Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Gustavo Barroso
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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Gustavo Barroso - Um ilustre cearense



"Como acontece na existência dos grandes homens, a vida de Gustavo Barroso foi uma escada cheia de degraus.
Desde os passos inquietos de uma adolescência
turbulenta até o fastígio fulgurante da imortalidade acadêmica, ele jamais palmilhou as veredas tortuosas da mediocridade. Pelo contrário, sempre despertou admiração, quer pelo físico impressionantemente belo, quer pelo talento exuberantemente pródigo. Sua estréia literária, aos 24 anos, é uma vitória fulgente e toda a sua carreira política, social, diplomática, é uma ascensão espetacular, na qual o homem resplendia na afirmação de uma personalidade robusta que queria e alcançava desdobrar-se numa multiplicidade de expressões e de formas as mais variadas e retumbantes."

Gustavo Barroso , Ex-Presidente da Academia Brasileira de Letras, autor de vasta obra literária sobre os mais diversos temas, foi Diretor do Museu Histórico Nacional, a partir de 1922, e Patrono dos Dragões da Independência, regimento de guarda da Presidência da
República, cujos uniformes foram desenhados por ele, após longa e minuciosa pesquisa .

Essa postagem é uma singela homenagem aos 50 anos da morte do grande escritor cearense. Muitos desconhece o fato, mas f
oi Gustavo Barroso o autor da letra do hino de Fortaleza.

Gustavo Barroso nasceu em 29 de dezembro de 1888 em Fortaleza e morreu no Rio de Janeiro em 3 de dezembro de 1959. Foi advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista brasileiro.
Foi um dos líderes nacionais da Ação Integralista Brasileira e um dos seus mais destacados ideólogos.

Filho de Antônio Filinto Barroso e de Ana Dodt Barroso, fez os seus estudos nos externatos São José, Parthenon Cearense e Liceu do Ceará.
Cursou a Faculdade Livre de Direito do Ceará, bacharelando-se em 1911 pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da UFRJ.
Foi redator do Jornal do Ceará (1908-1909) e do Jornal do Commercio (1911-1913); professor da Escola de Menores, da Polícia do Distrito Federal (1910-1912); secretário da Superintendência da Defesa da Borracha, no Rio de Janeiro (1913); secretário do Interior e da Justiça do Ceará (1914); diretor da Revista Fon-Fon (a partir de 1916);
deputado federal pelo Ceará (1915 a 1918); secretário da Delegação Brasileira à Conferência da Paz de Venezuela (1918-1919); inspetor escolar do Distrito Federal (1919 a 1922); diretor do Museu Histórico Nacional (a partir de 1922); secretário geral da Junta de Jurisconsultos Americanos (1927); representou o Brasil em várias missões diplomáticas, entre as quais a Comissão Internacional de Monumentos Históricos (criada pela Liga das Nações) e a Exposição Comemorativa dos Centenários de Portugal (1940-1941). Participou do movimento integralista. Embora não concordasse com o rumo dos acontecimentos a partir de 1937, manteve-se fiel à doutrina filosófica do integralismo.
Estreou na literatura, aos vinte e três anos, usando o pseudônimo de João do Norte, com o livro Terra de Sol, ensaio sobre a natureza e os costumes do sertão cearense. Além dos livros publicados, sua obra ficou dispersa em jornais e revistas de Fortaleza e do Rio de Janeiro, para os quais escreveu artigos, crônicas e contos, além de desenhos e caricaturas. A vasta obra de Gustavo Barroso, de cento e vinte e oito livros, abrange história, folclore, ficção, biografias, memórias, política, arqueologia, museologia, economia, crítica e ensaio, além de dicionário e poesia.
Pseudônimos: João do Norte, Nautilus, Jotanne e Cláudio França.
Obteve certa notoriedade em razão de denunciar a corrupção moral e social advinda do judaísmo. Em seu livro, publicado em três volumes a partir de 1937, A História Secreta do Brasil os judeus estão envolvidos nas mais fantasiosas conspirações contra os bons costumes. Desde a participação em rituais de sacrifício no sertão baiano no século XIX até mesmo numa suposta sociedade secreta da faculdade de direito de São Paulo (chamada 'A Bucha'). O anti-semitismo do autor se insere no quadro histórico do fascismo e nazismo (daí sua filiação ao integralismo). Até mesmo cultos africanos do candomblé teriam inspiração judaica: Vimos que a macumba não passa dum satanismo de fundo cabalista, isto é, tem oculta a inspiração judaica, embora em sua forma aparente seja africana (História Secreta do Brasil, 2 volume, pg. 341).
Sua atividade na Academia Brasileira de Letras também foi das mais relevantes. Em 1923, como tesoureiro da instituição, procedeu à adaptação do prédio do Petit Trianon, que o Governo francês ofereceu ao Governo brasileiro, para nele instalar-se a sede da Academia. Exerceu alternadamente os cargos de tesoureiro, de segundo e primeiro secretário e secretário geral, de 1923 a 1959; foi presidente da Academia em 1932, 1933, 1949 e 1950. Em 9 de janeiro de 1941 foi designado, juntamente com Afrânio Peixoto e
Manuel Bandeira, para coordenar os estudos e pesquisas relativos ao folclore brasileiro.

