Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Boticário
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pelas Praças da cidade - Parte I




Praça do Ferreira ainda com o sobrado do comendador Machado, demolido em 1927 para a construção do hotel Excelsior - Arquivo Nirez


A ideia da praça surgiu com uma reforma no plano da cidade.
Em dezembro de 1842, uma lei da Assembléia Provincial autoriza uma reforma do plano da cidade, eliminando dela a rua do Cotovelo a fim de ficar ali uma praça que se denominará Praça Pedro II. Boticário Ferreira foi eleito presidente da Câmara no ano seguinte, posto que ocupou até falecer em 1859.


O Jardim 7 de Setembro - Arquivo Nirez

A praça sofreu várias reformas sendo que a mais importante foi a construção do Jardim Sete de Setembro em 1902 na época em que os intelectuais da Padaria Espiritual se reuniam nos quiosques chamados: Escritório dos Bondes, Café do Comércio, Café Iracema, Café elegante e Café Java. Em 1914 a iluminação da praça é feita, bem como uma outra reforma. Em 1920, são demolidos os quiosques e o coreto, considerado o coração cívico da cidade na época. Em 1949 se construiu o Abrigo Central onde se encontravam boxes de vendas de discos, tabacarias, selos, bilhetes lotéricos, livrarias, café e até ponto de
ônibus. Apesar de ter se tornado um dos lugares mais movimentados da cidade, foi demolido em 1968 juntamente com a Coluna da Hora. A praça teve várias nomenclaturas destacando-se: Feira Nova: lugar onde se realizavam as feiras semanais, deslocando o centro da cidade da Praça da Sé, para o novo logradouro; Largo das Trincheiras: não se sabe bem se foi por uma batalha entre holandeses e portugueses, ou por causa do nome de um Senador que vivia ali e se apelidava de trincheiras; Pedro II: em 1859, em homenagem ao Imperador; do Ferreira: em 1871, após a morte do Boticário Ferreira, com memória aos relevantes serviços que prestou a cidade; Municipal: este nome durou somente seis meses, retomando ao seu nome anterior. Além dessas denominações oficiais também era popularmente conhecida por “da municipalidade”, por estar defronte do prédio da Intendência Municipal.


O Cajueiro da Mentira

É limitada pelas ruas Major Facundo, Floriano Peixoto, Dr. Pedro Borges e Travessa Pará e seu homenageado é Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira). O Boticário Ferreira nasceu em Niterói em 1801, teve muita influência política em Fortaleza, ganhou licença para montar botica e se estabeleceu. Deu impulso a grandes obras na cidade como, por exemplo, a Santa Casa de Misericórdia. Demoliu o Beco do Cotovelo construindo ali a praça que levaria seu nome. O monumento é a Coluna da Hora, considerada o ícone mais significativo da cidade de Fortaleza, a coluna da hora continuou com sua importância mesmo depois da sua demolição em 1968. O relógio de origem americana fabricado por Seth Thomas Clek Co de Nova Iorque tem quatro faces e está localizado no ápice da coluna situada no meio da praça. A coluna da hora juntamente com seu relógio é construída em 1932 com a demolição do cloreto. Contudo, só é inaugurada no início de 1934 com projeto do engenheiro José Gonçalves da Justa em estilo “Art-Déco”. Tinha cerca de 13 metros de altura. Em 1968 a coluna da hora é demolida juntamente com o Abrigo Central. Em conjunto com a reforma da praça, em 1991, fizeram uma nova coluna da hora projetada pelos arquitetos Fausto NiloCosta Junior e Delberg Ponce de Leon permanecendo até hoje.


Praça do Ferreira em 1934 


Lindo Passeio Público do Álbum Vista do Ceará 1908

Considerada uma das primeiras praças de Fortaleza e situada ao lado da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, era chamada de Largo da Fortaleza, no século XVIII. Além dessa, são observadas várias outras nomenclaturas:
Largo do Paiol: como o próprio nome indica, pela existência de um paiol de pólvora, que ficava no ângulo atual da Santa Casa de Misericórdia, do lado do mar; Largo do Hospital da Caridade: em homenagem à atual Santa Casa de Misericórdia cuja criação começa em 1847; da Misericórdia: em homenagem à atual Casa de Misericórdia, instalada em 1861; dos Mártires:1879 “Em memória dos beneméritos cidadãos que ali foram sacrificados pela causa da liberdade”; Campo ou Largo da Pólvora: nome popular, local destinado ao sacrifício de criminosos, foi erguido um patíbulo para punir condenados de crimes comuns. Destruído em 1831 por um grupo de patriotas.

