Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Escola Normal
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domingo, 2 de dezembro de 2012

Escola Normal do Ceará - De 1884 à 1922 (Parte I)


As primeiras iniciativas de constituição da Escola Normal da província do Ceará, aconteceu já no governo de José Martiniano Pereira de Alencar, em 1837, demonstração do real interesse dos cearenses na formação de seu professorado, quando o referido presidente criou, pela Lei nº 91 de 5 de outubro, uma escola normal, que não veio a se efetivar em virtude das precárias condições financeiras da província. Vale lembrar que a partir de 1834, com o Ato Adicional, o governo central delegou às províncias a responsabilidade com a instrução popular, eximindo-se completamente de assumir o ensino primário e, por conseguinte, o ensino normal.


Retornando ao Ceará em 1840, para um segundo governo, Alencar centraliza suas atenções às disputas políticas encetadas pelas oligarquias cearenses e, novamente, não encontra condições favoráveis à fundação da tão sonhada escola normal. Entretanto, o debate sobre a necessidade de formação do professorado continua, e as propostas de fundação de uma escola normal na Província atravessaram quase todo o dezenove, vindo a se concretizar somente ao seu final. Um dos principais debatedores da questão era o Senador Pompeu que, em meados do século, alertava para as péssimas condições da instrução pública no Ceará e da má preparação de seus professores. Segundo Castelo (1970) e Sousa (s/d), ainda nas décadas de 1850 e 1860, os relatórios de presidentes e diretores da instrução Pública continuavam afirmando que uma escola para a formação dos professores cearenses era uma necessidade premente, mas que a província não dispunha de condições financeiras para assumir tal despesa.  Frente a tais dificuldades, a Escola Normal do Ceará só viria a ser novamente criada ao final da segunda metade do século XIX, com a Lei nº 1790 de 28 de dezembro de 1878, que seria sancionada em 28 de dezembro de 1879 e teria o lançamento da pedra fundamental somente em 1881, fato que mereceu ser noticiado pelos principais jornais da época¹.  Esperaria a sociedade cearense mais alguns anos pela fundação da Escola Normal, pois essa só viria a ocorrer em 22 de março de 1884, nascendo, pois, a Escola Normal cearense em fins do século de afirmação, como diz Cordeiro (1997). Afirmação construída ao longo de uma história cheia de reveses, como a instabilidade climática, as disputas de terra, as lutas ideológicas e a disputa de poder tanto no nível nacional, quanto local  entre os grupos constituídos que, “buscavam a hegemonia local e projeção nacional” (Canezin, 1994: 9).



Fundada em princípios filosóficos e educacionais, defendidos por intelectuais da época, como Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho, os professores José de Barcellos e Amaro Cavalcanti, dentre outros, a Escola Normal  do Ceará concretiza, oficialmente, ao final do século XIX os anseios de igualdade, mesmo que fosse de uma “igualdade formal”, presentes na ideia de criação de uma escola pública de formação de professores.  O curso destinava-se a pessoas de ambos os sexos, brasileiros ou estrangeiros, que houvessem sido aprovados em exames em nível de conhecimento correspondente ao ensino primário. Com uma organização curricular de cunho universal e intelectualista, enfatizava o conteúdo das disciplinas restringindo a formação docente à cadeira de Pedagogia.  Constava ainda da lei de criação da Escola, a garantia àqueles que adquirissem o diploma da Escola Normal o ingresso no magistério por nomeação sem a condição de submeter-se a concurso público.  Assim, os critérios de acesso à Escola Normal, segundo essa lei, permitiam a um amplo espectro de pessoas, a candidatura à formação magistério, e buscavam valorizar o Curso com a nomeação direta do normalista para o magistério público.