Era membro da Academia Portuguesa da História; da Academia das Ciências de Lisboa; da Royal Society of Literature de Londres; da Academia de Belas Artes de Portugal; da Sociedade dos Arqueólogos de Lisboa; do Instituto de Coimbra; da Sociedade Numismática da Bélgica, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de vários Estados; e das Sociedades de Geografia de Lisboa, do Rio de Janeiro e de Lima.

Terceiro ocupante da Cadeira 19, eleito em 8 de março de 1923, na sucessão de D. Silvério Gomes Pimenta e recebido pelo Acadêmico Alberto Faria em 7 de maio de 1923. Recebeu os Acadêmicos Pedro Calmon e Olegário Mariano.
Gustavo Dodt Barroso foi o único cearense a presidir por duas vezes a Academia Brasileira de Letras. Autor de 128 obras, ele percorreu os mais diversos gêneros, da sociologia à literatura.
Publicou, em 1912, “Terra de Sol”, obra de arte regionalista e sociológica que lhe patrocinou o ingresso na Academia Brasileira de Letras. Dizem os historiadores que Gustavo Barroso, juntamente com o escritor Coelho Neto, formam a dupla de escritores com mais obras publicadas em todo o Brasil.


Obras

Terra do sol. Natureza e costumes do Norte (1912);
Praias e várzeas (1915);
Idéias e palavras (1917);
Heróis e bandidos: os cangaceiros do Nordeste (1917);
Tradições militares (1918);
Tratado de Paz (1919);
A ronda dos séculos (1920);
Mosquita muerta (1921);
Casa de marimbondos (1921);
Ao som da viola (1921);
Mula sem cabeça (1922);
Pergaminhos (1922);
Coração da Europa (1922);


Uniformes do Exército (1922);
Alma sertaneja (1923);
Antes do bolchevismo (1923);
Mapirunga (1924);
O anel das maravilhas (1924);
Livro dos milagres (1924);
O sertão e o mundo (1924);
En el tiempo de los Zares (1924);
O ramo de oliveira (1925);
Tição do inferno (1926);
Através dos folclores (1927);
Almas de lama e de aço (1928);
A guerra do Lopez (1928);
A guerra do Flores (1929);
A guerra do Rosas (1929);
Mythes, contes et legendes des indiens du Brésil (1930);
A guerra de Vidéo (1930);
A guerra de Artigas (1930);
O Brasil em face do Prata (1930);
Inscrições primitivas (1930);
O bracelete de safiras (1931);
Aquém da Atlântida (1931);
A ortografia oficial (1931);

