas 43 anos e teve de assumir a direção da firma que mudou a razão social para Viúva Salgado, Sousa & Cia. Dando assim prosseguimento ao negócio do marido. O estabelecimento ficava situado na Rua da Boa Vista (hoje Floriano Peixoto), esquina, lado sul com a Rua da Assembléia (atualmente São Paulo), sobrado onde esteve a Fênix Caixeiral, a Casa Bordalo, mais tarde o Banco do Brasil e, transformado o Banco de Crédito Comercial, agora encampado pelo Bradesco.

Filho de Francisco Luiz e Virgínia, Alfredo nasceu no dia 1º de Setembro de 1855 e enquanto viveu foi um dos mais legítimos líderes do comércio do Ceará. De idéias avançadas e empreendedor, deu grande impulso ao mundo dos negócios de nossa terra e, aqui, instalou a primeira prensa hidráulica para o enfardamento de algodão, no Ceará.

Alfredo iniciou suas atividades trabalhando como intérprete comercial nas três línguas que dominava com perfeição, cargo para o qual foi nomeado no dia 23 de novembro de 1875. Foi guarda-livros do estabelecimento de sua genitora e, em 1878, passou a trabalhar na organização britânica popularmente conhecida como Casa Inglesa, que tinha matriz em Liverpool.
Em 1882, foi liquidada a filial local, cabendo a seus antigos empregados, Alfredo Salgado e George Holderness a liquidação da referida sucursal, sendo criada então nova razão social com o nome de Holderness e Salgado, girando mais tarde sob a razão, Rogers & Cia e, a partir de 1º de Fevereiro de 1921, com a denominação de Salgado, Filho & Cia.



De formação calçada em grandes centros europeus, Alfredo Salgado era um homem refinado. De muito bom gosto, sua educação e elegância eram motivos de comentários em todas as rodas sociais da então pequenina cidade de Fortaleza.
Sempre vestido de branco, era "elegante de porte e esmerado no trajar", como escreveu Raimundo Girão, que completou: "...cavalheiro nas atitudes, destacava-se a sua pessoa onde quer que estivesse , motivo porque o compararam , e bem, a um jequitibá frondoso e altaneiro na vegetação circundante. Assim na rua, no seu escritório, nos salões e até na intimidade de sua bela mansão - A Itapuca Villa...".

Alfredo Salgado casou-se duas vezes, sendo a primeira com Alexandrina Smith Ribeiro, filha do médico Joaquim Alves Ribeiro e Adelaide Smith de Vasconcelos, e a segunda, com Estefânia Nunes Teixeira de Melo, filha de Antônio Teixeira Nunes de Melo e Maria Firmina Nunes de Melo, neta, pelo lado paterno, do Barão de Santo Amaro - Manuel Nunes de Melo - Português, comerciante em Fortaleza.

Homem de muitas posses e muito bom gosto, fez construir em 1915, sua bela mansão - Itapuca Villa - Na então Rua Municipal (Hoje Guilherme Rocha), inspirada nas mansões da Índia. De formato quadrado, tem piso térreo e piso superior, ambos contornados por amplas varandas. Quase a totalidade dos materiais empregados na construção, foram trazidos do exterior, inclusive as madeiras nobres que, ainda hoje, não obstante o abandono do casarão, estão em perfeito estado de conservação. A propósito, as madeiras predominam na obra, sendo de madeira todas as varandas (inclusive os pisos). De soberbas proporções, a Itapuca Villa ocupava quase toda a quadra compreendida entre as ruas Municipal (Guilherme Rocha), Trincheiras (Liberato Barroso), Princesa Isabel e Thereza Christina. Nas primeiras décadas do século, eram famosos os jardins da chácara, toda contornada de altas grades de ferro com acabamento em ponta-de-lança e o suntuoso portão social simetricamente colocado na parte da Rua Municipal. Na parte da Rua Princesa Isabel, ficava a garagem das carruagens e tílburis que serviam de transporte para ele e para seus familiares, veículos que circularam pelas ruas de Fortaleza mesmo quando os automóveis já eram umas constante. Era uma maneira de dar continuidade aos costumes aristocráticos de uma época que começava a desmoronar.

Itapuca Villa, nos seus tempos de opulência, sob a vigilância do austero jardineiro europeu nos Anos 40 - Arquivo Marciano Lopes

Arquivo Carlos Alberto Salgado

Apesar de homem abastado, Alfredo Salgado, foi abolicionista dos mais ardorosos, pois sempre fez questão de integrar os movimentos que visavam as causas nobres. Junto com outros abnegados, fundou a afamada sociedade "Perseverança e Porvir", em 1879, sob cuja inspiração veio a formar-se a "Cearense Libertadora", que batalharia e levaria até o fim a luta vitoriosa da emancipação dos escravos em nossa terra.