Passeio Público em 1960 - Foto da Exposição Viva Fortaleza

E, por fim, em 1850, passa a ser chamada Passeio Público por ser considerado o local preferido pela sociedade cearense da época para passeios matutinos e vespertinos. Apesar da praça ter sido arborizada em 1864 e já representar um local tradicional de encontros, apenas em Julho de 1881 é que a praça é inaugurada. O passeio foi dividido em três planos sócio econômicos como mostra Sarmiento (2006, p. 56) “A gente de maior nível econômico ficava na Avenida Caio Prado, a classe média frequentava a Carapinima e a mais pobre a Mororó. Em 1932 suas grades circundantes foram retiradas. Alguns heróis cearenses que participaram da Confederação do Equador foram mortos no passeio público, dentre eles estão: Tenente Coronel Feliciano José da Silva Carapinima, Tenente de Milícias Luís Inácio de Azevedo Bolão, Padre Mororó,Tenente Coronel Francisco Ibiapina, João de Andrade Pessoa Anta e Tristão Gonçalves de Alencar Araripe

Monumentos de Barão de Studart, Dr. José Frota, Dr. Moura Brasil e Delmiro Gouveia - Fotos de Leuda Reinaldo

Fica limitada pelas ruas Barão do Rio Branco, Dr. João Moreira e Floriano Peixoto. Os monumentos são os bustos de Barão de Studart, Dr. Moura Brasil, Dr.José Frota, Delmiro Gouveia.

Continua...



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Crédito: O Centro Histórico de Fortaleza e seu patrimônio cultural arquitetônico

sexta-feira, 20 de julho de 2012

No tempo de Paula Ney



Praça do Ferreira ainda com o Cajueiro da Mentira - Arquivo Nirez

A Feira Nova, a futura Praça do Ferreira, a prin­cipal de Fortaleza, teve a sua história, história que merece ser relembrada. Em 1825, chegava de mudança ao Ceará, vindo do Estado do Rio, o boticário Antônio Rodrigues Ferreira.


Estabeleceu-se naquele local, concentrando, em pouco, em seu tôrno, as atenções dos fortalezenses, pois era homem de visão larga e notável simpatia. Sua botica ficou sendo o "rendez-vous” dos políticos da terra, da gente de prol. Dado o prestígio granjeado pelos seus dotes pessoais, era, em 1848, eleito vereador e, logo mais, vice-presidente, depois, presidente da Câmara Municipal da Capital, cargo que exerceu, ininterrupta­mente, pelo largo período de doze anos, trabalhando sem­pre em prol do desenvolvimento material da cidade, e cujo nome ficou perpetuado na Feira Nova, como home­nagem póstuma dos seus contemporâneos, após seu fale­cimento, em 29 de abril de 1859. 


Arquivo Nirez


Antônio Rodrigues Ferreira, o boticário Ferreira, foi o político do seu tempo que mais influência exerceu e que maiores benefícios prestou ao aformoseamento da cidadezinha que desabrochava promissora. Até o seu tempo, a Feira Nova, — nome que se lhe aplicou em virtude de ser ali que os comboieiros costumavam expor à venda as mercadorias trazidas do sertão, — morria no beco do Cotovêlo, formada de uma linha modesta de casas modestas, em cuja extremidade se trifurcava em ruelas pobres. Dessas, uma, a que ia parar na Lagoa do Garrote, em determinado ponto, um pouco além, possuía, situado no centro da rua, grandioso e ensombrado cajueiro. À sombra dele, ficava a casa do Fagundes, o único açou­gueiro da terra. Ali matava e ali esquartejava as reges. Relembremos, com emoção, o episódio que o celebrizou, e que já foi contado, com pena de mestre, por Gustavo Barroso. Ocupava, a êsse tempo, o cargo de governador da Provincia, Luís da Mota Féu e Tôrres, homem ríspido e muito jactancioso das funções que exercia. Costumava êle passear em belo cavalo, tôdas as manhãs, e aconteceu que, certa vez, ao passar sob a frondosa árvore, seu chapéu de três bicos agaloado e com tope fôsse arrancado por um galho. Apanhe meu chapéu, gritou o governador, para Fagundes que, em mangas de camisa, gozava a fresca, assentado num tamborete. Êste não deu ouvidos, imperturbável ficou, imperturbável continuou. Luís da Mota, mais áspero, deu nova ordem. Inútil o resultado. Fagundes permaneceu impassível. Irritado, esporeou o cavalo e avançou, resoluto, na direção do açougueiro, que não se intimidou. Era homem afoito e corajoso. Jamais o haviam humilhado. Se o governador lhe pedisse com boas maneiras, com jeito cortês, por favor, ergueria, sem constrangimento. Mas, daquela forma, com grosseria e com imposições, jamais se submeteria. E foi o que aconteceu. O tom ameaçador de Mota Féu não o demoveu: Não me apanhas o chapéu, vilão duma figa, pois eu, que ia sõmente mandar cortar o galho baixo do cajueiro, agora vou pé-lo no chão e adeus açougue!
Dali seguiu, exacerbadíssimo, o Governador rumo ao Palácio, que ficava naquela casa envelhecida e escura de sujo, que se erguia, acaçapada, dentro de verdadeira muralha, na rua de Baixo, nas imediações do Mercado de Cereais.