Vale ressaltar que ao longo das discussões acerca da necessidade de criação de uma escola normal, ações também foram sendo desenvolvidas no sentido de consolidar esse objetivo. Assim é que, em 1880, o professor Amaro Cavalcanti, em viagem aos EUA, foi comissionado para estudar o “systema de instrucção elementar”, daquele país apresentando amplo e diversificado relatório abrangendo o ensino desde o nível elementar até à formação de educadores no Curso Normal.  A seguir, em 1881, o professor José de Barcellos, que já estivera na Bahia, em 1866, para estudar a organização da Escola Normal daquela Província, foi enviado à Europa, onde iria “estudar os métodos e processos do ensino primário aplicáveis à Pronvíncia” (Valdez, 1952: 170-5).

Fundada a Escola em 1884, essa passa a funcionar com base no Regulamento da Instrução Pública de 1881, até que em 1885 teve expedido seu primeiro Regulamento, em 26 de junho. Contudo, nasce a Escola Normal com prédio próprio,  isto é, um prédio construído especialmente para sua instalação, inclusive com duas escolas anexas para a prática das professorandas, uma do sexo feminino e outra do sexo masculino, segundo noticia o jornal O Cearense de 21 e 23 de março de 1884.  Conforme análise do arquiteto Machado (1988), mais de cem anos depois, portanto, a arquitetura do prédio revela o ecletismo de estilos, que utilizam materiais ornamentais, sinalizadores da modernidade, como o vidro e o ferro, e ao mesmo tempo conserva ares de distinção e nobreza próprios dos tempos coloniais.   É importante lembrar, como faz Nosella (1996), que a arquitetura do prédio também traduz formas de pensar, formas de ver o mundo; traduz concepções de sua época. Assim, o prédio da Escola Normal cearense já assumia ares de distinção próprios daqueles que pertenciam ao mundo letrado.

Ao descrever o prédio da Escola Normal, os jornais nos oferecem outra possibilidade de leitura, ou seja, do ponto de vista da relação desse espaço social com o restante da sociedade, isto é, a separação entre o espaço da Escola e sua vizinhança, feita através de muros e grades,  que lhe confere ares de “respeitabilidade e prestígio” próprios do mundo da ciência que só à escola compete desvendar.  Em meio aos movimentos pela libertação da escravatura na Província, a inauguração da Escola Normal constituiu-se “um augúrio do evento excepcional que conferiria ao Ceará o honroso título de Terra da Luz (Castelo, 1970: 195)²



É interessante salientar o fato da Escola Normal do Ceará ter mantida sua continuidade de funcionamento desde que foi criada, diferentemente de tantas outras escolas normais brasileiras, muito embora o afã reformista de seus instituidores tenha lhe proporcionado inúmeras mudanças. Estas vão desde a estrutura curricular, passando por alterações na duração do curso e de seu nome, até à construção de um novo prédio em 1923.  As primeiras modificações surgem já em relação à lei de 1878, com a substituição das cadeiras de Filosofia e Física e a introdução da cadeira de Ciências Naturais.  Apesar das modificações, o Curso, que se propunha a ser profissionalizante, tem como base uma organização curricular propedêutica, centrada nas grandes áreas de conhecimento, o que sugere a concepção de profissionalização do magistério à época, que tinha por fundamento o domínio de conhecimentos universais.   

Já no primeiro Regulamento, de 26 de junho de 1885, acrescenta-se uma nova cadeira ao Curso; mais uma cadeira de formação geral,  a de Francês, passando seu currículo a constar de seis cadeiras: Geografia e História, Ciências Naturais, Matemática, Português, Francês e Pedagogia. Criou-se ainda, o cargo de Diretor da Escola Normal, cuja “nomeação recaiu sobre o professor de Pedagogia e metodologia, José de Barcellos, que no afanoso cargo não recebia nenhuma remuneração”. (Valdez, s/d: 176).