A senhora de Pangim (1932);
Osório, o Centauro dos pampas (1932);
Luz e pó (1932);
Mulheres de Paris (1933);
As colunas do templo (1933).
O santo do brejo (1933);
Tamandaré,
O Nélson brasileiro (1933);
O Integralismo em marcha (1933);
O Integralismo e o mundo (1933);
Brasil - Colônia de Banqueiros (1934);
O integralismo de norte a sul (1934);
O quarto império, integralismo (1935);
A palavra e o pensamento integralista (1935);
O que o integralista deve saber (1935);
A Destruição da Atlântida, 2 vols. (1936);
O Espírito do Século XX (1936);
História Secreta do Brasil, 3 vols. (1936, 1937 e 1938);
Os Protocolos dos Sábios de Sião (1936);
A Sinagoga Paulista (1937);
A Maçonaria: Seita Judaica (1937);
Judaísmo, Maçonaria e Comunismo (1937);


Os Civilizados (1937);
Integralismo e Catolicismo (1937);
Pequeno dicionário popular brasileiro (1938);
Corporativismo, cristianismo e comunismo (1938);
O livro dos enforcados (1939);
Coração de menino (1939);
O Brasil na lenda e na cartografia antiga (1941);
Liceu do Ceará (1941);
Consulado da China (1941);
Portugal - Semente de impérios (1943);
Anais do Museu Histórico Nacional, vols. I a V (1943-1949);
Caxias (1945);
Seca, Meca e Olivais de Santarém, descrições e viagens (1947);
Fábulas sertanejas (1948);
As sete vozes do espírito (1950);
História do Palácio
Itamarati (1953).

Homenagens


Gustavo Barroso recebeu muitas homenagens e uma delas faz parte do cotidiano escolar de muitos alunos. O Colégio Estadual Gustavo Barroso foi criado em homenagem a este escritor. Este colégio é localizado no Rio de Janeiro em Belford Roxo. Como o escritor, o colégio foi descrito como o terceiro melhor colégio no desempenho escolar dos alunos do Ensino Médio no ENEM (incluindo os colégios privados ou particulares).

Trecho da Homenagem do Deputado Elimar Máximo Damasceno, Congresso Nacional em 18 de Março de 2003 a Gustavo Barroso:

"Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna homenagear a memória de um dos mais admiráveis intelectuais da História do Brasil - o acadêmico cearense Gustavo Barroso, autor de vasta obra literária sobre os mais diversos temas, Diretor do Museu Histórico Nacional, a partir de 1922, e Patrono dos Dragões da Independência, regimento que monta guarda à Presidência da República e cujos belos uniformes foram por ele desenhados, após longa e minuciosa pesquisa histórica.

Gustavo Barroso nasceu em dezembro de 1888, em Fortaleza, capital cearense, e faleceu em dezembro de 1959, no Rio de Janeiro. Sua estréia na literatura deu-se muito cedo, aos 23 anos, quando publicou o livro Terra de Sol, sob o pseudônimo de João do Norte; ensaio político sobre a natureza e os costumes do sertão cearense.

Gustavo Barroso foi advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista. A vasta obra de Gustavo Barroso, de 128 livros, abrange história folclórica, crítica, erudição, filologia, ensaios, contos, crônicas, novelas regionais, pensamentos, memórias, viagens políticas e até um dicionário.

Com apenas 35 anos de idade, Gustavo Barroso foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 19, onde desempenhou intensa e relevante atividade até o fim da vida. Em 1923, como tesoureiro da instituição, comandou a adaptação do prédio do Petit Trianon, que o Governo francês oferecera ao Governo brasileiro para nele instalar a sede da Academia. Presidiu a instituição por 4 mandatos.

Em janeiro de 1941 foi escolhido, a par de Afrânio Peixoto e Manoel Bandeira, para coordenar os estudos e pesquisas relativo ao folclore brasileiro.

Em 1933, após ouvir a conferência do Chefe da Ação Integralista Brasileira, Plínio Salgado, Gustavo Barroso aderiu ao Integralismo, tornando-se seu mais importante doutrinador. No mesmo ano publicou o livro "O Integralismo em Marcha", e, no ano seguinte, produziu a obra que daria ao Movimento Integralista seus mais sólidos fundamentos teóricos: "Brasil, Colônia de Banqueiros".