Praça do Ferreira no início do século XX - Arquivo Nirez


A notícia esparramou-se, veloz como um raio, pela cidade quieta, desacostumada a novas dêsse jaez. Tôda a gente bisbilhotou, assanhada. A novidade era de dei­xar o fortalezense de bôca aberta. — Mas o Fagundes enfrentara mesmo o Governador? — perguntava-se, incrédulo. Era, não há dúvida, homem peitudo de fato. Já o sabiam, mas não para tanto.
O certo é que, no dia seguinte, cedo, cedinho, mal o sol despertara, já os empregados do Governador, arma­dos de machado, ameaçavam derrubar o cajueiro do Fagundes. Êsse, munido de longa faca, juntamente com meia dúzia de magarefes, pôs em fuga os emissários de Mota Féu. A notícia esparramou-Se, veloz como um raio, pela cidade quieta, contaram ao Governador o que acontecera. o qual mais irritado ficou, determinando a ida ao local de uma leva de praças de polícia. Nesse ínterim, o afoito Fagundes, que tudo previra, provocou uma espécie de levante: trouxe para a rua os açougueiros do Gar­rote, os flandeiros da rua da Boa Vista, os merceeiros da rua Formosa, os carapinas da rua de Baixo, os fer­reiros da rua do Quartel, até os pescadores da Prainha, todos os que tinham uma profissão no lugar. Traziam pistolas e bacamartes. A tropa carregou-os. Então levantaram trincheiras na encruzilhada das três ruas e abriram fogo contra ela, que recuou. Daí o nome das três ruas, perpetuando o episódio: rua do Cajueiro, rua das Trincheiras e rua do Fogo”.