Continua...
                                                       
¹ Vale lembrar que a criação da Escola se dá em plena Grande Seca, no período de 1877-1879, considerada a mais catastrófica de todos os tempos. O livro de Rodolfo Teófilo 'A Fome' publicado pela primeira vez em 1890, relata com riqueza de detalhes as mazelas sofridas pelo sertanejo cearense ... A descrição de Rodolfo Teófilo, das cenas de vida e morte provocadas pelo flagelo que se abateu sobre o Ceará de 1877,  não difere da realidade retratada pelas matérias jornalísticas publicadas no referido ano. Em 1877, a seca torna-se o tema  a ser explorado pela imprensa local tendo em vista a calamidade provocada por esta.  O jornal O Cearense encontra-se quase que totalmente preenchido com notícias referente ao fato.

² “... em 25 de março de 1884, a capital [Fortaleza] abriu o coração e a alma para receber a ansiada Declaração da Liberdade. ... Não era uma lei que se decretava, era uma Declaração de Direito da Liberdade. ... Era sobretudo uma mensagem de fé dirigida ao Brasil, incentivo para que cobrasse mais ânimo para obter – o que somente quatro anos mais faria – destruição da escravatura, traduzida na Lei Áurea de 1888 (Girão, 1984: 171).   



Crédito: Escola Normal do Ceará: impasses de criação e a tônica reformista - Maria Goretti Lopes Pereira e Silva e http://petvufc.blogspot.com.br

domingo, 10 de outubro de 2010

Justiniano de Serpa



Justiniano de Serpa nasceu em Aquiraz no dia 6 de janeiro de 1852.
De origem humilde, trabalhou desde cedo juntamente com seu pai, Manuel da Costa Marçal. Transferindo-se para Fortaleza, começou a atuar como jornalista. Bacharelou-se em Direito na Faculdade de Direito do Recife, em 1888, quando já era conhecido na vida política e intelectual local.
Participou do Centro Literário e foi um dos fundadores da Academia Cearense de Letras, do qual é patrono da 22ª (vigésima segunda) cadeira, e, em 1922, foi o responsável pela sua reorganização.



Autor de diversas obras do campo do Direito, de ensaios e poesia. Destacam-se Oscilações (1883), O Nosso Meio Literário (1896) e Questões de Direito e Legislação (1920). Sua obra poética, ligada ao movimento abolicionista, do qual foi um dos mais ativos participantes, era essencialmente condoreira.
Iniciou a vida política ainda durante o Império, sendo deputado geral entre 1882 e 1889 pelo Partido Conservador. Foi deputado federal pelo Pará, entre 1906 e 1919, tendo exercido papel importantíssimo como presidente da Comissão dos 21, responsável pela comissão para elaboração do Código Civil, baseada no projeto de Clóvis Beviláqua.
Em 1920, foi eleito presidente do Ceará, cargo que exerceu até a sua morte, em 1923.

Chegada e posse em Fortaleza do governador eleito em 1920, Justiniano de Serpa.
Arquivo Nilson Cruz

De origem humilde, ascendeu às mais elevadas posições, por esforço próprio. Exerceu, antes de formado, diversos cargos públicos, como secretário e advogado da Câmara de Aquiraz e lente de História Universal e do Brasil do Liceu do Ceará, além de haver desempenhado, mais de uma vez, o mandato de Deputado Provincial. Redatoriou em Fortaleza os jornais ‘Constituição’, órgão do Partido Conservador, ‘A Pátria’, ‘O Norte’ e ‘Diário do Ceará’ e colaborou em ‘Iracema’, órgão do Centro Literário.

Foi um dos mais fervorosos adeptos do movimento abolicionista, cujos ideais defendeu pela imprensa e pela tribuna.
Em Manaus, para onde se transferiu depois, redatoriou a ‘Federação’ e ‘Rio Negro’, foi superintendente do governo do município, Delegado da Intendência, Procurador da República, Diretor da Biblioteca Pública do Estado e professor e Inspetor Federal junto ao Ginásio Amazonense. Deixando o Amazonas, indo residir no Pará, em Belém ocupou as funções de professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito e montou banca de advogado, que foi das mais conceituadas. Eleito Deputado Federal em 1906, integrando a representação paraense, viu o seu mandato renovado em várias legislaturas.

