Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Pirambu
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terça-feira, 18 de maio de 2010

Pirambu



Anos 70, construção da av. Leste/Oeste


O bairro do Pirambu localiza-se na zona oeste de Fortaleza em antigo terreno marítimo ocupado inicialmente por pescadores. A área foi povoada de forma mais intensa na década de 1950, principalmente com a vinda de migrantes do Interior na seca de 1958. Chegam em uma área de morro, com poucas condições para habitação. Nas décadas de 1960, torna-se o bairro mais populoso da cidade.

Av. Presidente Castelo Branco - Anos 80


A "favela" e o presidente: Ainda em 1957, o aparecimento de um grileiro motivou a população do Pirambu a se organizar contra a expulsão da terra. Moradores seguiram naquele ano até o Palácio do Governo para falar com o então presidente da República Juscelino Kubitschek, que estava visitando Fortaleza. Temporariamente, a ameaça de expulsão foi sustada.


"Vem vê ó Fortaleza
O Pirambu passar
Somos pessoas humanas
Temos direito que ninguém pode tirar"


Trecho do Hino do Pirambu composto por padre Gerardo Campos, irmão do padre Hélio Campos.


Milhares de pessoas saem da periferia e tomam as ruas do Centro de Fortaleza no primeiro dia do ano de 1962. O cortejo é acompanhado por uma população curiosa, que lota janelas e calçadas. Na multidão, o sentimento de luta contra as injustiças sociais. "É pecado mortal morrer de fome", "Queremos solidariedade". "Ricos e pobres, somos todos irmãos", "Defendemos a dignidade humana", anunciavam as faixas. A Marcha do Pirambu correu a cidade, foi destaque em rádios e jornais, e consagrou o movimento do bairro como um ícone de resistência à expulsão.
"Foi um marco. O povo estabeleceu um divisor de águas na busca de suas conquistas", afirma o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Borzacchiello da Silva. O ato foi organizado durante dois anos antes, com uma preparação em cada quarteirão, e pregações durante as missas do vigário do bairro, padre Hélio Campos. Registros em jornais e pesquisas oscilam o número de participantes da passeata entre 20 e 30 mil pessoas. A resistência organizada e pacífica se tornou destaque na história da cidade, em um contexto em que trabalhadores tinham pouca expressividade.

Igreja Santa Edwiges


As ameaças de expulsão eram conhecidas dos moradores do bairro, com pressões da Marinha, polícia e grileiros. De acordo com a professora do Departamento de Sociologia da UFC, Irlys Barreira, o Pirambu tornou-se um bairro pioneiro por ter agregado o movimento fabril, de Igreja e de moradores. Ela ressalva que, embora o bairro não seja totalmente constituído de operários, houve a participação de lideranças sindicais na organização do movimento pela permanência na terra. "Por ser um bairro com adensamento de indústrias, seus moradores participaram das mobilizações sindicais, criando objetivamente uma ponte de ligação entre a luta pela terra e a luta na fábrica", comenta.

Quatro meses depois da realização da Marcha, o decreto federal desapropria 151,1 hectares para fins sociais. O bairro passa a ter uso coletivo. Vitória do movimento e início de uma nova fase de organização comunitária, com novas demandas e desafios.


Leste-oeste anos 70


O Bairro Pirambu está localizado na área litorânea da zona oeste da cidade.
Alguns mapas, quando referem-se ao bairro, abrangem áreas que se localizam além dos limites configurados pela Prefeitura de Fortaleza, incorporando os bairros do Pirambu e Cristo Redentor, além de uma parte da Barra do Ceará. Isto ocorre porque esta área, no passado, era denominada de Grande Pirambu.


Um dos primeiros momentos da História do Ceará, no qual o Pirambu é citado, é a seca de 1932, quando neste local foi instalado um dos Campos de Concentração no Ceará. O Campo do Pirambu ou Campo do Urubu, como ficou conhecido.


O Pirambu já foi divulgado na mídia como um grande favela que ocupava todo o litoral oeste de Fortaleza. Este cenário começou a mudar a partir dos anos 1960, quando os moradores contam com o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da Igreja Católica junto à imprensa Jornalística. A Igreja desempenhou papel fundamental, com a criação do Plano de Recuperação do Pirambu em maio de 1960. A principal figura da igreja foi o Padre Hélio Campos, que contribuiu para chamar a atenção da Administração pública pelas emissoras de rádio e jornais para atender a demanda dos moradores do Bairro. Com a ajuda do Padre Hélio Campos, ocorreu no dia 01 de Janeiro de 1962, a Marcha do Pirambu, cujo o objetivo foi reivindicar a desapropriação das terras obtidas com o Decreto Lei nº1058 de 25 de maio de 1962. Esta passeata reuniu 20 mil pessoas no seu percurso até o centro da cidade.

Postal de 02 de julho de 1974

Após a Marcha do Pirambu, o Bairro contou com o apoio de políticos influentes, como o então Ministro de Viação e Obras Públicas do governo de João Goulart, senhor Virgílio Távora. Neste momento, as terras passaram a pertencer à União. Esta instância concedeu à igreja a responsabilidade de administrá-las. Não suportando as ações impostas pela Congregação, os moradores entraram em conflito com esta. Na tentativa de apaziguar e desarticular o movimento, o Padre Hélio Campos foi transferido para o Maranhão, e o Grande Pirambu foi dividido com a construção de duas paróquias, originando dois bairros com seus respectivos nomes, a paróquia da Nossa Senhora das Graças e a do Cristo Redentor. Esta divisão também promoveu a origem de líderes comunitários que formaram várias associações na luta pela melhoria do Pirambu.


Francisco Hélio Campos nasceu no dia 24 de julho de 1912 em Quixeramobim, município a 224 quilômetros de Fortaleza. Ordenado padre em 5 de agosto de 1937, foi vigário do Mucuripe, município de Senador Pompeu, Pedra Branca, Minerolândia, capelão do Hospital Psiquiátrico e Instituto Beneficente São José, entre outras funções. Em 1958, chegou para assumir a função de vigário da recém criada paróquia de Nossa Senhora das Graças e Pirambu. Faleceu no dia 23 de janeiro de 1975.



Em 1973 foi construída a avenida Presidente Humberto de Alencar Castello Branco (Leste-Oeste), com o objetivo de ligar a zona industrial na Barra do Ceará à zona portuária do Mucuripe. A partir deste momento, o Pirambu recebe nova delimitação, passando a ser dividido pela avenida Leste-Oeste. Deste modo, Pirambu é somente a parte do lado do mar, enquanto que os moradores do lado oposto tentam se distanciar da imagem ruim associada ao lado do litoral. Neste momento ocorre a transformação da praia da Leste-Oeste em local de lazer popular.


Curiosidade: Pirambu, em tupi-guarani, quer dizer peixe-roncador, daqui vem o nome deste bairro, o qual foi dado devido ao peixe Sargo-de-beiço, também conhecido como Pirambu.


Há vários projetos sociais ligados ao bairro, dentre estes, existem escolinhas de futebol de salão, onde os treinos ocorrem, principalmente, no parque da Costa-Oeste. O Pirambu também contempla vários times de futebol amador, tanto futebol de campo como de praia.


O principal ponto para práticas esportivas é o parque da Costa Oeste, o qual abrange duas quadras para futebol de salão e um campo.


No Pirambu encontra-se o Centro Cultural Chico da Silva, onde organizam-se encontros, eventos, cursos de dança, música, teatro, folclore, lazer, reciclagem com arte, embalagem e o cursinho alternativo.


Em uma história em quadrinho da Marvel Comics  publicada em 2006, o personagem do X-men chamado Wolverine passa suas férias em Fortaleza, mais precisamente, no bairro Pirambu. Apesar de não identificar em qual período histórico se passa a trama, os elementos culturais dão pistas de que tenha sido na de década de 1950, quando o Pirambu já era uma grande área de retirantes de secas, tendo sido alvo prioritário do recrutamento de mão-de-obra barata para trabalhos em condições desumanas em várias regiões do Brasil. No enredo, ele se depara com a vida dura dos meninos de rua.

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Observação (26/10) - Recebi um e-mail me alertando que essas fotos da postagem, na verdade não são do Pirambú e sim do bairro Arraial Moura Brasil.
Colocarei agora algumas fotos do bairro:






Pirambú, Fortaleza, Ceará, Brasil


Fonte: OPovo, Pesquisas na internet

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