Arquivo Nirez


E, encerrando narrativa tão emocionante, Gustavo Barroso escreve: “O governador desistiu de pôr abaixo cajueiro,a cuja sombra o Fagundes continuou a vender carne à cidade. A vontade dum homem só, não conse­guiu vencer a duma população inteira, O capricho dum tirano não conseguiu impor-se a uma gente que ainda tinha vergonha e brio. Defendendo sua liberdade con­tra a tirania, os antigos habitantes da humilde vila do Forte, como era chamada a nossa Fortaleza, deixaram escrito nas tabuletas de suas ruas um belo exemplo às gerações vindouras.” Era assim o fortalezense intrépido e desenvolto. Pagava para não brigar, mas, quando na briga, pagava para não sair. Perto, pertinho, branca de cal, erguia-se a velhís­sima igreja do Rosário, e, logo adiante, quase nos fundos, na rua que lhe tomara o nome, hoje Cel. Bizerril, ficava outra árvore, também histórica para o filho da terra. Era o oitizeiro do Rosário, que a cidade inteira conhecia e amava. O oitizeiro-macróbio, como o haviam cogno­minado, muitos anos depois. Ali o vimos, nos tempos da nossa meninice e assis­timos, contristados, quando a picareta do progresso o prostrou, com o geral protesto de tôda uma população. Foi Gustavo Barroso, quem o cantou em página lapidar: “Velho oitizeiro, contemporâneo da fundação da minha cidade natal, ninguém te cantou a vida centená­ria nem a morte breve. Não houve um Afonso Arinos para louvar a tua solenidade verde e triste como a do Buriti Perdido, testemunha silenciosa das bandeiras! Quando nasceste brotando tímido do solo arenoso, a vila do Forte compunha-se duma única rua torcicolosa, emparelhada ao curso do Pajeú. Aqui e ali, dela saía um beco de mocambos e casebres de taipas. A capela do Rosário, caiada de novo, dava-te as costas com des­dém. Cresceste. A capela tornou-se igreja e a tua copa chegou ao beiral do seu telhado. Por cima dos cercados e das ateiras, vias para os lados do Garrote a histórica cúpula de verdura do Cajueiro do Fagundes, que o governador Luís da Mota Féu e Tôrres quis pôr abaixo, recuando diante do poviléu assanhado e feroz. E éreis as duas árvores tradicionais da cidade que se ia formando.
O cajueiro, que servia de açougue, morreu de velhice. Tu continuaste a crescer, a deitar raízes, a aumentar a fronde, no meio dos casebres barrigudos e escuros. Viste a displicência do viajante Koster, sen­tado ao luar numa “roda de calçada” da praça vizinha. Ouviste o taciturno murmurar do governador Sampaio. Avistaste o governador Rubim vendendo apressadamente as alfaias antes de regressar a Portugal. E estremecestes rudes vozes de comando de Conrado Jacó de Niemeyer, depois de vencida a revolução de 1824.
A cidade de Fortaleza foi crescendo contigo, len­tamente, sob o sorriso azul do céu, alegre nas invernias, melancólica nas sêcas assassinas. E eras como o pastor no meio do teu rebanho de casas humildes, a cabeleira verde agitada ao vento do Atlântico como uma ban­deira. Oitizeiro velho, conhecias tôda a gente e tôda a gente te conhecia. Devia ser no teu tronco rugoso que o famigerado Padre Verdeixa amarrava o cavalo, quando ia em voz alta insultar, debaixo das sacadas do Palácio, o Presidente padre José Martiniano de Alencar. E’ possível que certa noite se tivesse agitado a ramaria àtrepidação do estrondo do bacamarte que matou o major Facundo. Decerto tuas fôlhas mais altas presenciaram por cima dos telhados o enforcamento dos réus no largo à entrada do desaparecido beco do Cotovêlo.
Durante muitos anos, a melhor escola da cidade funcionou na tua vizinhança, em frente do antigo Quar­tel de Polícia. Escutavas, recolhido, a monótona can­tilena dos meninos decorando a cartilha e a tabuada. E, quando os bolos da palmatória estalavam e os lamentos cortavam o ar, não sabias se era o decurião que cas­tigava os alunos vadios, ou se era o delegado que man­dava corrigir os escravos fugidos, os bêbedos, os vaga­bundos, os ladrões ou as rameiras. A cidade que viste nascer fêz-se moça e tornou-se mulher. Em lugar das barrigudas casas de taipa, alevantaram-se sobrados. O arrôjo dos primeiros arra­nha-céus de cimento armado espantou a tua altura vigo­rosa. Os automóveis, fonfonantes, reclamavam tua queda, porque lhes estorvavas a velocidade, tu que conhecias uma por uma as velhas traquitanas de magras pielas, alugadas pelo Golignac, mais velho do que elas. Não houve voz, pedido ou protesto que te salvassem. Condenaram-te à morte. E tu, que perderas a grade protetora, posta pela bondosa Câmara Municipal de 1877, que fôras amputado várias vêzes por estorvares as pla­tibandas dos prédios próximos, desenraizado brutalmente, cortado e recortado em achas, acabaste como lenha ofere­cida pela nova edilidade às cozinhas da Santa Casa. Mais nobre e útil do que os que te derrubaram, morreste dando o teu corpo para ferver a sopa dos enfer­mos e dos pobres. No século XVIII, o povo revoltava-se para salvar um cajueiro. No século XX, os povos não se revoltam mais por causa duma árvore que viveu com êles. .. Os povos aos poucos perderam a alma.” 


Arquivo Nirez


Fortaleza de 1858! Como eras encantadora, na tua modéstia e na tua simplicidade deliciosamente colonial. Já tinhas comoventes histórias para contar-nos, nesse tempo. . . E com que esplêndidos episódios sa­bias tecer as tuas narrativas feitas com o heroismo e com a bravura do teu povo.., da heróica e da brava gente cearense. Mais tarde, o poeta Paula Nei, teu filho dileto, em sonêto magistral, havia de evocar-te, emocionado, os olhos marejados de lágrimas, debruçado na amurada de um navio, vendo-te, distante, ao embarcar para a Côrte:


Ao longe, em brancas praias, embalada
Pelas ondas azuis dos verdes mares,
A Fortaleza, a loira desposada
Do sol, dormita à sombra dos palmares.


Raimundo de Menezes

quinta-feira, 22 de março de 2012

As diversas reformas da Praça do Ferreira


Após a sua criação a Praça do Ferreira, passou por varias reformas - a partir de 1902, na gestão do Cel. Guilherme César da Rocha; além de arborizar cercou o centro com grades de ferro e construiu nele o famoso "Jardim 7 de Setembro".