Na Câmara dos Deputados foi escolhido presidente da Comissão de Finanças e teve fulgurante atuação na discussão do projeto do Código Civil. Em 1920, depois de disputada eleição em que saiu vitorioso, assumiu o governo do Ceará, na qualidade de Presidente do Estado, havendo sido brilhante a sua gestão, infelizmente interrompida com a morte. Fundador e esforçado membro da Academia Cearense e seu primeiro orador oficial, promoveu-lhe em 1922 a reconstituição, quando abrigou o tradicional cenáculo no Palácio da Luz. Jornalista, poeta, orador primoroso e arrebatador, parlamentar, jurista e homem público dos maiores da história republicana, Justiniano de Serpa é um dos cearenses mais ilustres.



Faleceu no Rio de Janeiro, a 1º de agosto de 1923. Obras principais: ‘O Poeta e a Virgem’; ‘Oscilações’ (poesias); ‘Três Liras’ (poesias, com Antônio Bezerra e Antônio Martins) ; ‘Sombras e Clarões’ (versos); ‘Discurso’ (proferido a 14-8-1887 em favor do monumento ao General Tibúrcio); ‘Sob os ciprestes’; ‘Discurso’ (pronunciado na sessão fúnebre da Academia em homenagem a José Carlos Júnior); ‘A Educação Brasileira - seus efeitos sobre o nosso meio literário’ (tese de concurso à cadeira de Literatura Nacional no Ginásio Amazonense); ‘Discurso’ (na sessão magna comemorativa do 1º aniversário 4ª Academia Cearense); ‘Reforma da Legislação Cambial’ (discurso no Congresso Nacional); ‘Questões de Direito e de Legislação’.

  • A dura vida de Justiniano de Serpa


A pobre  criança que tangia para abastecer os mercados de Fortaleza, como forma de ajudar o pai no sustento da família, talvez como sonhasse que um dia poderia exercer importante papel na política cearense. Apesar de origem humilde, Justiniano de Serpa conseguiu forma-se em Direito, destacar-se como orador nos movimentos abolicionista e republicano, ser eleito deputado federal e nomeado governador do Ceará para o período de 1920 a 1924. Durante seu governo (mais democrático do que os movimentos anteriores), deu especial atenção ao problema educacional e incentivou as manifestações artísticas/intelectuais, sendo responsável pelo reflorescimento da Academia Cearense de letras. 
Desde a infância, Justiniano de Serpa teve a vida marcada pela miséria e luta pela sobrevivência. Nascido em Aquiraz, começou bem cedo a ajudar o pai no trabalho diário, tangendo animais de carga para abastecimentos dos mercados de Fortaleza e Cascavel. Enquanto seguias pelas trilhas montado em jumento, procurava sempre estudar a cartilha, onde aprendeu a ler. Desta forma, ao transferir-se para a capital do Estado, já tinha alguma instrução, adquirida a duras penas. 

O filho de Manuel da Costa Marçal começou a desenvolver suas aptidões na imprensa local, demonstrando vocação para ofício. Seguindo a maioria dos que desejavam aprimorar-se no conhecimento acadêmico matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife, onde se bacharelou em 1888. Na época, Justiniano de Serpa já tinha sido eleito deputado do Ceará pelo partido conservador, em mais de uma legislatura, no período de 1882 a 1889. A sua fama foi resultado da participação no movimento abolicionista e depois republicano, quando a sociedade cearense não mais permitia a exploração violenta dos negros. 
Em 1886, decidiu-se afastar-se da política local, transferindo-se para Manaus, prosseguindo as atividades jornalísticas nas publicações “Rio Negro” e “Federação”. Professor de Liceu, diretor da biblioteca da Amazonas, Procurador da República, Justiniano de Serpa demostrou  a mesma disposição para o trabalho em terra estranha. Dois anos depois, passou a morar em Belém. Nesta cidade, continuou no magistério e na advocacia. Vice-diretor da Faculdade de Direito do Pará, foi eleito deputado federal em 1906, tendo mandado renovado até 1919. Neste ano foi indicado para substituir, no governo do Ceará, João Tomé