Nessa obra, Gustavo Barroso defende a tese ainda hoje polêmica de que o Brasil não é um país independente, uma vez que o brado retumbante de D. Pedro I resultou num compromisso com a dívida externa que a Inglaterra herdara de Portugal. Seríamos, pois, dependentes do imperialismo inglês ,assim como hoje haveria dependência do capital internacional.
Sr. Presidente, nobres colegas, ao ocupar um microfone do plenário desta Casa para falar algumas palavras sobre a vida e a obra de Gustavo Barroso, pretendi resgatar do esquecimento algo da trajetória deste extraordinário intelectual.

Espero que minha modesta iniciativa contribua para tornar mais conhecida a participação deste cidadão invulgar na constituição do patrimônio simbólico nacional.

Parabéns ao povo cearense!
Era o que tinha a dizer."

Sr. Elimar Máximo Damasceno

Foi um dos fundadores da AIB junto com Plínio Salgado, ocupou o cargo de secretário nacional de educação moral, cívica e física e também de chefe das milícias Integralistas.

Chefe nacional das milícias Integralistas.

Foi um dos maiores escritores, da história do Brasil com mais de 120 livros publicados e foi também o mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, com apenas 35 anos.

Suas Atividades:
Jornalista, redator do Jornal do Comércio, diretor das revistas Fon-Fon e Seleta.
Secretário do Interior e Justiça do Ceará;
Deputado Federal pelo Ceará;
Secretário da Embaixada Brasileira na Conferência da Paz em Versalhes;
Embaixador em missão especial no Uruguai;
Fundador e Diretor do Museu Histórico Nacional;
Participou do Movimento Integralista fundado por Plínio Salgado;


Gustavo Barroso e o Integralismo

Em Outubro de 1932, Plínio Salgado fundou o Integralismo. Nos meses subsequentes, centenas de Núcleos Integralistas surgiram por todo o País. Em fins de 1932, Ovídio Gouveia da Cunha, um jovem estudante de Sociologia, ouvindo falar em Integralismo, dirige-se a São Paulo, e lá, encontra-se com Plínio Salgado e M. Reale, dividindo a mesma mesa, numa modesta sala na Av. Brigadeiro Luis Antônio Nº 12, a primeira Sede Nacional da A.I.B. O próprio Plínio Salgado fornece-lhe alguns exemplares do Manifesto de Outubro. Voltando ao Rio, Ovídio Cunha – que aderira ao Sigma -, encontra-se com Gustavo Barroso e entrega-lhe um dos Manifestos, que recebera das mãos do Chefe Nacional. Esse foi o primeiro contato do Autor de “Terra do Sol” com a Doutrina Integralista.


Desfile Integralista

Prosseguindo em sua tarefa Revolucionária, Plínio Salgado vem ao Rio, em 1933, e pronuncia uma série de Conferências Doutrinárias no Salão da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro. Ao final de uma delas - em que demonstrava como a Filosofia Integralista conciliava o livre arbítrio, o determinismo e o providencialismo -, um homem dirige-se a Plínio Salgado e pede simplesmente um distintivo, o Chefe retirou o que usava na lapela e presenteou o desconhecido. Tratava-se de Gustavo Barroso, e esse foi o seu segundo e decisivo contato com o Integralismo.

Ainda nesse ano de 1933, Plínio Salgado lança os dois primeiros livros Integralistas – “Psicologia da Revolução” e “O que é o Integralismo” -, e parte junto com Thiers Martins Moreira, Capitão Aristófanes do Vale e Hermes Barcelos, na Primeira Bandeira Integralista, que singrou diversos Estados, chegando até o Ceará, de onde iniciou o retorno ao Rio de Janeiro. Em Vitória, Capital do Espírito Santo, Plínio Salgado encontra-se novamente com Barroso – que publicara “O Integralismo em Marcha”, o terceiro livro Integralista – e com Madeira de Freitas - médico afamado e escritor muito conhecido sob o pseudônimo de Mendes Fradique -, um dos principais articuladores do Movimento no Rio de Janeiro.