O Jardim 7 de Setembro - Arquivo Marciano Lopes

Com o pagamento das indenizações aos proprietários das casas e sua conseguinte demolição, recebeu várias denominações a começar por:1. Feira Nova; 2. Largo das Trincheiras; 3. Pedro II; 4. Do Ferreira; 5. Municipal; e 6. Do Ferreira, que ainda continua. Em 1914, quando o Prefeito Raimundo de Alencar Araripe, a praça foi reformada, recebendo iluminação moderníssima, tendo os cabos condutores - que era moderno - instalação subterrânea.


Praça do Ferreira em 1919 com o Café Elegante - Arquivo Nirez

Década de 20

Início da década de 30

Coreto e Retretas

Em 1920 - nova reforma se deu quando foi eleito pela primeira vez o Prefeito Godofredo Maciel. Este mandou demolir os quiosques "Café do Comércio", "Café Iracema", "Café Elegante e "Café Java", o mais antigo, pois data de 1886 e que se constituía no principal ponto de reunião da elite da cidade e dos famosos intelectuais da Padaria Espiritual. - Ainda na sua gestão mandou construir não bem no centro, mas um pouco deslocado para o lado sul da praça, um "célebre coreto", considerado na época "o coração cívico da cidade", para se instalarem os músicos das bandas das Policias do Estado e do Município, levando efeito semanalmente as tradicionais e concorridas retretas que agradava o público.

Praça do Ferreira em 1930

O coreto na Praça do Ferreira - Arquivo Nirez

Praça do Ferreira em 1934 - Arquivo Jaime Correia 

Em 1924, quando novamente eleito Prefeito Municipal o Dr. Godofredo Maciel, fez pequena reforma. Em 1932 - Quando Prefeito Dr. Raimundo Girão, dentre outros melhoramentos mandou derrubar o coreto e construir em substituição a "Coluna da Hora", colocando um relógio de 4 (quatro) faces (lados) que servia de orientação para todos os lados da praça. A inauguração se deu em 31 de dezembro de 1933, quando começava o ano de 1934.

Praça do Ferreira em 1934 - Arquivo Nirez

Praça do Ferreira em 1937 – Arquivo Carlos Juacaba

Nova colocação de confortáveis bancos de madeira com suporte de ferro, com iluminação de arandelas em forma de cruzeiro, os canteiros ornamentados com pés de fícus benjamins, em formato de animais emas, garças, pássaros - por entre as alamedas.

Sai o Jardim

A reforma por iniciativa do Prefeito Dr. Raimundo Alencar Araripe em 1941, para o inicio do ano de 1942, a praça foi modificada no seu aspecto geral. Foi retirado o Jardim 7 de setembro reservada aos pedestres, aumentando a área para transito de veículos. Foram transferidas as paradas de ônibus do Benfica, Prado, Jacarecanga, da área norte da praça, para o lado leste, alargado a faixa à já existente, resolvendo naquele logradouro o problema de transito, bem como a iluminação instalada provisoriamente em 1935, na interventoria do Cel. Felipe Moreira Lima, com postes pré-moldados e globos de luz que dava graça e beleza a praça.


Abrigo Central na Praça do Ferreira /Rua Guilherme Rocha - 1950


Foram abertas alas para pontos de automóveis de aluguel (táxis) carros de passeios (particulares). Em 1969, a Prefeitura Municipal de Fortaleza, tendo a frente o engenheiro José Walter Cavalcante, mandou demolir a primitiva praça do Ferreira, construindo outra que não teve boa aceitação por parte dos fortalezenses em geral.

Praça do Ferreira depois da reforma da década de 60 - Arquivo Livro Viva Fortaleza 1950-2010 

Praça do Ferreira em 1969 – Arquivo Eliezer Freitas

Praça do Ferreira em 1972

Não bastava a fissura que modificara a parte norte da praça compreendendo a rua Guilherme Rocha, onde funcionou o prédio da Intendência e diversas lojas, dando lugar ao "famoso abrigo central" construído na administração do Prefeito AcrísioMoreira da Rocha, anteriormente o povo o elegera em 1947 e em 1955 pela 2ª vez, quando imprevidentemente assinou decreto demitindo 500 (quinhentos) funcionários do município, o que causou muito repúdio. Ressalte-se que, na sua primeira administração, mandou retirar os bondes da cidade e arrancar todos os trilhos que circulavam na Praça do Ferreira, Guilherme Rocha adjacências e demais linhas, ficando a cidade órfã dos melhores e inesquecíveis transportes.
Os passageiros saudosos que moravam nos diversos bairros ficaram privados dos bondes, nenhuma função administrativa para o gerente da Ceará Ligth - o inolvidável Mister Hull, que residia no lindo Palacete da Praça Cristo Redentor com Av. Monsenhor Tabosa e Av. Dom Manuel, na descida da Igreja da Prainha, mais tarde demolida para alargar a Av.Almirante Jaceguay (subida da Igreja da Prainha) e teve que voltar a sua pátria, após conviver uma grande parte de sua existência aqui em nossa terra, onde fez, evidentemente, muitos amigos.


Uma homenagem

A Praça do Ferreira é uma homenagem ao Boticário Ferreira - *Antonio Ferreira Rodrigues nasceu no ano de 1804, na cidade de Vila Real da Praia Grande, hoje cidade de Niterói - Rio de Janeiro. Filho de Antônio Rodrigues Ferreira e de *D.ª Marcolina Rosa de Jesus. Farmacêutico vindo de fora, que se instalou na praça, bem precisamente na rua Major Facundo lado poente, por alguns anos Farmácia Boticário Ferreira, mais tarde Farmácia Galeno do farmacêutico Sr. Yoyô Fonseca - Joaquim Studart da Fonseca, filho do Cel. João da Fonseca Barbosa e Leonisia de Castro Studart da Fonseca.

Farmácia Galeno na Major Facundo/Praça do Ferreira- Foto restaurada por Sidney Souto

Por muitas vezes palco de grandes eventos políticos, comícios, apresentações de artistas, comemorações por parte do Governo Estadual e Municipal, Showmício, e, na administração do Prefeito Juraci Magalhães, por motivo de comemoração da administração municipal - fez imenso bolo em volta da praça cujo tamanho representado em 278 metros de comprimento, correspondente ao tempo de fundação da Cidade de Fortaleza (1726-2004) - 278 anos de aniversário de fundação Dos Cafés. Existiam na praça quatro quiosques que se denominava "Café do Comércio", "Café Iracema", "Café Elegante" e "Café Java" - o mais antigo, pois data de 1886 e se tornara o principal ponto de reunião da fina flor da cidade, e dos famosos intelectuais da Padaria Espiritual.

Reforma da Praça do Ferreira - Arquivo Edimar Bento

Hoje, no mesmo local, há um relógio com estrutura de ferro aos moldes do antigo relógio (montado sobre alvenaria) ao lado de antigo cacimbão, existente desde o inicio da praça exposto a visitação pública.
A Praça do Ferreira, foi e será sempre a sala de visita da cidade para nós fortalezense e, para todos que aqui chegam. Sua posição geográfica, lembranças históricas conhecida como cidade hospitaleira e agradável aos visitantes e adventícios que por aqui aportavam sob intenso calor, mas recebem a noite a aragem que vem do "Aracati" amenizando o calor do dia, tornando suave as noites e aprazível os momentos de descanso sentados no banco da praça.

Reforma da praça – Arquivo Arnaldo Pinheiro

Quase duas décadas de existência

O Abrigo Central teve pouco tempo de duração permanecendo apenas por 18 (dezoito) anos de serventia quando se transformou num reduto para abrigar pessoas desocupadas, que ali faziam seu ponto de permanência. Foi demolido para dar maior espaço e 'beleza' à Praça, na administração do General Murilo Borges em 1963/67, merecendo essa iniciativa muitos aplausos por parte dos munícipes. Por falta de cuidados higiênicos para melhor conservação do espaço, que se desgastou pelo próprio uso e descuido de manutenção não tardou a deterioração daquele arcabouço mal cuidado, teve pouco tempo para marcar, assim, história na nossa Cidade.

O Abrigo Central, serviu ainda de palco para memoráveis acontecimentos, outros tipos de manifestação cívica ou popular, quando ali tinha começo e término. Trouxe também imorredouras lembranças ao tempo em que a rapaziada saía das festas dos Clubes Náutico, Maguari, Massapeense, Comercial, ou das casas noturnas quando das visitas às "horizontais" e ou "damas da noite", moradoras nas pensões altas ou alegres, Bar da Alegria, Boate Guarani, Monte Carlo, se dirigiam ao Abrigo Central, onde somente o "Pedão da Bananada" permanecia com boxe aberto atendendo aos que ali se dirigiam para um "lunch" que invariavelmente consistia de um pequeno pão, recheado com folhas de alface, carne moída e uma fatia de tomate, o que era realmente confortante para quem passara noite a perambular além dos clubes, percorrendo as casas das "borboletas noturnas", "damas da noite", "grinfa", "mulher de vida fácil" ou mesmo "mundana", "chamego", "rapariga" ou ainda "mulher fatal", que ficava a espera do gigolô, por ser o amor preferido para, então, se recolher na alcova do bordel.