A mansão após reforma. No pedestal no centro do jardim, repousa o famoso "Manneken Pis" que foi trazido de Bruxelas (Bélgica) por Alfredo Salgado. "Pis" quer dizer "pipi" - O referido boneco jorrava água para regar as plantas - Arquivo Carlos Alberto Salgado

Rua Guilherme Rocha nos anos 40.
Bonde em frente a Itapuca. Marcos Siebra
No dia 13 de Abril de 1947, faleceu Alfredo Salgado, que eu ainda menino , via, ao passar defronte a Itapuca. Sempre de branco, longa barba e cabelos, ele ficava sentado num banco da varanda frontal da augusta residência. E como eu sentia prazer em ver ao vivo um personagem que estava nas páginas dos livros que ensinavam a história do Ceará. Era como se eu estudasse ao vivo as mais belas lições de nossa história. Também era maravilhoso contemplar o lindíssimo jardim cuidado por jardineiros que, a cada ano, Alfredo Salgado fazia vir da Europa para cuidar dos relvados impecáveis e das flores raras que ornavam a moradia.

Entrada da Itapuca. O piso é de pedras portuguesas vindas da Europa
- Arquivo Carlos Alberto Salgado


Nos jardins da casa. Vê-se claramente o Manneken Pis (garoto a urinar) e mais adiante, o pluviômetro (*) (Trazido da Europa) - Aparelho que serve para medir a quantidade de chuvas. No fundo à esquerda, um banheiro privativo de Alfredo Salgado, com caixa d'água própria - Arquivo Carlos Alberto Salgado

Aminta Salgado - Filha de Alfredo Salgado, nos jardins da Itapuca
- Arquivo Carlos Alberto Salgado

Desde 1947, quando morreu o grande vulto da vida cearense, há portanto , 41 anos, que a Itapuca Villa se encontra fechada e decadente, pois desde então, ninguém mais residiu ali, exceto vigias contratados pelo novo proprietário. Loteada em grande parte , teve até uma rua cortando - entre as ruas Princesa Isabel e Thereza Christina - a outrora nobre moradia que, agora se encontra sufocada entre residências que nada têm a ver com suas aristocráticas linhas arquitetônicas. Abandonada, escura, mutilada, portas e janelas quebradas, o mato substituiu os outrora bem cuidados jardins que deliciavam a visão de quem transitava pelo trecho.
Itapuca como se apresenta agora - O mato encobre a casa em ruínas e o varal é uma bandeira de pobreza nas roupas da família vigilante - Arquivo Marciano Lopes

Mesmo no estado em que se encontra, se houvesse interesse, a Itapuca Villa poderia ser salva, pois é uma construção feita para resistir aos séculos. Todavia, nunca houve interesse do governo do estado ou da prefeitura de Fortaleza para proceder o tombamento daquela propriedade que conta um pouco da história cearense. Não temos a pretensão de exigir que o governo ou a prefeitura recuperem toda a área original, mas, pelo menos o espaço ocupado pela mansão e pelo o que restou do jardim. A aristocrática residência, após passar por reforma, poderia abrigar uma entidade cultural, quem sabe, até poderia sediar o conservatório de música Alberto Nepomuceno, coitado, com sua gente aflita há tanto tempo, devido às ameaças de despejo por parte da UFC, que pretende recuperar o prédio ocupado pela escola de música estadual.
Fica aqui a ideia. Salvemos enquanto é tempo a casa de Alfredo Salgado. Pois quando as picaretas começarem a destruição, aí sim, será tarde demais e não vai adiantar jornalistas fazerem reportagens e poetas fazerem poesias e políticos demagogos fazerem comícios. Pois o mal estará consumado . Como tem acontecido seguidamente, ano após ano, na sistemática destruição do nosso patrimônio arquitetônico.

Vamos salvar a Itapuca Villa enquanto ainda é possível!

É... não adiantou Marciano Lopes gritar, as picaretas não perdoaram nossa linda
e histórica Itapuca! :(

Quero destacar aqui a observação de Marciano:

"Deixamos de mostrar fotos do interior da Itapuca, pois a família que ali reside, recebeu a reportagem com estupidez e não permitiu que fossem feitas fotos da fachada, pois segundo eles, seriam punidos pelo proprietário, que proibiu qualquer acesso de jornalistas e fotógrafos. As fotos do exterior que apresentamos aqui, foram feitas à revelia."

Ou seja, só foi possível colocar todas essas fotos na postagem, devido a gentileza e delicadeza de um homem - Carlos Alberto Salgado Pettezzoni de Almeida - Neto do ilustre Alfredo Salgado.
Todos os créditos vão para ele, que gentilmente me mandou todo o material necessário para essa e outras postagens que ainda farei sobre Alfredo Salgado e sua importância para o nosso Ceará.

A demolição da Itapuca

Itapuca Villa já sofrendo com o abandono. 
A foto é do final dos anos 80, do grande Maurício Cals.

Em 1989, começa a retirada do telhado e das madeiras da tradicional casa construída por Alfredo Salgado. Na época, a casa já havia sido vendida para a Sra Luíza Zélia Farias. A demolição não prosseguiu, pois a mesma não havia entrado com o pedido oficial de demolição junto à Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente do Município (Splan), sendo a ação suspensa com base no Código de Obra e Postura do Município e na Lei de Uso e Ocupação do solo, que determina a exigência de autorização prévia do setor competente. A proprietária teve então que aguardar a autorização. 
Somente em dezembro de 1993, a Itapuca foi completamente demolida. :( 

Matéria da época, acervo Renato Pires:






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(*) "Às vezes, o governo pedia o volume recolhido para avaliar o índice pluviométrico"

Carlos Alberto Salgado

Saiba mais sobre a Itapuca Villa AQUI

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: