Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : O Povo
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terça-feira, 16 de abril de 2013

Oscar Pedreira - O homem que implantou a primeira linha de ônibus em Fortaleza - Parte II


Fatos Relacionados: Empresa Ribeiro & Pedreira e Empresa Pedreira


O Caso da Empresa Ribeiro & Pedreira e a polícia - Matéria publicada no Jornal Gazeta de Notícias, pág. 07 de 04/06/1929:

Esclarecimentos dos srs. Perboyre e Silva e tte. Porphirio

A G A Z E T A noticiou hontem, em primeira mão, o incidente ocorrido no dia anterior entre o sr. Oscar Pedreira, socio de uma empresa de omnibus, e a policia.

O facto, segundo nossa local, revestira-se de certa gravidade dada a maneira, um tanto desabusada, com que agira o inspector de serviço - sr. Antonio Peixoto.

Aquelle cidadão, dentro da 2a. delegacia, tinha sido grosseiramente tratado pelo referido inspector, que, sem procurar ouvi-lo, como, aliás, é de praxe, quiz logo trancafia-lo.

Divulgando o facto, verberamos, como é natural, o procedimento do sr. Antonio Peixoto, chamando ainda a attenção do sr. Perboyre e Silva para o boato, que corria na cidade, de que alguns guardas estavam recebendo gorgetas da "Light", a fim de forgicarem contravenções por parte dos omnibus.


A proposito do mesmo assumpto, procurou-nos o jovem delegado Perboyre e Silva, que prometteu mandar apurar aquella nossa denuncia.

Disse-nos mais, que ao chegar, cerca de 16,30 hs., á Delegacia, de regresso de uma diligencia a Mecejana, já ali encontràra o sr. Oscar Pedreira.

Immediatamente, tomou conhecimento do que occorrera, procurando resolver o caso de accordo com o sr. secretario da policia, por isso que o mesmo, simultaneamente, estava affecto as duas Delegacias - o flagrante do omnibus, no Alagadiço, e a prisão do sr. Pedreira, na praça do Ferreira.

O sr. Perboyre e Silva declarara ainda que o inspector, enviando varios guardas para effectuar a prisão do socio da empresa, agira de accordo com as queixas do guarda, que allegara estar esse senhor procurando difficultar a acção da policia.

Isso mesmo o policial disse no seu depoimento.

Posteriormente, procurou o sr. tte. Porphirio de Lima, cujos esclarecimentos a nós prestados vieram corroborar in totum as palavras do sr. Perboyre e Silva.

Affirmou-nos s. s. que a policia, absolutamente, não usa de medidas vexatorias prejudiciais á empresa. Antes pelo contrario. Os guardas de vehiculos são por demais condecendentes com os chauffeurs dos omnibus.

Quanto ao fornecimento de dinheiro aos mencionados guardas, disse-nos que quem o fazia não era a "Light" e sim a propria policia.

E elles recebiam 5$ ou 6$ e até mais nos dias movimentados, a fim de melhor fiscalizarem a observancia do mandado.

Em vista das declarações do tte. Porphirio, ficámos até com vontade de mudar de profissão e... ir passear de omnibus...




As passagens de ônibus - O Sr. Oscar Pedreira não quer saber de aumento. Matéria publicada no Jornal O Povo de 13/09/1949:

"Na manhã de Domingo ultima em surpresa geral. Consumou-se o tão combatido aumento dos preços das passagens de ônibus.

A população de Fortaleza devera ter sido notificada previamente, por parte da comissão Estadual de preços a respeito das novas taxas que lhes tão sendo cobradas. Em conseqüência do inesperado ás resoluções, vários desentendimentos se registraram entre passageiros, condutores e motoristas de ônibus.

O caso do aumento dos preços de ônibus, era assunto para ser ainda longamente debatido ou, pelo menos, procrastinado, de vez que o aumento já não comporta majoração de preços de qualquer natureza.

Sem desejarmos entrar em maiores considerações, sôbre aumento em fóco, que deve envolver questões por demais complexas, temos a adiantar, ante o que já é do conhecimento publico, que os maiores prejudicados foram exatamente, os operários, por que recebem pequenos e por isso mesmo moram distantes do centro da cidade, em casos modestos. De alguns mais accessiveis. O destino lhes foi assim, adverso. As passagens mais caras são por sinal, as dos que não podem residir próximo do centro da cidade.

Pela manhã de hoje o sr. Oscar Pedreira, dono de uma das mais eficientes empresas um dos jornalistas desta folha para declarar-lhe que não aumentou nem pretende aumentar os preços das passagens nos veículos de sua propriedade acrescentando que ia mais cogitar dessa medida. Enquanto outros empresários lutaram, com todas as armas, em prol do aumento dos seus lucros majorando os preços. Tratam de aumentar o numero de veículos para melhor servir o publico.

A linha a que se refere o sr. Pedreira é a circular Praça do Ferreira - Colégio Estadual, via rua são Paulo, inaugurado hoje.

O exemplo dado pelo sr. Oscar Pedreira devia ser imitado por outras empresas, que não se conformam com o já considerável lucro que vem auferindo."


*Grafia da época

Veja a Parte I
Fonte: Cepimar

sexta-feira, 8 de março de 2013

Panorama Artesanal - Três décadas



Anos 90


Encravado entre pequenas casas, o prédio do Panorama Artesanal chama a atenção de quem passa pela avenida Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste) por possuir uma grande extensão em comprimento e por conta da característica decoração com cerâmicas de cor laranja. 


Panorama Artesanal está abandonado e serve apenas de base para antenas de operadoras móveis de telefonia. Foto: Dayvison Teixeira

O prédio tem uma estrutura pouco vista em outras construções de Fortaleza. A parte inferior, que tem a entrada voltada para Avenida Leste-Oeste, conta com 30 apartamentos. O meio é composto por 100 lojas que, antes, abrigavam um centro de artesanato. Por fim, cinco torres na parte superior somam mais 90 apartamentos. Pertenceu ao Grupo M. Dias Branco.


Foto: Dayvison Teixeira

O contador José Almir Pereira, 61, morou por 26 anos no Panorama Artesanal. “Em 1981, fui um dos primeiros a chegar. E, em 2007, fui o último a sair”, revela. Hoje, morador do bairro Meireles, ele diz sentir um aperto no coração toda vez que passa em frente ao prédio. “Sinto saudades. Era um clima de companheirismo. A vizinhança fazia as festas de São João, Natal, Ano Novo, Dia das Crianças. Era um favelão organizado”, relembra.


Foto: Dayvison Teixeira

Almir conta que os moradores até tentaram comprar os apartamentos, mas o medo de existirem problemas estruturais fez com que muitos desistissem da ideia. “O Governo não podia ter se apropriado dele e deixar ao acaso." Opina.


Foto: Dayvison Teixeira

O secretário do Turismo do Ceará, Bismarck Maia, informou que o prédio foi adquirido em 2008 pelo Governo para abrigar as instalações da futura Escola de Turismo do Estado, através da construção de um hotel-escola. 


Foto: Dayvison Teixeira

A construção, datada de 1981, é localizada no bairro Arraial Moura Brasil, próxima ao Marina Park Hotel, a antiga Cadeia Pública (ex-Emcetur) e atual Centro de Turismo (Cetur), e da Estação Ferroviária João Felipe, nos limites do Centro Histórico de Fortaleza. O prédio possui 190 unidades habitacionais/apartamentos.

Foto: Dayvison Teixeira

Previsto para se tornar uma escola de hotelaria e gastronomia, o Condomínio Residencial Panorama Artesanal, localizado na Avenida Presidente Castelo Branco, deverá ser gerenciado por escolas portuguesas e suíças desses dois setores, com os quais a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) tem dialogado. Hoje tido como um espaço abandonado, que serve de "abrigo" para dependentes químicos, o equipamento, conforme o projeto da Setur, irá se transformar em uma unidade de capacitação de referência no País e no exterior.

Foto: Dayvison Teixeira

De acordo com o secretário de Turismo do Estado, Bismarck Maia, a ideia de chamar escolas portuguesas e suíças para gerenciar o equipamento se deve ao "know how" dos dois países nesses setores. Ele ressalta que as escolas estrangeiras apenas atuarão no gerenciamento, não participando dos investimentos para a construção do espaço.

Foto: Dayvison Teixeira

A construção está prevista para ser iniciada ainda esse ano, devendo se estender por cerca de um ano e seis meses.

Conforme Bismarck, ainda não foi definida a quantidade de pessoas que serão capacitadas anualmente pela escola - o que só será apresentado após a conclusão do projeto executivo. Da mesma forma, ainda não há definição sobre quanto será investido pelo Governo do Estado.

De todo modo, afirma o gestor, tão logo seja concluído o projeto, a Setur irá procurar bancos de fomento que financiem a construção. "Quando tiver o projeto, vou colocá-lo debaixo do braço e vou procurar o financiamento", ressalta.

Foto: Dayvison Teixeira

Bismarck frisa que, embora a gestão do equipamento seja estrangeira, "está resguardada" a participação de escolas regionais e de acadêmicos do Estado. 

No fim do ano passado, foi dado início ao cadastro de famílias cearenses interessadas em hospedar turistas. Conhecida como "bed &  breakfast" - "cama e café", em inglês, a atividade é comum em países europeus, por exemplo, e está sendo estudada como uma forma de atender ao crescimento da demanda por leitos no Estado. Conforme o secretário, a expectativa é que sejam criados, através desse sistema, na Capital, entre 3 mil e 4 mil leitos, com um total de 1.500 domicílios cadastrados. A criação dessa quantidade de leitos, com investimento apenas em novos hotéis, frisa, demoraria "de oito a dez anos". Para que o projeto tenha início, complementa, a Setur tem tentado firmar uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

O condomínio residencial Panorama Artesanal, localizado entre a avenida Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste) e as ruas Senador Jaguaribe e do Trilho,tem  área total de 3.053 m2 e construída de 15.659 m2.

Cursos 

Uma equipe técnica da Setfor está elaborando projeto pedagógico e estatuto de funcionamento da Escola Municipal de Turismo. Deverão ser ofertados, permanentemente, pela Prefeitura de Fortaleza, cursos de camareira, garçom, atendimento ao público, recepcionista, governança, idiomas, gestão (preparação de gerentes de restaurantes e hotéis), emissão de bilhetes (para atender as agências de viagem), animação turística, marketing e promoção, gastronomia dentre outros. Toda a organização e fundamentação da Escola está baseada nas diretrizes curriculares nacionais para a educação profissional de nível técnico da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação e, também, nas normas do Conselho de Educação do Ceará.

Foto Arquivo O Povo

Ressalta-se que a carga horária mínima para habilitação de um técnico em Turismo e Hospitalidade é de 800 horas/aulas, segundo informa o professor Afonso Matos, um dos responsáveis pela criação do estatuto da entidade.

A expectativa da secretária de Turismo de Fortaleza, Patrícia Gomes de Aguiar, idealizadora do projeto, era de ver a Escola funcionando até o segundo semestre de 2010. “O projeto vem compor uma estratégia macro de preparação da cidade para o Turismo como um todo e, em especial, para a Copa do Mundo de 2014”, afirmou Patrícia Aguiar. 
É... Até agora, nada!

O edifício encontrava-se completamente abandonado e servindo apenas de base para antenas de operadoras móveis de telefonia. Localizado em frente ao Marina Park Hotel, ele tem como limites as ruas do Trilho, General Sampaio e Senador Jaguaribe. O estado de degradação é lamentável!

Vídeo O Povo

As pichações tomam conta da fachada. Portas e janelas foram quebradas. Por dentro e por fora, há muita sujeira. A escuridão e o mau cheiro completam o cenário na antiga garagem. Segundo o vigilante Gerson Valetim, 47, que trabalha na segurança do prédio, pessoas costumavam entrar no local para usar drogas. Informação confirmada por um comerciante que trabalha próximo e não quis se identificar. O fato pode ser facilmente detectado pela grande presença de latas de alumínio cortadas que ficam espalhadas pelo chão, denunciando o uso do crack.








Andamento da reforma em foto de junho de 2015

Saiba Mais

O prédio de 32 anos, encontrava-se em estado de completo abandono e era alvo de vandalismo e pichações, além de se transformar em depósito de lixo. A Secretária do Turismo planeja construir uma escola de profissionalização em turismo, estamos aguardando que o projeto saia do papel e vire uma realidade!!!

Editado em 07/07/2018:

Foto de Delberg Ponce de Leon
Foto atual do prédio que abrigará a Escola de Hotelaria e Gastronomia do Ceará. 
As obras já estão em processo de finalização e de acordo com a Seduc, a inauguração se dará no próximo semestre.

Fontes: O Povo e Diário do Nordeste

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Náutico e o Carnaval da Saudade - 46 Anos


O Carnaval da Saudade é o grande presente do Náutico Atlético Cearense ao folião alencarino e todos que visitam Fortaleza no Reinado de Momo*. É a alegria maior da cidade. A folia saudável. O (re) encontro de gerações. A segurança garantida e a animação da inconfundível orquestra carnavalesca “Brasas 6”.

Sucesso absoluto do IV Baile da Saudade - Arquivo Ivan Gondim

IV Baile da Saudade - Arquivo Ivan Gondim

"Idealizado por mim com a valiosa colaboração do companheiro de Diretoria Hariberto Xavier Onofre, o Carnaval da Saudade foi realizado pela primeira vez em 17 de fevereiro de 1968. Grande sucesso que, no decorrer dos anos, ganhou a aceitação da sociedade cearense, embora seja uma primazia da família “alviverde”.

Uma festa realmente surpreendente, sob todos os aspectos, considerando-se o grande número de sócios participantes, a preservação cultural do cancioneiro popular, a beleza da decoração e, finalmente, o desempenho da orquestra executando um roteiro musical de grande animação, contagiando todas as idades.

... Sinto-me feliz e realizado, certo de que nossa ideia e o nosso trabalho dedicados desinteressadamente ao Náutico... desde a saudosa Praia Formosa, não foi em vão, continua válido e prosperando."

Palavras de Helano Studart Montenegro – Criador do Carnaval da Saudade

I Carnaval da Saudade - 1968

"Quando o nosso querido e ilustre sócio, Helano Studart Montenegro, idealizou, planejou e juntamente com a diretoria de 1968 realizaram em 17 de fevereiro o primeiro Carnaval da Saudade, a grandiosidade do evento foi definido pelo próprio idealizador, como: “Uma festa realmente surpreendente, sob todos os aspectos, considerando-se o grande número de sócios participantes, a preservação cultural do cancioneiro popular”... Acrescento que a aprovação e participação dos eventos subsequentes extrapolaram aos nautiquinos contaminando a sociedade cearense e inclusive com a participação de foliões de outros estados"  João Otávio Lobo Neto

Em 17 de fevereiro de 1968, sábado magro, acontece o I Carnaval da Saudade, no Náutico Atlético Cearense, com o tema "De Zé Pereira a Zé Keti", com roteiro musical elaborado pelo pesquisador Christiano Câmara.

É hora de juntar a turma, combinar a fantasia, separar o confete e serpetina, fazer um bloco e se preparar para a diversão que toma conta dos salões do Náutico Atlético Cearense. Com a ideia de preservar os antigos carnavais, o clube realiza hoje o seu tradicional Carnaval da Saudade.

II Carnaval da Saudade - 1969
Arquivo João Otávio Lobo Neto

Capa do roteiro de músicas - Arquivo João Otávio Lobo Neto

“É uma festa animada, com amigos fazendo blocos, levando estandartes, num clima de brincadeira saudável e familiar”, garante Joaquim Guedes Neto.

O Carnaval da Saudade, que já faz parte da história da cidade, teve sua primeira edição em 1968, conquistou a sociedade cearense, que passou a se reunir no Náutico para uma espécie de Abertura Oficial do Carnaval a cada ano. 

Capa do livreto do III Carnaval da Saudade: Nirez
Arquivo João Otávio Lobo Neto

Carnaval da Saudade de 1970 - Arquivo João Otávio Lobo Neto

Cheio de tradição e história, o Carnaval da Saudade vem mantendo a proposta de relembrar o som e o clima dos antigos carnavais. Por isso o repertório é formado por marchinhas, frevo, samba, marcha-rancho e outros ritmos que marcaram os salões. 

Capa do roteiro de músicas do IV Carnaval da Saudade - 1971
Arquivo Diário do Nordeste

E quando se fala em tradição, é tradição mesmo. Ideias que foram dando certo ao longo dos anos, foram virando marcas registradas da festa. Uma das mais conhecidas é um livrinho que é distribuído a todos os foliões contendo a ordem e as letras de todas as canções que vão ser tocadas na noite.

Arquivo Diário do Nordeste

Arquivo Diário do Nordeste

Alguns desses livrinhos. Carnaval da saudade de 1976-1979
 Arquivo João Otávio Lobo Neto

"Sempre tem um bebo pedindo pra tocar alguma música. Com o livrinho, ele já sabe quando vai tocar a que ele quer”, explica Ary Araripe (ex-presidente do clube)
Outra marca é que a banda começa com o Zé Pereira (considerada uma das primeiras canções carnavalescas do Brasil) e encerra com Está Chegando a Hora (Rubens Campos).

Animado Carnaval da saudade do Náutico - Arquivo João Otávio Lobo Neto

O maestro Zé Maria, da Orquestra Brasas Seis, é músico autodidata e lapidou seu conhecimento no curso de Música da Universidade Estadual do Ceará, o tecladista de 70 anos está há 13 no Baile da Saudade e não pensa em largar sua banda. “Cansa, mas nós... já estamos acostumados. Nosso descanso é na hora das músicas mais lentas”.

Brasas Seis - acervo Keit Luna

Cansaço, inclusive, é uma palavra que também não faz parte do dicionário dos foliões do Náutico. O advogado Adriano Garcia, por exemplo, tem 80 anos e frequenta a festa desde sua primeira edição. “A animação é a mesma nesses anos todos. Hoje, vou com meus filhos netos e bisnetos”. Ele ainda conta que, antigamente, fazia parte da brincadeira deixar o baile já de manhã cedo para ir tomar banho de mar com fantasia e tudo. Embora essa parte não tenha resistido ao tempo e às mudanças da Beira Mar, hoje ele espera o dia amanhecer para aproveitar a carneirada oferecida pelo Náutico para os brincantes mais resistentes.

Carnaval da Saudade de 2005

"A marcha Zé Pereira de 1870, apresentada pelo sapateiro português da Rua São José ao também ruidoso número francês do antigo Alcazar, Francisco Correia Vasques arranjou uma cena cômica que intitulou de Zé Pereira Carnavalesco e montou-a então pela Companhia Jacinto Heller. Era um pequeno ato com a pretensão única de comicidade, sem qualquer outro destaque que não o de apresentar a melodia excitante para a qual o cômico brasileiro escrevera uns versos que, no ano seguinte com a designação de "poesia" seria incluída com o titulo de Viva o Zé Pereira na coletânea Lira de Apolo, como consta da publicação da Biblioteca Nacional - Rio Musical - crônica de uma cidade (1965)" João Otávio Lobo Neto

XL Carnaval da saudade - 2007
Acervo Clóvis Acário Maciel

O Carnaval da Saudade, foi o legado mais importante que restou dos grandiosos bailes que aconteciam no clube antigamente. A tradicional Festa das Crianças, que possui mais de 50 anos, também é oriunda dos primeiros bailes carnavalescos. 

Em 12 de fevereiro de 1977, na festa Carnaval da Saudade, o Rei Momo Francisco José Torres de Sá e Benevides (Titico I e Único) é coroado juntamente com a Rainha do Carnaval de 1977, Heloísa Helena, recebendo das mãos do prefeito em exercício Manuel Sandoval Fernandes Bastos (Sandoval Bastos), a chave da Cidade.

No Carnaval da Saudade de 14 de fevereiro de 2004, são coroados o Rei Momo e a Rainha do Carnaval para 2004, Renato Fagundes Diógens Viana e Amanda Lopes Veloso.

XLI Carnaval da Saudade - 2008
Arquivo Diário do Nordeste

Chegando à sua 46ª edição, o Carnaval da Saudade do Náutico é um dos eventos mais tradicionais do Carnaval de Fortaleza. Com eleição de Rei Momo e Rainha do Carnaval e o repertório tradicional dos grandes bailes, a festa atrai pessoas de todas as idades, sempre no sábado magro, ou seja, um dia antes do Carnaval.

Luizianne Lins curtindo o carnaval da saudade do Náutico - João Otávio Lobo Neto

Saiba mais

A festa foi idealizada em 1968 pelo sócio do Clube, Helano Studart Montenegro, que junto à diretoria realizou em 17 de fevereiro, o primeiro carnaval.

Apaixonado por carnaval desde a infância, Helano Montenegro, na década de 1960 já sentia falta de antigos carnavais. Até que sugeriu ao então presidente do clube, Ary Araripe, que promovesse um carnaval da saudade. "A festa cresceu ano a ano, deixando a casa sempre lotada. É a expressão mais significativa de que o nosso trabalho continua sendo reconhecido", destaca Araripe.

Carnaval do Náutico na década de 50. Nessa época, ainda não existia o Carnaval da Saudade. Arquivo Blanchard Girão

Os dois fazem questão de destacar o papel do colecionador e historiador Cristiano Câmara nessa história de sucesso. Por vários anos, era ele quem escolhia o repertório e o repassava para as bandas. "Cristiano tinha um acervo muito rico", lembra Montenegro, que também idealizou o primeiro folheto, com as letras de músicas, outra marca registrada do evento.

“O Carnaval da Saudade iniciou com a finalidade de preservar os antigos carnavais, e até hoje só tocamos músicas antigas, marchas ranchos, samba enredo, As Pastorinhas, Mamãe eu quero. Nós estamos no ápice do nosso carnaval." 
A festa comporta cerca de 5.000 pessoas e contempla dois setores (um mais perto do palco) Setor A e o outro um pouco mais longe, Setor B.
A maioria dos foliões usa fantasias, faz blocos, cria as próprias roupas. “Eles se preparam mesmo para a festa". 
São cerca de 800 mesas espalhadas pelo grande salão e a orquestra Brasa Seis animando à noite. Cada mesa recebe um livreto com as canções que vão embalar o Carnaval da Saudade. “É uma festa belíssima em que toda a sociedade cearense se encontra. E assim, há anos que não temos confusão nem briga, as pessoas vão com espírito de carnaval mesmo. Tem jovens de 25 até senhores de 90 anos. Os mais antigos vão para reviver antigos carnavais, os mais novos vão para conhecer o carnaval antigo”, garante Joaquim Guedes Neto.

Carnaval da Saudade - João Otávio Lobo Neto 

Carnaval da Saudade - João Otávio Lobo Neto

*Antes o Rei Momo e os Cronistas Carnavalescos apresentavam-se nos clubes e no Corso acompanhados de casais fantasiados de “Romeu e Julieta”, “Sansão e Dalila”, “Tristão e Isolda”, variando a cada ano.