Última reforma da praça, com um de seus arquitetos e o secretário de cultura da época. Gerardo Barbosa

Era nesses fins de noite, que grupo de rapazes se reuniam e passavam a discutir suas aventuras e peripécias escolhendo os recantos do Abrigo, por esperar o sinal de partida do último ônibus que saía da Praça à meia- noite para os diversos locais da nossa cidade.

Outros saíam das casas noturnas - como Bar da Alegria, Pensão Império, Pensão Ubirajara, "Zé Tatá", Pensão da Zeca, Pensão Estrela, Pensão da Cristalina, Pensão da Graça, onde se perpetrou hediondo crime do "Idalino" - jogador e amante da Graça, gravando na lembrança de todos - e para sempre - tão horripilante acontecimento.

Fonte: Diário do Nordeste


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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Antônio Rodrigues Ferreira - O Boticário Ferreira


Praça do Ferreira - Arquivo Nirez

Em 1825, chegava de mudança ao Ceará, vindo do Estado do Rio, o boticário Antônio Rodrigues Ferreira. Estabeleceu-se naquele local, concentrando, em pouco, em seu torno, as atenções dos fortalezenses, pois era homem de visão larga e notável simpatia. Sua botica ficou sendo o "rendez-vous” dos políticos da terra, da gente de prol. Dado o prestígio granjeado pelos seus dotes pessoais, era, em 1848, eleito vereador e, logo mais, vice-presidente, depois, presidente da Câmara Municipal da Capital, cargo que exerceu, ininterruptamente, pelo largo período de doze anos, trabalhando sempre em prol do desenvolvimento material da cidade, e cujo nome ficou perpetuado na Feira Nova, como homenagem póstuma dos seus contemporâneos, após seu falecimento, em 29 de abril de 1859. Antônio Rodrigues Ferreira, o boticário Ferreira, foi o político do seu tempo que mais influência exerceu e que maiores benefícios prestou ao aformoseamento da cidadezinha que desabrochava promissora.
Até o seu tempo, a Feira Nova, — nome que se lhe aplicou em virtude de ser ali que os comboieiros costumavam expor à venda as mercadorias trazidas do sertão, — morria no
beco do Cotovêlo, formada de uma linha modesta de casas modestas, em cuja extremidade se trifurcava em ruelas pobres.


Outro aspecto da praça - Arquivo Nirez

Antônio Rodrigues Ferreira nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1799. Ainda jovem, veio para Fortaleza*, trabalhando como caixeiro para o cônsul Manoel Caetano de Gouveia. Foi vereador, prefeito e presidiu a Câmara Estadual do Ceará de 3 de março de 1843 até 29 de abril de 1859, quando faleceu. Como presidente, era o executor das decisões do Colegiado e suas ações são notórias na história da cidade de Fortaleza. Empenhou-se na construção da Santa Casa, foi o responsável pela construção da Praça do Ferreira e resguardou tenazmente, ao lado de Silva Paulet, a regular expansão urbana de Fortaleza.

O boticário Ferreira

Político brasileiro nascido no Rio de Janeiro, o folclórico Boticário Ferreira, que foi escolhido (1845) e reeleito várias vezes presidente da Câmara e que em sua homenagem, a Praça Municipal passou a se chamar Praça do Ferreira, duas semanas após sua morte. Da capital do Vice-Reino do Brasil, ainda jovem, veio para Fortaleza, trabalhando como caixeiro para o comerciante Manoel Caetano. Depois da proclamação do 2° Império, foi eleito vereador e assumiu a presidência da Câmara Estadual do Ceará (1843-1859), cargo que permaneceu até sua morte. Na sua época quem assumia a presidência da Câmara, também acumulava automaticamente as funções de prefeito. Como presidente e executor das decisões do Colegiado, suas ações tornaram-se notórias na história da cidade de Fortaleza. Na sua administração foram aplicadas com rigor as diretrizes do plano de urbanização da cidade elaboradas, durante o governo (1812-1820) do Coronel Manuel Inácio de Sampaio, pelo ajudante de ordens, o tenente-coronel de Engenheiros Antônio José da Silva Paulet. No documento estavam as primeiras normas de organização do espaço urbano de Fortaleza, como também, a elaboração do projeto para a construção de um novo Forte (1812-1823), no lugar onde existira o já desmoronado Forte de Schoonenboch. a velha fortaleza no monte à margem esquerda do Rio Pajeú, construído pelo holandês Matias Beck. No trabalho de Paulet, se incluiu a Planta da Villa da Fortaleza e seu Porto (1818). Na data de 17 de março (1823) a Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção foi elevada à categoria de cidade recebendo o nome de Fortaleza de Nova Bragança. Como prefeito deu prosseguimento a implantação do traçado em xadrez, dirigindo a expansão da cidade para o lado Sul, Praça da Sé ou Largo da Matriz e Praça do Ferreira. Obedeceu tenazmente, o projeto do Engenheiro Paulet quanto a expansão urbana regular de Fortaleza, modelo de fácil adaptação em função da topografia plana da região. Contratou como seu auxiliar o arquiteto Adolfo Herbster, para dá continuidade ao direcionamento da malha urbana em xadrez. Foi obedecido um maior disciplinamento à expansão da cidade, proibindo-se a abertura de becos estreitos e/ou em deflexões, como nos arruamentos do traçado orgânico. Empenhou-se na construção da Santa Casa, foi o responsável pela construção da hoje famosa Praça do Ferreira. Ordenou (1856) um levantamento cadastral da cidade, resultando na planta organizada pelo padre Manuel Riego Medeiros, onde se constatou que a área urbana ia pouco além dos limites, mas observando-se o cumprimento às diretrizes em xadrez de Paulet. Três anos depois, Herbster elaborou a Planta Exata da capital do Ceará, acrescentando vários elementos, como o levantamento do sistema ecológico, vias de acesso à cidade, denominação dos Logradouros públicos, todo equipamento urbano público e privado então existente. Morreu em Fortaleza, aos oitenta anos, ainda no exercício do poder.

Antiga Rua da Palma (Major Facundo)

Em 1881, após a morte do Boticário Antônio Rodrigues Ferreira, a Câmara Municipal deu ao logradouro o nome de Praça do Ferreira em sua homenagem, mas em 1890 o Conselho da Intendência achou por bem retirar os nomes de pessoas de todas as ruas, avenidas e praças da cidade, recebendo as ruas numeração e as praças nomes como a Praça Municipal, novo nome da nossa Praça do Ferreira, mas durou pouco e no mesmo ano volta a velha nomenclatura.


A rua Major Facundo - Local da Botica do Ferreira

*Veio para o Ceará muito jovem, trabalhando como caixeiro. Tornou-se boticário, utilizando-se da licença de "pronto-medicato", assim estabeleceu uma farmácia situada à Rua Major Facundo. Seu temperamento cordial e comunicativo logo transformou sua casa de trabalho em um movimentado centro de reuniões políticas e sociais, no coração de nossa cidade.


A rua Major Facundo - Detalhe para a 'Pharmácia Galeno'(Onde antes funcionou a Botica do Ferreira - Arquivo Nirez (Foto restaurada por Sidney Souto)

Gozando de enorme prestígio devido a personalidade de homem íntegro e capaz, além da passagem pelo batalhão de reserva de Fortaleza, logo ingressou na vida política. Foi eleito vereador em 1842 e presidente da Câmara no ano seguinte, mantendo-se nesse cargo e função até o ano de sua morte, 1859.

Este é o registro fotográfico mais antigo realizado no Ceará. O homem que vemos em seu leito de morte é Antônio Rodrigues Ferreira de Macedo, o boticário Ferreira. Morreu no dia 29 de abril de 1859, momento registrado na fotografia acima. Foto: Museu do Ceará

Até os dias de hoje o Boticário, como era popularmente conhecido, se faz presente na cidade, onde a Praça do Ferreira leva seu sobrenome e também a honrosa medalha ofertada pela câmara aos indivíduos que se destacam pelo trabalho social , em prol do coletivo e da cidade de Fortaleza.


Homenagem ao boticário


Exumação do corpo do Boticário Ferreira do São Casimiro para o Cemitério São João Batista



Medalha Boticário Ferreiraa medalha é uma forma de reconhecer e valorizar aqueles que se distinguam pelo notório saber e pelos serviços ofertados à coletividade. A Medalha recebeu esta denominação em homenagem a uma das mais ilustres personalidades que Fortaleza teve como administrador: Boticário Ferreira. 

Já receberam a medalha:

entre outros...


Fonte: Literatura Real, Cearádeluz , Dec.Ufcg e pesquisa de internet

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