O ingresso de Gustavo Barroso na Ação Integralista Brasileira causara grande impacto na opinião pública, pois, Barroso era figura de projeção nacional e internacional. Fundador do Museu Histórico Nacional, Presidente da Academia Brasileira de Letras, ex-Deputado Federal, Folclorista, Historiador, Museólogo, Romancista, Contista, enfim, um homem brilhante, inteligentíssimo, com vasta produção literária em

vários campos do conhecimento, só superado por Coelho Neto em quantidade de livros editados.

1934 Integralistas - Movimento organizado por Plínio Salgado e Gustavo Barroso

No Integralismo foi chefe da Milícia, e com a extinção desta, Secretário Nacional de Educação (Moral, Cívica e Física) da A.I.B. Escreveu os seguinte Livros Integralistas: “O Integralismo em Marcha”, “A Palavra e o Pensamento Integralista”, “O Integralismo de Norte a Sul”, “Brasil – Colônia de Banqueiros”, “História Militar do Brasil”, “Integralismo e Catolicismo”, “Espírito do Século XX”, “O que o Integralista deve saber”, “O Quarto Império”, “Comunismo, Cristianismo e Corporativismo” e outros. A leitura, não apenas de suas Obras Integralistas, mas de todos os seus Livros, é recomendável a todos os Brasileiros, particularmente, aos Integralistas, pois, neles se aprende Brasil.


Retrato de Gustavo Barroso-Foto Studio Mamed, Rio de Janeiro, 1956

Trecho do Discurso de Posse na Acadêmia Brasileira de letras:

"SENHORES Acadêmicos.

Preferia ser recebido nesta Casa da maneira diversa da que é posta em prática na posse solene dos acadêmicos eleitos. Preferia ser recebido em silêncio, sem que me obrigassem a elogiar aqueles que me precederam na cadeira de Joaquim Caetano e sem que um nobre acadêmico fizesse de público a crítica de minha obra literária. Porque, a meus olhos, esta parece tão desvaliosa que é demasiada generosidade alguém ocupar-se dela; porque, a meu espírito, aqueles a quem sucedo se apresentam entre tão vistosas galas de inteligência e de alma, que me não sinto bastante apto para apreciá-los com a agudeza e o brilho que exigem.

Mas o regimento nega-me o prazer excelente da obscuridade, forçando-me a ouvir, sem protestos, o bem que, porventura, de mim seja dito e a fazer o panegírico dos ilustres mortos. Proefulgebant eo quod non visebantur.

As recepções acadêmicas, com aparato e discursos protocolares, são muita vez verdadeiros castigos, em que o recipiendário serve de alvo à ironia cruel de quem o recebe. Deveis lembrar-vos do maligno discurso do padre Caumartin, recebendo o bispo de Noyon, a que Saint-Simon perversamente alude, e da pesada zombaria de Marmontel, elogiando La Harpe. Nem vos quero falar de exemplos nossos, que são recentes e demasiado semelhantes, senão mais maldosos. Felizmente, estou livre deste susto, pois não podia ser mais agradável a meu espírito e a meu coração a escolha, feita pela mesa, daquele que me vai responder, cuja simpatia intelectual e cuja amizade profunda são dos títulos de que mais sinceramente se orgulha minha mocidade.

Manda a praxe que, na minha posição, o indivíduo aparente a maior modéstia possível. Não vos asseguro ter tanto quanto apregôo; todavia, posso afirmar que não penso como Charles Perrault, delicioso narrador de contos de fadas, que fez tornarem-se públicas, de secretas que eram, as sessões da Academia Francesa, e, cumprimentado pelos confrades, após seu belo discurso, exclamara:
– Se o achais bom, é sinal de que agradará ao mundo inteiro!