Justiniano de Serpa, como deputado federal pelo Pará, projetou-se ainda mais. Desta vez, em termos nacionais. Isto devido ao trabalho como jurista, desenvolvido quando presidia a Comissão dos 21, responsável pela elaboração do Código civil Brasileiro, baseando no projeto de Clóvis Beviláqua. No contato diário como políticos e governantes, acumulou amizades que ajudaram a ascensão ao governo cearense. Parsifal Barroso, no livro “Uma história político do Ceará. – 1889-1954”(edições BNB, 1984), lembra a ajuda recebida: 

- Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Epitácio Pessoa se tornaram seus grandes e veros admiradores a esse tempo, e quando o admirável paraibano foi alçado à Presidência da República, a permanente crise da política cearense facilitou a preferência do nome do jurista Justiniano de Serpa, para sucessão do presidente João Tomé de Sabóia e Silva. 
  
Parsifal Barroso diz que Justiniano de Serpa era orador influente, que através do improviso conquistava a admiração pública: “Ao longo de sua vida, respeitado governador cearense demonstrou crescentemente se dotado de extraordinário poder de vontade, fator principal de suas vitórias político-partidárias, pois teve de enfrentar uma forte oposição, chefiada pelo admirável homem público que foi o Senador Manoel do Nascimento Fernandes Távora. Observa que ao assumir o governador do Ceará, em 12 de julho de 1920, encontrou o Estado sofrendo ainda das conseqüências da seca o ano anterior, apesar dos efeitos terem sido atenuados pela primeira vez, graças à obras federais determinadas por Epitácio Pessoa.


-Há uma particularidade – ressalta Parsifal Barroso – que marca o governo Serpa, através de uma série de atentados e crimes políticos, ocorridos notadamente em Lavras, Aurora, Juazeiro, Milagres, Tauá e Quixeramobim. Parece-me que essas perturbações de ordem pública não devem ser atribuídas à franqueza político-administrativas do Presidente Justiniano de Serpa, mas podem ser decorrentes de anteriores dissidência entre famílias adversárias, que logo se aproveitaram do novo alto nível do governo, procurando medir forças ao virem à tona seus antigos ódios. As reminiscências do coronelismo político no Ceará, não obstante o esforço de seus governantes, sempre se manifestaram com relativa facilidade, e o Presidente Justiniano de Serpa foi uma vítima do próprio desconhecimentos dessas virulentas manifestações do patriarcalismo rural. 
Afirma ainda que ele “desenvolveu esforços para aproximar as duas facções do antigo Partido Conservador – acionista e marretas -, e soube conclamar e dirigir o situacionismo cearense, face a sucessão presidencial, tudo fazendo para a vitória alcançada pelos candidatos Arthur da Silva Bernardes e Urbano Santos da Costa Araújo, como sucessores do notável presidente Epitácio Pessoa”. Garante também que Justiniano de Serpa até foi lembrado para a vice-presidência da República, pois Bernardes queria contemplar em sua chapa um nome nordestino. No entanto outras forças políticas optaram por Urbano Santos. 