O primeiro Rei Momo de Fortaleza, Ponce de Leon, e a primeira crônica carnavalesca. Publicada no jornal Tribuna do Ceará, de 19/01/1978. Acervo Fernando Antº Lima Cruz

Remota a década de 40 a indicação do Rei Momo do Carnaval do Ceará: Ponce de Leon, que foi deposto por haver sido flagrado comprando pão, em pleno Carnaval, na Padaria Palmeira, ato difamante para um Monarca da Folia... Foi substituído por Luizão I e Único (Maguari). Dispensava corneta real, e apresentava-se no Corso e clubes com o jargão: “Eu cheguei, cachorrão!” Célebre, ganhou concurso de “Melhor Rei Momo do Brasil”, no Rio de Janeiro.

Côrte do Rei Momo Luizão - Arquivo Nirez

Vários monarcas foram oriundos do rádio ou jornal: Cirão I e Único (Ciro Saraiva – Correio do Ceará; Fernando Mendes (O estado); Irapuan Lima (Rádio Iracema); Jadir Jucá (Rádio Dragão do Mar - por sinal casou com a Rainha, a modelo Lucráia Garcia); Bezerrão (“Rádio Dragão do Mar”). Este foi deposto em Sobral, por não esperar pela Rainha, trocá-la por uma “mulher de cabaré” e com ela ingressar na festa do tradicional Derbi Clube Sobralense. Um escândalo para a sociedade. Foi substituído na Segunda-Feira Gorda por Catunda Pinho (Catundão I e Único - Rádio Verdes Mares). Jurandir Mitoso (PRE – 9), magérrimo, foi Príncipe Regente por falta de um “rei gordo”...
Também foram reis: Marcelo (Clube de Regatas Barra do Ceará), Paulão I e Único (filho do deputado Paulo BenevidesPresidente da Assembléia Legislativa); Javeh (alfaiate da sociedade). Uns ficaram tão populares que se elegeram vereador à Câmara Municipal de Fortaleza: Narcílio Andrade e Martins Nogueira.
De tudo isto, o mais importante é que ainda hoje permanece a magia dos Monarcas da Folia, e o Náutico, com o Carnaval da Saudade, faz parte desta história!


Fontes: O Povo, O Estado do Ceará, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e Diário do Nordeste

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Inauguração do serviço telefônico automático em Fortaleza




Conforme vinha sendo anunciado, teve lugar no primeiro dia do ano a inauguração dos telefones automáticos entregues à cidade pela Prefeitura Municipal de Fortaleza.

O ato, que se revestiu de grande brilhantismo, teve lugar às 11 horas, num dos salões do amplo prédio da Praça dos Voluntários, construído para o serviço telefônico, e em presença de altas autoridades federais, estaduais e municipais, civis e militares, representantes de classes, da imprensa e incomputável número de pessoas.


Iniciou-se a solenidade com a benção do prédio e das instalações, oficiada por Mons. João Alfredo Furtado, após o ato inaugural.

O Sr. Raimundo Araripe, prefeito da capital, com a palavra, fez uma síntese dos trabalhos de seu governo, para referir-se ao melhoramento ora inaugurado. Esclareceu que todo o serviço importara em cerca de mil e duzentos contos, exceção do prédio, que custou quatrocentos contos, e ressaltou a maneira correta como Ericson & Cia Ltda. cumpriram o contrato firmado pela municipalidade.

A seguir, o Sr. Interventor Federal declarou inauguradas as novas instalações, em sintéticas palavras, após o que os presentes empreenderam uma visita a sala dos aparelhos, onde foram feitas as primeiras ligações.

Prédio da Telefônica na Rua Sena Madureira.
A foto data da segunda metade da década de 30. Acervo Assis de Lima

Às autoridades foi servida uma mesa de champagne, tendo nesse momento falado o Dr. Francisco Saboia, ilustre advogado da Cia Ericson, o qual apresentou agradecimento à administração municipal, em nome da empresa.


Matéria publicada no Jornal O POVO, em 03/01/1938

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