Nenhum de nós, confessemos, possui tão alta fé no juízo da ilustre associação a que pertence, e longe de mim tal pretensão, máxime diante desta assembléia, florida de senhoras, as quais, na opinião de Frederico Masson, são “exímias em distinguir, louvar e criticar”. No tempo do bom Perrault, bem avisados andavam os imortais furtando-se à sua crítica perigosa. Aí por 1671, não se lhes permitia comparecer às solenidades acadêmicas, e, segundo o Journal de Dangeau, elas somente começaram a frequentar a Academia trinta anos mais tarde."


Na redação do O Povo. Visita de Gustavo Barroso em companhia de Raimundo Girão e do seu primo Dr. Valdir Liebmann, recebidos pelo jornalista J. C. de Alencar Araripe

Mas, por que Gustavo Barroso está hoje tão esquecido? Por que somente é lembrado em dissertações, trabalhos acadêmicos ou em teses de doutorado? Esse esquecimento, esse ostracismo deveu-se a preferências políticas e ideológicas que não agradava a comunidade acadêmica: Gustavo Barroso escreveu textos antissemitas e ultranacionalistas, no período de 1932 a 1937, quando participou da Ação Integralista Brasileira, a AIB, organização de inspiração fascista que pregava um estado corporativo e sindicalista, autoritário e nacionalista. Suas obras de feição antissemita repercutiram negativamente em sua carreira. São inúmeros artigos e livros sobre o assunto. Entre eles, “Integralismo em Marcha” e a “A Palavra e o Pensamento Integralista”. O escritor chegou a ascender ao posto do Comando das Milícias, posição central na hierarquia do movimento integralista. Com o fracasso da AIB, em 1938, voltou-se mais para a ABL e para o Museu Histórico Nacional. Em seus 70 anos de vida, o escritor, que morreu em 3 de dezembro de 1959, sempre demonstrou seu profundo amor pelo Ceará e, especialmente, por Fortaleza. Em 1958, já doente de um câncer, chegou a dizer: “O Ceará é o mundo em que sempre me recordo e vejo, só ou acompanhado de tudo quanto vi e toquei desde o berço. Continuarei a viver nesse mundo até que me apague a derradeira luz do mundo. Meu mundo querido e único!”

A estátua onde jazem os restos mortais deste vulto cearense.


Restos Mortais de Gustavo Barroso sendo depositados aos pés da estátua em 1965.
Agradecimento: Isabel Pires


Ao lado: Monumento na Praça Gustavo Barroso (Jacarecanga) - Infelizmente o desrespeito impera e pessoas que não tem nada de útil para fazer, andam pichando o monumento¬¬ 
(Crédito da foto: Guinardo Garcia Studart Filho)

A terra amada vai se transformar em terra amante, e, depois de exaltada pelo filho querido, irá embalá-lo nos seus braços amoráveis, para que ele durma na placidez de um jazigo todo especial o sono pompeante da imortalidade.
O peregrino do ideal, que correu mundos e conquistou espaços, na ânsia de ver e de viver, de sentir e de sonhar, retornar ao lugar de onde partiu, o que era, afinal, seu desejo mais ardente, sua aspiração mais acarinhada.


Restos mortais de Gustavo Barroso: E o grande homem que aqui descansa, deixando de ser o peregrino dos continentes para transformar-se no peregrino que procurou a cidade de Deus, mais continuará espargindo, através dos livros que deixou, das obras que escreveu, dos trabalhos que realizou, a força do seu talento, a grandeza dos seus pensamentos e a beleza dos seus ideais.
"Gustavo Barroso, o Ceará não te esquecerá, para te ter mais presente, quis que até o dia do juizo final, ficasses entre cearenses, com o que restou de teu corpo." Representa também a satisfação de um anseio geral.
A vontade de Gustavo Barroso está satisfeita, seus restos mortais descansam na terra do sol.


Créditos: Luis Sucupira, Sérgio de Vasconcellos, Marcos Silva e Wikipédia,
Site da Academia Brasileira de Letras, Livro "Imagens do Sigma" de Luiz Henrique Sombra e Luiz Felipe Hirtz Guerra e pesquisas na internet

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