Parsifal Barroso refere-se finalmente à “honradez do Presidente configurada na pobreza final de sua benemérita vida”. Depois de sua morte, conta que a família ficou em estado de penúria, e as contas dos médicos que o trataram somente vieram a ser resgatadas pelo seu sucessor, o Presidente Ildefonso Albano. O governador Serpa, não há que negar, abriu um hiato promissor na história política do Ceará, através de várias iniciativas inovadoras e modernizadoras. Pena é que Justiniano somente tenha podido servir ao Ceará, já no fim de sua laboriosa vida, mas ainda assim muito fez pela gente cearense”. 
Raimundo Girão, em “pequena história do Ceará”, qualifica de governo-marco o de Justiniano, “verdadeiro primado da inteligência e das renovações democráticas”. E demonstra com exemplos tal opinião: “A reforma da Constituição Estadual, com a proibição  das reeleições remuneradas – são bem o traço do espírito liberal do governante inspirador direto daquela reforma, estratificada na nova Carta de 4 de novembro de 1921. Complementando-a promulgou a Lei de organização judiciária e os Códigos de Processo Civil e Processo Criminal”. E continua: 
- A constituição pública é outro índice da sua visão arejada , pondo rigorosamente, acima das conveniências dos partidos, os interesses do ensino primário. Chamou para reorganizá-lo um técnico alheio a essas conveniências, o paulista professor Manuel Bergstrom Lourenço Filho, que resolveu, de todo, velhos hábitos para instituir uma ordem de coisas menos formalísticas e literárias, antes mais prática e coerente” 
- Culto e talentoso – afirma Girão – o Dr. Serpa aproximou os intelectuais ao seu redor mecênico. No Palácio do Governo, oferecendo-lhes a estimulação imprescindível que permitiu o reflorescer da Academia Cearense de Letras, então letárgica e muito desfalcada de seus membros. Foi ele que oficializou a Bandeira do Ceará, com o Dec. N.º 1.971. de 25 de agosto de 1922, valendo-se de uma ideia de comerciante João Tibúrcio Albano, que imaginara o pavilhão cearense aproveitando as linhas do nacional. 

Patrono da Academia N.º 22, AC de Letras, Justiniano (quem foi também seu fundador, 1894) publicou diversos trabalhos, entre os quais “Oscilações” (poesia, 1883) “O nosso meio Literário”(1896) e questões de Direito e Legislação”(1920). Na Poesia, quase sempre condoreira, ele não obteve o mesmo sucesso de sua atuação parlamentar e governamental. Sânzio de Azevedo, em “Literatura Cearense” (Academia Cearense de Letras, 1976), assim manifesta sua opinião: 
-Justiniano de Serpa, se não poder ser considerado um poeta de fôlego de vôo alto ( ele mesmo renegaria sua obra poética), era excelente orador, o que em matéria de poesia condoreira, quase equivalia à mesma coisa, já que o objetivo primordial era atingir à eloquência a fim de arrebatar os auditórios. 
O poema “Bravos, por exemplo foi dedicado especialmente à sociedade das Cearenses Libertadoras, entidade que se batia pela libertação dos escravos, reunindo nomes do porte de Maria Tomásia. Este trabalho poético foi declamado em praça pública, sob aplausos e delírio do povo. 

Em 12 de junho de 1923, devido a problemas com a saúde, transferi o governador Ildefonso Albano, primeiro vice-presidente do Estado. No Rio de Janeiro, depois de muito padecer, Justiniano de Serpa morreu em 1º de agosto de 1923. Em homenagem foi erguido um busto em bronze na praça Figueira de Melo. E a Escola Normal recebeu o nome do homem de origem simples que atingiu o mais alto posto do Estado vencendo os obstáculos da miséria e as tradição política da famílias cearenses. 

Vou colar aqui um e-mail muito interessante que recebi:


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Fonte: Wikipédia, José Murilo Martins e pesquisas de internet

sábado, 10 de julho de 2010

Fortaleza de Ontem e de Hoje


Vamos viajar no tempo e observar o quanto Fortaleza mudou?


Praça do Ferreira - 1920

Cidade da Criança - 1930

1960 - Praça do Ferreira- Arquivo Nirez

1969 - Inauguração do Autódromo Internacional Virgílio Távora - Eusébio

Praça do Ferreira - anos 60

Antiga Praia do Peixe, postal raro

Assembleia Provincial, postal de 1930 - Hoje abriga o Museu do Ceará

Autódromo Virgílio Távora em 1971

Barra da Resistência na greve dos ferroviários de 1962, em Fortaleza- Arquivo Nirez

Beira-mar, registro de 1939. Muitos coqueiros e nenhum prédio

Catedral - 1931

Clube Náutico - 1950

Escola José de Alencar, na vila de Messejana, onde nasceu o grande romancista cearense. Representa o typo-modelo das Escolas-reunidas, aprovado pela Directoria de Instrução. - 1924

Fachada do Asilo do Bom Pastor destinado as moças solteiras que engravidavam. Foto: Nirez

Eis o “Getulinho”, nome carinhoso dado à quadra esportiva anexa ao Presidente Vargas, que era usada para campeonatos amadores e que ficava onde hoje está o Ginásio Aécio de Borba. Foto de 1964, do Anuário de Fortaleza. Época do prefeito Murilo Borges.
Crédito: Eliomar de Lima

Hotel Excelsior na Praça do Ferreira - déc. de 50
Iate Clube - anos 50


IBGE de 1958 - Fortaleza na época


IBGE 1958 - Meireles


Normalistas (Como eram conhecidas as alunas da Escola Normal) na Praia de Iracema, 1938

Orla de Fortaleza - Anos 80 (Detalhe para o Clube da AABB) - Crédito: Sampaio

Praça do Ferreira - acervo Gilberto Simon

Praia de Iracema - 1930

Piscinas do Náutico, anos 50

Postal colorizado do Clube Náutico, anos 50

Postal Ideal Clube, anos 50

Postal Volta da Jurema anos 50

Postal Volta da Jurema, início da década de 70

Postal da orla, anos 70

Postal da Praça do Ferreira - Anos 60

Postal do Centro no final dos anos 70

Postal Veleiros no Mucuripe - Anos 70

Praça do Ferreira nos anos 70

Rara imagem da Enciclopédia Mirador - Anos 60

Rua Senador Pompeu, pavimentação de concreto, ficus benjamim, 1958. Nirez

Vista do final dos anos 70 (Detalhe para as propagandas da Coca-Cola nos prédios, coisa muito comum na época.)

Vista vendo-se a Cidade da Criança nos anos 80

Volta da Jurema - 1935 - Nirez

O Hospital da Caridade, mais tarde, Santa Casa da misericórdia. O 2° andar só foi construído em 1920- Arquivo Nirez.

Sefaz 1938 - A Secretaria da Fazenda em Fortaleza tinha prédio próprio na antiga Avenida Sena Madureira (hoje Alberto Nepomuceno), no local onde foi o Fórum Clóvis Beviláqua já implodido. O atual prédio, na mesma avenida esquina com Rua Adolfo Caminha foi projetado e iniciada sua construção em 1924, sendo terminado e Inaugurado em 27 de novembro de 1927.

SEFAZ- Foto atual. Crédito Manilov

SEFAZ. Foto Manilov

Santa Casa na atualidade

Passeio público - Foto Manilov

Passeio Público- Foto Manilov

Passeio Público. Tombado pelo IPHAN- Foto Manilov

Passeio - Foto Manilov

Foto Manilov- Catedral na atualidade

Foto Manilov

Loja Maçonica

Instituto Histórico Geográfico e Antropológico do Ceará 

Instituto Histórico Geográfico e Antropológico do Ceará

Instituto Epitácio Pessoa

Excelsior Hotel

Estátua de Alberto Nepomuceno, Patrono da Cadeira n. 30 da Academia Brasileira de Música.

Estação- Foto de Manilov

Condomínio Panorama Artesanal- Foto Manilov

Colégio Jesus Maria José

Cetur, antiga cadeia pública- Foto Manilov

Catedral- Manilov

Antigo baobá do Passeio Público - Foto Manilov

Assembleia Provincial, hoje Museu do Ceará

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: